Como ler uma imagem Atribuição de significados

Como ler uma imagem

• • Analisar uma imagem é muito mais do que simplesmente reconhecer seu traço primeiro. É preciso entender as estéticas fotográficas,.

Vamos partir de um conceito – entre os muitos possíveis, já que a fotografia é polissêmica: antes de mais nada ela pertence à esfera da comunicação! Quem fotografa quer dizer algo!

Como ler uma imagem

• Qual a função de uma imagem fotográfica? Devemos partir da premissa que fotografias não documentam objetos ou pessoas, mas documentam situações, re presentações. É necessário compreender a criação fotográfica dentro de um contexto sócio histórico.

• A significação das mensagens fotográficas é culturalmente determinada e sua recepção necessita de códigos de leitura.

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• Neste caminho teremos ajuda de autores como Umberto Eco (Interpretação e Super Interpretação e os Limites da Interpretação); Laurent Gervereau (Histoire Du visuel au XX siècle); Lorenzo Vilches (La Lectura de la Imagen),Martine Joly (A Imagem e sua interpretação), Giuseppe Mininni (Psicologia Cultural da Mídia), Oliver Sacks (O olhar da Mente) e Ian Jeffrey (How to read a photography), Alberto Manguel (Lendo Imagens).

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• • Diz Martine Joly: como existem diversos tipos de imagens, existe inevitavelmente diversos tipos de interpretações. Nenhuma mensagem, seja ela qual for, se pode arrogar uma interpretação inequívoca.

Por outro lado – continua a autora – a interpretação de uma obra não é ilimitada, pois tem limites e regras de funcionamento.

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• • • Atenção: antes interpretar ou ler uma imagem, eu já criei este significado. Não significa porém que ele permaneça imutável.

Ou seja, interpretamos. Mais uma vez recorremos a Joly: “em que

medida a nossa interpretação está já em parte construída, antes mesmo de ter acesso

às mensagens visuais em concreto?”

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• • • Interpretar é conferir sentido.

Nosso contexto sócio-histórico de alguma forma já nos condiciona a uma determinada interpretação.

Como se fossemos reféns de nossos olhos.

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• • A imagem é concretização de nosso imaginário. “O reconhecimento de representações pode requerer uma especie de aprendizado, a compreensão de um código ou convenção além dos necessários para compreender os objetos” (Oliver Sacks)

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• • • • A grande dificuldade que temos é afirmar categoricamente qual linha devemos seguir para interpretar as mensagens visuais.

Martin Joly, nos apresenta esta multiplicidade: Conhecimento (formas que o homem dispõe para se conhecer e conhecer seu ambiente), Percepção (teoria da revelação do mundo)

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• • • • • Recepção (teoria da recepção das obras) Leitura (semiologia/semiótica) Interpretação (os limites) Continua Joly: durante anos privilegiou-se o autor, em seguida a obra, para terminarmos com o espectador.

São estes os caminhos que temos quando falamos da recepção da obra.

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• • • Estamos aqui falando em leitura, recepção, percepção, interpretação e conhecimento.

Todos estes conceitos, podemos resumi-los num único, que por sinal é o subtítulo de nosso curso: “atribuição de significados.” Interpretar é criar um ritmo, uma leitura possível, atribuir sentido e significado para aquilo que foi construído imageticamente.

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• • • Em que medida somos reféns de nossos olhos?

Quando decidimos narrar uma história, também estamos narrando a história da própria fotografia que fizemos.

Lembramos o que já sabemos: o caráter ambíguo da fotografia, seguindo as linhas teóricas da semiótica: como vestígio do real (portanto indiciária) ela afirma a existência, mas por ser representação, ela cria uma ficção.

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• Aqui, quem nos ajuda é Alberto Manguel: “...a

existência se passa em um rolo de imagens que se desdobra continuamente, imagens capturadas pela visão e realçadas ou moderadas pelos outros sentidos, imagens cujos

significados

(ou suposição de significados) varia constantemente, configurando uma linguagem feita de imagens traduzidas em palavras e de palavras traduzidas em imagens, por meio das quais tentamos abarcar e compreender nossa existência”.

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• • • “As imagens que formam nosso mundo são símbolos, sinais, mensagens, alegorias.” Particularmente gosto muito desta idéia da leitura da imagem (que remete à semiótica), a idéia da narrativa imagética, da construção de um significado.

Ainda Manguel: “a imagem da origem a uma

história que por sua vez dá origem a uma

imagem.”