Paralisia aguda em criança Eline Rozária Ferreira Barbosa Coordenadora: Elisa de Carvalho Escola Superior de Ciências da Saúde/SES/DF.

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Transcript Paralisia aguda em criança Eline Rozária Ferreira Barbosa Coordenadora: Elisa de Carvalho Escola Superior de Ciências da Saúde/SES/DF.

Paralisia aguda em criança
Eline Rozária Ferreira Barbosa
Coordenadora: Elisa de Carvalho
Escola Superior de Ciências da Saúde/SES/DF
Caso clínico



Identificação
G.B.M. , masculino, 5 anos e 10
meses, D.N. 07/01/01 , natural de
Brasília e procedente de São
Sebastião – DF.
Admissão no PSI em 29/10/06
Queixa principal
“Sonolência há 03 dias”
HDA: Mãe refere que há 03 dias a criança
apresentou quadro de sonolência com piora
progressiva.
Há 02 dias iniciou quadro de retenção
urinária e perda da força muscular em membros
inferiores e superiores, não conseguindo
deambular.
continuação da HDA
Há 01 dia procurou este
PSI, sendo prescrito sulfato ferroso
e paracetamol.Foi liberado para
casa.
Há 15 h procurou CS em São
Sebastião, onde foram colhidos
exames. Evoluiu com palidez e
sudorese fria.
Revisão de sistemas
• Nega uso de outros
medicamentos
• Nega intoxicação exógena
• Retenção urinária, não
evacua há 02 dias
• Nega febre ou vômitos
Antecedentes pessoais
Gestação: nega
 Nascido de parto normal,
A termo, pesando 3400g, PC: 36 cm,
Estatura 52 cm, APGAR: 9/10
 Sem intercorrências no período neonatal
 Aleitamento exclusivo até o 6° mês, dieta
atual: adequada para a idade
 Vacinação: EM DIA

Antecedentes patológicos
Há 2 anos teve 1 episódio de
pneumonia (hospitalizado por 02
dias)
 Varicela há 02 meses
 Nega outras internações, cirurgias,
hemotransfusões, alergias.

História de IVAS e amigdalite há 10 dias,
fez uso de amoxicilina
Antecedentes familiares
Mãe: 38 anos – hipertensa e
hipercolesterolemia
 Pai: 38 anos – gastrite
 Irmãos: sadios
 Avó paterna: falecida no parto

Hábitos de vida:
casa de alvenaria, 5
cômodos. Presença de saneamento básico
e sem animais peridomicílio.
Exame físico
Ectoscopia: muito sonolento . Sat.02: 95%
(a.a)
 Corado, hidratado, acianótico, afebril,
anictérico, anictérico, com sudorese fria
 ACV: RCR em 2T, BNF sem sopros. FC= 97
bpm
 AR: MVF s/RA. FR= 34 irpm
 Abd: flácido, plano, RHA+, sem VCM.

Cont. do exame físico




□ Extremidades: boa perfusão,
sem edema. Extremidades frias.
Pele: sem alterações
Otoscopia: rolha com cerume bilateral
Oroscopia: sem alterações aparentes
SNC: Glasgow (3+4+5) = 12.
Sonolento, demora a responder, não retira o
membro, redução da força, paralisia em MMII e
MMSS
Exame neurológico (29/10/06)
Sonolento, mas responde com dificuldade
todas as perguntas
 Fala arrastada
 Sensibilidade dolorosa diminuída em MMII
 Babinski pouco reativo (?)
 Movimentos involuntários em MMII
 Força muscular em MMII e MMSS bastante
diminuídas
 Pupilas isocóricas e fotorreagentes

Exames complementares

Gasometria
(25/10/06- 09h)
pH:
7,42
ALCALOSE
pCO2: 25,9
RESPIRATÓRIA
pO2:
88,8
COMPENSADA
SO2:
97,5
HCO3: 19,9
BE:
- 6,7

