Construção dos valores morais

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Transcript Construção dos valores morais

A Construção dos Valores Morais

Betânia Alves Veiga Dell’ Agli Erica Passos Baciuk

REFLEXÃO

Victor Hugo

ATIVIDADE

Um homem, chamado Heinz, tem uma esposa que gravemente doente. Para está salvá-la, há apenas um remédio, inventado por um farmacêutico da cidade. Heinz procura esse farmacêutico e descobre que este pede pelo remédio de sua invenção um preço muito caro, uma soma muito acima do que ele Heinz, pode pagar. Apesar de ter explicado a de sua mulher, o terrível situação farmacêutico permanece inabalável e em nada facilita a compra do remédio. Então, Heinz resolve arrombar a farmácia e roubar o medicamento. E eis a pergunta moral: Heinz agiu corretamente?

MORAL

É o conjunto de deveres derivados da necessidade de respeitar as pessoas, nos seus direitos e na sua dignidade.

ÉTICA

Ética é a reflexão sobre a felicidade e sua busca, a procura significativa, uma de viver “boa vida”.

uma vida

La Taille, 2006

A pergunta MORAL é: Como devo agir?

A pergunta da ÉTICA é: QUE VIDA VIVER?

A moral

se coloca na dimensão da obrigatoriedade, do dever.

A Ética

se coloca no lugar da desejabilidade, da excelência, da alegria.

Moral e ética complementares

Que vida eu quero viver?

Uma pessoa somente nesse tipo de agirá moralmente se vir, ação, a tradução de uma vida que vale a pena ser vivida. Como a moral impõe restrições à liberdade, uma pessoa somente vai aceitar tais restrições se fizerem sentido elevado.

num projeto de vida coletivo e La Taille (2006)

Nesta conceitualização, La Taille amplia a definição de moral incluindo também virtudes que não dizem respeito apenas entretanto, negar a aos direitos alheiros, importância destes.

sem,

A pergunta da Psicologia que a Psicologia Moral procura desvendar é:

Quais os aspectos psicológicos que levam a pessoa a agir respeitando o dever?

INTELECTUAL AFETIVO A moralidade nos obriga a pensar a afetividade e a cognição simultaneamente.

A psicologia moral tem se debruçado a compreender a relação entre a afetividade e cognição, ou razões e sentimentos, que são categorias formadoras das disposições das pessoas em serem morais.

Representantes da Psicologia Moral

Émile Durkheim (1902/1974)

Sigmund Freud (1929/1971)

Jean Piaget (1932)

Lawrence Kohlberg (1981)

A dimensão Intelectual

• Moral e Razão • Moral e Conhecimento, que implica em: Regras, Princípios e Valores.

• Equacionamento moral • Emprego do conhecimento moral • Sensibilidade moral

A dimensão Afetiva

• Amor e Temor • Simpatia • Auto-interesse • Confiança • Vergonha • Indignação • Culpa

A DIMENSÃO INTELECTUAL

• A moral pressupõe inteligência, pressupõe a liberdade de escolher.

• Requer instrumentos cognitivos que permitam ao sujeito coordenar perspectivas diferentes, pensar por hipóteses.

A DIMENSÃO INTELECTUAL

• A razão é que nos dá a capacidade de distinguir o adequado tomar do inadequado, decisões, de tornar-nos responsáveis.

de • A evolução intelectual oferece suporte e é portanto indispensável ao alcance de níveis morais mais altos, ou, em outras palavras, de relações sociais mais equilibradas.

Na pesquisa de Kohlberg, os sujeitos que chegaram a um patamar mais elevado de juízo moral alcançaram necessariamente o pensamento lógico formal. Mas, o inverso não é verdadeiro, visto que a maior parte das pessoas desenvolve-se intelectualmente, mas condição suficiente), ou seja, inúmeras pessoas alcançaram o não moralmente (não é estágio lógico formal, mas, encontram-se nos patamares menos elevados do raciocínio moral.

A DIMENSÃO INTELECTUAL

Moral/Razão

Moral Dever/responsabilidade

Escolhas “Eu fiz isto porque minha escolha foi esta, baseada em tais e tais critérios.”

A DIMENSÃO INTELECTUAL

Moral/Conhecimento

Antecede a existência da criança, é um objeto cultural, um conhecimento. O saber conhecer determinadas coisas.

fazer, a dimensão intelectual da moralidade pressupõe

Podemos categorias abstrato: dividir o conhecimento moral em três não estanques, do concreto para o mais 

Regra, norma ou lei

Princípios

Valores

Regra, norma ou lei

Toda moralidade tem regras, que são formulações verbais precisas, que nos dizem com clareza o que devemos ou não devemos fazer.

Ex: 10 mandamentos: roubar, etc.; ajudar não matar, não cobiçar, não alguém em perigo (nível concreto e explícito).

Todavia não há regras para tudo devido a complexidade das relações e das variáveis de cada situação. Por isso, é preciso abstrair um pouco mais e pensar na matriz da qual as regras são derivadas:

Princípio

• É o espírito das regras, corresponde as matrizes das quais se derivam as regras (nível de abstração maior).

