CASO CLÍNICO: Tosse Crônica Tiago A. di Macedo Bernardes Warley Alves Araújo Werciley Saraiva Vieira Junior Coordenação: Luciana Sugai/Sueli Falcão Escola Superior de Ciências da Saúde.
Download ReportTranscript CASO CLÍNICO: Tosse Crônica Tiago A. di Macedo Bernardes Warley Alves Araújo Werciley Saraiva Vieira Junior Coordenação: Luciana Sugai/Sueli Falcão Escola Superior de Ciências da Saúde.
CASO CLÍNICO: Tosse Crônica
Tiago A. di Macedo Bernardes Warley Alves Araújo Werciley Saraiva Vieira Junior Coordenação: Luciana Sugai/Sueli Falcão Escola Superior de Ciências da Saúde (ESCS)/SES/DF www.paulomargotto.com.br
26/3/2008
Caso Clínico
IDENTIFICAÇÃO:
IAA, 4 meses, natural e procedente do DF, residente em Santa Maria.
Acompanhante
: Denise, mãe.
QP:
“Tosse há 46 dias”
HDA:
Mãe informa que há 46 dias lactente iniciou quadro de tosse seca, com predomínio noturno inicialmente; nega quadro de febre, nega vômitos e outros sintomas. Procurou ajuda médica no HRGama, onde foi diagnosticado bronqueolite, sendo prescrito Predisin® mais nebulização com Berotec® para uso domiciliar; ocorrendo pequena melhora do quadro. 5 dias após a consulta, criança mantinha tosse seca, com aumento da freqüência das crises e com cansaço, quando tossia ficava roxo (sic).
Mãe procurou novamente o HRGama sendo reconsiderada a hipótese de bronqueolite, sendo ajustada a dose do corticóide e prescrito um anti histamínico.
Criança manteve o quadro de tosse em casa; na semana seguinte lactente tinha consulta no posto de saúde, onde a médica levantou hipótese de coqueluche e iniciou tratamento com eritromicina durante sete dias. Criança apresentou melhora clínica, porém mãe suspendeu a medicação após 5 dias decorrente dessa melhora, voltando o lactente apresentar piora clinica da tosse e mãe procurou novamente o HRGama onde foi novamente prescrito eritromicina por 14 dias.
Criança evolui com melhora do quadro de tosse.
Há duas semanas as crises de tosse intensificaram com mesmas características iniciais; mãe não procurou auxilio médico de imediato, fazendo uso de nebulização em domicilio. Há 5 dias lactentes apresentou 2 picos febris aferidas (38 °C) , com melhora com uso de antitérmico.
Mãe procura o HRAS, com lactente apresentando quadro de tosse seca, sem período preferencial, sem fatores de melhora, negando febre, associado a chiado no peito, cansaço e episódios de cianose.
Revisão de sistema
Cabeça
: Nega traumas, nega deformidades.
Ouvido
: Nega olhos vermelhos, lacrimejamento
Nariz
: Nega coriza, nega espirro, nega epistaxe.
Boca
: Nada digno de nota
Aparelho respiratório
: Vide história
Aparelho cardiovascular
: Nega problemas cardiovasculares
Neurológico
: Nega alterações neurológicas
Ap genito urinário
: Criança mantendo eliminações fisiológicas.
Antecedentes fisiológicos
• Recém nascido de parto normal, termo, adequada para idade gestacional.
•
Peso ao nascer:
3,050g •
Estatura:
51 cm •
Apgar:
8/10 • Mãe relata realização de pré-natal com 6 consultas sem intercorrências.
• Relata que criança sustentou a cabeça com 3 meses, já consegue virar o rosto e sorri quando vê as pessoas.
Antecedentes patológicos
•
Vacinação:
vacinas em dia, exceto dose da Tríplice viral não realizada devido ao quadro de tosse da criança, segundo a mãe sob orientação médica.
• Relata conjuntivite com 1 mês de vida, com melhora com colírio (sic) • Nega quadro anterior de tosse.
• Nega episódios de refluxo.
• Nega familiares e pessoas próximos com quadro semelhante.
Antecedentes familiares
•
Mãe:
28 anos, copeira, nega tabagismo e etilismo, nega doenças.
•
Pai:
23 anos, autônomo, nega tabagismo e etilismo, nega doenças.