Líquor
(29/10/06)
Aspecto: “água de rocha”
Glicose: 82
Glicose sérica:
113
Líquor
normal
Proteínas: 19,4
Cloreto: 113
02 células
200 hemácias
Hemograma
28/10/06
14/11/06
Hemác.
Hb

HT
Plaq
Leucoc.
Segm.
Bastões
Linfócitos
Monóc.
Eosinóf.
5.15
14.1
42,5%
550.000
17.100
62
01
32
02
03
4.94
13.3
39.9%
692.000
28.600
93
01
05
01
00
Em 14/11:
3+ granulações
tóxicas
1+ microcitose
SWAB nasal
(29/10/06):
Flora normal
14/11/06
BIOQUÍMICA
28/11/06
Glicose
112
Uréia
19
34
Creatinina
0,5
Cálcio ionizado
EAS
28/11/06 14/11/06
0,4
CED
9,6
11,3
Leuc
Sódio
133
133
raras 1 a 2
raros Raros
Potássio
5,1
4,1
Cloretos
101
95
TGO
39
33
TGP
09
16
Amilase
24
Albumina
4,61
Proteínas totais
7,8
Albumina
4,61
LDH
903
Flora
escassa escassa
ECG: 21/11/06
Sobrecarga de VD
(encaminhado à
Cardiologia
após a alta)
TC de crânio
(29/10/06)
Parênquima
íntegro. Sulcos
e cisuras
visíveis . Sem
indicação
neurocirúrgica.
Conclusão:
NORMAL
Evolução
Em 29/10/06: admitido na UTI por piora do
quadro com paralisia aguda arreflexa
de MMII, fraqueza simétrica de MMSS,
consciente, voz débil, retenção urinária e
com SVD.
 30/10/06: SNG e prescrita Gamaglobulina
(2g/Kg dose completada dia 04/11).

LÍQUOR (03/11/06): glic: 82, prot: 19,4 , Cl: 113,
ausência de células, incolor e cristalino.
Evolução – cont.
Não houve melhora progressiva da força
muscular e movimentação dos membros,
persistência da sonolência. Aceitação da
dieta por VO
 Sonda vesical retirada e recolocada pois
não apresentou diurese.
 Removido para DIP em 09/11/06 com
dieta por SNG/oral e SVD, respirando
espontaneamente.

Evolução - DIP
UROCULTURA
21/11/06
Streptococcus
Pyogenes
(grupo A)
Prednisona (7dias1,25mg/kg/dia) –
RESPOSTA DRAMÁTICA

Melhora progressiva da
força e tônus muscular
 Cinesioterapia
 Secreção amarelada
uretral.
 Nitrofurantoína
(5mg/kg/dia)

30.000 ufc/ml
EAS (21/11/06) : cel:
1-2p/c leuco: raros
/flora escassa/ muco
(+)
 Alta em 24/11/06 com
força muscular
preservada e retorno
ambulatorial

Resumo
Pré- escolar
Paralisia
Aguda
arreflexa
História prévia de
Infecção recente
Retenção
urinária
Diagnóstico diferencial
1° Neurônio motor
2° Neurônio motor
Fraqueza muscular
Fraqueza muscular
Tônus aumentado
diminuído/normal
Reflexos aumentados
diminuídos/abolidos
Atrofia tardia
Atrofia leve a grave
Distribuição da fraqueza Focal ou generalizada
distal (em grupo)
Reflexo cutâneo-plantar Reflexo cutâneo-plantar
em extensão (Babinski)
em flexão ou abolido
Paralisia aguda arreflexa
Doenças esporádicas do Neurônio motor
Metabólicas
 Tóxicas
Porfiria : Pode ser extensa
 Pós-vacinais
Intoxicações
profissionais
Poucos
sinais sensitivos
Chumbo/ Arsênico/
Tálio
confusão mental

de Guillain-Barré
(toxóide tetânico- DPT
 Síndrome
Neuropatias
medicamentosas
(reforço 4aparalisia
6 anos) assimétrica
-pode surgir até 6 semanas após a
Sais
(polirradiculoneurite
dosede
dasouro
vacinas
rara
Dores –abdominais
(pseudo-cirúrgico)
dismielinizante)

