Internato 2008 – ESCS Pediatria - HRAS Bruno Paiva Farias Larissa Macedo de Camargo Coordenação: Dra.
Download
Report
Transcript Internato 2008 – ESCS Pediatria - HRAS Bruno Paiva Farias Larissa Macedo de Camargo Coordenação: Dra.
Internato 2008 – ESCS
Pediatria - HRAS
Bruno Paiva Farias
Larissa Macedo de Camargo
Coordenação: Dra. Sueli Falcão
Cardiopatia congênita cianótica
www.paulomargotto.com.br
Escola Superior de Ciências da Saúde/SES/DF
9/6/2008
Data da admissão: 23/05/08
Identificação
MEPO, feminino, 3 meses, natural e procedente de
Planaltina – DF, cuidada pela mãe.
QP
Tosse há dois dias.
HDA
Mãe refere que há dois dias lactente iniciou quadro de
espirros, tosse produtiva, seguida de episódios eméticos
após amamentação, dois episódios, de pequena monta e
congestão nasal (“como se estivesse incapaz de respirar
pelo nariz” – SIC mãe). Há um dia começou a ser realizado
nebulizações com soro fisiológico a 0,9%. Evoluiu com
piora do quadro, iniciando desconforto respiratório. Nega
febre. Procurou o serviço de emergência do Hospital
Regional de Planaltina, que impossibilitado de interná-la,
encaminhou a paciente ao presente serviço.
Antecedentes:
Pré-natal: cinco consultas.
GII PII AO CO NO – acompanhada pelo Alto Risco devido o
diagnóstico intra-útero de cardiopatia congênita, no 5º
mês de gestação.
P: 3020g Comp.: 51cm PC: 32cm Apgar: 3/9
Paciente permaneceu 20h na máscara de Hood mantendo
saturações entre 90-92%. Em seguida foi transferida para
o berçário por cinco dias e, enfim, quatro dias no Alcon,
recebendo, portanto, alta com nove dias de vida.
Vacinação em dia.
SME até dois meses. Está em uso de NAM.
Desenvolvimento psicomotor normal.
Patológicos
Não faz uso de medicação contínua.
Em acompanhamento no INCOR. Assintomática até o presente
episódio.
Nega outras internações, cirurgias, transfusões, alergias.
Nega outras patologias.
Nega doenças da infância
Familiares
Avó materna era cardiopata (não precisa qual alteração, falecida
vítima de choque elétrico).
Tia paterna cardiopata (alteração em válvula mitral).
Pai 22 anos, etilista e tabagista, saudável.
Mãe 22 anos, portadora de Asma.
Irmão de quatro anos, saudável.
Exame Físico
Ectoscopia: BEG, taquipnéica - FR.: 72irpm, taquicárdica – FC.:
165 bpm, hidratada, cianose central (+/4+), anictérica, afebril
(Temp.: 36,5° C), ativa, reativa, ausência de baqueteamento
digital, eutrófica (P= 5770g, entre o percentil P10 e P50).
Ap. Resp.: MV rude difusamente, roncos difusos e sibilos, sem
tiragem ou batimento de asa de nariz. Sat O2 = 60% ao ar
ambiente.
Ap. cardiov.: Tórax calmo, ictus normolocalizado, móvel, meia
polpa digital, RCR 2T, BNF com sopro sistólico epicentro em
foco pulmonar, audível em todos os focos (3+/6+), com
irradiação para o dorso, ausência de frêmito.
Abdome: semi-globoso, flácido, indolor, fígado palpável a
1cm RCD, RHA presente, ausência de refluxo
hepatojugular.
Extremidades: sem edemas, boa perfusão.
Pulsos: radial e femoral palpáveis bilateralmente,
isobáricos, simétricos.
SNC: sem sinais de irritação meníngea.
Exames complementares:
Hemograma (23/05/08):
Hemácias: 5000 Ht: 42,1% Hg: 14,2 g/dl
VCM: 84
HCM: 28,4 CHCM: 33,8
Leucócitos: 14.8000 (Seg 33% Bastões 1% Linf 58% Mon:
07% Basófilos: 01% Eos: 00%)
Plaquetas: 274.000
Raio X tórax (23/05/08):
Infiltrado perihilar à direita. Grande aumento cardíaco.
