Fundamentos Teoricos - Município de Nonoai-RS

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Programa Primeira Infância Melhor
Fundamentos Teóricos
...“o processo de desenvolvimento infantil exige
oportunidades educativas, para além dos cuidados de
assistência a saúde, alimentação, proteção e guarda
da criança. As conquistas individuais, em termos de
desenvolvimento e aprendizagem, resultam de um
processo compartilhado, pois dependem tanto do tipo
e da qualidade das interações interpessoais quanto das
atividades mediadas pelo adulto e por outras crianças.
A partir das interações, a criança desenvolve suas
habilidades e competências, o que lhe permite
dominar níveis progressivamente mais
complexos de ação, pensamento, afetividade e
interação social. As contribuições de numerosos
teóricos e das investigações científicas vêm
demonstrando isso nas últimas décadas”.
Schneider; Ramires, 2007.
Neurociências
Ninguém precisa ensinar um bebê a respirar,
manter a temperatura do corpo, ou abrir e fechar
os olhos...
Mas o que permite que um bebê reconheça a voz
do pai, o toque materno ou o móbile em seu
berço?
As conexões nervosas modeladas pelas
experiências sensoriais.
Neurônios
Células nervosas que carregam
as mensagens elétricas dentro do
sistema nervoso
e do cérebro
Ao nascer, o cérebro tem 100 bilhões de neurônios, porém, as conexões
nervosas capazes de ativá-lo ainda precisam ser construídas e estabilizadas
Desafios, estímulos e exigências as quais as crianças são submetidas,
especialmente no período do nascimento até os 3 anos de idade
Sinapses
Ligação através da qual o axônio de um
neurônio pode sinalizar para o dentrito
de outro através de impulsos nervosos.
Neurônios
O cérebro de um
O cérebro já trabalha
bebê produz um
mesmo antes de estar
Células nervosastrilhão
que carregam
de sinapses a
pronto.
mais dentro
do que vai
as mensagens elétricas
do
Na gestação, são os
precisar. Ele é
genes que comandam
sistema nervoso
capaz de eliminar
o desenvolvimento
e do cérebro
aquelas ligações que
cerebral, mas o
Do nascimento até por
são raramente ou
ambiente tem um
volta dos três anos
nunca usadas – até os
papel
vital:
uso
de
Ao nascer, o cérebro tem 100 bilhões
de
neurônios,
porém, as conexões
ocorre o ápice
dez anos o número de
drogas,
nervosas capazes de ativá-lo
precisam
ser construídas e estabilizadas
dasainda
conexões
cerebrais.
sinapses será
má nutrição ou
Essa profusão de
reduzido drasticamente
uma infecção podem
conexões dá ao
deixando para trás
quebrar a precisão do
cérebro em
uma mente cujos
processo.
Desafios, estímulos e exigências
as
quais
as
crianças
são submetidas,
crescimento enorme
padrões de
especialmente no período do
nascimento
anos de idade
plasticidade
e até os 3 desenvolvimento
são
flexibilidade
únicos.
Sinapses
Aos
dois anos, o
cérebro infantil tem o
dobro de sinapses e
Ligação através
da qual o axônio de um
consome o dobro de
neurônio energia
pode sinalizar
para
que o cérebro
deo dentrito
de outro através
impulsos nervosos.
umde
adulto.
As Janelas de Oportunidade
Os neurônios enfrentam uma verdadeira luta pela sobrevivência: se
bem usados e bem sucedidos, eles fixam-se como instrumentos do
pensamento. Se mantidos inertes, é como se morressem.
A cada vela de aniversário que a criança assopra é como
se ela estivesse fechando janelas de oportunidade que
jamais serão abertas novamente – o tempo é essencial, não se pode
perder a idade de maturação cerebral.
