Aula Vestibular PUC-PR Prova de Filosofia

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Prova de Filosofia
Tema 1
FOUCAULT, Michel. Vigiar e Punir:
nascimento da prisão. RJ, Vozes, 2009
Disciplina: os corpos dóceis
Panóptico
Como definir o momento em que
vivemos? Seria a pós - modernidade a
condenação do indivíduo? Contra o que
lutamos? Quais projetos de sociedade
seriam implantados caso, o modelo em
que vivemos, fosse destruído?
Algumas dessas perguntas, podem ser
esclarecidas e não respondidas, tendo
como
suporte
a
compreensão
do Panóptico.
Uma sociedade onde o poder é exercido,
de forma que ninguém consegue
identificar os seus executores. Cria-se um
controle psicológico em que os indivíduos
se auto-controlam, se fiscalizam.
O primeiro a conceber essa ideia, foi o
filósofo inglês Jeremy Bentham.
• O projeto era para ser uma prisão modelo,
para a reforma dos encarcerados. Mas, por
vontade expressado do autor, foi também
um plano para todas as instituições
educacionais, de assistência e de trabalho,
o esboço de uma sociedade racional. O
projeto, era de 1789, o mesmo ano em que
a burguesia tornava-se a classe social
dominante no mundo ocidental.
• Michel Foucalt ao estudar a sociedade
disciplinar,
constata
que
a
sua
singularidade reside na existência do desvio
diante da norma. E assim para "normalizar"
o sujeito moderno, foram desenvolvidos
mecanismos e dispositivos de vigilância,
capazes de interiorizar a culpa e causar
remorsos pelos seus atos.
• Para Jeremy Bentham dominar era
distribuir os corpos em difersificadas
superfícies (prisões, manicômios, escolas,
fábricas).
Deontologia
• Deon: dever obrigação, logos: ciência;
• Jeremy Bentham cunhou o termo em 1834;
• Parte da Filosofia Moral e/ou da Ética Normativa.
Deontologia
• É um tratado do dever ou do conjunto dos
deveres, princípios e normas adotadas por um
determinado grupo profissional.
• O Panóptico era um edifício em forma de anel, no meio
do qual havia um pátio com uma torre no centro. O
anel dividia-se em pequenas celas que davam tanto
para o interior quanto para o exterior. Em cada uma
dessas pequenas celas, havia, segundo o objetivo da
instituição, uma criança aprendendo a escrever, um
operário a trabalhar, um prisioneiro a ser corrigido, um
louco tentando corrigir sua loucura, e na torre, havia
um vigilante.
• Como cada cela dava ao mesmo tempo para o interior
e para o exterior, o olhar do vigilante podia atravessar
toda a cela, não havia nenhum ponto de sombra e, por
conseguinte, tudo o que o indivíduo fazia estava
exposto ao olhar de um vigilante que observa através
de persianas, de pequenas aberturas de modo a poder
ver tudo sem que ninguém ao contrário pudesse vê-lo.
• O panoptismo corresponde à observação total, é a
tomada integral por parte do poder disciplinador da
vida de um indivíduo. Ele é vigiado durante todo
tempo, sem que veja o seu observador, nem que
saiba em que momento está a ser vigiado. Ai está a
finalidade do Panóptico.
• O Panóptico organiza espaços que permitem ver,
sem ser vistos, portanto, uma garantia de ordem.
Assim, a vigilância torna-se permanente nos seus
efeitos, mesmo que não fosse na sua ação. Mais
importante do que vigiar o prisioneiro o tempo
inteiro, era que o mesmo se soubesse vigiado. Logo,
não era finalidade do Panóptico fazer com que as
pessoas fossem punidas, mas que não tivessem a
oportunidade para cometer o mal, pois sentiriam-se
mergulhadas, imersas num campo de visibilidade.
• Em suma, o Panóptico desfaz a necessidade de
combater a violência física com outra violência
física combatendo-a antes, com mecanismos de
ordem psicológica.
• Todo Panóptico, na verdade, é estruturado como
uma ficção, é precisamente a aparente
onipresença do inspetor que sustenta a perfeita
disciplina, controlando os movimentos e
transgressão entre os internos. Entretando, como
a onipresença não pode ser um atributo humano,
resta forjá-la, simulá-la, quer por rondas
aleatórias, quer pela arquitetura do lugar, que
permite a cada um dentro das celas ser
facilmente visto, ao mesmo tempo em que
dificilmente vê quem VÊ.
