Caso Clínico Vasculite Barbara Saito Breno Prado Loyane Medeiros Coordenação: Dra. Elisa de Carvalho Escola Superior de Ciências da Saúde/SES/DF www.paulomargotto.com.br.
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Transcript Caso Clínico Vasculite Barbara Saito Breno Prado Loyane Medeiros Coordenação: Dra. Elisa de Carvalho Escola Superior de Ciências da Saúde/SES/DF www.paulomargotto.com.br.
Caso Clínico
Vasculite
Barbara Saito
Breno Prado
Loyane Medeiros
Coordenação: Dra. Elisa de Carvalho
Escola Superior de Ciências da Saúde/SES/DF
www.paulomargotto.com.br
Caso Clínico
Identificação:
W.L.R.M., sexo feminino, 5 anos, natural e
procedente de Brasília-DF.
Data de
.
admissão no PS: 06/01/07;
Queixa Principal:
“Pernas inchadas” há 2 dias.
Caso Clínico
HDA:
Mãe relata que criança iniciou quadro de dor e
edema em membros inferiores
predominantemente matutino há 2 dias. Associado
ao quadro, apresentou edema periorbitário
bilateral, aumento do volume abdominal,
diminuição do volume urinário e coloração
avermelhada da urina.
Há cerca de 2 semanas esteve internada no
HRAS com quadro de cefaléia, vômitos e lesões
impetiginosas em pés. Recebeu alta após
observação de 12 horas com prescrição de
Quadriderm®.
Caso Clínico
Antecedentes Pessoais:
Fisiológicos: nascida de parto normal a
termo. Apgar 9/10. Peso ao nascer: 3640g.
Perímetro cefálico de 35cm e comprimento
de 50 cm. Sem intercorrências no período
neonatal. Desenvolvimento neuropsicomotor
adequado para idade. Imunizações
atualizadas.
Patológicos: nega doenças comuns da
infância, transfusões sanguíneas, alergias
medicamentosas ou cirurgias prévias
Caso Clínico
Antecedentes Familiares:
Mãe (30 anos): hígida;
Pai (32 anos): tabagista e etilista;
Irmã (9 anos): portadora de Síndrome de
Turner;
História familiar de nefropatia (tia materna).
Condições de Vida:
Habitação com quatro cômodos com
saneamento básico e sem animais no
domicílio.
Caso Clínico
Exame Físico:
Paciente em BEG, hipocorada 2+/4+, afebril,
hidratada, acianótica, anictérica, ativa;
Sinais Vitais: PA= 133 x 77 mmHg, FC = 100
bpm.
Orofaringe: hiperemia amigdaliana;
Aparelho cardiovascular e respiratório sem
alterações;
Abdome globoso, flácido com edema de parede
e sem visceromegalias;
Extremidades: edema +/4+;
Pele: manchas hipocrômicas de 0,5cm de
diâmetro em pés em cicatrização.
06/01
Hem
4,35
Hb
10,9
Htc
34,2
VCM
78,7
HCM
25,1
CHCM
31,9
Leuc
8400
Segm
59
Bast
0
Linf
34
Mon
3
Eos
4
Plaq
326
VHS
40
06/01
Glico
76
Uréia
56
Creat
0,9
Cálcio
7,7
Magn
-
Sódio
135
Potás
4,2
Cloro
108
Fósforo
-
TGO
22
TGP
11
BT
-
BD
-
PT
4,2
Alb
2,3
EAS
06/01
den pH Hb Bilir Album Céls
-
-
-
-
-
8
Leuc
13
Hem Bact Muco
30
•Urocultura (06/01): negativa
+
+++
Cil
Hialinos
Hematúria
HAS
Edema
Sindrome nefrítica
Lesões impetiginosas
prévias
Síndrome nefrítica
GNPE
Evolução:
Acompanhante em 11/01/07 refere
aparecimento de lesões cutâneas
descritas como manchas eritematosas
em MMSS, MMII e em tronco.
Estas evoluíram para púrpuras
palpáveis acometendo também nádegas
em 14/01/07;
10/01
13/01
14/01
17/01
C3
124
129
129
-
C4
43,7
42,1
42,1
-
FR
-
<10,3
<10,3
-
ASO
134
131
131
-
PCR
-
-
2,26
2,45
a1 gli
-
137
-
137
FAN
-
Neg
-
-
IgG
-
-
-
615
IgA
-
-
-
158
IgM
-
-
-
137
EAS
dens
pH
Hb
Bilir
Album
Céls
Leuc
Hem
Bact
Muco
Cil
14/01
1200
6,0
+++
-
-
8p/c
Numerosos
Numerosas
+
+++
-
Pesquisa de dismorfismo eritrocitário em 14/01/07: negativa
Proteinúria de 24 hs:
13/01: 2810mg/24hs 140mg/kg/dia;
18/01: 3134mg/24hs 150mg/kg/dia;
25/01: 2221mg/24hs 111mg/kg/dia.