Ecocardiograma:
Situs solitus
Concordância veno atrial
Concordância átrio ventricular
Conexão atrioventricular única – ausente à direita
Discordância ventrículo arterial
Ecocardiograma:
Atresia Tricúspide II B com vasos em transposição (aorta
saindo de VD e pulmonar de VE)
Estenose valvar pulmonar
Gradiente VE- TP 30mmHg
CIA 8,o mm
Fluxo D-E não restritivo
CIV 5,o mm com fluxo E-D não restritivo
PCA 2,0 com fluxo E-D
Presença VCSE drenando em seio coronário
Boa função VE
2 vias
Placenta
Átrio direito
Circulação hepática
Forame oval
Ventrículo direito
Artéria Pulmonar
Átrio esquerdo
Ventrículo esquerdo
Canal arterial
Artéria Aorta
Corpo
Artérias umbilicais
Placenta
Cardipoatia Congênita é a doença na qual há
anormalidade tanto estrutural quanto
funcional cardiocirculatória presente já ao
nascimento, mesmo que seja identificada
posteriormente.
0,5-0,8% das crianças nascidas vivas;
2-3 em 1.000 bebês RN terão sintomas de doença
cardíaca no primeiro ano de vida;
A sobrevida até idade adulta aumentou nos últimos 20
anos;
Principal causa de morte em crianças com
malformações congênitas;
Maioria dos defeitos congênitos são bem tolerados pela
circulação fetal.
Anomalia anatômica se torna aparente após nascimento
(fechamento canal arterial e forame oval);
Diagnóstico anomalia estrutural
▪ na 1ª semana 40 a 50%
▪ No 1º mês 50 a 60%
Circulação continua a se modificar após o nascimento
primeiras semanas, diminui resistência pulmonar e
aumenta o shunt E D e assim os sintomas se tornam
mais aparentes;
Diferenciação por sexo:
Transposição de grandes vasos e lesões obstrutivas lado E
meninos
CIA, CIV, PCA e estenose pulmonar meninas
Diferenciar as cianóticas das acianóticas
1.
1.
Exame físico e oximetria de pulso
Raio X
2.
1.
Congestão pulmonar / oligoemia / normal
Eletrocardiograma
3.
1.
Hipertrofia de VE? VD? Ambos?
4.
Presença de sopro ou bulha característica
5.
Ecocardiograma e/ou cateterismo (para fechar diagnóstico)
Causa desconhecida;
Genética ? Multifatorial?
Recorrência aumenta quando irmão ou pai apresentam;
2 a 4% associados a fatores maternos e efeitos
teratogênicos:
Diabete;
Fenilcetonúria;
LES;
Rubéola congênita;
Idade materna
Drogas (lítio, talidomida,
anticonvulsivantes,
warfarin, etanol).
Acianóticas
Cianóticas
CIV (25-35%)
Tetralogia de Fallot (5-7%)
PCA (6-8%)
Transposição das grandes
Estenose pulmonar (5-7%)
artérias (3-5%)
Atresia de Tricúspide
CIA (6-8%)
Coarctação de aorta (5-
7%)
Estenose aórtica(4-7%)
Desvio ED
Insuficiência cardíaca
Desvio DE
Cianose
CIANOSE na doença cardíaca:
Obstrução da via de saída de VD, que provoca shunt
intracardíaco DE;
Lesões anatômicas complexas causam mistura do retorno
venoso pulmonar e sistêmico dentro do coração;
Persistência de vias fetais;
Nenhuma saída do AD VD
está presente - (2)
Retorno venoso penetra no AE
por forame oval ou CIA - (1)
Sangue flui do VE VD por
uma CIV - (3)
Fluxo sanguíneo pulmonar
aumentado ou dependente de
PCA
Geralmente associada a
transposição das artérias
Septo ventricular intacto =
ventrículo D hipoplásico e
atresia pulmonar
80%
80%
100%
60%
80%
% Sat O2
Manifestações
Cianose, desde o nascimento;
Sopro holossistólico audível BEE;
Policitemia, fadiga, dispnéia aos esforços, episódios
hipóxicos fluxo sanguíneo pulmonar comprometido;
Risco de fechamento espontâneo do CIV!!!
