CASO CLÍNICO: Cardiopatias Congênitas Cianóticas Escola Superior de Ciências da Saúde – ESCS Internato em Pediatria – HRAS Érika Vieira de Souza Jordão Marina Aguiar.
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CASO CLÍNICO: Cardiopatias Congênitas Cianóticas Escola Superior de Ciências da Saúde – ESCS Internato em Pediatria – HRAS Érika Vieira de Souza Jordão Marina Aguiar de Almeida Coordenação: Dra. Sueli Falcão www.paulomargotto.com.br Brasília, 28/7/2010 CASO CLÍNICO VLBR, masculino, 8 meses, natural de Brasília, res/proc de Samambaia, branco. Informante: mãe QP: “Irritado há 1 dia.” HDA: Mãe relata quadro de irritação, choro fraco, gemência, incapacidade de mamar e hipoatividade há 1 dia. Encaminhado do ambulatório de cardiologia devido dessaturação de oxigênio (76% em ar ambiente). RS: Nega febre, vômitos, convulsões, diarréia, cianose, perda da consciência. ANTECEDENTES FISIOLÓGICOS - Pré-natal: G1P1. 10 consultas. ITU de repetição (cefalexina). Sorologias negativas. - Parto: cesárea (bolsa rota há 4 dias + centralização fetal), 37 semanas, não fez uso de ATB pré-parto, Apgar 8/9. P=2160g, PC=32cm, E=44cm. ANTECEDENTES PATOLÓGICOS - Ao nascer: PNM + sopro (SIC). - 2 dias de vida: ecocardiograma definiu diagnóstico de patologia cardíaca. - 2 meses: iniciou acompanhamento com cardiologista – betabloqueador - 3 internações em 45 dias: - 03/06: 1 dia, oxigênio. Betabloqueador 3mg/kg/dia -11/06: 3 dias, oxigênio + transfusão (Ht=40,2%) -12/07: Choro fraco, sem mamar, sensação de desfalecimento, “olhos revirando”, sudorese cefálica. 1 dia. Oxigênio - RGE, em uso de ranitidina e domperidona. HÁBITOS DE VIDA - SME até 4 meses. Hoje: sopa de legumes amassados, arroz, feijão, água, suco, frutas, NAN 2, SM. - Mora em casa de alvenaria, 8 cômodos, com mãe e avó. Saneamento básico completo, sem animais. - Vacinação: pneumo 10 atrasada. ANTECEDENTES FAMILIARES - Mãe, 21 anos, litíase renal. - Pai, 23 anos, saudável. - Pais não são consanguíneos. - Nega cardiopatias na família. EXAME FÍSICO NA ADMISSÃO - FC= 140bpm, FR=40IRPM, Sat O2= 88% (ar ambiente). - BEG, hipocorado (+/4+), cianose labial e em leito ungueal discreta (+/4+), anictérico, taquipneico, afebril. - ACV: palpação - frêmito cardíaco. Ausculta - RCR, 2t, B2 única, SS ejetivo em região PEE, 2/3 EIC (4+/6+). - AR: MVF, sem RA. - ABD: flácido, sem baço ou fígado palpáveis, RHA+. - EXT: boa perfusão, sem edemas. Pulsos periféricos palpáveis e simétricos nas quatro extremidades. HC (19/06/10) -Hem=538.000.000, Hb=14,1g/dl, Ht=42,5% -Leuco=17300 (neu=28, bast=01, linf=64, mono=03, eos=01) -Plaq=316000 ECOCARDIOGRAMA (15/06/10 – 7M11D) - Dupla via de saída de VD com estenose pulmonar infundíbulo-valvar - Situs solitus em levocardia. Concordância veno-atrial, atrioventricular. Septo interatrial íntegro - Desvio anterior do septo infundibular; CIV do tipo mal alinhamento medindo 6mm; CIV muscular trabecular médio ventricular medindo 2mm. Ambas com fluxo bidirecional, sem gradiente entre ventrículos - Cavalgamento aórtico sobre o septo interventricular >50%. Estenose infundíbulovalvar pulmonar, com gradiente máximo de 64mmHg e médio 40mmHg. Tronco pulmonar mede 10mm. Artérias pulmonares confluentes medindo APE e APD 6mm - VD com hipertrofia discreta e boa função sistólica. VE normal - Arco aórtico desce à esquerda sem obstrução PRESCRIÇÃO - Propanolol 3mg/kg/d - Sulfato ferroso 4 gts VO ao dia - O2 sob CN 0,5l/min EVOLUÇÃO – SATURAÇÃO DE O2 -16/07: 84-88% (O2 0,5l/min) -17/07: 82-92% (O2 0,5l/min) - 18/07: 87-91% (ar ambiente) - 19/07: 86-94% (ar ambiente) - 20/07: 86-89% (ar ambiente) - 21/07: 88-89% (ar ambiente) Alta em 21/07 (6DIH) em uso de propanolol 3mg/kg/d, sulfato ferroso 4gts/d. Aguarda vaga no INCOR para correção cirúrgica. CARDIOPATIAS CONGÊNITAS CIANÓTICAS CARDIOPATIA CONGÊNITA Mitchell et.al.: alteração estrutural grave do coração ou dos grandes vasos da base e que apresenta significância funcional ou real. 1 ano de vida maioria nos primeiros 6 meses metade no primeiro mês. Alta taxa de mortalidade. CARDIOPATIA CONGÊNITA Cianóticas ou acianóticas. 