•
Irmão:
criança com 8 anos com dois episódios de pneumonias tratadas.
•
Irmã:
(sic).
criança com 11 anos com cardiopatia, realizado cateterismos
Hábitos de vida
• Criança reside com os pais e dois irmãos em barraco com 3 cômodos, com água e esgoto.
• Nega animais domésticos.
• Alimentação exclusiva no seio materno até os 3 meses e meio quando mãe refere tentativa de iniciar NAN; porém criança não aceitou bem a dieta, retornando ao seio materno.
Exame Físico
• Criança agitada no colo da mãe, corada, hidratada, acianótica, anictérica, taquidispnéica.
•
Fr:
78 irp/min.
Tax:
36,5 °C
Sat O2:
85% em ar ambiente.
• Observo quadro de tosse pertussoíde, seca com duração de mais ou menos 2 min e lactente apresentando cianose transitória.
•
AR:
MVF com ruídos adventícios, observa presença de sibilos e roncos difusos em ambos hemitóraxes , presença de tiragem subcostal bilateral.
•
ACV:
RCR em 2 tempo bulhas normofonéticas, sem a presença de sopro.Pulsos periféricos presentes, simétricos.
•
ABD:
Flácido,indolor a palpação com RHA preservado, palpo fígado há 2 cm do rebordo costal, com bordos lisos. Não palpo baço, traube livre.
•
Extremidades
: Bem perfundidas, sem evidencias de cianose
Hipóteses Diagnósticas
•
Anatômico:
vias áreas superiores e inferiores •
Sindrômico:
tosse crônica / sibilância
Etiológico:
• Coqueluxe • Pneumonia afebril do lactente • Bronqueolite • Doença do refluxo gastroesofágico
Conduta
•
Radiografia de tórax AP e perfil:
Sinais de hiperinsuflação.
Hemograma:
Tosse Crônica
Definição: TOSSE
Mecanismo envolvido no sistema de proteção das vias aéreas inferiores, ocorrendo podendo ser por meio de ato reflexo voluntária ou involuntária,
Fisiopatologia
1.
ESTIMULAÇÃO DE RECEPTORES DA TOSSE
• Faringe, Laringe, Traquéia e Brônquios • Conduto Auditivo, Pericárdio, Estômago, Diafragma, Nariz e Seios Para-nasais
2.
CONDUÇÃO DE IMPULSOS NERVOSOS POR VIAS AFERENTES ATÉ O CENTRO DA TOSSE
• Via Vago – em geral • Glossofaríngeo, Frênico, Trigêmio – prováveis
3.
CENTRO DA TOSSE NA MEDULA 4.
CONDUÇÃO DE IMPULSOS POR VIA EFERENTE ATÉ OS MÚSCULOS
• Frênico, Nervos de outros músculos respiratórios, Laríngeo Recorrente, Vago
5.
CONTRAÇÃO INTENSA DOS MÚSCULOS TÓRACO-ABDOMINAIS
• • Compressão dinâmica das vias aéreas levando a saída explosiva de alto fluxo de Ar após abertura da glote.
O aumento da pressão intra-torácica causa compressão das vias aéreas, similar a uma ordenha dos brônquios, com eliminação de secreções ou corpos estranhos - função primordial da tosse.
SEMIOLOGIA
•
Presença ou não de expectoração;
•
Volume expectorado por dia;
•
Aspecto da secreção
purulenta, sanguinolenta, pio sanguinolenta, rósea, aquosa, •
Eliminação de moldes brônquicos;
•
Horário preferencial
matinal, vespertina, noturna ou sem horário de predomínio; •
Fatores desencadeantes ou de piora
alérgenos e irritantes ocupacionais e/ou domiciliares, ansiedade, alimentação, medicamentos, atividade física; •
Fatores de melhora
uso de medicamentos, elevação de cabeceira; •
Sinais e sintomas concomitantes
febre, dispnéia, chiado, dor torácica, sintomas nasais, •
Sinais e/ou sintomas de cardiopatia;
•
Duração – varia de horas a anos
.
Classificação
•
Aguda:
Presença do sintoma por um período de até três semanas.
•
Subaguda:
Tosse persistente por período entre três e oito semanas.
•
Crônica:
Tosse com duração maior que oito semanas.
Em criança: Aguda: até 4semanas Crônica: acima de 4 semanas
• • • • • •
1.