O Cérebro Falante
Habilidade: linguagem
Janela aberta: até os 10 anos
O que se sabe: por volta do 1º ano
de vida, os circuitos do córtex
auditivo,
responsáveis
pela
transformação
dos
sons
em
palavras, estão ligados. Aos poucos,
as crianças perdem a capacidade de
identificar sons ausentes em sua
língua materna - a partir dos 10
anos a aprendizagem de um idioma
estrangeiro se torna mais penoso.
Aos 2 anos, quanto mais palavras
ouvir,
mais
rico
será
seu
vocabulário.
O que fazer: conversar com a
criança e contar histórias são
recursos simples e eficazes.
O Cérebro Musical
Habilidade: música
Janela aberta: dos 3 aos 10 anos
O que se sabe: é penoso aprender
a tocar um instrumentos depois dos
10 anos. A área do cérebro
dedicada ao movimento dos dedos
da mão esquerda são maiores entre
os instrumentistas. Crianças na
idade pré-escolar submetidas a
aulas de música aprimoraram o
raciocínio lógico-matemático.
O que fazer: cantar junto com a
criança
e
brincar
com
a
musicalidade das palavras.
O desenvolvimento cerebral
O cérebro do bebê é duas vezes mais ativo que o de um adulto.
É um órgão de imensa plasticidade, pois os hemisférios ainda não se
especializaram, ou seja, as conexões nervosas ainda estão em formação.
O bebê já nasce com todos os neurônios que irá utilizar pelo resto da vida,
as conexões, entretanto, ainda não estão totalmente desenvolvidas.
As fibras nervosas capazes de ativar o cérebro tem de ser construídas, e o
são pelas exigências, pelos desafios e pelos estímulos a que uma
criança é submetida, especialmente do nascimento aos 3 anos de idade.
O que você faz pelo seu filho
agora, vale para toda a vida.
Construtivistas
Sustentam que a inteligência é
construída a partir das relações
recíprocas do homem com o meio
Lev Vygotsky
Jean Piaget
Sócio - interacionista
Interacionista
Destaca as contribuições
da cultura, da interação
social e a dimensão
histórica do
desenvolvimento mental
Ênfase nos aspectos
estruturais e nas leis de
caráter universal (de
origem biológica) do
desenvolvimento
Lev Vygotsky
(1896 - 1934)
O indivíduo não nasce pronto nem é cópia do
ambiente externo. Em sua evolução intelectual há
uma interação constante e ininterrupta entre
processos internos e influências do mundo social.
Corrente
Sócio - interacionista
Lev Vygotsky
O desenvolvimento é fruto das experiências sociais e
culturais do indivíduo. Mas cada um dá um significado
particular a estas vivências.
O jeito de cada um aprender o mundo é individual,
mas para compreender o desenvolvimento dos
indivíduos precisamos entender as relações sociais
nas e pelas quais eles se desenvolvem.
Desenvolvimento
Aprendizagem
Vivências
significativas
Lev Vygotsky
Nível de Desenvolvimento Potencial
Zona de
Desenvolvimento
Proximal
O bom ensino
incide nesta
zona
Nível de Desenvolvimento Real
Lev Vygotsky
Ensinar o que a criança já sabe
Pouco desafiador
Ir além do que ela pode aprender
Ineficaz
Partir do que a criança domina
para ampliar seu conhecimento
Ideal
Piaget
O conhecimento não está no sujeito, nem no
objeto e nem no somatório dos dois. É a ação
existente entre o sujeito e um objeto que
permite ao sujeito construir seu conhecimento.
O sujeito interage com o meio e neste interação
constrói
o
conhecimento
através
de
descobertas e intervenções.
Corrente Interacionista
Piaget
Para resolver determinados problemas a criança
deve dispor de uma estrutura cognitiva que lhe
permita compreendê-los.
A forma de aprender e raciocinar da criança
passa por estágios.
Ela não se torna mais inteligente na medida em
que se desenvolve, ela passa a apresentar um
tipo de inteligência diferente do estágio
anterior.
Piaget
Estágios de Desenvolvimento
Período sensóriomotor
Período Préoperatório
A ação envolve os
órgãos sensoriais
e os reflexos
básicos e o
pensamento se dá
sobre as coisas
presentes.