Também é uma formulação verbal, mas que não nos diz tanto como agir, e sim em nome do que agir.

Ex: Amai-vos uns aos outros (porque fazer isso, não diz como não é uma regra propriamente dita).

Princípio

• Metáfora: as regras correspondem ao mapa (que indica o caminho claramente) e o princípio corresponde à bússola (permite a orientação mas não indica claramente o caminho).

Valores

• É um investimento afetivo, uma premissa (abstração mais superior, pois estes serão derivados dos princípios).

Ex:

“Devemos nos respeitar mutuamente” (princípio), “não humilhar o outro” (é uma regra) e o valor seria o “por que devemos respeitar uns aos outros?” “Porque ele tem um valor intrínseco e pelo fato de ser um ser humano deve ser respeitado”.

Valores

Se uma pessoa não coloca para si o valor de que todos os homens têm uma dignidade, certamente princípio de que devemos nos respeitar mutuamente, não valerá para essa pessoa o ela vai dizer, “depende da pessoa” e a regra de “não humilhar” não irá valer para todas as pessoas (universalmente).

Do ponto de vista lógico os conteúdos morais se dividem em valores, de onde se derivam os princípios, de onde se derivam as regras.

Do ponto de vista do desenvolvimento da ocorre o criança contrário: primeiro contato da criança é que com as regras (concreto), depois abstrai o espírito das regras entrando em contato com os depois na valores.

É no nível dos valores que moral e ética se encontram, adolescência há a discussão sobre os não apenas dando resposta na dimensão do dever, mas princípios e também dando respostas ao sentido da vida...

Educar Moralmente

é levar a criança a compreender que a moral exige de cada um o melhor de si, porque conhecer e interpretar princípios não é coisa simples: pede esforço, pede perseverança.” (De La Taille, 200 p. 47)

A DIMENSÃO INTELECTUAL

Sensibilidade moral

Perceber dimensões morais encobertas.

É raro a gente enfrentar dilemas, mas não é raro a gente acabar desrespeitando, ferindo pessoas sem querer por não percebermos a dimensão moral que estava em jogo.

A DIMENSÃO INTELECTUAL

Equacionamento moral

É quando há um dilema moral e o sujeito possui a capacidade identificar as presentes, pensar as suas dimensões morais implicações e colocar em hierarquia para tomar uma decisão Não visa resposta universalmente certa.

Mas qual relação entre juízo moral e ação? O juízo é suficiente para desencadear uma ação moral? Ou será que existem outros fatores?

A moral não é apenas o dever fazer, mas é o querer fazer. A ética refere-se ao querer fazer.

A d

iscussão passa do

dever

(disposição do sujeito) para o

querer

... O dever é necessário na disposição para o agir (querer), mas não suficiente.

As teorias que estão trabalhando com a personalidade ética têm estudado a participação dos sentimentos na ação.

Necessária

Afetividade

Julgar moral Agir moral “Mesma coisa deve ser dita para a afetividade: ela é condição necessária pois corresponde à ‘energética’ que move as que a ações, mas não é suficiente pois, como aponta Piaget, ela somente pode investir-se naquilo inteligência concebe” .

O autor posiciona a com duas

afetividade

possibilidades: a na ação e no juízo

motivação

simpatia) para o pensar e agir e a (resultado) deste pensar e destas (amor,

decorrência

ações (culpa, vergonha).

Exemplo: O sentimento de vergonha defendido como força motivacional

ação repreensível como

para o pensar e agir sentimento pode situar-se tanto como morais.

Tal

decorrência da

(vergonha de ter agido mal) quanto

motivação da boa ação ou da não realização da má ação

.

A DIMENSÃO AFETIVA

Sentimentos (# emoções): indignação, culpa, honra, vergonha, amor, temor, confiança...

O desenvolvimento moral pode ser dividido em dois grandes sentimentos estágios: o despertar dos morais e a construção da personalidade moral.

A DIMENSÃO AFETIVA

Despertar do senso moral

por volta dos 4/5 anos começa a despertar a dimensão do dever; esse dever é obediência à autoridade – heteronomia; - aparece o certo e o errado O que é do bem e o que é mal.

A DIMENSÃO AFETIVA

1. Amor e Medo

: Respeita a fonte desta regra (pais e pessoas significativas).

O medo fica com a imposi ç ão dimensão imposi ç ão.

(da do dimensão da puni ç querer ão, do abandono, do menor para o maior) e o amor fica com a essa O respeito amor e medo.

é uma mistura de

Simpatia

Sentimento que leva a direção ao outro, criança em sendo a capacidade de comover-se com os estados afetivos alheios.

Essa direção moralidade e é essencial à já se percebe na criança pequena (compaixão).

Através da simpatia a criança se mobiliza pelo outro, muito mais pelos sentimentos deste do que pelos seus direitos.