Baqueteamento digital;
Hipodesenvolvimento físico;
Posição de cócoras;
ICC.
Diagnóstico
Raio X
▪ Aumento moderado de área cardíaca ou
normal
▪ Retificação do contorno direito da
imagem cardíaca
Eletrocardiograma
▪ Sobrecarga biatrial associada a
sobrecarga de VE
▪ Cianose + desvio do eixo para E
Ecocardiograma
▪ Membrana fibromuscular no lugar da
Tricúspide; VD pequeno; CIV; VE grande;
Doppler revela se há estenose pulmonar.
Tratamento
Neonatos gravemente
cianóticos
▪ prostaglandina E1 (manter
o PCA patente)
▪ Septectomia cirúrgica
▪ Septostomia com balão
Cirurgia anastomoses
sistêmico-pulmonar
(Blalock-Taussing
modificada, Fontan
modificada e Glenn)
Blalock-Taussing
Glenn
Fontan
Indispensável a vida no período fetal;
Sua função é permitir que o sangue oxigenado que
vem da veia cava inferior atinja o segmento cefálico
do corpo via AE VE aorta ascendente;
Septo atrial possui 2 membranas que por
mecanismo valvular permitem a passagem de
sangue.
Septo Primum
Localizado inferiormente e próximo do átrio E
Fibroso e delgado
Septo Secundum
Localizado superiormente e mais próximo do
átrio D
Rígido e musculoso
Seio Venoso
Átrio Único
Fisiopatologia
Fluxo ED sintomático após 3
anos de vida, pela diminuição da
resistência pulmonar;
Grande fluxo sanguíneo pelo
lado D aumento de AD e VD,
e dilatação de artéria pulmonar;
Fechamento funcional nas
primeiras horas e fechamento
anatômico até o 1º ano.
Sintomas
Com freqüência nenhum
(Ostium Secundum)
Dispnéia
Palpitações
Fadiga aos esforços
Infecções respiratórias
Déficit ponderal
Raro: insuficiência
cardíaca
Sinais
Desdobramento fixo e
amplo de B2
Sopro sistólico (BEE)
CIA grande: sopro
diastólico tipo ruflar em
área tricúspide
Diagnóstico
Raio X
▪ Aumento de área cardíaca;
▪ Aumento da trama vascular (pulmonar abaulada e convexa à esquerda);
Ecocardiograma
▪ Aumento de VD;
▪ Movimento paradoxal do septo interventricular;
▪ Determinar tamanho e localização do defeito;
Eletrocardiograma
▪ Ritmo sinusal,onda P normal;
▪ QRS aumentado;
▪ Hipertrofia de ventrículo D – Raro.
Aumento de área cardíaca
Aumento de trama vascular
Prognóstico
Evolução benigna;
Complicações: insuficiência cardíaca, arritmias,
hipertensão pulmonar, insuficiência mitral e tricúspide;
Sintomático em decorrência de sobrecarga
hemodinâmica;
Conduta
Cirurgia eletiva pré-escolar (4-5 anos);
Cirurgia quando relação fluxo pulmonar:sistêmico 2:1.
Antes
Depois
Malformação cardíaca de diagnóstico mais comum
25%;
Fechamento espontâneo nos primeiros 2 anos;
Classificação – localização anatômica (crista
supraventricular)
Infundibulares
Infracristais
Musculares
Fisiopatologia
Desvio de sangue E D
Diminuição da resistência
pulmonar manifestações
Tamanho da comunicação
proporcional aos achados
clínicos
Classificação
Pequeno
▪ Relação fluxo pulmonar com o sistêmico < 1,75 : 1 e 1/3 do
diâmetro aorta;
Moderado
▪ Fluxo pulmonar o dobro do sistêmico, hiperfluxo e hipertensão. CIV
metade dos ¾ do diâmetro da aorta;
Grande
▪ CIV com diâmetro igual ou maior que o da aorta e o fluxo igual ou
superior ao sistêmico aumento do débito de VD com aumento do
fluxo pulmonar, aumento do retorno venoso para AE e sobrecarga
de AE e VE, resultando em insuficiência cardíaca.