4 alterações clínicas: cianose, insuficiência cardíaca, sopro e arritmia. Outras: dor precordial, tontura e síncope. Distúrbios hemodinâmicos – alteração do fluxo pulmonar. Classificação funcional: 1) Cardiopatia de hipofluxo pulmonar; 2) Cardiopatia de hiperfluxo pulmonar; 3) Cardiopatia de normofluxo pulmonar. CIANOSE Central; generalizada ou diferencial. Causas: 1)Lesão obstrutiva direita com shunt D-E (T4F); 2)Conexão VA discordante (TGA); 3)Presença de mistura comum (ventrículo único) Hb reduzida no sangue circulante >5g/dL. Pode estar ausente em cça com anemia ou fluxo pulmonar aumentado e grande mistura arteriovenosa. DD cianose cardíaca ou pulmonar: teste da hiperoxia. Ecocardiograma. Definição morfológica da anomalia imperiosa! Não aguardar evolução. CC QUE CURSAM COM CIANOSE Tetralogia de Fallot (T4F) Dupla via de saída de VD com estenose pulmonar (DVSVD) Atresia tricúspide (AT) Transposição simples de grandes artérias (TGA) Ventrículo único com estenose pulmonar Tronco arterioso Atresia pulmonar com septo interventricular único Drenagem anômala total de veias pulmonares Anomalia de Ebstein TETRALOGIA DE FALLOT “Doença azul” Desvio ântero-superior do septo infundibular A. Estenose da válvula pulmonar B. Dextroposição da aorta C. Defeito septal ventricular - CIV D. Hipertrofia ventricular direita T4F – QUADRO CLÍNICO Depende do grau de estenose pulmonar. Crise hipóxica. ACV: B2 única, SS ejetivo (EP). Baqueteamento digital. Posição de cócoras ou genupeitoral. IC raro, CIV grande com EP leve Raio X de Tórax ECG Ecocardiograma Cateterismo T4F – TRATAMENTO CLÍNICO - Suporte - Hb e Ht – evitar policitemia e anemia - Propanolol (0,5-3mg/kg/d) – relaxamento da musculatura infundibular e evitar crises - Crise hipóxica T4F – TRATAMENTO CIRÚRGICO OBJETIVOS Lactentes entre 6-12 meses Correção total Pacientes submetidos a cirurgia paliativa Correção total 2-3 anos TIPOS DE CIRURGIAS Fístula sistêmico-pulmonar tipo Blalock-Taussig Subclávea-pulmonar Procedimento de Glenn Veia cava superior-artéria pulmonar Fistula de Waterson Aorta descendente-artéria pulmonar direita Correção total DUPLA VIA DE SAÍDA DE VD ATRESIA TRICÚSPIDE Classificação Origem dos grandes vasos Normorrelação – 80% Transposição das grandes artérias – 20% Ausência ou presença e grau de obstrução ao fluxo sanguíneo pulmonar TIPO A: atresia pulmonar TIPO B: CIV com estenose pulmonar TIPO C: CIV sem estenose pulmonar ATRESIA TRICÚSPIDE Fisiopatologia Comunicação Interatrial forame oval pérvio. Fluxo pulmonar condição do septo ventricular. Ventrículo Esquerdo única câmara de bombeamento Atresia com normorrelação arterial defeito septal ventricular restritivo fluxo pulmonar adequado AT - HISTÓRIA NATURAL Cianose neonatal (1 semana de vida) Pouca ou nenhuma cianose nos 1º meses Bom fluxo sanguíneo pulmonar Crises hipóxicas súbito agravo da cianose dispnéia paradoxística letargia e perda da consciência (fechamento CIV, CA ou estenose pulmonar ) ICC fluxo pulmonar sobrecarga de câmaras esquerdas hipertensão venocapilar débito sistêmico AT - HISTÓRIA NATURAL Baqueteamento digital (hipóxia) 6º mês de vida Hipodesenvolvimento físico Cansaço Intolerância aos exercícios Posição de cócoras AT - QUADRO CLÍNICO Pulsos arteriais