CASO CLINICO: DESCONFORTO RESPIRATÓRIO NO RECÉM-NASCIDO A TERMO Apresentação: Daniele Muniz Coordenação: Paulo R.
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Transcript CASO CLINICO: DESCONFORTO RESPIRATÓRIO NO RECÉM-NASCIDO A TERMO Apresentação: Daniele Muniz Coordenação: Paulo R.
CASO CLINICO:
DESCONFORTO RESPIRATÓRIO NO
RECÉM-NASCIDO A TERMO
Apresentação: Daniele Muniz
Coordenação: Paulo R. Margotto
www.paulomargotto.com.br
Hospital Regional da Asa Sul
Brasília,20/5/2010
MCS,41 anos, GVIPVA0
Pré-natal 07 consultas
Internada há 01 dia em PT-MG,
encaminhada ao HRAS por parada de
progressão
20/03: PN, a termo(IG=39s5d), presença
de líquido meconial claro(difícil
extração)
BR há 10 horas
VDRL negativo no 3° trimestre
Nascimento no dia 20/03 às 12h35:
Apgar 4/8,Capurro:39semanas
Peso=3845g Est:49 PC:33
RN único, sexo feminino, nasceu
deprimida, cianótica, sem respiração
espontânea, hipotônica. Feito aspiração
traqueal, com saída de moderada
quantidade de secreção meconial, e VPP.
Feito lavagem gástrica com 10 ml de AD,
com saída de secreção meconial. Mantido
em Hood a 100%
Margotto, PR, 1995
GIG obeso: IP acima do Percentil 90
Margotto, PR, 1995
RX de tórax (com 3 horas de vida)
RN em HOOD- FiO2:100%
AR: taquidispnéico(FR=80), MVF
presente, estertores difusos, tiragem
subcostal leve, ausência de batimento
de asa de nariz
Petéquias difusas pelo corpo
Exame segmentar sem outras alterações
CD: Hood a 80%
3h de vida
Exames laboratoriais: 21 hs de vida
Leuco:3.500/ 56% seg/ 1%bast/ PQT: 67600/
Hg:20,5/ HCT:61,7%
Gasometria:
pH:7,37/PCO2:28,2/ PO2:52,7/ HCO3:18,8/ BE:8,2/ SaTO2:91,3% (acidose metab.compens)
Quadro clínico inalterado
CD:colhido hemocultura e iniciado
ampicilina e gentamicina
Hood=60%
25 horas de vida
Permanece com taquidispnéia(FR=80),
pletórico, SaTO2=87% em Hood a 60%
Conduta:aumento da FiO2 para 80%
24 horas de vida
RN admitido em UTI neonatal, em
Hood=100%, SaTO2=93%
Iniciado CPAP nasal a 100%-+5cmH20
RX tórax: opacificação difusa de ambos os
pulmões
Exame físico:
REG, pletórico, máscara equimótica
AR:MV rude, taquipneico=80
Gasometria: pH=7,28/ PCO2=41,8/
PO2=59,5/ HCO3=19/ BE=-6
Devido a piora clínica: Intubação
22h de vida
31 HORAS DE VIDA
Na VM com FiO2 de 70%, Pressões de
15/4-FR DE 40, ti DE 0,35seg. Sat de 95%
Hemograma: Leuc:5695 (Seg. de 70%;
bastões de 4%; eosinófilos de 2%; Linf de
24%)-Htc/Hb52,1/16,9-Hemograma
normal
PCR:7,43mg% (normal:<0,3mg%)
RX de tórax: boa expansão pulmonar/
infiltrado em base esquerda
3 dias de vida
-Ecocardiograma
Ventrículo esquerdo com leve hipertrofia sem sinais
de obstrução ao fluxo; forame oval patente
Eco cerebral: normal
31h de vida
Tocotraumatismo
Líquido meconial
GIG-obeso
Gestante diabética???
Taquidispnéia
Estertores difusos
Evolução para insuficiência respiratória
em 24h
Impressão diagnóstica: aspiração meconial,
pmeumonia intra-uterina, taquipnéia transitória, doença da
membrana hialina em RN a termo (diabetes materno, deficiência
de SP-B?)
Distúrbios respiratórios no RN
Função respiratória adequada:
Estruturas anatômicas q formam o ap.
respiratório
Ap. cardiovascular
Elementos neurológicos centrais e
periféricos
Causas de Distúrbio Respiratório
no recém-nascido(RN)
Causas mecânicas: atresia de esôfago,
hérnia diafragmática, malformação
adenomatóide cística do pulmão...