A criança é
capaz de
representar
situações, é
o faz de
conta
Operatório
concreto
A criança é
capaz de
relacionar os
objetos e fatos,
concluíndo
raciocínios
Operatório
formal
O indivíduo é
capaz de
pensar de
forma abstrata.
Compreendem
conceitos como
amor e
democracia.
Piaget
A Moralidade da Autonomia
Heteronomia
Ser governado
Por outrem
O que permite que
algumas crianças
se tornem adultos
moralmente
autônomos?
Autonomia
Trajetória da criança
Ser governado por
si próprio
Capacidade
de
tomar
decisões, considerando o
ponto de vista dos demais e
agindo para o bem de todos.
Piaget
O que permite que algumas crianças
se tornem adultos moralmente autônomos?
A heteronomia cede lugar à autonomia, nos ambiente onde os
indivíduos
conseguem
estabelecer
uma
relação
de
reciprocidade, onde a fonte da obrigação é o respeito mútuo e
não a imposição de regras sem o devido respeito aos diferentes
pontos de vista.
Recompensas e
castigos
Reforçam a heteronomia
natural das crianças.
Dificultam a formação
dos valores morais.
Troca de pontos de vista
Estimulam o desenvolvimento
da automonia.
Piaget
Punição
Privar uma criança de brincar
na rua por dizer mentiras.
Brincar na rua e
mentir: relação arbitrária
Sanção por reciprocidade
Estão diretamente relacionadas
com o ato que se deseja
sancionar. Tem o objetivo de
motivar a criança a construir, por
si mesma, condutas a partir da
coordenação de pontos de vista.
Winnicott (1896 -1971)
Fortalecer a confiança da mãe em si mesma e em
sua capacidade de perceber o seu bebê e se
identificar com ele.
Dependência
absoluta dos
cuidados
de um adulto
Ambiente afetivo
instável
Memória
latente
de um desastre
ocorrido
na
construção do eu.
Maior
independência
São fortemente afetados
pelo ambiente
Necessidade de
formação de
identificação/vínculo
com pelo menos um
adulto cuidador
Winnicott
Relação Primária
Identificação bastante sofisticada estabelecida da mãe com seu
bebê.
Capacidade materna de se colocar no lugar do filho, se
adaptando a suas necessidades básicas e se dedicando mesmo
que temporariamente a suas demandas.
Esta qualidade materna se dá de forma natural e
é representada pelo ato de “segurar o bebê”.
Mãe suficientemente boa
Winnicott
Relação Primária
Aqueles bebês cujas mães não puderam ou não
conseguiram ser suficientemente boas ao
segurá-los
terão
como
resultado
um
desenvolvimento emocional deturpado e protelado,
e algum grau de insegurança e agonia irá o
acompanhar por sua vida.
Winnicott
Relação Primária
O apoio da mãe nos processos de amadurecimento de seu filho
são fundamentais para a organização do ego do bebê.
A identificação entre ambos permite à criança afirmar sua
própria personalidade e ir aos poucos delineando a idéia
de “ser”.
O estabelecimento de um ambiente facilitador colabora no
estabelecimento das bases da saúde mental deste novo
indivíduo.
Winnicott
A amamentação como
forma de comunicação
Para o ato de amamentar ser satisfatório é preciso que a mãe seja
capaz de segurar e manipular seu bebê de forma segura e tranqüila.
É preciso que ela seja capaz de sustentar seu olhar no da criança
– caracterizando um momento fundamental da comunicação
mãe-bebê.
O que importa é que esta mãe possa possibilitar
algum tipo de intimidade, algum tipo de sustentação
afetiva para seu filho.
Bowlby (1907 - 1990)
Se destaca por seus estudos a respeito dos
tipos de apego e dos efeitos prejudiciais da
privação de um cuidador primário.