Tríp. Viral: Sarampo
(encefalite:
1:1milhão),
Caxumba
Urina vermelha/
negra
(uroporfirina
do tipo
(sinais meningoencefálicos), Rubéola (radiculoneurite
III e porfobilinogênio)
braquial e lombossacra)
Paralisia aguda arreflexa- causas
infecciosas
Difteria
 
ação
da toxina diftérica (neurite segmentar periaxial)
Poliomielite

do palato.
Deficit
moderado
 Coxsakie
 paralisia
casos
de precoce
doença em
indivíduos
semmotor
contato
com vacinados
(comprometimento
extenso
de MMII)

Paralisia
mais
comum
em
crianças
 Sorotipos
A7 ou A9 e enterovirus 70 ou 71 síndrome
 Herpes-zoster
















predominam
da sensibilidade
Mais
freqüentealteração
em membros
inferiores e ataxia
de
Guillain-Barré
Ataxia
aguda
(forma
mais comum)
pode
retenção
urinária
3a e ocorrer
5acerebelar
semana
pós-doença
□ Hiperalbuminorraquia
podem
se
manifestar
como
resfriado
comum,
faringite
fasciculações
Síndrome de Guillain-Barré
reflexos
períodoabolidos
de incubação: 3 a 6 dias
Mielite transversa
disfagia,
disfonia e dificuldade em controlar secreções
leucopenia com linfocitose
(acometimento
bulbar)
Meningite asséptica
Fraqueza mais proximal assimétrica
Síndrome de Guillain-Barré


Causa mais comum de paralisia generalizada
aguda (após erradicação da poliomielite)
Epidemiologia
Incidência: 0,75 a 2 casos/100.000 pessoas
Atinge todas as faixas etárias ( mais freqüência
entre 16 a 25 anos e de 45 a 65 anos)
 Ligeira predominância no sexo masculino
 Polirradiculoneurite aguda

Manifestações clínicas





QC inicial: astenia, febre baixa, sintomas de
infecção respiratória ou diarréia, dores articulares,
mialgias
Paralisia flácida rapidamente ascendente e
SIMÉTRICA, início em MMII, podendo atingir
tronco, membros superiores e face
Pode acometer nervos cranianos
Déficits motores, abolição dos reflexos profundos,
parestesias
Alteração discreta da sensibilidade
Manifestações clínicas

Distúrbios esfinctéricos são incomuns mas
podem ocorrer nas fases iniciais
(DIFICULDADE PARA MICÇÃO)

Desordens neurovegetativas também
podem ocorrer (taquicardia ou bradicardia,
hiperidrose, alterações vasomotoras,
hipertensão arterial)
Fisiopatologia

Caráter auto-limitado e recuperação
costuma ser completa
Fisiopatologia: Lesões inflamatórias
Infiltração por células mononucleares
Dismielinização segmentar
Hipersensibilidade tardia por linfócitos T
ativados
Diagnóstico
História e exame físico
 Punção Lombar:
Líquor com hiperproteinorraquia
(aparece no fim da 1a semana, pico na 4a
semana) sem aumento na celularidade

DISSOCIAÇÃO PROTEÍNO-CITOLÓGICA
 Eletroneuromiografia e medida da velocidade
de condução (métodos auxiliares)
Tratamento
Gamaglobulina venosa (Iniciar até 2 sem. Após
surgimento de sintomas motores) – 2g/kg de peso
 Cuidados respiratórios
 Fisioterapia
 Plasmaférese (não há vantagens sobre
imunoterapia)
 Azatioprina 3mg/kg/dia
 Ciclofosfamida IV ou 6-mercaptopurina
(formas graves)

