Caso Clínico: Febre reumática Escola Superior de Ciências da Saúde/SES/DF Janice Bauab de Assis Coordenação: Luciana Sugai Hospital Regional da Asa Sul 10/7/2007 www.paulomargotto.com.br.
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Transcript Caso Clínico: Febre reumática Escola Superior de Ciências da Saúde/SES/DF Janice Bauab de Assis Coordenação: Luciana Sugai Hospital Regional da Asa Sul 10/7/2007 www.paulomargotto.com.br.
Caso Clínico: Febre
reumática
Escola Superior de Ciências da
Saúde/SES/DF
Janice Bauab de Assis
Coordenação: Luciana Sugai
Hospital Regional da Asa Sul
10/7/2007
www.paulomargotto.com.br
História Clínica
Identificação: D. C. S., masculino, 9 anos,
natural Brasília, procedência São Sebastião,
peso 33kg.
QP: Dor no joelho direito, há 2 dias.
HDA: Mãe informa que há 3 semanas
criança apresentou 3 picos febris não
aferidos, associados a odinofagia. Procurou
assistência médica no HRP, sendo
diagnosticada amigdalite e tratada com
Benzetacil.
História Clínica
Apresentou
melhora
clínica
permanecendo assintomático, até que
há 1 semana, apresentou dor em
articulação coxo femoral que cedeu
espontaneamente, seguida de dor em
articulação e pé direito. Com este
quadro clínico, procurou este serviço
onde permanece internado para
investigação diagnóstica e tratamento.
Revisão de sistemas
Nega febre, perda ponderal, astenia,
cefaléia; tosse, espirro, coriza, dispnéia,
cianose, dor torácica, vômitos, tenesmo
e diarréia; alterações urinárias, edema e
perda de consciência.
Relata Comunicação interventricular e
forame oval patente
Antecedentes fisiológicos
Nascido de parto normal, gestação sem
intercorrências, Apgar 9, Peso ao nascer
3645g, comprimento 50cm, PC 34,5.
Alta com 7 dias de vida
Vacinação completa
DNPM normal
Antecedentes patológicos e
familiares
Nega internações, hemotransfusões, cirurgias
prévias.
Nega alergias
Mãe 47 anos, HAS
Pai, 47 anos, saudável
6 irmãos: 5 saudáveis, irmã, 26 anos, HAS
Nega antecedentes familiares de cardiopatia,
Dm, nefropatia e câncer.
Hábitos de vida
Alimentação:
Seio materno exclusivo
até 1 mês de vida;
Dieta atual a da família;
Reside em casa de alvenaria, em região
urbana, 4 cômodos, com rede de
esgoto, água de consumo mineral, luz
elétrica, tem galinhas no peridomicílio.
Exame Físico
BEG, eupneico, hidratado, normocorado, acianótico,
anictérico, ativo e reativo. FC 116bpm
FR16irpm
Linfonodo móvel indolor fibroelástico, em cadeia
cervical anterior esquerda – ângulo da mandíbula.
Oroscopia tonsilas hiperemiadas, hipertrofiadas, sem
exsudação.
Pele, mucosa e fâneros, sem alterações.
ACV: RCR em 2T bulhas normofonéticas, sopro
sistólico (4+/6+) em borda esternal esquerda
inferior, com radiação para dorso, sopro diastólico
em foco aórtico (4+/6+)
AR: MVF sem RA
Abdome: escavado, RHA +, normotenso,
indolor sem massas ou VMG palpáveis.
Extremidades bem perfundidas, pulsos
cheios e simétricos, sem edema.
Membros: discreto calor e edema em joelho
direito.
SNC: sem sinais de irritação meníngea, sem
outras alterações.
Exames complementares
RX de tórax (27/06/2007) Transparência
pulmonar normal, Seios costofrênicos livres,
Aumento de área cardíaca.
RX de joelho direito (26/06/2007) aumento
das partes moles.
Hemograma (26/06/2007) Hg 12,0; Ht 34,6;
leuc 9100 (74/01/18/5/1/1), Plaquetas
381000, VHS 54mm.