Tosse aguda
Doenças com baixo risco de complicações e morte 2. Doenças com alto risco de complicações e morte
Resfriado comum • Pneumonia Sinusite aguda • Crise grave de asma ou DPOC Gripe • Edema pulmonar por IVE Rinite, laringite, traqueíte e faringite • Embolia pulmonar Bronquite aguda Exacerbação de doença pré-existentes • • - crise leve de asma - bronquiectasia exacerbação leve da DPOC Rinossinusopatias Exposição a alérgenos ou irritantes ambientais ou ocupacionais Drogas inibidores ECA, β-bloqueadores
Tosse subaguda
• Inflamação e lesão epitelial das vias aéreas, com ou sem hiperresponsividade transitória. • drenagem pós-nasal, • acúmulo de secreções nas vias aéreas inferiores • agravamento de refluxo gastroesofágico A etiologia relaciona-se, em geral, a infecções 1. virais, ocasionalmente após infecções por: • B. pertussis, • M. pnuemoniae e • C. pneumoniae
• • • • • • • • • •
Tosse crônica
• Doenças de vias aéreas superiores Laringite Faringite • Doenças pleurais, pericárdio e diafragma • Polipose nasal Síndrome do gotejamento pós nasal • Doenças da tireóide Tosse variante de asma • Doenças do parênquima pulmonar Doença do refluxo gastroesofágico • Cardiopatias com edema pulmonar Colapso de vias aéreas superiores • Neoplasias de vias aéreas Asma • Psicogenética Bronqueolite • Discinesia ciliar Causas pós infecciosas • Aspiração pulmonar recorrente Causas infecciosas • Corpo estranho Bronquiectasias • Malácia Fibrose cística
1.
LACTENTES
Anormalidades congênitas
Fístula traqueoesofagica Déficit neurológico
2. Infecciosa:
Viral Clamídia Bacteriana
3. Fibrose cística
PRÉ ESCOLARES/ ESCOLARES
1. Corpo estranho 2. Infecciosa
Viral Micoplasma Bacteriana
3. Reativa
Asma Fibrose cística
4. Irritativa
Fumo passivo
ADOLESCENTES • •
1. Reativa
Asma Gotejamento pós nasal •
2. Infecciosa
Micoplasma • •
3. Irritativa
Fumo Poluição
4. Psicogênica
Principais causas
Gotejamento pós nasal ou rinorreia posterior
É a causa mais freqüente de tosse crônica.
• A história clínica e o exame físico.
• Sintomas relatados são: Sensação de “algo escorrendo na garganta”, Coriza, Rouquidão, Cefaléia Tosse noturna produtiva Congestão nasal ou rinorréia • Ao exame físico alterações inflamatórias: da mucosa nasal (enantema, congestão ou áreas de palidez) e da faringe, com ou sem secreção
ASMA, VARIANTE TUSSÍGENA DA ASMA e BRONQUITE EOSINOFÍLICA
2 ° causa de tosse crônica Dispnéia Tosse crônica Sibilância torácica Desconforto ou opressão torácica ("aperto no peito") piora com β-bloqueador, em associação à resposta terapêutica com β2-agonista,
Fisiopatologia
1.
Obstrução das vias aéreas (broncoconstrição), potencialmente reversível seja de forma espontânea ou através de tratamento; 2. Hiper responsividade brônquica 3.
Inflamação
DESORDENS GASTROESOFÁGICAS
• Afecção digestiva de maior prevalência nos países ocidentais, DRGE • Corresponde à terceira causa mais freqüente de tosse crônica (6 a 10% dos casos)
Definição: “ Afecção crônica decorrente do fluxo retrógrado de parte do conteúdo gastroduodenal para o esôfago e/ou órgãos adjacentes, acarretando variável espectro de sintomas (esofágicos ou extra-esofágicos), associados ou não a lesões teciduais”
Etiologia da tosse
Reflexo esôfago-traqueobrônquico, Estímulos de ácidos e de enzimas à faringe e à laringe Síndromes de aspiração pulmonar
Clínica
• Pirose e regurgitação • Dor torácica não coronariana, • Sensação de globus faríngeo, • Manifestações extra-esofágicas respiratórias (fundamentalmente tosse e asma brônquica), • Otorrinolaringológicas (basicamente disfonia e pigarro.