Lesões purpúricas
Dismorfismo eritrocitário
negativo
Síndrome nefrítica - GNPE
Normocomplementenemia
e ASLO normal
Proteinúria
nefrótica
06/10
08/01
12/01
19/01
23/01
25/01
Proteínas
Totais
4,2
4,4
5,1
-
5,9
5,1
Albumina
2,3
2,5
2,5
-
2,5
2,5
Colesterol
-
-
265
-
-
Triglicerídeos
-
-
288
-
-
-
Proteinúria >
50 mg/kg/dia
Hipoalbuminemia
Síndrome Nefrótica
Hiperlipidemia
Edema
Síndrome Nefrítica
com componente
Nefrótico!
+
PÚRPURAS
Púrpuras
HC
Trombocitopenia
Sim :
• Púrpura trombocitopênica
idiopática;
• LES;
• Sepse / CIVD
Não
Vasculites
Vasculites
Caracterizadas pela inflamação e lesão da parede
dos vasos sangüíneos;
Incidência média de 25 casos por milhão de
habitantes/ano;
Classificação:
Primárias (alteração nos vasos sangüíneos);
Secundárias:
Doenças infecciosas: meningococcemia,
AIDS, hanseníase e endocardite bacteriana;
Doenças difusas do tecido conjuntivo como
o lúpus eritematoso sistêmico.
Vasculites
Púrpura de Henoch-Schönlein
Vasculite mais freqüente na infância;
Comprometimento de vasos de pequeno
calibre( arteríolas, capilares e vênulas);
Predomina em pré-escolares ( média de
6 anos);
Proporção entre sexo masculino e
feminino de 1,5 : 1;
Púrpura de Henoch-Schönlein
Etiologia desconhecida;
Fatores desencadeantes:
IVAS;
Infecções como CMV, parvovírus B19,
hepatite B;
Imunizações;
Fármacos ( aspirina, eritromicina)
Alimentos (chocolate)
Púrpura de Henoch-Schönlein
Manifestações cutâneas:
Lesões máculo-papulares
24 a 48hs: púrpuras que não desaparecem a digitopressão;
MMII (pressão gravitacional);
1 a 2 semanas: lesões acastanhadas, ferruginosas
( Nelson) .
Edema subcutâneo ocorre em 70% dos casos.
Púrpura de Henoch Schönlein
Púrpura de Henoch Schönlein
Púrpura de Henoch-Schönlein
Comprometimento articular:
Ocorre em 60 a 80% dos pacientes;
Artrite de grandes articulações,
pauciarticular e migratória.
Púrpura de Henoch-Schönlein
Manifestações gastrointestinais:
Apresentação inicial da doença em 19%;
Dor abdominal em cólica periumbilical(78%);
Hematêmese, melena ou enterorragia;
Invaginação intestinal (hematoma
submucoso ileocólico):
Dor abdominal intensa, súbita associada a
sangramento intestinal e massa abdominal
palpável;
Púrpura de Henoch-Schönlein
Manifestações urinárias:
Hematúria microscópica;
Proteinúria transitória;
Fatores de mau prognóstico:
Síndrome nefrítica e /ou nefrótica;
Hipertensão arterial;
Insuficiência renal aguda.
Púrpura de Henoch-Schönlein
Manifestações neurológicas:
Cefaléia, convulsões, irritabilidade, AVC;
Outras manifestações:
Febre, anemia,orquiepididimite, epistaxe,
cardite e pancreatite.
Púrpura de Henoch-Schönlein
Púrpura de Henoch-Schönlein
Biópsia de pele com
vasculite
leucocitoclástica:
infiltrado de leucócitos,
monócitos e PMN,
edema, hemorragia e
necrose dos vasos.
Púrpura de Henoch-Schönlein
Imunofluorescência da pele
demonstrando depósitos de IgA e de C3.
Púrpura de Henoch-Schönlein
Alterações laboratoriais:
Anemia;
Leucocitose moderada < 20.000;
Aumento de VHS e de PCR;
Hematúria, proteinúria, cilindrúria e
dismorfismo eritrocitário;
Elevação de uréia, creatinina e proteinúria
de 24hs.
Púrpura de Henoch-Schönlein
Tratamento:
História natural: doença auto-limitada;
Habitualmente conservador e expectante;
Identificação e retirada do fator
desencadeante;
Lesões cutâneas não respondem
adequadamente a corticoterapia, AINE ou
anti-histamínicos;
Púrpura de Henoch-Schönlein
Tratamento:
Nefrites leve a moderada
acompanhamento ambulatorial.
