Veja aqui a apresentação de Henrique Bessoni
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Transcript Veja aqui a apresentação de Henrique Bessoni
CAMINHOS PARA A
INTEGRALIDADE DO
CUIDADO:
SAÚDE MENTAL E ATENÇÃO
BÁSICA
Brasília, Janeiro de 2014
Finalidades do CAMINHOS DO CUIDADO
-
Quebrar a logica do “especialismo” no cuidado em saúde mental;
-
Qualificar o debate sobre atenção em saúde junto ao território
fortalecendo o debate e “empoderando” a população sobre as mudanças
de paradigma na atenção em Saúde Mental;
-
Promover convergência da atenção envolvendo diversas áreas e setores
no território;
-
Promover a ampliação da RAPS em seus propósitos e comprometimento
dos ACS’s na lógica da Atenção Psicossocial.
-
Identificar ações de Saúde Mental nas praticas cotidianas da Atenção
Básica, fortalecendo e objetivando tais ações.
A Política Nacional de Saúde Mental
A POLITICA NACIONAL DE SAUDE MENTAL
Antes da Reforma Psiquiátrica
• Cuidado Centrado na internação
em Hospital Psiquiátrico:
–
–
–
–
Isolamento;
Normatização dos sujeitos;
Lógica da Instituição total;
Violação dos direitos
humanos.
Depois da Reforma
• Criação de ampla rede de cuidado
em saúde:
– Territorial;
– Complexificação do objeto de
cuidado;
– Ampliação das práticas e
saberes;
– Co-responsabilização pelo
cuidado.
Alguns Marcos da Reforma Psiquiátrica
•
1970:
Inicia-se amplo processo de mobilização pela redemocratização do país;
1978: criação do Movimento dos Trabalhadores em Saúde Mental.
•
1980:
CAPS Professor Luiz da Rocha Cerqueira- SP e Intervenção da Casa de Saúde AnchietaSantos/SP;
1987-I Conferência Nacional de Saúde Mental e o posterior II Encontro Nacional dos
Trabalhadores em Saúde Mental- “Por uma Sociedade sem Manicômios”;
1989- o deputado Paulo Delgado (PT-MG) apresentou o projeto de lei no 3.657/89.
•
2000:
2001 – Lei 10.216 (06 de abril) – redireciona o modelo assistencial em saúde mental.
•
2010:
Portaria 4279, de 30 de dezembro de 2010- Estabelece diretrizes para a organização da
Rede de Atenção à Saúde no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS);
Decreto presidencial 7508, que regulamenta a LOS nº 8.080/ 1990, institui as regiões
de saúde e garante o cuidado em saúde mental nas RAS;
Portaria 3.088, (23 DE DEZEMBRO DE 2011) Institui a Rede de Atenção Psicossocial
para pessoas com sofrimento ou transtorno mental e com necessidades decorrentes
do uso de crack, álcool e outras drogas, no âmbito do Sistema Único de saúde (SUS).
Coesão Social Como Norteadora do Cuidado
O grau de coesão social de uma comunidade pode servir como um medidor da saúde
da comunidade.
“Sociedades com baixo senso de coesão estão propensas a múltiplos
problemas dos quais o abuso de drogas e criminalidade podem ser apenas os sinais
mais visíveis.”
Ameaças a coesão social:
- Desigualdade social persistente;
- Migração;
- Transformações políticas e econômicas;
- A crescente cultura do excesso;
- Crescente individualismo e consumismo;
- Deslocamento dos valores tradicionais;
- Sociedades em conflito ou pós-conflito;
- Urbanização rápida;
- Quebra no respeito à Lei;
- Economia local das drogas.
Fonte: Informe 2011, Junta Internacional de Fiscalização Entorpecentes – JIFE (www.incb.org)
REDE DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL
DIRETRIZES PARA PROMOVER A COESÃO
• Fortalecimento de Rede de saúde mental diversificada, integrada,
articulada, considerando as especificidades loco-regionais de base
comunitária, atuando na perspectiva territorial;
• Promoção da equidade, reconhecendo os determinantes sociais da saúde;
• Combate a estigmas e preconceitos favorecendo a inclusão social com
vistas à promoção de autonomia e ao exercício da cidadania;
• Garantia do acesso e da qualidade dos serviços, ofertando cuidado
integral e assistência multiprofissional, sob a lógica interdisciplinar;
• Atenção humanizada e centrada nas necessidades das pessoas;
REDE DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL:
DIRETRIZES PARA PROMOVER A COESÃO
•
Participação dos usuários e de seus familiares no controle social;
• Organização dos serviços em rede de atenção à saúde, com
estabelecimento de ações intersetoriais para garantir a integralidade do
cuidado;
• Promoção de estratégias de educação permanente;
• Desenvolvimento de estratégias de Redução de Danos;
• Desenvolvimento da lógica do cuidado para pessoas com transtornos
mentais e com necessidades decorrentes do uso de álcool, crack e outras
drogas, tendo como eixo central a construção do projeto terapêutico
singular.
