Professora Teresa Cristina Silva Kurimoto – UEMG
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Transcript Professora Teresa Cristina Silva Kurimoto – UEMG
ESCOLA: ESPAÇO DE
INQUIETAÇÕES E CONSTRUÇÕES DESCORTINANDO POSSIBILIDADES
Teresa Cristina Silva Kurimoto
Setembro
2014
O instante de olhar...
O falso espelho – Renè Magritte (1929)
Um realidade...
Outra realidade...
“A escola é uma instância social, dentre
outras, que tem uma função mediadora de
um projeto de sociedade, que tanto pode ser
conservador
como
transformador.
A
educação deve ser assim compreendida,
numa dimensão dialética, a partir de seus
determinantes e condicionantes históricosociais...”. (CORRÊA, 2001 p. 09)
Crianças e Adolescentes
86% acessam internet;
81% usam celular de 3 a 4 vezes por semana;
41% tem celular próprio;
67% visitam sites de relacionamento.
(Playground Digital, 2007)
Tempo para compreender
Salvador Dali - Desintegração da persistência da memória 1952-54
Era planetária
“A época planetária se manifesta através de
uma extrema interação entre toda sorte de
fatores econômicos, religiosos, políticos,
étnicos, demográficos, etc. Fica mais difícil
entender essa época em que o local é
inseparável do global e o global influi sobre o
local” (Morin, 2012).
“vive -se hoje, uma modernidade líquida que é
marcada pela instantaneidade e pela
liquidez. O conceito de liquidez destaca
uma sociedade que não mantém sua forma,
não é estável, mas é marcada por
transformações,
desestabilidades,
construções e desconstruções e pela
imprevisibilidade...” (Bauman, 2001)
“neste mundo, tudo pode acontecer e tudo
pode ser feito, mas nada pode ser feito uma
vez por todas – e o que quer que aconteça
chega sem se anunciar e vai-se embora sem
aviso”. (Bauman, 2001)
Adolescência
Identidade X confusão de papéis
“é quem e o que são aos olhos de um círculo
mais amplo de pessoas significativas, em
comparação com o que eles próprios
chegaram a sentir que são” (Erikson, 1971, p. 285).
Identidade sexual
Identidade profissional
Identidade ideológica
Adolescência
Corpo infantil;
Papel e identidade da infância;
Pais da infância.
(Aberastury e Knobel, 1981)
Adolescência
Operação psíquica
deencontradas:
reinscrição do sujeito em
Respostas
relação a si mesmo e aos outros (Operação
discursiva•Ressignificação
que reorganiza o(separação):
laço social).
Tempo Papéis
de dos
inscrição
do
processo
de
pais e educadores;
alienação/separação : nova inscrição do sujeito e de
seu desejo. (Poli e Becker, 2004)
Tempo de instabilidade
Processo de re-construção do sujeito
Adolescência
Operação psíquica de reinscrição do sujeito em
relação a Respostas
si mesmoencontradas:
e aos outros (Operação
discursiva que reorganiza o laço social).
Tempo
de (passagens
inscrição ao ato):
do tomam
processo
de
•Alienação
a
alienação/separação
: nova inscrição
do sujeito e de
resposta social literalmente
ao avesso
seu desejo. (Poli
e Becker,
2004)
“(Não)
use drogas”
“(Não) faça sexo de forma insegura”
Tempo
instabilidade
Passagens
ao de
ato:
protesto/apelo
Processo de re-construção do sujeito
Adolescentes dos tempos atuais
O que cabe à Escola?
Crescimento brasileiro – necessidade de
muitas pessoas alfabetizadas e melhor
qualificadas.
Escola: produção em massa (pessoas e
conhecimentos) e de passividades
Escola segmentada e fragmentadas
O que cabe à Escola?
“Eu estou pensando, há muito tempo em
propor um novo tipo de professor. É um
professor que não ensina nada. Ele não é
professor de matemática, de história, de
geografia. Ele ensina espanto. É um
professor de espantos. O objetivo da
educação não é ensinar coisas porque as
coisas já estão na internet, estão por todos os
lugares, estão nos livros. É ensinar a pensar”
(Rubem Alves).
Os adolescentes e a Escola
Missão (im)possível
Escola/Professores: representantes diretos da
sociedade
relação amor-ódio.
(Im)possibilidades da educação: acrescidas de
reflexos dos tempos atuais.
Professor: falência de uma rede de sustentação
social e simbólica: Desejo?
Adolescentes: “espécimes cuja essência é a crise”.
Desejo?
Adolescentes: ‘saber em excesso’/ ‘desenganados’ –
toda promessa de felicidade é vista com
desconfiança.