CORTICOSTERÓIDES NÃO ESTÃO INDICADOS NAS
FORMAS AGUDAS
ADEM – Encefalomielite
aguda disseminada
Doença desmielinizante inflamatória
 Curso monofásico
 Rápido desenvolvimento de déficits
neurológicos focais ou multifocais
 Epidemiologia: 0,4/100.000/ano (EUA)
 Mais freqüente na infância
 Sem diferença entre os sexos

ADEM- Eventos precipitantes

Encefalomielite pós-vacinal
DPT, Influenzae, Hepatite B, febre
amarela/tétano
 Encefalomielite pós-infecciosa
Droga-induzido
sarampo/rubéola/VZV/EBV/CMV/caxu
mba/
 Idiopática
influenza/cocksakie/hepatite C/
Borrelia burgdoferi/ Leptospira

Fisiopatogenia
Susceptilidade genética
à desmielinização
Agressão peri-vascular
multifocal
desmielinização
edema
Mime
tismo
Mole
Cular
viral
Citocinas próinflamatórias
(γ Interferon), IL-2 e IL10
Diagnóstico
História (antecedentes de infecção e imunização
– até 6 semanas antes)
 Exame
físico
e neurológico
febre,
tosse,
rinorréia,
diarréia, cefaléia, mialgias,
 Exame
do (80%)
líquor mal-estar
Deficit
motor
Letargia, ataxia, inabilidade
Tomografia
de marcha,
falaComputadorizada
arrastada,
reflexos
anormais,
Normal
(20%),
achados
variáveis
 Sorologias
alteração
do nível
de consciência,
sintomas
Geralmente
normal/
atenuação da
substância
 Ressonância
Nuclear
Magnética
sensoriais
são raros
Falha
freqüente
em revelar
infecção recente
branca
 Diagnóstico de exclusão ( apenas confirmado
por biópsia)

RNM
(Seqüências
T2 e
FLAIR)
Hipercaptação de sinal na substância branca do
cérebro, cerebelo, ponte, gânglios basais e às vezes
em substância cinzenta profunda
 Anormalidades extensas e relativamente simétricas
da substância branca e captação difusa do
gadolíneo por todas as áreas alteradas

Diagnóstico Diferencial
ADEM
Esclerose múltipla
Apresentação
monofásica
Febre, meningismo,
convulsões, coma
Lesões separadas no tempo e
espaço, recorrentes, 1°ataque
ocorre sem febre ou infecção
RNM
Lesões maiores e simétricas, Mais que 4 lesões, 1
dominante
Envolvimento dos gânglios
basais e tálamo
envolvimento da ponte
Mononeurite (persistente)
Líquor
Leucocitose em 80% ,
proteinorraquia >
100mg/dL, ausência de
bandas oligoclonais
HLA
sem associação
Leucocitose em 33%,
proteinorraquia normal em
50%, presença de bandas
oligoclonais
HLA-DR e regiões DQ
Tratamento
Metilprednisolona IV
(diminui progressão e tempo
de hospitalização
- Infra-regulação da resposta
imune por células B ou T
auto-reativas) – 2 semanas
ou mais
 Imunoglobulina IV (1g/kg)
 Plasmaférese
 Hipotermia (casos extremos)
 Transplante de medula
óssea

Conclusão





Guillain-Barré
ADEM
A FAVOR
A FAVOR
quadro clínico compatível  quadro clínico compatível
dificuldade de micção Pré- escolar
CONTRA
 RESPOSTA DRAMÁTICA
aos CORTICOSTERÓIDES
Liquor
Sem
Alterações
Paralisia
nãoAguda
respondeu à
História prévia de
Retenção
Imunoglobulina
CONTRA
arreflexa
Infecção recente
urinária
Acometimento do SNC
 presença de retenção
SEM alterações
urinária
respiratórias (ASCENDENTE!)
O diagnóstico final é de ADEM.
Bibliografia
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