Transcript Slide 1 - ProlicenMus
5
A Educação na Idade Média - Conteúdo
Introdução
Idade Média
Idade Média: natureza do humano e do conhecimento
A Patrística
A Escolástica
Expoentes da Patrística e da Escolástica
Material elaborado para o Curso de Licenciatura em Música da UFRGS e Universidades Parceiras, do Programa Pró-Licenciaturas II da CAPES. Produzido pela equipe do CAEF. Porto Alegre, 2010 2
Filosofia da Educação
5
A Educação na Idade Média - Conteúdo Introdução
Nesta unidade veremos, de maneira sucinta, o sentido da educação na Idade Média; de maneira sucinta, breve, porque qualquer tentativa de capturar tal sentido seria necessariamente limitada, seja por força do longo período abrangido – século V ao século XV –, seja em função das distintas acepções de formação que se construíram à época em face das concepções de natureza humana, de conhecimento e de autoridade. Sendo assim, nossa viés filosófico da questão.
análise procederá
apenas
pelo Ademais, uma e noção pode orientar nossa investigação: a relação (por vezes conciliatória) entre fé razão na Idade Média. Tal relação permite vislumbrar o contexto histórico de formação de uma ideia de educação e pedagogia nitidamente associada a um trabalho interessado de conversão.
Material elaborado para o Curso de Licenciatura em Música da UFRGS e Universidades Parceiras, do Programa Pró-Licenciaturas II da CAPES. Produzido pela equipe do CAEF. Porto Alegre, 2010 3
Filosofia da Educação
5
A Educação na Idade Média - Conteúdo Idade Média
Sob o ponto de vista do Renascimento, por vezes tendencioso, como bem aponta Maria Arruda Aranha (2006), a Idade Lúcia de Média foi caracterizada como Idade das Trevas ou Era do Obscurantismo.
Sobremaneira influenciada pela Igreja Católica, que acabou definindo filosoficamente e teologicamente um sentido de humano, de conhecimento e de Deus, a Idade Média cooperou para a consolidação do pensamento metafísico e, nesse sentido, para a afirmação de uma instância superior ao homem, supra-sensível, supra-inteligível, real e perfeita que o condicionaria e o determinaria.
Material elaborado para o Curso de Licenciatura em Música da UFRGS e Universidades Parceiras, do Programa Pró-Licenciaturas II da CAPES. Produzido pela equipe do CAEF. Porto Alegre, 2010 4
Filosofia da Educação
5
A Educação na Idade Média - Conteúdo Idade Média: natureza do humano e do conhecimento
Tal como na Antiguidade, na Idade Média o Homem é concebido como produto moldado por um Demiurgo, por um Deus artesão, um Deus oleiro. É Deus quem cria, para os Cristãos, os homens à Sua imagem e semelhança. Porém, a imagem material não passa senão de um reflexo da imagem ideal do homem, de seu bem, a beleza e a porque na idade espírito que enseja e que busca, sempre e necessariamente, o justiça (entre os gregos antigos essa busca consiste na média a
Paidéia
é cristianizada).
Paidéia
, isso explica Se o pensamento metafísico da Antiguidade pregava a existência de uma como vimos, parte de um plano ideal, perfeito e universal, no qual tudo
essência
– que seria, é bom, belo e justo –, e que para se vê atualizado em duas tendências interpretativas e doutrinárias (pedagógicas) da Igreja Católica – que, amparada pela idéia da Ressurreição de Cristo, prega a existência de um mundo ideal, conhecê-la era necessário dar-se ao exercício do filosofar, no Medievo esse pensamento paradisíaco, cuja entrada dependeria de uma prática ascética que negaria o mundo material e as paixões que dele derivariam. Essas duas tendências interpretativas e doutrinárias (pedagógicas) são: a Patrística e a Escolástica.
Tanto em uma como em outra dados por uma tendência é possível verificar que os parâmetros da educação são compreensão de “ser humano como criatura divina, de passagem pela terra e que deve cuidar, em primeiro lugar, da salvação da alma e da vida eterna” (Aranha, 2006, p.114).
Material elaborado para o Curso de Licenciatura em Música da UFRGS e Universidades Parceiras, do Programa Pró-Licenciaturas II da CAPES. Produzido pela equipe do CAEF. Porto Alegre, 2010 5
Filosofia da Educação
5
A Educação na Idade Média - Conteúdo A Patrística
A
Patrística
primeira designa a primeira exposição racional da doutrina religiosa; em outras palavras, a patrística diz respeito à filosofia cristã dos primeiros séculos (Abbagnano, 2007, p.868); essa tendência interpretativa e doutrinária se situa na Alta Idade Média, ou seja, no começo da formação medieval. Nela vemos uma retomada da teoria de Platão; teoria essa que nas mãos dos padres da Igreja (Católica) recebe um tratamento e um sentido cristãos.
Na
Patrística
é pregada uma rigorosa ética moral que se vê expressa na prática ascética, no controle racional das paixões – o que deixa entrever a predileção pelas coisas espirituais, supra sensíveis. A finalidade da educação é fornecer o caminho para Deus, para sua verdade e bondade, para a para todos os iluminação. Vale salientar, contudo, que esse conhecimento não era facultado indivíduos, uma vez que apenas alguns eleitos teriam acesso a ele, pois trariam desde seu nascimento tal conhecimento consigo alguns – o que explicaria também porque somente indivíduos seriam capazes de transmitir tal verdade.
A verdade, por sua vez, era concebida como algo incontestável e irrefletido, porquanto era revelação e não descoberta. A crença religiosa condenava, inclusive, qualquer conhecimento experimental. Tal proibição atesta a retração do pensamento e da ciência à época medieval – que justifica, ao fim e ao cabo, a remissão dos renascentistas como idade das trevas. A autoridade baseava-se na detenção do saber real, verdadeiro, divino, e pertencia aos indivíduos que supostamente teriam acesso em maior grau de Deus – por força de uma vida ascética e contemplativa: os padres e os monges.
Material elaborado para o Curso de Licenciatura em Música da UFRGS e Universidades Parceiras, do Programa Pró-Licenciaturas II da CAPES. Produzido pela equipe do CAEF. Porto Alegre, 2010 6
Filosofia da Educação
5
A Educação na Idade Média - Conteúdo A Escolástica
A
Escolástica
, por sua vez, homem compreendesse a verdade revelada (Abbagnano, 2007, p.401).
fundam as universidades, visto que essas É a partir dela que se instituições tinham como objetivo sistematizar a doutrina. Se na Alta Idade é uma especulação filosófica e teológica que buscava fazer com que o Média predominava o misticismo, na baixa idade média, período em que se situa a
Escolástica
, Ainda assim, na é perceptível um progressivo interesse pelo exame racional do mundo.
Escolástica
, os teólogos procuravam “apoiar a fé na razão, a fim de melhor justificar as para crer era crenças, converter os não-crentes e combater os infiéis” (Aranha, 2006, p.114). Nela, necessário compreender, assim como para compreender era necessário crer.
A maior contribuição da Escolástica diz respeito ao método. O próprio sentido de escolástico está ancorado nesse aspecto de fundo mais pedagógico, porquanto
Escolástica
designa a filosofia ensinada nas escolas, e,
Escolástico,
tanto o professor das artes liberais (numa primeira fase de desenvolvimento), como, mais tarde, o professor de filosofia e teologia, o p.114). A
Escolástica
compreendia um
magister
(Aranha, 2006, currículo e um método. O currículo tinha por base as sete artes liberais abarcava a – porque decorrentes da razão –, divididas entre o
trivium
gramática, a retórica e a dialética, ao passo que o
quadrivium
e o a
quadrivium
. O
trivium
aritmética, a música, a geometria e a astronomia. O método escolástico de ensino consistia, por sua vez, na
lectio
(leitura) e na
disputatio
(discussão, disputa). Esse exercício era, contudo, realizado sob a orientação e rígida supervisão do
magister
, que era a autoridade do saber e, por conseguinte, representante da Igreja (Aranha, 2006, p.115).
Material elaborado para o Curso de Licenciatura em Música da UFRGS e Universidades Parceiras, do Programa Pró-Licenciaturas II da CAPES. Produzido pela equipe do CAEF. Porto Alegre, 2010 7
Filosofia da Educação
5
A Educação na Idade Média - Conteúdo Expoentes da Patrística e da Escolástica
O maior expoente da
Patrística
foi Santo Agostinho. Sua escrita verdade, no testemunho, ou melhor, na é confessional, ela consiste na apresentação de seu processo de conversão – da passagem de uma vida desregrada para uma vida nova, dedicada à verdade e sua contemplação, ancorada nos preceitos da Igreja. Santo Agostinho adapta a teoria platônica das idéias para justificar a crença religiosa na existência de um mundo ideal, onde se encontra a verdade, a luz, e um mundo de aparências, ilusões e erro, o mundo material.
O maior expoente da pensamento de Aristóteles (mais sistemático e categórico que Platão) à visão cristã. Para São Tomás de Aquino, a razão não era inimiga da revelação, posto que algumas verdades, ainda que divinas,
Escolástica
foi São Tomás de Aquino, filósofo/teólogo que adaptou o não poderiam ser provadas se não pelo uso da razão.
Bom, como pudemos perceber, a Idade Média foi sobremaneira influenciada pela Igreja Católica que se utilizou da Filosofia para defender a fé cristã e propor um sentido de humano, de conhecimento, de verdade e, por conseguinte, de pedagogia. O predomínio da temática religiosa no Medievo não determinou apenas um currículo, mas uma finalidade educativa: a de converter os pagãos em cristãos.
Material elaborado para o Curso de Licenciatura em Música da UFRGS e Universidades Parceiras, do Programa Pró-Licenciaturas II da CAPES. Produzido pela equipe do CAEF. Porto Alegre, 2010 8
Filosofia da Educação