Auto-interesse

Zelo de coisas que ela considera merecidas lhe dadas.

são Atenção na idéia do merecimento.

Merecimento ou auto-interesse remete a O direito é algo que é devido a pessoa.

idéia do direito.

Pode-se inferir que a criança se preocupa com o outro através da simpatia, mas do direito através do auto interesse. Depois esse auto-interesse pelo direito do outro e será balanceado haverá o mundo do direito propriamente dito.

Confiança

Para querer participar de uma comunidade moral, basta que haja boas regras.

pessoas, pessoas que sejam das regras, nas quais se confia.

não É preciso haver boas legítimas representantes Ex: Se a criança descobre que as pessoas dizem uma coisa e fazem outra, prometem mas não cumprem, ou seja, que há boas regras, mas não há boas pessoas, a vontade de submeter-se ao dever é menor.

Algumas pesquisas parecem indicar que se os próprios pais se mostram poucos dignos de confiança eles acabam sendo destituídos do lugar de autoridade.

RESUMO

 Na fase do despertar do senso moral comparece o medo, o amor, deferência à autoridade, e também simpatia, auto interesse e confiança.

O despertar dos senso moral significa o querer participar de uma comunidade de valores e com uma importante das autoridades.

valores diz, de ser referência “Se essa comunidade de “mate, em vez de ajudar; deixe de lado em vez solidário; pense em você ao invés de pensar nos outros” é esse sistema que a criança vai penetrar”.

Deve se pensar na pois “qualidade” dessa comunidade de valores é esse sistema que a criança vai penetrar

.

RESUMO

 Na fase posterior, da autonomia, fase na qual a moralidade é uma da autonomia começa a ser assimilada, a ser integrada na psique criança, se antes era superficial na irá se tornar mais profunda.

Se o desenvolvimento ocorrer de forma satisfatória, a moralidade vai fazer parte da identidade, da personalidade da criança.

Com o desenvolvimento ...

O sentimento de confiança vai ser compensado pela noção de “dever ser uma pessoa também merecedora de confiança”; O auto-interesse pela o do outro; recíproca, ou seja, o direito próprio e A simpatia vai se sofisticar e tornar-se a virtude da generosidade;

Piaget decair aos sujeito autônomo próprios olhos.

medo de Isso posto, significa dizer que há uma “boa imagem” construída e que permite ao sujeito indignar-se a algumas ações e estar indiferente a outras, envergonhar-se de certas condutas, determinadas simpatizar-se com atitudes/situações e desejar para si, enquanto, quem sabe, um amor de si, uma imagem como aquela a quem se tanto admira.

Na autonomia os valores e sentimentos morais se integram à personalidade do indivíduo – esta integração começa ocorrer por volta dos 8, 9 anos de idade: “Numa primeira fase, a heterônoma, a criança segue regras morais para ser amada ou por medo de ser castigada, depois, na autonomia para não decair aos olhos desse amor e perder o direito moral de ser amada”.

Com o desenvolvimento ...

O medo e o amor que são tipicamente sentimentos relacionados à autoridade tendem a sumir, embora em várias pessoas fiquem quase a vida inteira, mas se houver desenvolvimento, tenderão a sumir e serem substituídos por dois sentimentos que correspondem a um controle interno que é a culpa e a vergonha.

A expressão 'desenvolvimento moral' abrange, então, a vida afetiva, as relações interpessoais, a vida moral e a construção de valores.

Para Piaget é a harmonia entre a inteligência e a vontade que realmente revela o homem maduro, quando a moral e a inteligência se reúnem.

Os sentimentos estarão presentes nas ações dos sujeitos porque valor.

são investimentos de “Se para agir moralmente é preciso que a inteligência também é preciso que o coração esteja sensibilizado”. (La Taille) esteja convencida,

Algumas questões:

 Quais são os modelos valorizados pela criança?

 Quais são seus sucessos e fracassos objetivos?

 Qual é a qualidade do meio em que elas estão interagindo? Quais valores estão mais presentes?

 O ambiente está atuando no “querer” (ser justo, generoso) ou no “não querer”?

 Que valores os futuros adultos estão construindo?

É importante assinalar que a educação moral da criança, rumo à autonomia, não é uma questão de transmissão de valores através de belos discursos, mas é, antes de tudo, uma prática e um exercício permanente de cidadania.

La Taille (2006)

“Por exemplo, se o “clima valores” no qual os alunos são imersos colocar em primeiro plano valores como riqueza, beleza, glória, fama, etc.

será grande a probabilidade de suas identidades serem destes valores, construídas em torno não serão algumas atividades sobre que compensação, se e ética ou direitos humanos vão conseguir reverter este quadro, em temas como justiça, coragem, generosidade, gratidão, e demais virtudes, fizerem parte do “clima moral” da escola, alguma chance na há de se ter sucesso construção da autonomia moral, na formação do cidadão”.

Só o amor educa. Não existe educação real sem amor verdadeiro. Mas, você briga, implica, reclama, cobra, inferniza, e quer educar.

Calunga