Perspectiva para Ações Intersetoriais
TRATAMENTO
TRABALHO
MORADIA
GARANTIA DOS DIREITOS DE CIDADANIA PARA A EMANCIPAÇÃO
SOLIDÁRIA
Determinantes para a evolução dos transtornos mentais
(Saraceno, 1999)
Condições do ambiente (contexto)
Funcionamento social do indivíduo
Contexto familiar
Densidade e homogeneidade da rede social
A atenção primária é lugar privilegiado para trabalhar estas questões
Organização da RAPS
Componentes da Rede de Atenção Psicossocial
Atenção Básica em Saúde
•
•
•
•
Unidade Básica de Saúde;
Núcleo de Apoio a Saúde da Família;
Consultório na Rua;
Centros de Convivência e Cultura.
Atenção Psicossocial
Estratégica
• Centros de Atenção Psicossocial, nas suas diferentes
modalidades,
Atenção de Urgência e
Emergência
• SAMU 192;
• UPA 24 horas e portas hospitalares de atenção à
urgência/pronto socorro, Unidades Básicas de Saúde.
Atenção Residencial de
Caráter Transitório
• Unidade de Acolhimento;
• Serviço de Atenção em Regime Residencial CT´s.
Atenção Hospitalar
Estratégias de
Desinstitucionalização
Estratégias de Reabilitação
Psicossocial
• Leitos de saúde mental em Hospital Geral.
• Serviços Residenciais Terapêuticos;
• Programa de Volta para Casa.
• Iniciativas de Geração de Trabalho e Renda;
• Fortalecimento do Protagonismo de Usuários e Familiares.
CONSTRUINDO O CUIDADO
&
COMPREENDENDO O SOFRIMENTO
(A PESSOA, O SOFRIMENTO E O CUIDADO)
A pessoa
• Correlações entre esferas (mundos):
- Vida passada
- Vida futura
- Vida familiar
- Mundo cultural
- Ser político
- Papéis sociais
- Trabalho
- Vida secreta
- Autoimagem
- Necessidade de automanutenção, auto
cuidado e de lazer...
O Sofrimento
• É sobre essa pessoa complexa que emergem os fenômenos
que denominamos de doença.
• Podemos entender a doença como sendo o surgimento de
uma nova dimensão. Irá influenciar todas outras esferas, de
acordo com as relações que se estabelecerem entre elas.
• O que é o Sofrimento: Vivência da ameaça de ruptura de
unidade/identidade da pessoa.
• Interdependência das pessoas, família, território, sociedade
Sofrimento - vivência
Doença – descrição
O Cuidado
• Atenção ao conjunto de esferas que compõem a pessoa (abordagem
integral) e suas correlações com a doença existente e /ou promotora de
doenças;
• Acolhimento – disponibilidade em receber e ofertar na relação de
cuidado - favorecimento do vínculo
• Da mesma forma, devemos identificar quais esferas ou relações propiciam
mais movimento, estabilidade e coesão ao conjunto.
O que é o cuidado:
Elaboração das estratégias de intervenção em algumas ou várias dessas
esferas.
Plano Terapêutico Singular- PTS
Fonte: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/cadernos_atencao_basica_34_saude_mental.pdf
Plano Terapêutico Singular
• É um plano de ação compartilhado composto por um
conjunto de intervenções que seguem uma
intencionalidade de cuidado integral à pessoa. Nesse
projeto, tratar doenças não é menos importante,
mas apenas uma das ações que visam ao cuidado
integral.
Trilhas do Cuidado em Saúde Mental na Atenção Básica
• Observar e escutar o grupo familiar e a inserção da pessoa em
sofrimento neste contexto – conhecer a historia familiar;
• As famílias em maior dificuldade e com maior vulnerabilidade
devem ser atendidas prioritariamente. Sem discriminação de
patologias ou faixa etária.
• A responsabilidade pelo cuidado é das ESF e dos profissionais de
SM – os ACS são peças-chave na identificação dos casos e no
mapeamento das redes afetivas, sociais e familiares dos usuários
• Adotar a Redução de Danos como estratégia que permeia o cuidado
em saúde.
Trilhas do Cuidado em Saúde Mental na Atenção Básica
Em situações de intenso sofrimento psíquico, fragilidade dos
laços familiares e sociais, agudização da sintomatologia
psiquiátrica, dificuldade de manejo por parte da equipe
multiprofissional, a internação de curta permanência é um
recurso previsto, privilegiando os pontos da rede (leitos em
HG, emergências gerais, CAPS III, CAPS AD III).