• Em última análise, o inspetor perfeito, é aquele que
nunca aparece, mas que pode aparecer em qualquer
instante. O inspetor perfeito é, enfim, uma voz, um
olho, um ofício carimbado, uma sombra indistinta no
fundo do corredor. O inspetor torna-se então, uma
espécie de fantasma.
• "O Panóptico (...) permite aperfeiçoar o exercício do
poder. E isto de várias maneiras; porque pode reduzir o
número dos que o exercem, ao mesmo tempo que
multiplica o número daqueles sobre os quais é
exercido." Michel Foucault
• As instituições panópticas são leves e fáceis de
manipular, utilizam princípios simples de correção e
adestramento. É uma espécie de campo experimental
de poder, assegura a sua economia, a sua eficácia e o
seu funcionamento.
Questão PUC-PR 2011
Um dos conceitos centrais da obra do filósofo francês Michel
Foucault é o de sociedade disciplinar. Sobre esse conceito, analise
as assertivas abaixo:
I. Trata-se de um modelo de sociedade no qual o exercício do
poder disciplinar saiu do âmbito corretivo e punitivo das
penitenciárias e alcançou a sociedade nas suas várias instituições.
II. Trata-se de um modelo de controle dos indivíduos através de
ameaças e amedrontamentos constantes e diretos, geralmente
pela via da agressão e da violência.
III. Trata-se de um conjunto de procedimentos que marcam as
relações sociais pela via do exercício de um poder baseado em
modelos fechados de um poder central, que usa o suplício do
corpo como forma de repressão dos delitos.
IV. Trata-se de um exercício de poder marcado pela tentativa de
abrandamento das penas de suplício e da criação de um
mecanismo mais eficaz contra os delitos, baseado, por exemplo, na
vigilância.
Está(ão) CORRETA(S):
A) Apenas as assertivas I e IV.
B) Apenas as assertivas II e III.
C) Apenas as assertivas I, II e III.
D) Todas as assertivas.
E) Apenas a assertiva I.
Questão PUC-PR 2011
Para Foucault, as sociedades democráticas criaram uma
nova forma de exercício de poder. Entretanto, segundo ele:
“A ‘invenção’ dessa nova anatomia política não deve ser
entendida como uma descoberta súbita. Mas como uma
multiplicidade de processos muitas vezes mínimos, de
origens diferentes, de localizações esparsas, que se
recordam, se repetem, ou se imitam, apoiam-se uns sobre
os outros, distinguem-se segundo seu campo de aplicação,
entram em convergência e esboçam aos poucos a fachada
de um método geral. Encontramo-los em funcionamento
nos colégios, muito cedo; mais tarde nas escolas primárias;
investiram lentamente o espaço hospitalar; e em algumas
dezenas de anos reestruturam a organização militar.
Circularam às vezes muito rápido de um ponto a outro
(entre o exército e as escolas técnicas ou os colégios e
liceus), às vezes lentamente e de maneira mais discreta
(militarização insidiosa das grandes oficinas). A cada vez, ou
quase, impuseram-se para responder a exigências de
conjuntura: aqui uma inovação industrial, lá a
recrudescência de certas doenças epidêmicas, acolá a
invenção do fuzil ou as vitórias da Prússia”. (Vigiar e Punir,
p. 118).
Segundo o autor, pode-se afirmar que:
I. A partir do século XVII se desenvolve nas sociedades
chamadas democráticas uma nova forma de exercício de
poder, no que tange aos modos de punição e disciplina, que
se distingue daquela usada nos regimes absolutistas
europeus.
II. A partir dos séculos XVII se verifica o crescimento de um
modelo de exercício da disciplina que usa como parâmetro
os mesmos moldes dos regimes absolutistas, ou seja, a
punição direta sobre os corpos como forma de restituição
do poder central.
III. A partir do século XVII o poder passa a ser usado como
forma de repressão sobre o corpo dos indivíduos a partir de
um poder central, aos moldes dos modelos absolutistas.
IV. O modelo do panóptico serve de exemplo de um novo
mecanismo de poder no qual se privilegia o controle do
tempo, a organização do espaço e o registro continuado da
conduta dos indivíduos.
Está(ão) CORRETA(S):
A) Apenas as assertivas II e III.
B) Apenas as assertivas I e IV.
C) Apenas as assertivas I, II e III.
D) Todas as assertivas.
E) Apenas a assertiva I.