Os corticosteróides são indicados em nefrites
graves e dor abdominal importante;
Imunossupressores, imunoglobulinas e
plasmaférese podem ser utilizados em casos
refratários ao uso de corticosteróides com na
GN rapidamente progressiva.
Púrpura de Henoch-Schönlein
Complicações:
Fase aguda:
Invaginação intestinal;
Insuficiência renal aguda
A longo prazo:
Insuficiência renal crônica.
Diagnósticos Diferenciais
Granulomatose de
Wegener ?
Vasculite granulomatosa que acomete trato
respiratório superior, pulmões e rins;
Fatores Favoráveis:
Comprometimento cutâneo ocorre em 50%
dos pacientes ( púrpura palpável, nódulos
subcutâneos)
80% apresentam comprometimento renal
que pode se manifestar como glomerulite
até GN rapidamente progressiva.
Granulomatose de
Wegener ?
Fatores Contrários:
Predomínio em adultos;
Critérios diagnósticos do Colégio Americano de
Reumatologia (1990):
processo inflamatório da mucosa oral ou nasal;
imagens pulmonares de nódulos, infiltrados ou
cavitações;
sedimento urinário com hematúria ou cilindros
hemáticos;
vasculite granulomatosa demonstrada em
biópsia;
C-ANCA – anticorpos anti-enzima lisossomiais do
citoplasma.
Doença de Kawasaki ?
Fatores Favoráveis:
Predomínio em menores de 5 anos;
Lesões inicialmente descritas como lesões
papulares eritematosas (Exantema eritematoso
polimorfo?);
Orofaringe hiperemiada;
Alteração de extremidades: edema de MMII
(endurado?);
Exames laboratoriais:
VHS aumentado;
Doença de Kawasaki ?
Fatores contrários:
Mais comum no sexo masculino;
Ausência de febre ( geralmente alta na D. de
Kawasaki, com duração > 5 dias);
Ausência de hiperemia de conjuntivas ou de
linfadenomegalia cervical;
Exames laboratoriais:
Ausência de leucocitose;
Plaquetas normais.
Crioglobulinemia mista
essencial?
Fatores Favoráveis:
Sexo feminino;
Vasculite
leucocitoclástica;
Complicações renais:
Proteinúria na faixa
nefrótica;
Hematúria
microscópica;
Hipertensão arterial.
Fatores Contrários :
60 anos;
Ulcerações cutâneas;
Artralgia;
Fenômeno de
Raynaud;
Complemento
reduzido (80%);
Hepatite C crônica.
Poliarterite nodosa e
poliangeite microscópica?
Fatores Favoráveis:
Acometimento renal
(60%);
Acometimento do
trato gastrintestinal;
Lesões de pele;
Leucocitose com
neutrofilia;
VHS aumentado.
Fatores Contrários:
50 anos;
Acometimento
musculoesquelético
(64%);
Distúrbios do sistema
nervoso periférico
(51%) e central (23%);
Problemas cardíacos
(36%);
Disfunções
geniturinárias (25%).
Lúpus eritematoso
sistêmico ?
Doença auto-imune sistêmica;
Incidência de 6 a 20 casos por 100.000
crianças;
Fatores favoráveis:
20% das crianças têm como primeira manifestação a
doença renal;
Exantema em asa de borboleta ocorre em 1/3 dos casos;
Manifestações cutâneas incluem as vasculites!
Lúpus eritematoso
Sistêmico?
Artrite Reumatóide
Juvenil ?
Fatores Favoráveis:
Doença do tecido conectivo mais comum em
crianças (Marcondes);
Sexo feminino;
Picos de incidência: 1 a 5 anos e 10 a 14 anos
Pode abrir o quadro com manifestações sistêmicas:
GM
Acometimento renal GPM
S. Nefrótica
Vasculite
Queixa de dor e edema de MMII.
Artrite Reumatóide
Juvenil ?
Fatores Desfavoráveis:
Ausência de comprometimento articular (dor
articular, deformidades, limitação de
movimentos, rigidez matinal, sinais flogísticos);
Ausência de febre;
Duração do quadro < 6 semanas;
Exames laboratoriais:
PCR normal;
FR negativo;
FAN negativo;
Ausência de leucocitose.
Artrite Reumatóide
Juvenil ?
Critérios clínicos e laboratoriais:
Colégio Americano de Reumatologia
Conclusão
Préescolar
Púrpuras
palpáveis
PHS
Síndrome
nefrótica
Bibliografia
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Vol 64 (3): 419-429, 2001.
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