Há diversas formas de cuidado que os ACS e equipes da AB já
sabem e que podem ser usadas no cuidado em saúde mental
mas é preciso estar aberto a este cuidado
A internação, sempre que necessária, será conduzida pelas
equipes de saúde mental em conjunto com as equipes da AB.
Trilhas do Cuidado em Saúde Mental na Atenção Básica
Território: fundamento da organização da Atenção
Básica;
Lugar onde as pessoas vivem e constituem suas
subjetividades- relações.
A Atenção Básica, por meio do desenvolvimento de
tecnologias leves e intervenções, pode possibilitar a
configuração/ desconfiguração/ reconfiguração dos
territórios individuais e coletivos
Saúde Mental na Atenção Primária:
o vínculo e o diálogo necessários
AB como campo potencial para a SM:
a)
Acolhimento no território
b)
O usuário é atendido onde está: atendimento da necessidade e
não só da demanda
c)
Intervenção a partir do contexto familiar – família como parceira
no tratamento
d)
Cuidado longitudinal
e)
Potencialidades da rede sanitária e comunitária
Há de se deslocar o olhar da doença para o cuidado, para o alívio e a
ressignificação do sofrimento e para a potencialização de novos modos
individuais e grupais de estar no mundo
Pesquisa FIOCRUZ - 2013
O que é possível verificar e concluir a partir da pesquisa da
FIOCRUZ :
Nas cenas de uso, 80% dos usuários são negros ou pardos;
80% dos usuários não chegou ao ensino médio;
Aproximadamente, 80% dos usuários frequentes são homens;
20% das mulheres são ainda mais vulneráveis do que esses
homens, do ponto de vista social: das mulheres ouvidas, quase
metade relatou violência sexual e práticas de prostituição para
comprar droga ou se sustentar;
Os usuários de crack/similares é de adultos jovens com idade
media de 30 anos;
Pesquisa FIOCRUZ - 2013
O tempo de uso de crack está em torno de 08 anos: contradiz
as notícias comumente veiculadas de que os usuários de crack/similares
teriam sobrevida necessariamente inferior a 3 anos de consumo.
Aproximadamente 40% dos usuários no Brasil encontravamse em situação de rua. isto não quer dizer que esse contingente,
necessariamente, mora nas ruas, mas que nelas passava parte expressiva
do seu tempo.
Atividades ilícitas, como o tráfico de drogas e furtos/roubos
e afins, foram relatadas, 6,4% e 9,0% dos usuários,
respectivamente: não se observou serem essas as principais fontes de
renda a dos usuários de crack e/ou similares. A forma mais comum de
obtenção de dinheiro são provenientes de trabalho esporádicos e
autônomos - 65% dos entrevistados.
Entre os usuários, quase a metade relataram ter sido detidos
no último ano (anterior a entrevista).
Perfil Pesquisa FIOCRUZ 2013
A prevalência de HIV/Aids e de tuberculose nessa população
é bem maior que na população geral.
O maior problema das substâncias psicoativas diz respeito ao
álcool e tabaco (poliusuários): O Crack é uma questão emergente e
importante que se manifesta mais fortemente por seu impacto social. Ganha
espaço, não por ser um problema de saúde pública, mas pela ótica moralista.
80% dos ouvidos apresentou interesse por tratamento. É
recorrente àqueles que disseram ter interesse em voltar a estudar, conseguir
emprego e ter um lugar onde morar.
Tanto pelo perfil de vulnerabilidade quanto pelas
manifestações dos entrevistados, fica evidenciado o aspecto
social relacionado às drogas e a necessidade de articulação
intersetorial para formulação de estratégias de atenção e
cuidado.
Fonte: Pesquisa Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ) 2013
CUIDADO EM SAÚDE MENTAL NA ATENÇÃO BÁSICA
Contextos de violência (violência urbana, de gênero, violência
domiciliar) e abuso/dependência de álcool e outras drogas surgem
naturalmente como demanda nos atendimentos clínicos, atribuindo a
equipe a necessidade de buscar ações que respondam a esta
realidade.
Formação de uma rede de identificação e proteção com escolas,
assistência social local (CRASs), conselho tutelar e da mulher e outros
atores.
Destacamos a importância do apoio matricial para as Equipes de SF,
prioritariamente através dos NASF e CAPS, dentre outros,
potencializando o cuidado que facilita uma abordagem integral.
Coordenação Geral de Saúde Mental, Álcool e Outras
Drogas/DAET/SAS/MS
[email protected]
(61) 3315 9144