Exames Complementares
ECG (27/06/2007): sobrecarga de átrio
esquerdo e sobrecarga de ventrículo
direito, ritmo regular e QT normais
RX de tórax (29/06/2007): aumento de
área cardíaca
Exames Complementares
Hipóteses Diagnósticas
Artrite Reumática
Cardite Reumática
Foramen oval patente, Comunicação
interventricular
Tratamento
Penicilina Benzatina a cada 21 dias
Predinisona 2mg/kg/dia
Captopril 1mg/kg/dia
Albendazol por 3 dias
Febre reumática
Doença inflamatória sistêmica aguda
Seqüela tardia de infecção das vias
aéreas superiores pelo Streptococcus
pyogenes (beta-hemolítico do grupo A)
Comprometimento de articulações,
tecido subcutâneo, pele, coração e
sistema nervoso central
Epidemiologia
Predomina na faixa etária de 5 a 15
anos
Rara antes dos 3 anos de idade
Pode se manifestar em adultos
Não há preferência de raça ou sexo
Doença característica do
subdesenvolvimento
Fatores de risco
Taxa de ataque de 3%
História prévia de febre reumática,
principalmente a cardite reumática
(taxa de ataque de até 50%)
Magnitude da resposta imunológica,
mensurada pelos níveis de ASO
Baixo nível socioeconômico
Ambientes aglomerados
Patogênese
Necessária infecção de orofaringe
Infecções estreptocócicas de pele justificam
apenas quadros de glomerulonefrite
Cepas reumatogênicas são: M3,5,6,14,18, 19,
24
Consiste em uma reação auto-imune capaz
de desencadear inflamação não-supurativa do
tecido conjuntivo de determinados órgãos e
sistemas
Mimetismo molecular – semelhança
química e estrutural entre antígenos
bacterianos e tecido envolvido
Suscetibilidade genética;associação com
HLA DR4 e DR2
A partir da infecção de
orofaringe pelo
Streptococcus ß hemolítico,
do grupo A. antígenos
estreptocócicos seriam
liberados, desencadeando
uma resposta imunológica
sistêmica, com sensibilização
dos linfócitos T e B e
consequente formação de
anticorpos
antiestreptocócicos com
reatividade cruzada para
estruturas cardíacas e
provavelmente estruturas
articulares e nervosas
Manifestações clínicas
Febre
Artralgia
Poliartrite
Cardite
Eritema Marginatum
Nódulos subcutâneos
Coréia de Sydenham
Sintomas faríngeos relatados em 2070% dos casos
Período de latência entre
faringoamigdalite e FR: 2-4 semanas
(mínimo de 1, máximo de 5 semanas)
Pneumonite reumática: manifestação
rara caracterizada por infiltrados
pulmonares na radiografia de tórax
Critérios maiores-Poliartrite
Manifestação mais
precoce e comum(6080%)
Artrite poliarticular,
assimétrica e migratória
Acomete grandes
articulações periféricas
(punhos, ombros,
tornozelos, joelhos,
cotovelos)
Duração de 2-4 semanas
Quadro auto-limitado
Boa resposta aos salicilatos em 48 h
Não há deformidade articular
permanente, nem evolução para
artropatia crônica
Líquido sinovial revela-se inflamatório,
com bacterioscopia negativa
Cardite
Principal determinante do prognóstico
Mais comum em crianças préescolares e nas recidivas
Pode acometer os três folhetos
cardíacos:pancardite reumática
Pode ser classificada em leve, moderada e
grave
Leve:taquicardia sinusal (desproporcional à
febre), hipofonese de B1 e sopros discretos
em foco mitral
Moderada: sinais de pericardite aguda
(precordialgia, atrito pericárdico), sopros
exuberantes(mitral ou aórtico), aumento
moderado de área cardíaca na radiografia de
tórax, sinais eletrocardiográficos de
sobrecarga ventricular ou derrame percárdico
Grave: insuficiência cardíaca(astenia,
palidez, anorexia, dispnéia,
hepatomegalia, edema, ritmo de
galope, estase jugular)
Endocardite e Valvulite
Reumáticas
Regurgitação valvar devido a edema e
amolecimento do tecido valvar
Valva pode apresentar vegetações
Principais sopros da FRA:
Holossistólico apical(insuficiência
mitral):decorrente da regurgitação mitral
aguda;de média/alta freqüencia;mais audível
na ponta e com irradiação para axila ou dorso
Sopro de Carey-Coombs:devido ao
hiperfluxo através de uma valva mitral