Causas cardiovasculares:ICC
Causas neuromusculares: síndrome
hipóxico-esquêmicas, sepse, doença de
Werdning-Hoffman...
Causas metabólicas:hipoglicemia, erros
inatos do metabolismo, hipocalcemia...
Causas Pulmonares
OUVIR
VER
Batimento de asas
Gemido
Tiragem intercostal
Retração esternal
Sincronização
Boletim de Silverman Andersen
sincronização
Tiragem
0 = não há DR
1-4= DR moderado
>4 = DR grave
Retração
esternal
BAN
Gemido
Aparecimento agudo
Aparecimento insidioso
Desde a sala de parto
Apnéia
Obst. Das vias aéreas
Malformação
Hipoplasia pulmonar
Derrame pleural
Massa intratorácica
Resolve em 12h:
Hipotermia, desc. resp.
leve
Melhora em 24-48h:
Sd do pulmão úmido
Taquipnéia transitória
Piora em 12h:
DMH, SAM, SHPP, PNM,
cardiopatia congênita
Aparecimento na 1ª
semana
Apnéia da
prematuridade
Apnéia secundária
Hemorragia pulmonar
Sd aspirativa
PNM nosocomial
Cardiopatia congênita
Persistência do canal
arterial
Malformação
intrapulmonar
Distensão abdominal
“Pulmão úmido”
Distúrbio autolimitado
RNT ou próximo do termo
Incidência de 1 a 2%
Taquipnéia Transitória do RN
Fisiopatologia
Transição da vida intra para extra-uterina:
Liberação de catecolaminas que cessam a
formação de líquido pulmonar
Pressão oncótica direciona o fluxo de
água dos espaços alveolares para vasos
Expansão pulmonar após o nascimento
desloca o líquido residual p espaços Cl
intersticiais
Compressão torácica durante parto
vaginal
Na
H2O
Retardo na absorção do líq. fetal
Edema pulmonar transitório
Acúmulo de líq.
Nos linfáticos
peribronquiolares
leva a colapso
bronquiolar com
aprisionamento de
ar ou
hiperinsuflação
Diminuição da complacência
Hipoxemia
História da mãe
RNT ou RNPT > de 34 semanas
Parto cesárea, principalmente se for
sem que o trabalho de parto tenha se
iniciado
Demora no clampeamento do
cordão
Asixia perinatal
Macrossomia, sexo masculino
Taquipnéia (leve a moderada) nas
primeiras 6h
Cianose não-pronunciada,
Sintomas persistem por 12-24h, porém
em casos mais graves podem prolongarse por mais de 24h
Raramente necessitam de FiO2>40%
Rx: Congestão para-hilar simétrica ( da
trama vasobrônquica).
Espessamento das cisuras interlobares e
hiperinsuflação podem estar presentes.
Ocasionalmente discreta cardiomegalia
ou derrame pleural.
Estrias peri-hilares, resultando em
ingurgitamento de linfáticos
Hemograma normal.
