Nexo Técnico Epidemiológico Armando Pimenta 11/7/2015 Visão Geral O Nexo Epidemiológico estabelecido pela Previdência afirma que, se determinada doença é mais freqüente em determinada atividade econômica,
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Nexo Técnico Epidemiológico Armando Pimenta 1 11/7/2015 Visão Geral 2 O Nexo Epidemiológico estabelecido pela Previdência afirma que, se determinada doença é mais freqüente em determinada atividade econômica, todo caso identificado deve ser considerado como doença ocupacional. Pressupõe dano ocupacional pela simples associação entre duas variáveis. Lei nº 11.430/2006, de 26/12/2007 3 Art. 21-A. A perícia médica do INSS considerará caracterizada a natureza acidentária da incapacidade quando constatar ocorrência de nexo técnico epidemiológico entre o trabalho e o agravo, decorrente da relação entre a atividade da empresa e a entidade mórbida motivadora da incapacidade elencada na Classificação Internacional de Doenças - CID, em conformidade com o que dispuser o regulamento. Fundamentação Alegada Aferição indireta por “método epidemiológico”, abordagem coletiva – – 4 Hipótese nula – pertencer a um determinado segmento econômico não constitui fator de risco para o trabalhador apresentar um determinado agrupamento de CID-10 Se, por intermédio da Razão de Chances, rejeitase a hipótese nula com 99% de confiança estatística, fica estabelecido o NTEP. Remédio para hipertensão mata! 5 A mortalidade por acidente vascular cerebral é maior em indivíduos expostos ao uso de antihipertensivos do que entre a população não exposta. Então, antihipertensivos provocam acidente vascular cerebral? Nexo Presumido ou Pré-Conceitos? 6 Na década de 80 o sarcoma de Kaposi era mais comum na população masculina exposta a práticas homossexuais; então, foi chamado de “câncer gay”. E os hemofílicos com a doença? Deviam ser gays também. Isto é Técnico? Em 2002 foram concedidos 4841 benefícios previdenciários a bancários por doenças osteomusculares: – – 7 2970 sem CAT (não ocupacionais) 1871 com CAT (ocupacionais) Pelo NTEP, como a CNAE de bancos apresenta alto índice de DORT, todos os 4871 casos são presumidamente considerados como doença ocupacional até prova em contrário, com ônus para a empresa. Mito e Fato 8 Mito : O acidente-doença ocupacional é considerado pejorativo, por isso as empresas evitam que o dado apareça nas estatísticas oficiais. Fato : A experiência demonstra que muitas doenças já são falsamente rotuladas como ocupacionais pelas pressões sindicais e da mídia. Subnotificação ou Hipernotificação? INSS tenta corrigir um possível erro com outro, mas amplifica a margem de erro. Para evitar a suposta subnotificação, hipernotifica-se tudo com o NTEP. 9 Exemplo de cálculos Expostos Não expostos Total 10 Doentes 43 (a) 3 (c) 46 Odds ratio (ad/bc) 23,45455 Risco relativo 5,574074 Não doentes Total 11 (b) 54 18 (d) 29 21 75 Odds Ratio (Razão de Chances) 11 Utilizada em estudos de caso controle, como única opção para estudar doenças raras. Uma fonte de dificuldade é definir precisamente quem é “caso”, um sujeito classificado erroneamente influencia substancialmente os resultados. A associação de A com B não prova que A causou B. Risco relativo X Razão de chances “...as odds ratios superestimam o risco relativo quando a doença ou agravo de interesse não é raro, e ampliam a imprecisão estatística.” “Vale notar que esta medida por si só não significa uma associação causal, que envolve o atendimento a outras condições, como os critérios de causalidade de Bradford Hill.” Santana, Vilma S. -Bases Epidemiológicas do Fator Acidentário 12 Previdenciário. Rev Bras Epidemiol 2005; 8(4): 440-53. Itens a considerar 13 Os resultados dessa avaliação de etiologia são reais? Como caracterizar a presença do agente agressor? Fatores de confundimento Evidência sobre o dano é válida? 14 Grupos de pessoas foram claramente definidos e eram semelhantes em tudo, salvo quanto à exposição ocupacional? Resultados clínicos foram obtidos da mesma maneira nos dois grupos? O seguimento dos pacientes foi suficientemente longo? Resultados do estudo sobre o dano 15 A exposição precedeu o surgimento dos resultados? Há gradiente dose – resposta? A associação é consistente de estudo para estudo? Faz sentido biologicamente? Fatores Confundidores 16 São alheios à pergunta São determinantes do desfecho Estão desigualmente distribuídos entre expostos e não expostos Exemplos: sexo, idade, tabagismo, doenças degenerativas, somatização. Por que o NTEP é falho? 17 Simples correlação entre duas variáveis não permite diagnóstico causal; É necessário considerar a presença de vieses e fatores de confusão; É fundamental provar a existência do agente agressor, não pode haver benzenismo sem benzeno; É importante considerar as síndromes de somatização ambiental. Síndromes de Somatização Ambiental • Tendência a vivenciar e comunicar disfunção psicológica em forma de sintomas físicos. • Indivíduos consideram que seus sintomas são causados por exposição a riscos químicos, físicos ou ergonômicos no trabalho, e rejeitam afirmações contrárias. • Caracteristicamente há contágio mental: os primeiros “doentes” estimulam seus colegas ao lado, sofredores em silêncio, a compartilhar os mesmos sintomas. 18 Síndromes de Somatização Ambiental 19 A expressão de sintomas pelo modelo desinibe as queixas de colegas, por entenderem que são socialmente aceitáveis. Surge então uma “epidemia da doença”. Freqüentemente são manipulados por grupos lobísticos reclamando drásticas medidas para eliminar as supostas exposições. Logicamente, aumentam o suposto NTEP e influenciarão a matriz nos dois anos seguintes. A Infração ao Princípio da Igualdade - - “ Tratar como desiguais a iguais, ou a desiguais como igualdade, seria desigualdade flagrante, e não igualdade real” (Rui Barbosa); Contrasta com o princípio da igualdade a livre associação, por presunção, entre a doença e o meio ambiente ocupacional, sem prévia e acurada análise da saúde do empregado e das suas condições de trabalho. - 20 Contribuição do dr. Flávio Bernardes Cumprimento da resolução 1488 do CFM 21 Artigo 2º - Para estabelecimento do nexo causal entre os transtornos de saúde e as atividades do trabalhador, além do exame clinico (físico e mental) e os exames complementares, quando necessários, deve o médico considerar: I - A história clínica e ocupacional, virtualmente decisiva em qualquer diagnóstico e/ou investigação de nexo causal; II - o estudo do posto de trabalho; III - o estudo da organização do trabalho; IV - os dados epidemiológicos; V - a literatura atualizada; Muito Obrigado ! Para continuarmos conversando : [email protected] 22