Os adolescentes e a Escola
Missão possível
Escola/Professor/Educador de adolescentes:
Posição subjetiva especial.
Desejo / Paixão:
"gosto do que faço, acho que eles percebem isto“
Responsabilização do professor
Responsabilização do aluno adolescente.
Sustentar um lugar de lei não autoritária. Lei que
implica o outro responsabilizando-o.
(Gutierra, 2002)
Os adolescentes e a Escola
Missão possível
Escola/Professor/Educador de adolescentes:
Posição subjetiva especial.
Regras claras e acordadas para o cotidiano:
“eu não quebro as regras“
Todos estão submetidos as regras: alunos e
trabalhadores da Escola.
As regras não existem para o engrandecimento da
hierarquia.
Cotidiano escolar: lei e desejo encontram lugar.
(Gutierra, 2002)
Os adolescentes e a Escola
Missão possível
“[...] além de promover a socialização, ou seja,
preparar as pessoas para o mundo cambiável em
que vivemos, a individualização pressuposta nos
mecanismos educacionais, ao mesmo tempo em
que evita decretar o que é certo ou verdadeiro e
provocar sua manifestação, consiste no exercício
de “agitar” os estudantes e incitar-lhes a
dúvida sobre a imagem que têm de si e da
sociedade em que estão inseridos e, nesse
movimento, desafiar o consenso prevalecente.”.
(Almeida, 2009).
Os adolescentes e a Escola
Missão possível
Escola como lugar de circulação da palavra.
Escola como lugar de expressão de
subjetividades.
Momento
de
concluir
Escher Relatividade,
1953
O que cabe na escola?
Se não conseguirmos estabelecer algumas
respostas (sempre provisórias) à esta pergunta é
possível que os alunos em sua caminhada
inexorável para o futuro nos imponham o que
cabe, a partir da perspectiva deles ou que foram
apresentadas a eles. Embora os desejos deles
contem, a Escola, na qualidade de espaço
formador tem uma responsabilidade nesse
campo. Não se pode acreditar que o
protagonismo do aluno exclua o lugar também
fundamental, também protagonista, de todos os
demais que vivenciam o espaço formador que é a
Escola.
O que cabe na escola?
"Se os adolescentes fossem encorajados pela
sociedade a se exprimir, isto os sustentaria na sua
difícil evolução“ (Dolto, 2004).
A Escola como espaço de ensino: saberes (não
todo) e também de espanto!
Escola que exercite flexibilidade (liquidez) sem
deixar de ser instituição.
Reinvenções sem grandes utopias ou melancolias.
‘Pequenas’ revoluções diárias ancoradas em um
projeto micro, por sua vez ancorado em um
projeto institucional de construção coletiva...
O que cabe na escola?
“Diante dos inúmeros “textos” que escrevem o mundo, a arte da
conversação civilizada é algo que o espaço da escola necessita de
maneira urgente. Dialogar com as distintas tradições que chegam até
ela, sem combatê-las; procurar entendê-las, sem aniquilá-las ou
descartá-las como mutantes; fortalecer sua própria perspectiva (a do
professor, por exemplo) com o livre recurso à experiências alheias (a
dos alunos e suas culturas, por que não?). Levando isso em conta,
extraímos da posição de Bauman o seguinte imperativo para a
educação escolarizada na sociedade líquida:
perecer!” (ALMEIDA, 2009, p. 56).
conversar ou
Adolescente de 16 anos - Menino passarinho (www.cpcd.org.br)
Referências
1.
2.
3.
4.
5.
6.
7.
CORRÊA, Vera Maria de Almeida. Globalização e Neoliberalismo no
espaço escolar: O que pensam os professores. In:
<http://www.anped.org.br/reunioes/24 T1382537964830.doc.
TOFFLER, Alvin. O choque do futuro. 2ª Ed. Rio de Janeiro: Record,
1970.
Poli MC e Becker AL. Adolescência: uma abordagem na psicanálise
lacaniana. In: Macedo MMK. Adolescência e psicanálise:
intercessões possíveis.Porto Alegre: EDIPUCRS. 2004.
CALLIGARIS, C. A Adolescência. São Paulo, Publifolha, 2000.
DOLTO, F. A Causa dos Adolescentes. Trad. Orlando dos Reis.
Aparecida, SP, Idéias e Letras, 2004.
ALMEIDA FQ, BRACHT V e GOMES IM. Bauman e a educação. Belo
Horizonte: Autêntica, 2009.
BAUMAN, Zygmunt. Modernidade líquida. Tradução: Plínio Dentzien. Rio
de Janeiro: Jorge Zahar, 2001.