normais Ausculta B1 única FT e FM B2 única ou A2> P2 de acordo com grau de estenose B3 fluxo valva mitral Sopro fluxo na CIV Quando intenso (restrição) frêmito AT - DIAGNÓSTICO RX de tórax Aumento ou redução do fluxo pulmonar ECG Desvio do eixo para a esquerda Sobrecarga de VE ECO Avaliação da anatomia atresia tricúspide posição das grandes artérias septo interventricular natureza da CIA ausência/presença estenose pulmonar Catetrismo Confirmação precisa do diagnóstico AT - TRATAMENTO Clínico Atresia pulmonar PGE1 Artéria pulmonar normal com hiperfluxo pulmonar Tratamento da ICC Cirúrgico Glenn TRANSPOSIÇÃO DE GRANDES ARTÉRIAS Definição Inversão da grandes artérias Artéria pulmonar origina-se no Ventrículo Esquerdo Artéria aorta origina-se no Ventrículo Direito Anomalias associadas TGA Quadro Clínico Cianose precoce e baixas saturações de O2 B2 hiperfonética, sem sopro com pulsos normais Sintomas de ICC taquipneia estase jugular taquicardia cardiomegalia ritmo de galope hepatomegalia congestiva Pode ocorrer Deformidade precordial Sopro de CIV Estenose aortica PCA TGA Diagnóstico RX de Tórax Cardiomegalia Aumento da trama vascular pulmonar ECG Desvio do eixo para a direita Hipertrofia de VD ECO Avaliaçao da anatomia Cateterismo e Angiografia Confirmatórias TGA Tratamento Clínico Uso imediato de PGE1 Otimização da ventilação e oxigenação O2 pode ser oferecido!!! Correção dos distúrbios metabólicos e ácido-básico Reposição cuidadosa de volume Drogas vasoativas (PA sistólica adequada) Dopamina, epinefrina Atriosseptostomia nos casos de CIA restritiva Hipertensão pulmonar associada (10%): NO inalatório TGA Tratamento Cirúrgico TGA simples Cirurgia de Jatene Troca das grandes artérias até 21 dias de vida TGA com CIV cirurgia de Jatene idade superior a 21 HP e doença vascular pulmonar TGA com CIV e estenose pulmonar cirurgia de Rastelli derivação intraventricular com a construção de um túnel da CIV para a aorta , dentro do VD, direcionando o sangue do VE para a aorta + sangue do VD para a a. pulmonar por um tubo CRISE HIPÓXICA Emergência pediátrica clínico-cirúrgica Piora súbita da hipóxia com conseqüente aumento da cianose. Tetralogia de Fallot (TF), Atresia Triscúspide, Atresia Pulmonar. Período neonatal até os 18-24 meses. CRISE HIPÓXICA Fisiopatologia Diminuição do fluxo sanguíneo pulmonar sangue insaturado na circulação sistêmica aumento do shunt direito>esquerdo (D>E) Fatores desencadeantes espasmo do infundíbulo aumento da resistência vascular pulmonar diminuição da resistência vascular periférica aumento do retorno venoso CRISE HIPÓXICA Quadro Clínico Pré-escolares e escolares cianose taquidispnéia progressiva posição de cócoras Lactentes criança muito irritada, inconsolável (cólica?) Exame físico aumento da cianose, hiperpnéia, taquicardia, diminuição ou mesmo desaparecimento do sopro. Casos graves alteração do nível da consciência, crise convulsiva e palidez se sobrepondo à cianose, óbito. Labortatório: não auxilia no diagnóstico, e sim no tratamento. TRATAMENTO CLÍNICO interromper ciclo hipoxêmico - Posição genupeitoral (cócoras); - Oxigênio por cateter nasal ou máscara; - Morfina (0,1mg/Kg); - Betabloqueadores; - Drogas vasconstrictoras; - Correção de distúrbios hidroeletrolíticos e glicêmicos, transfusão; - Prostaglandinas (ductos dependentes); - Anestesia geral. TRATAMENTO CIRÚRGICO - Pode-se indicar a cirurgia no primeiro quadro de crise cianótica. - Cirurgia de Blalock-Tausig modificada: - anastomose láterolateral com tubo de GoreTex entre a artéria subclávia e a artéria pulmonar - Visa ao aumento do fluxo sangüíneo pulmonar - casos em que a cirurgia definitiva não é possível. OBRIGADAS!!!