O2 suplementar para manter StO2>90%,
por cateter nasal ou CPAP
Pneumonia Neonatal
Infecção grave
Deve sempre ser considerada um
diagnóstico diferencial
Classificação:
** Adq. antes do nascimento(via
transplacentária ou ascendente)
** Adq. durante o nascimento (
microrganismos q colonizam o canal de
parto)
** Adq. após o nascimento (ambiente
hospitalar ou domiciliar)
Pneumonia intra-uterina
Fatores de Risco:
** Prematuridade de baixo peso
** Rotura prematura das membranas
acima de 18h
** Asfixia perinatal
** T. de parto prolongado e traumático
** Reanimação na sala de parto mal
conduzida
Pneumonia intra-uterina
História da mãe
Bolsa rota > 18 horas
Parto prolongado
Baixo nível socioeconômicas
Pré-natal insuficiente
Corioamnionite com ou sem RPM
Mães com bacteriúria pelo estreptococo
do grupo B(GBS):presente no trato urinário
em 15-25% das gestantes; nestas, 1-2% dos
RN desenvolvem sepse de início precoce
Patógenos Primários
Mecanismo
Vírus
Bactéria
Transplacent
ário
Rubéola
Varicela
HIV/CMV/HSV
CMV
HSV
L. Monocytogenes
M. Tuberculosis
T. pallidum
Estreptococo do grupo
B, gram-negativos
CMV/HSV
Vírus
respiratório
sincicial
S. Aureus
P. Aeruginosa
S. marcescens
Perinatal
Pós-natal
Exames Complementares
Rx: áreas esparsas opalescentes, difusas em
ambos campos pulmonares; derrame pleural,
pneumatoceles e abscessos
** EGB: infiltrado pulmonar difuso, com
broncogramas aéreos bilaterais(semelhante a
DPMH)
Laboratoriais:
** Hemograma: Leucocitose, leucopenia,
plaquetopenia, granulações tóxicas
** Hemocultura
** Toracocentese: gram e cultura
Diagnóstico
Evolução rápida com hipotensão,
necessitando de agentes vasoativos, presença
de acidose metabólica, resposta ruim ao
surfactante
Leucograma normal ñ exclui infecção! Usar
PCR(aumenta 24-48h após início de sepse)
Hemograma: valorizar leucopenia,
neutropenia total e relação imaturos/total de
neutrófilos(elevada em 91% dos casos)
Critérios de gravidade para
infecção precoce pelo GBS
Peso<1500g
Efusão pleural ao rx inicial
Total de neutrófilos <1500/mm
Apnéia
Hipotensão
Acidose
Terapêutica
Incubadora: temperatura de 32-34ºC
ATBO: profilaticamente associação de
ampicilina e um aminoglicosídeo
Profilaxia Intra-parto
Contra estreptococo do grupo B para
mães:
**Bacteriúria assintomática
**Cultura de vagina positiva
**Colonização desconhecida qndo mãe
entra em trabalho de parto com < 37s
ou tenham ruptura de membranas
amnióticas>18h ou apresentam febre
38ºC
Penicilina cristalina EV
Doença da Membranas Hialina
Pneumócito II
20ª-24ª semana: formação dos sacos
alveolares com início de diferenciação
dos pneumócitos tipo I e II
25ª-30ª semana: detectável a secreção
de surfactante
A partir da 33ª semana é garantido a
estabilidade alveolar
Processo de reciclagem do surfactante:
pode ser reabsorvido e ressecretado até
13 x
Deficiência de surfactante alveolar
da tensão superficias na interface ar-líquido
das forças de retração elástica
Colapso alveolar
Membrana hialina
da complacência pulmonar
trabalho resp
PaO2 PCO2
Isquemia do epitélio alveolar
com extravasamento de
plasma ou sangue
Membrana Hialina
V/Q
Efeito shunt
Vasoconstrição pulmonar
Doença da Membrana Hialina
História da mãe
Gestação < 34 semanas
Segundo gemelar
RN anterior afetado
Diabetes materno mesmo > 34 semanas
RNPT/AIG
Asfixia perinatal
Diagnóstico Pré-natal Prénatal
Avaliação do grau de maturidade fetal:
**Relação lecitina e esfingomielina no LA
**Medida do fosfatidilglicerol
Quadro Clínico
Insuf. respiratória de instalação precoce
com intensificação progressiva
Há comprometimento progressivo do
estado geral, vasoconstrição periférica,
má perfusão, edema
Geralmente não necessitam de drogas
vasoativas e respondem bem a 1 ou no
máximo 2 doses de surfactante
Piora progressiva, com pico 2-3 dias,
posterior melhora
Exames Complementares
Rx: padrão retículo-granular difuso,
bilateral, com broncogramas aéreos
superpostos(“vidro moído”)
Hemograma normal
Terapêutica
Cuidados gerais
Oxigenoterapia
Pressão positiva em vias aéreas, CPAP
nasal
Surfactante pulmonar exógeno(de
preferência 2h de vida)
VM invasiva qndo indicação
Complicações
Fase aguda: barotrauma e infecções
