Síndrome do Antifosfolípide - Sociedade Brasileira de Nefrologia

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SÍNDROME DO
ANTIFOSFOLÍPIDE
Disciplina de Nefrologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de
Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo

Colaboradores:

R4 Gustavo João Sebba
Dr. Osvaldo Merege Vieira Neto
Dr. Márcio Dantas
Dr.Gyl Eanes Barros Silva
Dr. Roberto Silva Costa


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SÍNDROME DO ANTIFOSFOLÍPIDE
DEFINIÇÃO
A Síndrome do Antifosfolípide

(SAF) é uma doença auto-imune
caracterizada

pela

associação

de

sintomas clínicos como trombose e/ou

perda gestacional e a presença de
anticorpos antifosfolípides.


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SÍNDROME DO ANTIFOSFOLÍPIDE
DEFINIÇÃO



Anticorpos antifosfolípides são uma família de
auto-anticorpos, incluindo anticorpos anticardiolipina

(ACA), anti-2-glicoproteína 1, anti-protrombina e
anticoagulante lúpico, dirigidos contra fosfolípideos
ou complexos de proteínas plasmáticas ligadas a
fosfolipídeos.


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SAF - CLASSIFICAÇÃO (ASHERSON
& CERVERA, 1994)



PRIMÁRIA (SAFP)

- Quando não está

associada a outras patologias.


SECUNDÁRIA (SAFS)
associada

a

outras

- Quando está

patologias

auto-imunes,

principalmente o LES, neoplásicas ou infecciosas.


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Prevalência da Síndrome
Antifosfolípide










35% de SAF em indivíduos com LES

AVC em indivíduos com idade inferior a 50 anos, a
frequência de ACA varia de 18-46%.
A frequência de ACA em mulheres com perdas fetais
recorrentes varia de 12-15%.
É mais comum em mulheres (5:1) caucasianas (85-90%
dos casos).
Se não anticoagulado, há risco de desenvolver
trombose em 50% dos indivíduos com SAF no período
de dois anos.


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SAF - CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS
(WILSON et al., 1999)


CLÍNICOS
• 1 ou + episódios de trombose vascular
• Morbidade gestacional





3 ou + abortamentos espontâneos consecutivos (<10 sem.)
1 ou + mortes inexplicadas de fetos morfologicamente
normais (>10 sem.)
1 ou + nascimentos prematuros de crianças
morfologicamente normais (<34 sem.) devido préeclêmpsia grave, eclâmpsia ou insufuciência placentária.


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SAF - CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS
(WILSON et al., 1999)


LABORATORIAIS
• Anticorpo anticardiolipina,

IgG

ou

IgM,

em

títulos

moderados ou altos, em 2 ou mais ocasiões, com intervalos de 6 ou +
semanas e pesquisados por um ELISA padronizado para anticorpos
anticardiolipina dependente de 2-GP1.

• Inibidor Lúpico

presente no plasma em 2 ou + ocasiões, com

intervalos de 6 ou + semanas, detectados conforme as diretrizes da
Sociedade Internacional em Trombose e Hemostasia, Subcomitê em

Inibidor Lúpico/Antifosfolípides.


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SAF - CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS
(WILSON et al., 1999)



A presença de 1 critério clínico

e 1 critério laboratorial
confirma o diagnóstico de SAF.


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O prolongamento do TTPa pode ser
usado como exame de rastreamento
para as pacientes com história clínica de
trombose,
perda
fetal
e
trombocitopenia.


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SAF - Trombose Arterial e Venosa








Os eventos trombóticos podem ocorrer em
quase toda a árvore vascular.
As veias superficiais e profundas dos MMIIs
são os locais mais frequentes de trombose
venosa.
A TVP pode ser complicada por tromboembolismo pulmonar em 1/3 dos casos.
O AVC isquêmico é a forma mais comum de
trombose arterial na SAF


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MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS :
TROMBOSE VENOSA












Extremidades: Trombose venosa profunda
Tromboflebite superficial
Fígado:
Síndrome de Budd-Chiari
Hepatomegalia e > transaminases
Cérebro:
Trombose do seio sagital
Supra-renais: Doença de Addison
Pulmão:
Tromboembolismo e Hip. pulmonar
Rim:
Trombose de veia renal
Pele:
Nódulos, máculas e úlceras
Olhos:
Trombose de veias retinianas


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MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS :
TROMBOSE ARTERIAL












Extremidades: Isquemia, gangrena
Cérebro:
Acidente vascular cerebral, S Sneddon
Demência por múltiplos infartos
Coração :
Infarto do miocárdio, angina,
Miocardiopatias e arritmias
Rim:
Trombose da artéria renal e
Microangiopatia trombótica renal
Fígado:
Infarto hepático
Hiperplasia nodular regenerativa
Pele :
Gangrena, úlceras e livedo reticular
Olhos:
Trombose de artérias retinianas


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SAF - Manifestações
Neurológicas


Acidente Vascular Isquêmico não-embólico



Ataque isquêmico transitório.



Coréia.