Manifestações clínicas
Pequenas
▪ Assintomáticas
▪ Sopro holossistólico em
borda paraesternal esquerda
inferior (Neonatal – não
audível)
Grandes
▪
▪
▪
▪
▪
▪
▪
Hipertensão pulmonar
Dispnéia
Taquicardia
Sudorese
Dificuldade para mamar
Infecções respiratórias
Insuficiência cardíaca
Exame físico
Ictus deslocado lateral e inferiormente;
Frêmito paraesternal;
Sopro holossistólico, rude e alto;
Componente pulmonar (B2) hiperfonético;
Desdobramento de 2ª bulha – estalido proto-sistólico
proeminente.
Diagnóstico
Raio X
▪ CIV pequeno – normal;
▪ CIV grande –
cardiomegalia, artéria
pulmonar aumentada e
aumento da trama
vascular.
Ecocardiograma
▪ Local de defeito;
▪ Magnitude do shunt E D pelo
Doppler;
Eletrocardiograma
▪ Normal;
▪ Sobrecarga atrial esquerda;
▪ Sobrecarga biventricular E –
volumétrica e D – pressórica.
Tratamento
Diuréticos, digitálicos e restrição hídrica;
Cirurgia
▪ Defeitos significativos sem controle clínico;
▪ Lactentes 6 a 12 meses e com defeito significativo;
▪ > 2 anos com relação fluxo pulmonar : fluxo sistêmico >
2:1.
Antes
Depois
Localizado após a emergência da artéria subclávia esquerda;
Fechamento funcional 12h de vida;
Fechamento anatômico 14 a 21 dias de vida;
Desvio de fluxo aortapulmonar.
Mais comum em mulheres;
Associada à síndrome da rubéola congênita;
É comum no prematuro;
No a termo se persistir por mais de 2 semanas já
apresentará alterações anatômicas e dificilmente
fechará.
Fisiopatologia
Desvio depende do
comprimento e do diâmetro
do canal;
Desvio de fluxo
aortapulmonar;
Até 70% do débito de VE
pode ir para circulação
pulmonar.
Manifestações
PCA pequeno
Pressões em AD, VD e Artéria Pulmonar são normais;
PCA amplo
▪
▪
Pulso amplo;
PA divergente (diastólica baixa);
Precordio hiperdinâmico;
Sopro sistólico, contínuo em maquinaria, em região infraclavicular E
com irradiação para dorso;
Insuficiência cardíaca congestiva precoce (ritmo de galope);
Infecções respiratórias de repetição;
Hepatomegalia;
Cianose em MMII.
Diagnóstico
Raio X
▪ Aumento de câmaras E;
▪ Aumento de trama vascular;
▪ Aumento de aorta ascendente.
Aumento de AE
Aumento de aorta
Aumento de VE
Ecocardiograma
▪ Sobrecarga biventricular, com predomínio de VE;
Eletrocardiograma
▪ Normal;
▪ Hipertrofia de VE ou VD.
Evolução
Fechamento canal
arterial sempre!
▪ Cirurgia pacientes antes
do primeiro ano de vida;
▪ Cateter pela hemodinâmica.
2 circulações em paralelo
Retorno venoso segue
AD VD Aorta;
Sangue venoso
pulmonar segue AE
VE Pulmonar;
É necessário mistura
das duas circulações
(PCA, CIA ou CIV).
Manifestações
Septo íntegro cianose primeiras horas de vida, com piora
após 12 a 24h (fechamento ducto arterioso);
Cianose sempre;
Achados dependentes de outras anomalias:
▪ ICC;
▪ Desdobramento de 2ª bulha ou única;
▪ Sopro sistólico por hiperfluxo ou estenose pulmonar, ou ausente.
Diagnóstico
Raio X
▪ Mediastino superior estreito;
▪ Sombra cardíaca como “ovo deitado”;
▪ Aumento da trama vascular.
Eletrocardiograma
▪ Ondas P proeminentes
▪ Hipertrofia de VD ou biventricular
▪ Ausência de defeito do septo ventricular ECG normal
Ecocardiograma
▪ Alterações anatômicas
Evolução
Prostaglandina E1;
Aquecer e controle glicemia;
Cirurgia Rashkind por balão e inversão arterial (Jatene)
Cirurgia deve ser feito nas primeiras 2 semanas de
vida para preservar massa muscular de VE!!!
Rashkind