Disciplina de Genética e Evolução ANEMIA FALCIFORME Christiano Perin*, Eurico Cervo Filho*, Fábio Luís Becker*, Fábio Maranha Baldisserotto*, Gabriel Zatti Ramos*, Jerônimo Antonello** Cláudio Osmar.

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Disciplina de Genética e Evolução
ANEMIA FALCIFORME
Christiano Perin*, Eurico Cervo Filho*, Fábio Luís Becker*, Fábio Maranha
Baldisserotto*, Gabriel Zatti Ramos*,
Jerônimo Antonello**
Cláudio Osmar Pereira Alexandre***
Elisabeth Castro***
* Acadêmicos da quarta série da FFFCMPA
** Monitor da Disciplina de Genética e Evolução da FFFCMPA
*** Professores da Disciplina de Genética e Evolução da FFFCMPA
FFFCMPA
Fábio Luís Becker
FFFCMPA
Introdução
• Definição:
Hemoglobinopatia hereditária onde
uma cadeia anormal de hemoglobina é produzida
(Hb S), devido a substituição de um único
aminoácido da cadeia  da hemoglobina. É
caracterizada pela hemólise acelerada e pela
presença de hemácias em foice, que ocorre em
condições de baixa tensão de oxigênio.
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Introdução
• Homozigotos afetados (SS)  Anemia Falciforme
(anemia grave)
• Heterozigotos (AS)  Traço (Caráter) Falciforme
(normalmente assintomáticos)
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Histórico
• 1910 - James Herrick  células em foice;
• Emmel  afoiçamento sob temp. ambiente;
• 1927 - Hahn & Gillespie  causa do
afoiçamento -  tensão do oxigênio;
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Histórico
• 1923 - Taliaferro & Huck  característica
herdável - traço autossômico dominante;
• 1949 - Neel & Beet  esclareceram base
genética da AF;
• 1949 - Pauling & col.  eletroforese - base
molecular (Hb);
Histórico
• 1957 - Ingram  natureza bioquímica da
AF.
Substituição de um ác. Glutâmico por
valina.
Histórico
• Linus Pauling
(1901 - 1994)
• Trabalho base para
estabelecimento do
campo da medicina
molecular.
Epidemiologia
• Gene mutante originário da população negra
da África. Ocidental.
• Distribuição e impacto do gene  S:
• pressões evolutivas (malária);
• transmissão pelo comércio de escravos.
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Epidemiologia
• Distribuição:
• África, Oriente Médio, Mediterrâneo e Índia;
• Caribe, América do Norte, Norte da Europa.
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Epidemiologia
• 250.000 crianças nascem anualmente com
AF (100.000 na Nigéria);
• 1/650 afro-americanos tem AF.
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Epidemiologia
• A prevalência de portadores é de 20-40 %
entre os africanos tropicais e de 8-10% nos
afro-caribenhos e afro-americanos.
• No Brasil alguns estudos encontraram
prevalência de 4-5% de recém-nascidos
com traço falciforme (Bragança Paulista).
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Epidemiologia
• Em MG, em 25 meses (98-00), 605.419
crianças
• 3,2% - traço falciforme;
• 0,0008% - AF; (1/1.245)
• Sergeant GR, Lancet, july 2000.
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Resistência à Malária
• Malária falciparum - Plasmodium falciparum
• Polimorfismo genético (Allison): A freqüência
estável do gene falciforme em regiões
hiperendêmicas resulta da exclusão gênica
balanceada:
• morte precoce dos homozigotos;
• seleção gênica por proteção da heterozigose contra a
morte por malária.
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Resistência à Malária
• Mecanismos de resistência:
• Célula com saliências  aderência ao endotélio 
menor quantidade de oxigênio  afoiçamento 
perfuração das membranas parasita  depleção do K+
celular  não multiplicação dos parasitas;
• Destruição prematura dos eritrócitos + nutrição
deficiente  não sobrevivência dos parasitas.
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Eurico Cervo Filho
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Estrutura da hemoglobina
• Hemoglobina humana: tetrâmero de polipeptídeos
de globina - um par -símile ( ou ) e um par
não- (,, ou ).
• Cada cadeia envolve um único heme.
• Cada heme liga-se a uma molécula de O2
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Tipos de hemoglobina
• Hemoglobina A (22) - 92% em adultos.
• Hemoglobina A2 (22) - 2,5% em adultos.
• Hemoglobina F (22) - 50 a 85% em fetos e
recém-nascidos. Pequena quantidade em adultos.
• Gower I (22), Gower II (22) e Portland (22) Vida embrionária, antes de 7 a 10 semanas de
gestação.
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Genética da hemoglobina
Sua produção é controlada por dois grupos de genes:
• Genes das globinas -símile - braço curto
cromossomo 16, entre bandas 13,2 e telômero.
Dois genes de globina  e um .
• Genes das globinas não- - cromossomo 11,
banda P15, final do braço curto. Um gene , genes
da globina fetal GA e genes  e  da hemoglobina
adulta.
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Genética da anemia falciforme
• Gene falciforme resulta de uma mutação missense
ou puntual na sexta posição da cadeia da  globina
(6), causando a substituição de ác. Glutâmico
para valina (6GluVal).
• Alteração na segunda base do códon do ác.
Glutâmico: GAG para GTG.
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Padrão de herança na AF
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Síndromes Falciformes
• Anemia falciforme: mesma mutação genética,
porém, grande diversidade de manifestações
clínicas.
Por que? Fatores modificantes:
• Níveis de hemoglobina fetal (Hb F);
• Coexistência de outras hemoglobinopatias
hereditárias;
• Diferentes haplótipos para a hemoglobina S.
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Níveis de hemoglobina fetal
• Correspondem a menos de 1% do total, mas
podem estar
hereditários.
elevados
devido
a
fatores
• Quanto maior o nível, menos severo o quadro
clínico.
• Moléculas de Hb F não participam do processo de
polimerização.
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Hemoglobinopatias hereditárias
1. Anemia falciforme (doença SS), onde os
indivíduos são homozigotos para o gene da
hemoglobina S.
2. Traço Falciforme (doença AS), onde o paciente
possui um gene que sintetiza cadeias
polipeptídicas globínicas normais (A ) e um gene
anormal (S), com produção de ambas as
hemoglobinas (A e S), predominando a
Hemoglobina A (Hb A).
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Hemoglobinopatias hereditárias
3. AF associada a beta talassemia (AF-talassemia )
• AF-talassemia 0 : não há produção de
hemoglobina beta pelo gene da beta talassemia.
• AF-talassemia + : O indivíduo produz cadeias
beta normais porém em pequenas quantidades.
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Hemoglobinopatias hereditárias
4. AF associada a hemoglobina C (Hb SC), onde o
paciente possui dois genes de cadeia beta alterados
(S e C ), o que faz com que haja a produção
tanto de Hb S quanto de Hb C.
5. AF associada com talassemia : deleção de um ou
dois genes da globina . Anemia hemolítica mais
discreta, menos complicações se comparada à AF.
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Hemoglobinopatias hereditárias
6. AF associada com talassemia , condição
heterozigótica combinada que constitui uma das
várias deleções grandes dos genes das globinas  e
, permite o desvio de produção da Hb F para a
Hb do adulto.
7. AF associada a PHHF (persistência hereditária da
Hb F), resulta de uma de várias deleções grandes
dos genes das globinas  e  que retardam o
desvio da produção de Hb F para a Hb do adulto.
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Hemoglobinopatias hereditárias
8. AF associada a doença da Hb Lepore, produto de
fusão cruzada dos genes das globinas  e ,
similar a Hb S, associada a anemia menos grave.
9. AF associada a doença da Hb D (22121GluGln),
similar a Hb S, associada a anemia hemolítica
moderadamente grave.
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Hemoglobinopatias hereditárias
10. AF associada a doença da Hb O Arab
(22121GluLys), similar a Hb SC, associada a
anemia hemolítica moderadamente grave.
11. AF associada a doença da Hb E (2226GluLys),
apresenta 30% de Hb E na doença Hb SE.
Apesar de provocar hemólise leve, nenhuma
complicação ou alteração eritrocitária é
encontrada.
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Haplótipos da Hb S
• Sítios polimórficos de endonucleases de restrição,
localizados no interior e ao redor da cadeia beta mutante.
Tipos:
• Senegal, Benin, CAR (Bantu), Asiático (Indu
Arábico) e Cameroon.
• No Brasil: Bantu (77%), Benin (30%) e Senegal
(3%).
• Senegal - clínica mais branda;
• Benin - gravidade intermediária;
• CAR - formas mais severas.
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Patogênese molecular
• Hemoglobina normal - Grandes concentrações na
hemáciabastante solúvel.
• Hemoglobina Sdesoxigenadainteração entre
moléculas de Hbagregação de polímeros.
• Evento primário, causa distorção do formato e
perda da deformabilidade da hemáciarigidez
responsável pelo fenômeno vaso-oclusivo.
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Patogênese molecular
• Desoxigenação rápidapadrão granular não
altera formato da hemácia.
• Desoxigenação lenta e/ou parcialnúcleo
únicocrescimento e alinhamento de
fibrascélula em foice.
Taxa de formação de polímeros depende:
• grau de desoxigenação, [ ] de Hb, e nível de Hb F.
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Patogênese molecular
• A polimerização causa dano à membrana e leva à
desidratação.
Mecanismos:
• Co-transporte potássio-cloreto
• Perda de potássio cálcio-dependente (via de
Gardos).
• Estágio final do processo: Célula irreversivelmente falciforme.
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Patogênese molecular
• Eventos vaso-oclusivos: dependem do tempo de
trânsito capilar.
• Além disso, hemácias SS aderem mais facilmente
ao endotélio.
Ligantes responsáveis:
•
•
•
•
•
•
Complexo de integrinas;
fibronectina;
VCAM-1 da célula endotelial;
trombospondina;
fator de von Willebrand de peso molec. notavelmente alto;
imunoglobulina
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Christiano Perin
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Manifestações Clínicas
• Iniciam após a 10ª semana de vida, pois o RN é protegido pelos
elevados níveis de HbF.
• Paciente é anêmico, porém assintomático a maior parte do tempo.
• Bem-estar é interrompido periodicamente por crises.
• Crises podem ser vaso-oclusivas (dolorosas), aplásicas e
megaloblásticas, de seqüestração, e hemolíticas.
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Manifestações Clínicas
• Crises vaso-oclusivas
- mais comum e característica da AF.
- É causada pela obstrução dos vasos sangüíneos por hemácias
-
-
falciformes. Ocorre hipóxia tecidual que ocasiona a morte
tecidual e dor localizada.
É diagnóstico de exclusão.
Localização preferencial: ossos, tórax e abdome.
Infartos de repetição no baço levam à sua fibrose e atrofia (autoesplenectomia).
Infarto de vasos cerebrais resultando em AVC é a complicação
vaso-oclusiva mais grave.
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Manifestações Clínicas
• Crise Aplásica
- Consiste em parada transitória da eritropoese, caracterizada por
quedas abruptas dos níveis de hemoglobina, contagem de
reticulócitos e precursores eritróides da medula óssea.
- Parvovírus B19 responsável por 68% das crises em crianças. Em
adultos a percentagem é menor.
- Necrose da medula óssea também provoca crise aplásica.
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Manifestações Clínicas
• Crise de Seqüestração
- são caracterizadas pelo
aprisionamento
de
eritrócitos,
especialmente no baço.
- exacerbação aguda da anemia, reticulocitose persistente, baço
hipersensível e de tamanho aumentado e, por vezes, hipovolemia.
- Alto risco em pacientes que não tem baço atrófico.
- Ocorreu em 30% das crianças durante 10 anos de seguimento,
sendo 15% delas fatais.
- Recidiva em 50% dos casos, sendo indicada esplenectomia.
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Manifestações Clínicas
• Crise Hemolítica
- Taxa aumentada de hemólise com queda da hemoglobina e
elevação da contagem de reticulócito
- São raras e muitas vezes confundidas com outras causas de
icterícia como hepatite, litíase biliar,...
- deficiência concomitante da glicose-6-fosfato desidrogenase (?)
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Manifestações Clínicas
•Anemia Crônica
- Os eritrócitos são destruídos randomicamente, com tempo de
sobrevida médio de 17 dias.
- A intensidade da anemia é mais grave na AF e na Hb S-talassemia
0, mais leve na Hb S-talassemia + e na doença de Hb SC e, entre
pacientes com anemia falciforme, menos grave nos que
apresentam talassemia  concomitante e níveis elevados de Hb F.
- Além da hemólise, os níveis inapropriadamente baixos de
eritropoetina contribuem para a anemia.
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Manifestações Clínicas
• Exacerbações da anemia
- O grau bastante constante de anemia hemolítica pode ser
exacerbado agudamente por várias causas:
- crises aplásicas
- seqüestração aguda esplênica
- crises hemolíticas.
- As exacerbações crônicas da anemia podem estar relacionadas
com a insuficiência renal incipiente ou com a deficiência de
ácido fólico ou de ferro.
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Manifestações Clínicas
•O Episódio Doloroso Agudo (“crise falciforme)
- Dor aguda: 1o sintoma da doença, causa mais comum de procura
de assistência médica.
- provocado por vaso-oclusão.
- A intensidade da dor varia desde insignificante a agonizante,
sendo a sua duração geralmente de poucos dias.
- 1/3 pacientes com AF raramente apresenta dor; em 1/3, a dor
exige internação 2-6 vezes/ano, e 1/3 apresenta mais de 6
internações relacionadas com a dor por ano.
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Manifestações Clínicas
- Os níveis elevados de hemoglobina e os baixos níveis de Hb F
estão associados a crises mais freqüentes de dor.
- A dor pode ser precipitada por frio, desidratação, infecção,
estresse, menstruação ou consumo de álcool; todavia, a causa da
maioria dos episódios não é definida.
- A dor freqüente pode provocar desespero, depressão e apatia.
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Manifestações Clínicas
• Crescimento e Desenvolvimento
- Crianças com AF apresentam retardo do crescimento e da
maturação sexual.
- A puberdade é atrasada, mas um crescimento considerável
ocorre na adolescência tardia de tal modo que ao atingir a idade
adulta, o indivíduo adquire uma altura normal, porém o peso
permanece anormalmente baixo
- O comprometimento do desenvolvimento pode resultar do
efeito da hemólise sobre as necessidades metabólicas basais
crescentes.
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Manifestações Clínicas
• Infecções
- Principal causa de mortalidade.
- Predisposição devido à  função esplênica,  da capacidade de
-
-
fagocitação e defeito na ativação da via alternativa do
complemento.
Bacteremia = S. pneumoniae, H. influenzae b, Gram-negativos
 20-50% mortalidade
Meningite = S. pneumoniae, H. influenzae b
Pneumonia = infecção mais comum. Mycoplasma
pneumoniae, vírus respiratórios, S. pneumoniae.
Osteomielite = Salmonella, Staphylococcus aureus.
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Manifestações Clínicas
•
-
Complicações neurológicas
Ocorrem em 25% dos pacientes com AF.
Incluem: AIT, AVC, hemorragia cerebral, convulsões, coma.
AVC - 1-15 anos de idade. Risco de 8% na AF, 2% na HbSC.
- Fatal em 20%, recorrência de 70%
- Trombose de grandes vasos
- Hemorragia intracraniana
- rigidez nuca, fotofobia, cefaléia intensa, vômitos, alteração da
consciência.
- Fatal em 50%.
- Vasos colaterais que são friáveis e vulneráveis à trombose e
hemorragia.
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Manifestações Clínicas
• Complicações Pulmonares
- Síndrome torácica aguda
- dispnéia, dor torácica, febre, taquipnéia, leucocitose e infiltrado
pulmonar no RX.
- acomete 30% dos pacientes com AF.
- Causas: vaso-oclusão, infecção e embolia gordurosa da MO
infartada.
- Estado pulmonar crônico: doença pulmonar restritiva e/ou
hipoxemia e/ou hipertensão pulmonar.
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Manifestações Clínicas
• Complicações hepatobiliares
- Acomete 1/3 dos pacientes com AF.
- Cálculos biliares pigmentados devido à hemólise crônica. Ocorrem
em 50-70%. Retira-se nos assintomáticos também.
- Hepatomegalia crônica e disfunção hepática devido ao
aprisionamento de eritrócitos falciformes, hepatite adquirida por
transfusão e sobrecarga de ferro  cirrose, hemossiderose.
- “Crise hepática” – rara. Hiperbilirrubinemia intensa (>100mg/dl),
febre, dor, anormalidades das provas hepáticas.
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Manifestações Clínicas
• Complicações Renais
- Medular do rim – anóxia, hiperosmolaridade, baixo Ph – facilita
-
-
afoiçamento.
Rim - único órgão afetado mesmo no traço falciforme (hematúria)
50% dos pacientes apresentam rins aumentados e algum tipo de
anormalidade calicinal.
Oclusão dos vasa recta  fluxo sangüíneo para medula resultando
em  concentração urinária, infarto papilar, hematúria, acidose
tubular renal e  depuração K+  IRC
IRC – média de início aos 23 anos na AF e aos 50 na Hb SC.
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Manifestações Clínicas
•
-
Priapismo
Ereção dolorosa prolongada, não desejada.
Afeta quase 2/3 dos indivíduos do sexo masculino com AF.
Picos de incidência: 5-13 e 21-29 anos de idade.
Pode resultar em impotência em 45% dos casos.
Mais comum no genótipo SS que em outros.
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Manifestações Clínicas
• Complicações Oculares
- Incluem sinuosidade dos vasos da conjuntiva, isquemia da câmara
anterior, oclusão das artérias retinianas, retinopatia proliferativa e
descolamento de retina.
- Exame oftalmológico deve ser feito de rotina.
•
-
Úlceras de perna
Aparecem espontaneamente ou por traumatismo
Maléolos medial e/ou lateral. Geralmente bilaterais.
São resistentes à cicatrização e recidivam em 50% dos casos.
Podem infectar gerando infecção sistêmcia, osteomielite ou tétano.
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Manifestações Clínicas
• Complicações Ósseas
- Síndrome “mão-pé”
- tumefação dolorosa das superfícies dorsais de mãos e/ou pés.
- acomete metade das crianças com AF. Incidência entre 1-4 anos.
- causada pela oclusão dos capilares nos ossos pequenos dos membros.
- a dor causada pelo infarto ósseo amiúde é o 1o sintoma da AF.
- Osteonecrose da cabeça do fêmur
- mais idosos.
- pode provocar sérios distúrbios da marcha.
- Infarto da medula óssea
- pode provocar exacerbação da anemia, pancitopenia, embolia gordurosa
pulmonar.
- a presença de necrose na MO pode favorecer o desenvolvimento de
infecções, especialmente por Salmonella e S. aureus
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Manifestações Clínicas
• Complicações Cardíacas
- Não há uma miocardiopatia específica da AF.
- Aumento das câmaras cardíacas devido à compensação com alto
débito cardíaco para a anemia - ICC
- IAM – quando a demanda de O2 ultrapassa a limitada
capacidade de suprimento de O2, apesar das coronárias normais.
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Gravidez
• Na mulher com AF há incidência aumentada de pielonefrite,
infartos pulmonares, pneumonia, síndrome dolorosa aguda,
hemorragia no ante-parto, prematuridade e morte fetal.
• Complicações fetais devido  fluxo placentário: aborto
espontâneo, atraso do crescimento intra-uterino, baixo peso ao
nascer, pré-eclâmpsia e morte.
• Mortalidade materna de ± 1,6%.
• Em alguns lugares ainda encontramos mortalidade materna
>9,2% e peri-natal >19,5%.
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Prognóstico e Expectativa de Vida
• Há diminuição da expectativa de vida no paciente com AF.
• No passado era de 14,3 anos.
• Sobrevida atual é 42 anos para os homens e 48 anos para as
mulheres.
• Melhora na sobrevida resulta de melhor assistência médica geral.
• Em estudo prospectivo onde 307 pacientes com AF foram
seguidos até os 15 anos de idade foram verificados 61(19,9%)
óbitos sendo as causas mais comuns: síndrome torácica aguda,
septicemia/meningite e seqüestração esplênica aguda.
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Prognóstico e Expectativa de Vida
• Stark et al. – não há diferença entre indivíduos normais e com
traço falciforme quanto à sobrevida e causas de mortalidade.
- Portanto não há justificativa para discriminação.
• Estudo realizado no Brasil constatou que os pacientes com AF
relataram uma qualidade de vida razoável. O maior problema
está centrado na falta de oportunidades profissionais.
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Gabriel Zatti Ramos
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Diagnóstico
• Identificar pacientes com AF ou com traço
falciforme que necessitem de terapia ou
aconselhamento.
• Buscar em pacientes de origem africana com
achados clínicos sugestivos.
• Com a miscigenação pode ser encontrada em
pessoas aparentemente caucasóides.
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Diagnóstico
• AF é grave anemia hemolítica com icterícia:
•
•
•
•
•
•
•
•
•
policromatocitose;
reticulócitos > 15%;
RDW alto;
eritroblastos;
fragmentos eritrocitários
trombocitose;
corpúsculos de Howell-Jolly;
leucocitose;
bilirrubina indireta elevada;
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Diagnóstico
• Eritrócitos falciformes (drepanócitos) são
patognomômicos, mas presença não é constante;
• São normocrômicos. Presença de microcitose pode
indicar ferropenia ou talassemias concomitantes;
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Diagnóstico
• Testes de afoiçamento:
• indicam a presença de Hb S;
• não diferenciam Hb SS, SA e heterozigotos
compostos como AF-talassemias ;
• não são mais usados para diagnóstico de AF;
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Diagnóstico
• Confirmação diagnóstica, com distinção segura
das síndromes falcêmicas, faz-se pela eletroforese
da hemoglobina;
• Identificação segura do fenótipo da Hb pelos
diferentes graus de migração em um campo
magnético;
• Eletroforese com pH alcalino (suporte acetato de
celulose) é o principal método utilizado.
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Distribuição da hemoglobina nas síndromes falciformes
Genótipo
Diagnóstico Clínico
Hb A
Hb S
Hb A2
Hb F
97-99%
0
1-2%
< 1%
60%
40%
1-2%
< 1%
AA
Normal
AS
Traço falciforme
SS
Anemia falciforme
0
86-98%
1-3%
5-15%
S 0 talassemia
AF- talassemia
0
70-80%
3-5%
10-20%
S + talassemia
AF- talassemia
10-20%
60-75%
3-5%
10-20%
AS, talassemia Traço falciforme
70-75%
25-30%
1-2%
<1%
Fonte: Current 2000, Medical Diagnosis and Treatment.
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Diagnóstico
• Eletroforese em pH ácido (ágar citrato) serve
como método confirmatório;
• Testes de Solubilidade (Sickledex):
• fácil realização;
• rápido teste de triagem;
• grandes variações na sensibilidade e na
especificidade;
• apenas indica presença de Hb S.
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Rastreamento
• Boas técnicas de diagnóstico e capacidade de
interrupção da gravidez após diagnóstico prénatal, têm levado à formação de programas de
rastreamento na população;
• Triagem populacional de heterozigotos
assintomáticos é procedimento controvertido, mas
programas-piloto têm mostrado bom índice de
aceitação.
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Triagem de Recém-Nascidos
• Essencial para preparação de programas de prevenção
das complicações e para tratamento;
• redução na mortalidade;
• Só o RS e MG possuem programa de rastreamento
implementado;
• No período fetal e neonatal Hb F confunde a
caracterização das Hb do adulto presentes;
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Triagem de Recém-Nascidos
• Devem distinguir Hb F, Hb S, Hb A e Hb C;
• Eletroforese em ágar citrato é o método de escolha
como procedimento de triagem inicial, pois Hb S,
Hb A e Hb F separam-se distintamente;
• Testes de eletroforese podem gerar resultados falsopositivos pela limitação em identificar pequenas
quantidades de Hb;
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Triagem de Recém-Nascidos
• Cromatografia Líquda de Alta Performace (CLAP):
•
•
•
•
conveniente;
rápida (automatizada);
identifica precisamente Hb F, Hb A, Hb S, Hb C, D e E;
alto nível de sensibilidade e especificidade;
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Triagem de Recém-Nascidos
• Padrões das Hb são anotados em ordem
decrescente de acordo com as quantidades:
• AF padrão FS (que tb é encontrado em AFtalassemia 0, AF-PHHF, AF-Hb D ou AF-Hb
G;
• Traço falciforme padrão FAS;
• AF-talassemia + padrão FSA;
• Na dificuldade de distinção dos padrões é
necessário efetuar testes baseados em DNA ou
repetir eletroforese com 3 ou 4 meses de idade.
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Diagnóstico Pré-Natal
• Eficácia limitada dos tratamentos disponíveis
reforça importância do diagnóstico pré-natal;
• Se triagem diagnóstica na gravidez, apenas a
mulher é testada, se o resultado for negativo o
parceiro não é testado;
• Se ambos são heterozigotos são oferecidos
aconselhamento genético e triagem neonatal.
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Diagnóstico Pré-Natal
• Uso de métodos baseados no DNA e
também, mais recentemente, o método da
reação em cadeia da polimerase (PCR):
• PCR usa diminutas quantidades de DNA e estimulou
novo métodos para identificar o gene da Hb S;
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Diagnóstico Pré-Natal
• Diagnóstico pré-natal para anormalidades
de Hb é freqüentemente realizado com:
• Biópsia de Vilosidades Coriônicas (8-10
semanas de gestação):
– mais precoce, mais riscos para o feto e mais complicada
de ser realizada.
• Amniocentese (14-16 semanas de gestação):
– mais tardia e eleva os riscos de problemas emocionais
(decisão de abortar) pois a gestação está mais avançada.
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Diagnóstico Pré-Natal
• Ambas técnicas identificam o genótipo fetal
em cerca de 48 horas, mas são inábeis em
predizer o cruso clínico que a criança terá
no futuro, dificultando a decisão dos pais
em interromper a gestação;
• Nos EUA cerca de 70% das famílias
continuam uma gestação afetada com AF;
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Diagnóstico Pré-Natal
• Mutações Hb S podem ser diagnosticadas
diretamente utilizando enzimas de restrição
que cortam o DNA especificamente onde se
encontra um padrão de banda característica
no Southern blot;
• Enzima MstII reconhece o sítio da mutação
falcêmica e distingue homozigotos,
heterozigotos e pessoas normais.
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Diagnóstico Pré-Natal
• Como alternativa para obtenção de células
fetais:
• Enriquecimento de células fetais do sangue materno por
seleção magnética das mesmas, seguida de isolamento
das células fetais puras por microdissecção;
• Cheung et al, relatou em seus estudos que conseguiu
identificar com sucesso os genótipos fetais em duas
gestações pesquisadas.
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Diagnóstico Pré-Implantação
• Uso de PCR para identificação in vitro do
gene mutante de Hb S vem sendo estudado;
• Xu et al (1999) realizou diagnóstico
genético pré-implantação (DGPI) com
sucesso em sete embriões analisados.
Permitiu com sucesso que uma gravidez de
um feto normal pudesse ser gerada por um
casal de heterozigotos para o gene de Hb S.
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Fábio Maranha Baldisserotto
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Tratamento da Anemia Falciforme
•
•
•
•
•
•
Assistência médica de manutenção
Tratamento das complicações
Quimioterapia
Terapia transfusional
TMO
Futuro – Terapia gênica
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Assistência médica de manutenção
• Visitas clínicas de rotina
• Aconselhamento genético, psicossocial e relativo a
doença
• Ác. Fólico 1 mg VO ao dia
• Avaliação retiniana de rotina
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Tratamento das complicações
•
•
•
•
•
•
•
Dor
Infecções
Neuropatias
Síndrome torácica aguda
Litíase biliar
Úlceras de perna
Priapismo
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Dor
• O tratamento deve ser feito em ambiente familiar,
internação apenas em casos de dor intensa
• Hidratação e opióides endovenosos
• Morfina ou Meperidina?
• Transfusões de concentrados de hemácias e
inalação de O2 estão contraindicados na dor aguda
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Dor
• Pacientes com anemia falciforme metabolizam
mais rapidamente os opióides
• Abordagens biopsicossociais da dor:
• apoio psicossocial
• anestésicos locais
• Combinações de AINEs, opióides e antidepressivos
• Dor crônica: morfina de ação prolongada e
emplastros de fentanil
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Infecções
• Crianças com febre >38,5oC:
•
•
•
•
Internação
Hemocultura
Cultura de LCR
Antibióticos via parenteral
• Tem-se demonstrado a eficácia da Ceftriaxona
para o tratamento ambulatorial destes pacientes,
exceto:
• Toxêmicos
• Febre >40oC
• Penicilina profilática
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Infecções
• A bacteremia em crianças teve sua incidência
reduzida devido a:
• Vacinação contra H. Influenzae do tipo B
• Penicilina profilática (padronizada)
• Ceftriaxona
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Neuropatias
• Avaliação imediata por TC
ou RMN para
diferenciar AIT, trombose cerebral ou hemorragia
• Atualmente a terapia transfusional por
exsangüíneo transfusão parcial é o melhor método
preventivo das recidivas
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Quimioterapia
• Clotrimazol
• Hidroxiuréia
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Clotrimazol
• Induz hiponatremia, que leva a um edema
eritrocitário e diminuição da concentração de
hemoglibina intracelular
• Requer monitorização laboratorial meticulosa
• Oferece altos riscos ao paciente
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Hidroxiuréia
• Única droga com uso difundido para a estimulação
da síntese de hemoglobina fetal
• Fácil administração
• Poucos efeitos tóxicos
• Efeito mielossupressor que pode ser facilmente
revertido
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Hidroxiuréia
• Reduz a freqüência e a intensidade das crises
dolorosas
• Diminui a incidência da síndrome torácica aguda
• Reduz a necessidade de transfusões de sangue
• Reduziu o número de internações hospitalares
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Transplante de medula óssea
• Estudos iniciais demonstraram um índice de cura
em torno de 20% para pacientes com menos de 16
anos, e uma taxa aceitável de mortalidade e
morbidade pós-transplante
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Terapia Transfusional
• Indicações de transfusão:
• Capacidade diminuída de transporte de O2
• Reposição de volume sangüíneo
• Indicações próprias da doença:
• Proteção contra perigo iminente
• Melhora das propriedades reológicas do sangue
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Terapia Transfusional
• Complicações:
• Aloimunização
• Sobrecarga de ferro
• Transmissão de doenças virais
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Terapia Transfusional
• Transfusão simples:
• Restaurar a capacidade de transporte de O2
• Restaurar o volume sangüíneo
• Exsangüíneo transfusões parciais:
• Melhorar a viscosidade do sangue
• Menor sobrecarga de ferro
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Terapia Gênica
• Utilização de um oligonucleotídeo
quimérico(SC1) composto de DNA-RNA vem
sendo estudado para correção direta da mutação
no alelo da hemoglobina -S
• SC1 é introduzido no interior das células B
homozigotas para mutação -S
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Terapia Gênica
• Após 6 horas há um nível detectável de conversão
gênica do alelo mutante em seqüência normal
• Para mensurar a eficiência da correção, foi
utilizado um PCR baseado na análise da restrição
de comprimento dos fragmentos polimórficos de
DNA (RFLPs).
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