Tosse por DRGE
Ausência de exposição a agentes irritantes Não estar em tratamento com drogas IECA Radiografia de tórax normal ou com alterações Inespecíficas Participação de asma descartada: Participação de sinusites descartada Participação de bronquite eosinofílica descartada
Diagnóstico
Endoscopia digestiva alta pHmetria esofágica prolongada Impedanciometria esofágica: Estudo radiológico contrastado do esôfago: Manometria esofágica: Prova terapêutica;
Tratamento
Tratamento
•
Drogas pró-cinéticas
• Farmacológico
Fundoplicatura
Metoclopramida, Bromoprida, Domperidona, Cisapride -Nissen •
Colinérgicas
• Cirúrgico -Toupet Betanecol -Thal •
Agentes àcido-redutores
• Endoscópico 1. Anti-Secretores: Cimetidina, Ranitidina 2. Neutralizantes ácidos
Causas infecciosa e pós infecciosa
Tosse pós-infecciosa em crianças parece estar relacionada: 1.
vírus (sincicial respiratório e parainfluenza),
2. Mycoplasma pneumoniae
, 3.
4.
à
Chlamydia pneumoniae
à
Bordetella pertussis
Etiopatogenia
Drenagem pós-nasal de secreções; Exposição dos nervos aferentes, abaixo das junções epiteliais, devido à necrose epitelialcausada pelos agentes infecciosos (em geral vírus); Hiperreatividade brônquica por inflamação das vias aéreas
tosse noturno, auto limitada, com duração de quatro a oito semanas • Pensar: Pneumonia atípica ou afebril do lactente Infecções de vias aéreas superiores (resfriados) Coqueluche
Coqueluche
• Agente:
Bordetella parapertussis e pertussis
• Gram negativo • Atinge principalmente no primeiro ano de vida
Cadeia epidemiológica da coqueluche
Vacinação primária
na era pós-vacinal
Aos 2, 4 e 6 meses Reforço aos 15 meses e aos 5 anos lactentes não-vacinados ou parcialmente vacinados: risco de coqueluche e complicações adolescentes e adultos infectados veiculam a B pertussis para lactentes e crianças Sem a vacinação de reforço a imunidade se reduz com o tempo- infecção no adulto
Adaptado de Baron S et al. Pediatr Infect Dis J 1998;17:412–8
Estágios da doença
• Fase 1 ou catarral: similar a um quadro gripal • Fase 2 ou paroxismo: intensa tosse seca de duração variável que pode levar a fadiga muscular causada por toxina • Fase 3 ou convalescença: tosse crônica que pode durar meses
• Cultura • Sorologia • PCR
Diagnóstico
Tratamento
• Suporte clínico • Antibioticoterapia macrolídeo • Prevenção com vacinação
Algoritmos de tosse crônica
5.
6.
7.
8.
9.
1.
2.
3.
4.
Referências
Jacomelli M, Souza R, Pedreira Jr WL Abordagem Em Pacientes Não-tabagistas
J Pneumol 29(6)
Diagnóstica Da Tosse Crônica
– Nov-dez De 2003.
J C De Jongste, M D Shields Chronic Cough In Children
1003
.
Thorax 2003;58:998 –
L P A Mcgarvey; Cough ? 6: Which Investigations Are Most Useful In The Diagnosis Of Chronic Cough?
Thorax 2004;59:342 –346.
Robert L. Holmes, D.O., Ph.D., And CLARE T. Fadden, M.D., M.S. Evaluation Of The Patient With Chronic Coughamerican
FAMILY PHYSICIAN VOLUME 69, NUMBER 9 / MAY 1, 2004 Pag 2159-2166.
Anne B. Chang, MBBS, Phd; And William B. Glomb, MD, FCCP Guidelines For Evaluating Chronic Cough In Pediatrics Chest 2006;129;260-283 Sidney S.
Braman,
2006;129;138-146
MD,
www.adrianaschmidt.com
FCCP Sidney S.
Braman,
II DIRETRIZES BRASILEIRAS NO MANEJO DA TOSSE
Pneumol. 2006;32(supl 6):S 403-S 446.
Luiz Fernando Ferreira www.medicinaatual.com.br
.
Pereira Tosse Crônica
MD, FCCP
CRÔNICA J Disponível Chest
Bras
Em: