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o
INTERVENÇÃO PRECOCE:
Um Olhar que Recorta a Clínica da
Primeira Infância. Fazendo a Diferença.
Suzana Marosin de Oliveira
• Terapeuta Ocupacional
• Especialista em Estimulação Precoce – Formação em
Psicanálise
O ENFOQUE COMPREENDE:
•
O atendimento de crianças recém – nascidas, até dois anos e onze
meses;
•
Diferentes linhas teórica de intervenção - interdisciplina, conceitos
transdisciplinares;
•
Como principal objetivo, um trabalho com um caráter profilático
preventivo, pois empresta seu olhar e escuta, assim como sua
intervenção, com a criança e seus pais, ou quem ocupa este lugar
de cuidador, desde os primeiros tempos do desenvolvimento
estrutural e global de seu desenvolvimento;
•
Intervenção, que podemos denominar - secundária, favorecendo a
constituição subjetiva do bebê, nas relações que este estabelece
com algumas pessoas centrais para sua existência;
•
dar sentido simbólico para sua existência, possibilitando deflagrar
seu interesse pela exploração do que está a seu redor.
DE QUE SE TRATA?
O Estimulador Precoce
Conforme Alfredo Jerusalinsky:
“...O papel do estimulador precoce define-se mais
claramente como a intervenção na relação mãe e
filho, para ajudar a criança e sua família a
resolverem a problemática do desenvolvimento nos
processos instrumentais, quando se fazem
presentes perturbações que impedem a resolução
espontânea desta problemática”.
“Se pensarmos num eixo, central e periférico, as
ferramentas que um sujeito vale-se para fazer os
intercâmbios e facilitar a construção do mundo e de
si mesmo, encontram-se perifericamente. Sua
ausência ou déficit, não o impedirão de estruturar-se
como pessoa, poderão acarretar transtornos e/ou
atrasos, às vezes importantes. Psicomotricidade,
linguagem, aprendizagem, hábito, jogo e processos
práticos de socialização são instrumentos para
expressar, dizer, experimentar, intercambiar, regular,
averiguar, entender, etc., ou seja para realizar tudo
aquilo que o sujeito, desde a sua estruturação
demanda”;
“ ... antes dos três anos, a indiferenciação dos
sistemas requer uma especialidade que se
ocupe unificadamente de todos os aspectos
instrumentais, de modo que neste período este
lugar é ocupado pela estimulação precoce.
Sendo ainda extremamente estreita a relação
entre as estruturas básicas e os instrumentos
que a criança se vale, o trabalho interdisciplinar
que abarque os âmbitos neurológicos,
psicanalítico, psicológico-cognitivo, psicomotor,
fonoaudiológico, psicopedagógico, recreativo,
tornam-se indispensáveis;”
“... desde seu papel, o Estimulador
Precoce, vem cobrir desde o explícito, o que
não é coberto pela função materna, seja
porque a mãe não o exerce, seja porque a
criança deficitária não o registra.
Precisamente o Estimulador Precoce conta
com o recurso técnico para chegar até a
criança apesar de seu débil ou fraturado
sistema de registro, compensando as
possibilidades de seu déficit”.
“
Sensório Motor
0 a 24 meses
Primeiro Trimestre - de 0 a 3 meses
• reflexos inatos - precisam
de estímulos para
funcionarem;
• de 20 a 30 dias – começam
a funcionar os primeiros
hábitos de ação, relações
circulares primárias ou
primeiro esquema sensóriomotor.
• nasceu o bebê, um
“montinho de carne”,
respondendo por reflexos
arcaicos. A mamãe, tomada
por uma hipersensibilidade
afetiva com força de impacto
cativante, toma este bebê na
fusão imaginária ao corpo
materno. Sendo este, seu
lugar originário.
• o bebê, estará
desenvolvendo um por si, os
esquemas sensório motores: sucção, audição,
preensão, onde, aos poucos
os esquemas vão se intra –
integrando surgindo a
assimilação recíproca;
• primeiras marcas
simbólicas, tempo das
primeiras inscrições. A mãe
irá montando uma trama
significativa, que enlaçará as
vias oral, escópica, auditiva,
e olfativa, o tônus muscular
e as vias labirínticas;
• exemplo: amamentação, o
primeiro esquema que se
organiza é o olfato, o bebê
sente o cheiro da mãe e
dirige – se ao seio materno.
Surgindo a assimilação
recíproca.
• processo decisivo com
relação ao desejo do Outro,
pais e escola, aos prováveis
processos lesivos ou
favoráveis na estruturação
deste bebê. Ele está sendo
“tomado como bebê ou
coisa”.
• segundo mês: olho,
ouvido e movimentação
de rotação de pescoço,
resposta social, (sorrisos)
e as fonações.
• o quanto a palavra é
decisiva na relação com o
outro, “falando” do desejo
inconsciente em relação a
este bebê;
• terceiro mês: acrescenta
- se a coordenação mão –
boca a estes esquemas, já
poderá brincar com o seu
próprio corpo, mas não
ainda com o mundo,
caracterizando a relação
circular primária;
• se as marcas da relação
com o Outro, forem
tortuosas, aparecerão
sintomas como por
exemplo:
FRANÇOISE DOLTO
“os bebês que choram, vomitam e tem cólicas,
estão sentindo angústia”
Cantar, abraçá-los e dançar com eles
“as crianças anoréxicas, são geralmente,
excessivamente adestradas de forma rígida.
Ou crianças que são proibidas pelos pais da
aquisição da autonomia corporal. Por tanto,
são pais rígidos que anulam o sujeito
desejante”.
• Cólicas idiopáticas – iniciam a partir do oitavo e
décimo dia e seus sintomas geralmente iniciam ao
entardecer ou a noite. O bebê chora e grita após ter
mamado ( flexão de tronco e grande agitação
motora). Pode dar a impressão de fome violenta. Se
der mais alimento piora o quadro, pois o exercício
de motor de sucção trás um alívio momentâneo, mas
a dor piora em algumas horas.
•
Super permissividade ansiosa primária da mãe em
alimentar o bebê.
• Pode ser provocada pela hostilidade inconsciente
da mãe em relação ao bebê.
“Frente a um filho não pode ter recuo”, então
alimentar a pedido é uma forma de se aliviar da
hostilidade inconsciente.
Posicionar em DV, balançar e oferecer chupeta.
• Mericismo – disfunção anciogênica – se trata de
mães que limitam sua relação com o bebê ao
alimento. O bebê compreende que esta é a única
relação que pode estabelecer com a mãe, por tanto,
regurgita tudo o que come. Assim convoca a mãe a
repor este alimento, ficando com ela por um tempo
mais prolongado.
Intervir nesta relação.
• “ Época de organização do oralismo primário. Os
contatos do RN passam da transfusão (cordão) para
a incorporação (boca)”.
Aproximadamente, com um mês de vida, o bebê, tem
uma necessidade de succionar - Chupetas
• Outra forma de Mericismo
O quadro aparece no final do segundo semestre –
facilidade intensa de devolver o alimento a boca. É
um tipo de regurgitação provocado por esforços
intensos (volitivo). O alimento é mastigado e
engolido novamente – ruminação do alimento. Isto
se produz, quando a criança está a sós, mantendose isolada, imóvel e relaxada. Pode estar associado
a outros tipos de manifestações auto-erotismos tais
como: balanceio de cabeça, sucção do dedo, ...
Síndrome de Privação Materna - a criança organiza
um feed back indefinido, tipo um fort dá faz
reaparecer e desaparecer o objeto quando o engole.
Segundo Trimestre
De 4 a 6 meses
• começa a se organizar
as relações circulares
secundárias, ele começa
a diferenciar o objeto.
Este é interessante
enquanto pode realizar
os movimentos de seu
desejo;
• Quanto mais enfática
tenha sido a relação com
a mãe, mais o bebê vai
tolerar substituí-la por
objetos;
• Organiza sequências de
tempo meio e espaço,
diferencia um antes e um
depois, organizando o
• começa a discriminar
espaço imediato.
meios e fins, mas só nos
Organiza a memória, local
seus esquemas
onde suas ações
circulares. Ex: móbile.
acontecem
Silvia Molina
refere em relação:
“a teoria piagetiana diz que a criança, ao se
confrontar com conflitos, para resolvê-los,
cria estratégias a partir de esquemas que já
dispõe. Se assim o é, ao se defrontar com os
obstáculos da aprendizagem formal, a
criança terá que recorrer ás experiências
anteriores que são esmagadoramente
psicomotoras. Se no lugar destas
experiências houver um buraco, não haverá
aprendizagem”.
• A criança necessita brincar
de aparecer e desaparecer;
Fort-dá
Função Paterna
O objeto é um substituto
materno
Avaliação a estruturação deste
bebê:
• Neurose
• Psicose - Autismo
Momento da relação
especular, onde o
narcisismo secundário
torna-se evidente, marcado
pela interdição paterna. A
criança começa a se nomear
como “eu”, sendo o
momento do Fort-dá, o seu
ponto de partida. A criança
encontra na castração a
constatação dolorosa, feita
por ela, da diferença que a
separa da imagem, deixando
de ser o duplo do outro
organizando a imagem do
corpo próprio.
Terceiro Trimestre
de 7 a 9 meses
• a criança tenta liberar
obstáculos para pegar o
objeto, diferenciando
relações de meios e fins
entre os objetos;
•Cada vez mais
estabelece constâncias.
Pela primeira vez
organiza grupos práticos
de deslocamentos;
• já organizou a
necessidade, na ação
age com
intencionalidade.
• logo a seguir, ela
deixa de lado todos os
passos e vai direto ao
lugar visível do objeto
Aparece a:
DEPRESSÃO FISIOLÓGICA
do oitavo mês.
“ESTRANHAMENTO”
Quarto Trimestre
de 10 a 12 meses
• O surgimento da
palavra e da
bipedestação, darão
provas do sucesso
deste momento de
estranhamento – perda
– separação. O que
permite que aos poucos
deixe de ser o duplo do
outro, organizando a
imagem de seu corpo.
De 12 a 24 meses...
A criança com posse da
bipedestação e da palavra,
constroe de maneira cada vez
mais ativa um lugar para si, desde
o qual poderá começar a se
nomear como “eu”
SUGESTÃO
MAPA DE DEMANDA
• Casos prioritários “graves" de
cada escola municipal;
OBJETIVO
• Solicitação – aos gestores da
Secretaria de Educação,
intervenha nesta demanda.
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
•
CORIAT, Lídia. Maturação psicomotora no primeiro ano de vida da criança.
Editora Moraes;
•
_________. Escritos da criança. Centro Lídia Coriat. Nº 04. ed.02. Porto Alegre;
•
_________. Psicanálise e desenvolvimento infantil: um enfoque
transdisciplinar. Artes Médicas: 1989.
•
CORIAT, Elsa. Psicanálise e clínica com os bebês. Artes e Ofícios: 1997;
•
JERUSALINSKY, J. Enquanto o futuro não vem – A psicanálise na clínica
interdisciplinar com bebês. Ágalma: 2002;
•
RODULFO, Ricardo. O brincar e o significante: um estudo psicanalítico sobre a
constituição precoce. Artes Médicas: 1990;
•
LEVIN, Esteban. A Clínica Psicomotora: O corpo na linguagem. Rio de Janeiro:
Vozes, 1995;
•
DOLTO, Françoise. Quando surge a criança. Tomos I, II e III. Editora Papirus.
OBRIGADA!
[email protected] – (51) 9972 9523