Testamento de um idoso com Alzheimer Lilian Alicke

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Transcript Testamento de um idoso com Alzheimer Lilian Alicke

"Os homens que perdem a saúde para j untar dinheiro
e depois perdem o dinheiro para recuperar a saúde;
Por pensarem ansiosamente no futuro, esquecem o presente,
de tal forma que acabam por nem viver no presente nem no futuro;
Vivem como se nunca fossem morrer
e morrem como se nunca tivessem vivido.“
(Buda)
Testamento de um idoso com Alzheimer
(Lilian Alicke)
Junto com meu testamento,
no qual lego a meus filhos e amigos a minha vontade de viver
e meu amor a Deus e a toda a criação, faço um pedido:
se, por ventura, no meu cérebro a senilidade penetrar sorrateiramente,
a demência se infiltrar inesperadamente e o esquecimento,
a falta de lucidez e a confusão se instalarem, por favor,
lembrem que eventualmente, ainda tenho uma vaga idéia de minha identidade;
gosto de ser chamada pelo meu nome,
aquele que meus pais me deram;
posso ainda saber onde estou e com quem estou;
posso estar gostando ou não de onde estou e com quem estou
faço ainda questão de usar aquele tipo de sapato
que toda a minha vida usei;
gosto ainda de usar a roupa ao estilo que sempre preferi;
a roupa dos outros colocada em mim me entristece.
A falta de atenção em me ajudar na higiene pessoal me traz ansiedade.
A comida de um estilo que não conheço não me apetece;
as fraldas de vez em quando me incomodam
e me deixam envergonhada.
Gostaria, às vezes, de caminhar para espairecer e ver a natureza.
Receber uma palavrinha me faz lembrar que sou gente;
receber visitas me faz lembrar que sou importante;
receber um abraço e um beijo me diz que alguém ainda tem afeto por mim.
o esquecimento me deixa traumatizada.
Tenho dores que às vezes não posso contar.
Nem sempre o que me fazem fazer é o que eu gostaria de estar fazendo.
Meu olhar vago não reflete o que sinto.
A falta de sono não é proposital, nem intencional;
a falta de interesse está além do meu controle;
minha falta de jeito é inexplicável para mim mesma;
E se não dou um abraço é porque os meus braços não me obedecem mais
se não dou um beijo é porque meus lábios não sabem mais o que fazer.
Ass. “Um ser Humano que Envelhece"
Se não te digo que valorizo sua dedicação e seu amor
é porque a ponte se partiu
e perdi o caminho que me levaria a compartilhar meus sentimentos
com você....
"Os homens não têm muito respeito pelos outros
porque têm pouco até por sí próprios."
(Leon Trotsky)
"A vida é mais simples do que a gente pensa;
basta aceitar o impossível,
dispensar o indispensável e suportar o intolerável."
( Kathleen Norris)
O Mal de Alzheimer,
ou Doença de Alzheimer ou simplesmente Alzheimer
é a forma mais comum de demência.
Esta doença degenerativa, até o momento incurável e terminal
foi descrita pela primeira vez em 1906 pelo psiquiatra alemão Alois Alzheimer,
de quem herdou o nome.
Esta doença afeta geralmente pessoas acima dos 65 anos,
embora o seu diagnóstico seja possível também
em pessoas mais novas do que esta idade.
Cada paciente de alzheimer sofre a doença de forma única
mas existem pontos em comum,
por exemplo o sintoma primário mais comum é a perda de memória.
Muitas vezes os primeiros sintomas
são confundidos com problemas de idade ou de stress.
Quando é suspeitado Alzheimer
o paciente é submetido a uma série de testes cognitivos.
Com o avançar da doença vão aparecendo novos sintomas como confusão,
irritabilidade e agressividade, alterações de humor, falhas na linguagem,
perda de memória a longo prazo
e o paciente começa a desligar-se da realidade.
As suas funções motoras começam a perder-se
e o paciente acaba por morrer.
Antes de se tornar totalmente aparente
o alzheimer vai-se desenvolvendo por um período indeterminado de tempo
e pode manter-se invisível durante anos.
Música: Felicidade. “Solo Violão.” Lupicinio Rodrigues
[email protected]