“É essencial para a saúde mental que o bebê e a
criança pequena experimentem um
relacionamento afetivo, íntimo e contínuo com
sua mãe (ou mãe substituta), no qual ambos
encontrem satisfação e prazer. Uma criança
precisa sentir que é objeto de prazer e de
orgulho para sua mãe” (BOWLBY, 2006, p.70).
Bowlby
As trocas afetivas estabelecidas entre pais e filhos nas
primeiras fases da vida são cruciais para a formação do
sentimento de segurança que sedimentará as bases do
bem-estar físico e emocional da criança
O apego
Os efeitos das
carências do vínculo
de apego podem ser
detectados desde os
primeiros dois anos
de vida.
vínculo recíproco que se forma
nos primeiros três anos de vida
do bebê.
Bowlby
A “privação materna”, dependendo de seu grau, pode
representar um sentimento de angústia, uma exagerada
necessidade de amor, fortes sentimentos de vingança e,
por conseqüência, culpa e depressão.
A privação total tem
efeitos de
maior alcance na
personalidade:
pode mutilar
totalmente a
capacidade
de estabelecer
relações com outras
pessoas.
A forma de reagir a
estes impulsos pode
acarretar distúrbios
nervosos e uma
personalidade
instável.
Bowlby
Os tipos de apego
Apego seguro: resulta quando a criança encontra uma
figura acessível e disponível que o acolhe e apóia, lhe
dando proteção e segurança para explorar o mundo.
Apego evitante: resulta de figura de apego
rejeitadora, não disponível e que não responde
adequadamente às necessidades do bebê.
Bowlby
Os tipos de apego
Apego ambivalente: figura de apego ora disponível,
ora não, com respostas não contingentes às
necessidades da criança Na situação de separação o
bebê tanto procura quanto resiste ao contato, quando a
figura de apego retorna. A mãe se comporta de modo
incoerente e as crianças não são capazes de prever suas
reações.
Apego desorganizado: estilo de apego em que um
bebê mostra comportamentos contraditórios e parece
confuso e amedrontado. Crianças muito perturbadas
pela ausência da mãe e amedrontadas por sua
presença. Sua mãe costuma ser deprimida ou
perturbada.
Rumo à autonomia necessária
Na medida em que a criança se desenvolve, a
relação com a mãe deve se transformar para
dar ao indivíduo a possibilidade de crescer,
adquirir competências, segurança e uma
identidade separada daquela da mãe.
Importância do Pai realizar o
triângulo na relação
Rumo à autonomia necessária
Para sair do laço simbiótico de forma sadia, a
criança precisa reconhecer nos pais o apoio, a
confiança e a alegria por ver seu
crescimento. Do contrário, continuará a ser o
bebê da mamãe, mesmo na idade na adulta,
perpetuando uma eterna dependência que o
impede de confrontar o mundo.
Construção da Resiliência
Resiliência
Significa a capacidade humana para enfrentar,
vencer e ser fortalecido ou transformado por
experiências de adversidade.
A promoção desta capacidade se dá através do estímulo da
autoconfiança, da autonomia e da iniciativa.
Ser resiliênte diminui os sinais emocionais negativos, como a
ansiedade, a depressão e a raiva, e promove a saúde
psíquica.
Bibliografia Consultada
BOWLBY, John. Cuidados maternos e saúde mental. São Paulo: Martins
Fontes, 2006.
FERRARIS, Anna Oliverio. Dinâmicas do Apego. Revista Mente e
Cérebro: a mente do bebê. vol. 2, n.1 São Paulo: Duetto Editorial, 2008.
MELILLO, Aldo; OJEDA, Elbio Néstor Suárez. Resiliência: descobrindo as
próprias fortalezas. Porto Alegre: Artmed, 2005.
SCHNEIDER, Alessandra; RAMIRES, Vera. Primeira Infância Melhor:
uma inovação em política pública. Brasília: UNESCO, Secretaria da
Saúde do Estado do Rio Grande do Sul, 2007.
WINNICOTT, Donald W. Os Bebês e suas mães. São Paulo: Martins
Fontes, 2006.