inflamada;semelhante ao da estenose
mitral;ruflar mesodiastólico;audível na ponta;
de baixa freqüência;sem estalido de
abertura e hiperfonese de B1
Sopro protodiastólico aórtico:devido a
insuficiência aórtica aguda;mais audível em
foco aórtico acessório
Miocardite Reumática
Subclínica na maioria das vezes
Descoberto pelo aumento da área cardíaca no
Rx ou pela queda da FE no ecocardigrama
Pode ocorrer dispnéia aos esforços e cansaço
Mais raramente :anasarca, turgência de
jugular, hepatomegalia, ortopnéia, dispnéia
paroxística noturna e terceira bulha cardíaca
Deve ser principal hipótese em indivíduos
com ICC aguda e história prévia de FRA
Nódulos de Aschoff: patognomônicos de
FRA; lesões inflamatórias com necrose
fibrinóide central, cercada por histiócitos
modificados; encontrados em 80-90% dos
casos; não devem ser considerados sinal de
atividade da doença
Pericardite Reumática
Assintomática
Dor retroesternal ou precordial de caráter
pleurítico,que piora com decúbito dorsal e
melhora com a posição sentada com a flexão
do tronco
Derrame pericárdico no ecocardiograma ou
atrito pericárdico no exame cardiovascular
Tamponamento cardíaco é raro
Estudo macroscópico mostra pericardite
exsudativa comprometendo ambos os
folhetos-aspecto pão com manteiga
ECG: supradesnível de ST côncavo em
várias derivações e infradesnível de PR
Alterações no sistema de
condução e Arritmias
Alargamento do intervalo PR é
comum(BAV de 1 grau)
Pode haver BAV de 2 ou até de 3 grau
Taquiarritmias atriais devido a
miocardite atrial e/ou estiramento atrial
e/ou insuficiência ventricular aguda
Eritema Marginatum
Rash eritematoso máculo-papular
Não pruriginoso
Indolor
Aparece no tronco e membros
Caráter migratório
Nódulos Subcutâneos
Nódulos firmes
Indolores
Móveis
Medem de 0,5 a 2 cm
Sem sinais flogísticos
Associados a cardite
Coréia de Sydenham
Surge após meses da FRA (1-6 meses)
Sexo feminino
Auto-anticorpos se ligam a neurônios dos
gânglios da base (caudado e subtalâmico)
Movimentos involuntários, bruscos, e fora de
propósito
Desaparece com sono e sedação
Presente em extremidades e face
Coréia de Sydenham
Piora com estresse emocional
Labilidade emocional
Disartria
Alterações laboratoriais
Proteína C reativa, VHS, mucoproteínas
elevados
ASO (80%)
Anti-Dnase B
Anti-hialuronidase
Leucocitose neutrofílica
Leve aumento de transaminases
Anemia
Diagnóstico
Critérios de Jones
Tratamento
Erradicação do S.pyogenes:
Objetivo é prevenir a recorrência de FRA
e impedir a transmissão para contatos
Antibioticoterapia não interfere no curso
da FRA,nem diminui o risco de cadite
Penicilina G benzatina, via IM, dose
única.1 200 000 U no adulto;600 000 U
na criança com menos de 25 Kg
Como alternativas:Penicilina V oral e
eritromicina
Tratamento
Tratamento da cardite reumática
Forma leve pode ser abordada apenas com
salicilatos
Indicado o uso de corticosteróides na cardite
moderada ou grave
Prednisona é droga de escolha, na dose de 12 mg/Kg/dia, VO, 3-4 tomadas diárias (dose
máxima de 60mg/dia), por 2-3 meses
Quadros mais graves podem ser
tratados com dobutamina, digoxina,
diuréticos, pulsoterapia com
prednisolona.
Tratamento da poliartrite, febre e
sintomas gerais
Salicilatos (90-100mg/Kg/dia para
crianças e 3g/dia para adultos) por 2-4
semanas.
Profilaxia
Primária
Tratamento de faringoamigdalites
estreptocócicas precocemente;
Penicilina G benzatina 1 200 000 U, IM, dose
única.
Secundária
Penicilina G benzatina 1 200 000 U, IM, de
21/21 dias;
Mínimo de 5 anos após último episódio de
FRA.
Duração da profilaxia secundária
Categorias
Duração da
profilaxia
FR sem cardite
Mínimo de 5 anos até
a idade de 21 anos
FR com Cardite, sem
Mínimo de 10 anos
doença valvar residual após último episódio
até 18-21 anos
FR com cardite +
Mínimo de 10 anos
lesão valvar residual após último episódio
até 40 anos
Obrigada!!!
Faltam 17 dias!!!!!!