secundárias
Cardiovascular: PCA
SNC: edema e hemorragia intracraniana
Deficiência Congênita de Proteína B
do surfactante
(causa de doença pulmonar descrita em 1993 Nogee et al))
Função da proteína B: importante na adsorsão
dos fosfolípides na interface ar-líquido
(codificada por um gene de 11 exons no
cromossomo 2)
Herança autossômica recessiva
Mais de 13 mutações foram descritas,
frequência estimada nos USA é de 1 para cada
1000-3000 indivíduos
Clínica:doença respiratória severa, usualmente
fatal
Média de vida: 3 meses
Geralmente ocorre os RN a termo, embora RN
pré-termos não responsiveis ao surfactante
podem ter esta deficiência
Deficiência Congênita de Proteína B
do surfactante
Diagnóstico é estabelecido pela ausência de
proteína B no surfactante (aspirado traqueal) e
confirmado através do estudo genético
Tratamento: --terapia gênica (em estudo)
-transplante de pulmão
(único tratamento disponível na atualidade)
tem sido detectado anticorpos anti-SP-B nos
transplantados
Importante a detecção deste distúrbio
genético para o aconselhamento genético
Síndrome de Aspiração
Meconial
Fatores de risco: neonatos nãovigorosos, LA espesso e presença de
mecônio na traquéia
Associada a elevada morbidade e
mortalidade (tx de mortalidade de 4 a
37%)
Principal complicação: Hipertensão
pulmonar persistente
Fisiopatologia
Mecônio é produzido entre a 10ª e 16ª semana
de gestação
Eliminação de mecônio ocorre decido a:
Asfixia: vasoconstrição mesentérica levando a
hiperistalse e relaxamento do esfíncter
Maturidade fetal
Aspiração do mecônio:
Movimentos tipo gasping intra-útero(asfixia)
Primeiros movimentos respiratórios do RN
Asfixia Intra-uterina(aguda ou crônica)
Líquido amniótico corado por mecônio
Aspiração de mecônio
Partículas grossas
Partículas finas
Obstrução mecânica
Hipóxia aguda
Pneumonite
química
Completa
Incompleta
Mecanismo valvular
Pneumotórax e
pneumomedistino
PaCO2
Hpoxemia
Hipercapnia
Acidose
Atelectasia
“Shunt” D-E
PaO2
Infecção
Síndrome de Aspiração de Mecônio
História da Mãe
Idade Gestacional geralmente > 37
semanas ou pós-termo
Todas as causas de insuficiência
placentária aguda ou crônica.
Presença de Líquido Amniótico meconial,
destes, cerca de 11% apresentam SAM
Quadro Clínico
Impregnação de mecônio em pele,
unha e cordão umbilical
Presença de mecônio na traquéia
Quadro variável
A cianose e a hipoxemia resistente são
indicadores de extrema gravidade.
Exames Complementares
Rx: infiltrado grosseiro, não-uniforme,
com distribuição do hilo para a periferia
Atelectasias
Condensações
Áreas enfisematosas
Medidas gerais
Específico:
-Ventilação mecânica
-Reposição de surfactante, em casos
graves com hipóxia acentuada
-Se hipertensão pulmonar: óxido
nítrico, sildenafil, alcalinização, milrinona
-Fisioterapia respiratória
EVOLUÇÃO
Hemograma se normalizou com 31horas de vida
Hemocultura negativa
Antibiótico por 8 dias
RN extubado no 4º dia de vida
Boa evolução para o CPAP nasal (24 hs)-Hood (24 hs)Alojamento conjunto (com 9 dias) e altas hospitalar com
11 dias
OBS: não temos o resultado histopatológico da placenta
Diagnóstico final: Aspiração de líquido amniótico com
consumo de surfactante? Pneumonia intra-uterina? (houve
boa resposta ao recrutamento alveolar com a ventilação
mecânica, sem a necessidade de surfactante pulmonar
exógeno). Trouxemos este caso pois a piora clinica
associada com um RN que nos lembrou membrana hialina,
levantaram hipóteses de doença da membrana hialina
devido a imaturidade pulmonar nos RN a termo de mães
diabéticas, além da possível deficiência da SP-B
Referências Bibliográficas
Margotto, Paulo Roberto. Assistência ao
recém-nascido de risco,2° edição,2006.
Segre, Conceição A. M. Perinatologia:
Fundamentos e Práticas
Ferzli G, Yunis K, Mroueh S. Surfactant protein B
deficiency: a rare cayse of respiratpory failure
in a Lebanese newborn. Ann Saudi Med
2006;26:69-70
Nogee LM. Surfactant protein-B deficiency.
Chest 1997;111:129S-135S
http://www.paulomargotto.com.br
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Causa dos distútbios respiratórios
Autor(es): Paulo R. Margotto
Surfactante pulmonar exógeno
Autor(es): Paulo R. Margotto