Migrânea



Sindrome de Sneddon



Convulsões



Mielite transversa



Esclerose lupóide


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SAF- Manifestações Dermatológicas


Livedo reticular - erupção purpúrica,

mosqueada, mais proeminente nas
extremidades. Está associado a trombose

arterial e venosa e Síndrome de Sneddon
(AVC múltiplos + HAS).


Tromboflebites superficiais.



Úlceras cutâneas de MMIIs.



Gangrena digital, piodermites.


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SAF - Manifestações Cardíacas




Presença de vegetações, regurgitação e
estenose valvulares são comuns em pacientes
com L.E.S. e ACA + .
Trombose de artérias coronárias e a
endocardite de Libman-Sacks também podem
ocorrer.


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SAF - Manifestações Hematológicas








Trombocitopenia no L.E.S. está associado com
ACA + em 70% dos pacientes.
Trombocitopenia na SIDA está associada com
ACA + em 80% dos pacientes.

Síndrome de Evans (AHAI, esplenomegalia e
trombocitopenia), o ACA + em 90% dos
pacientes.
Na SAF, a trombocitopenia é moderada
(>50.000) e não está associada a hemorragia.


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SAF - Manifestações Renais






O envolvimento renal na SAF ocorre por volta de
25% dos pacientes que desenvolvem a forma
primária.
Podem ocorrer oclusões vasculares, manifestandose através de hipertensão arterial, perda insidiosa
da função renal (mesmo na ausência de proteinúria)
e dor abdominal por infarto renal ou trombose da
veia renal.
A trombose pode desenvolver-se em qualquer
localização dentro dos vasos renais, no tronco ou
ramos da artéria renal, arteríolas e artérias
intrarenais, capilares glomerulares e veia renal.


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SAF - Manifestações Renais



Em estudo publicado por NOCHY et al envolvendo 16
pacientes com SAF primário e seus aspectos clínicos e
histopatológicos foram encontrados:
Manifestações renais em 16 pacientes com
SAF primária
- HAS
93% (15)
- IRC
87% (14)
- Proteinúria (0,2-7g/d)
75% (12)
- Hematúria
56% (9)
- Anemia microangiopática 6% (1)
- Sd. Nefrótica
6% (1)


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SAF - Manifestações Renais


Achados histopatológicos em 16 casos de SAF
primária:








Arterioloesclerose
Hiperplasia fibrosa de íntima (HFI)
Tiroidização tubular
Oclusão arteriolar(AO)
Atrofia cortical focal (ACF)
Trombose em organização
Microangiopatia trombótica (MAT)

75% (12)
75% (12)
75% (12)
68% (11)
62% (10)
37% (6)
31% (5)


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SAF - Manifestações Renais


Forma aguda da nefropatia da SAF:
• Microangiopatia trombótica (MAT) com
trombos de fibrina em arteríolas.
Mesangiólise e interposisação mesangial
difusa com numerosos duplos contornos
podem aparecer. Imunofluorescência não
mostra deposição de imunoglobulinas.


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SAF CATASTRÓFICA






Síndrome aguda, disseminada, com oclusões vasculares
múltiplas.

Quadro Clínico: disfunção renal (por infarto renal),
doença cerebro- vascular, infarto do miocárdio, TEP e
HAS. ACA e IL ambos positivos.
Evento desencadeante precedendo: infecção viral, uso
de medicamentos ou período pós- parto. É fatal em
40% dos casos.


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Tratamento da SAF










AAS, 100mg/dia – objetiva aumentar os
níveis de prostaciclina sérica.
Anticoagulação Oral com antagonistas da
Vitamina K (marevan ou marcoumar),
mantendo o INR entre 2,5 – 4,0.
Heparina s.c., 5.000 UI/12 em 12 horas, nos
casos em que a ACO não foi possível.
Hidroxi-Cloroquina – 400 mg/dia – inibição
da agregação e da ativação plaquetária.
Corticosteróides e Imunossupressores são
inefetivos na prevenção de novos episódios
de trombose


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Bibliografia












Neto Cuvello A, Envolvimento renal na síndrome do anticorpo
antifosfolípide, J Bras Nefrol 20 (1): 55-59, 1998
Paulo Louzada Jr., Selvio Machado Simon, Júlio C. Voltarelli &
Eduardo A. Donadi, Síndrome do anticorpo antifosfolipíde,
Medicina, Ribeirão Preto, 31: 305-315, abr./jun. 1998.
Nochy D, Daugas E, The Intrarenal Vascular Lesions associated
with Primary Antiphospholipid Syndrome , JASN 10: 506 – 518,
1999
Macedo CS, et al.Trombose da artéria renal e síndrome do
anticorpo antifosfolípide: relato de caso, Jornal de Pediatria - Vol.
77, Nº6, 2001.
Daugas E., Nochy D. , Anthiphospholipid Syndrome Nephropathy in
Systemic Lupus Erythematosus, JASN 13, 42 – 52, 2002.
Jerrold S., Levine, The Antiphospholipid Syndrome. NEJM, Vol
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