Etapa-II-Caderno-III - Observatório do Ensino Médio
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Transcript Etapa-II-Caderno-III - Observatório do Ensino Médio
CIÊNCIAS DA NATUREZA
AUTORES:
Daniela Lopes Scarpa
Flavio Antônio Maximiano
Hildney Alves de Oliveira
Lana Claudia de Souza Fonseca
Sérgio Camargo
Silmara Alessi Guebur Roehrig
Formação de Professores do Ensino Médio
CIÊNCIAS DA NATUREZA
Pacto Nacional pelo Fortalecimento do Ensino Médio
Etapa II - Caderno III
Sumário
Introdução / 6
1. Contextualização e contribuições da área Ciências da
Natureza para a formação do estudante do Ensino
Médio / 9
2. Os sujeitos estudantes do Ensino Médio e os direitos à
aprendizagem e ao desenvolvimento humano na área de
Ciências da Natureza / 16
3. Trabalho, Cultura, Ciência e Tecnologia na área de
Ciências da Natureza / 22
4. Possibilidades de abordagens pedagógico-curriculares
na área de Ciências da Natureza/ 28
4.1. Ciências da Natureza: dimensões do currículo / 29
4.2. Abordagens pedagógico-curriculares da área de
Ciências da Natureza: possibilidades e perspectivas / 32
4.2.1. A aprendizagem por meio da problematização da
realidade: os momentos pedagógicos / 34
4.2.2. A experimentação como caminho pedagógico / 37
Referências 42
O Caderno está organizado em quatro unidades:
Na unidade 1 é realizada uma caracterização da área Ciências da
Natureza e são destacadas as suas contribuições para a formação
humana integral do estudante do Ensino Médio.
Na unidade 2, o foco está na relação entre os conhecimentos da
área e o sujeito do Ensino Médio na perspectiva dos direitos à
aprendizagem e ao desenvolvimento humano.
A unidade 3 apresenta reflexões sobre as interações entre trabalho,
ciência, tecnologia e cultura na área das Ciências da Natureza
conforme proposição das DCNEM.
A unidade 4 traz possibilidades de abordagens pedagógicocurriculares na área.
1. Contextualização e contribuições da área Ciências da
Natureza para a formação do estudante do Ensino Médio
As Ciências da Natureza (CN) sempre são destacadas como
complexas e de difícil assimilação pelos estudantes.
É comum ouvir nos conselhos de classe, que as notas mais baixas
ou os componentes curriculares que mais retém/reprovam os alunos
são as dessa área do conhecimento.
os conhecimentos característicos das CN estão presentes na
sociedade e todos os seres humanos, sofrem influência das
consequências desses conhecimentos.
Se não atribuirmos sentido aos conhecimentos da CN, o estudante
vai deixando de se interessar por essa área e passa a manifestar
insatisfação, dificuldades e até medo desses componentes
curriculares.
Mas, professor, pra que temos que aprender isso? (visão
utilitarista - leitura do mundo do ponto de vista das CN)
Na área das Ciências da Natureza, o currículo tem sido organizado
historicamente de forma a priorizar processos de ensino e
aprendizagem conteudistas, em que os conceitos de Biologia,
Física e Química não dialogam entre si. (muitas vezes a
memorização)
Esta fragmentação dentro e entre as disciplinas dá uma ideia,
de que as pequenas frações de conhecimento e os diferentes
conceitos nelas envolvidos se encerram em si mesmos.
Compreender que as Ciências da Natureza são constituídas por
atividades sociais e culturais produzidas no diálogo com
inúmeros outros conhecimentos é um primeiro princípio.
É preciso superar a visão de cientistas solitários (em geral,
homens brancos) que desenvolvem teorias complexas sobre o
mundo natural a partir somente de seu talento nato.
A superação dessa visão, e outros fatores ligados a uma
concepção de ciência como atividade autônoma e neutra,
constituem elementos que começaram a ser questionados há pouco
mais de quatro décadas, no âmbito de um movimento que ficou
conhecido como movimento CTS.
FONTE: SEED/PR (2014). Disponível em http://multimeios.seed.pr.gov.br/resourcespaceseed/pages/view.php?ref=23134&search=tirinhas&order_by=relevance&sort=DESC&offset=0&archiv
e=0&k= Acesso em: 28/7/2014.
2. Os sujeitos estudantes do Ensino Médio e os
direitos à aprendizagem e ao desenvolvimento humano
na área de Ciências da Natureza
Conhecer os interesses e as necessidades dos jovens estudantes
torna-se fundamental para a organização de um trabalho
pedagógico que vai ao encontro da perspectiva das DCNEM, uma
vez que estes jovens passam a ser posicionados como sujeitos
centrais no processo educativo e, portanto, portadores de direitos.
Mas o que significa o aluno ser o sujeito central no processo
educativo?
Como isso ocorre no modelo de ensino vigente?
A organização do trabalho por temáticas, podendo ainda levar em
conta as controvérsias presentes em questões sociocientíficas,
pode mostrar aos alunos a relevância dos conhecimentos
científicos e sua pertinência para uma compreensão ampliada dos
problemas vivenciados pela sociedade.
Tal prática favorece a formação crítica dos estudantes, oferecendo
a possibilidade dos sujeitos desenvolverem uma postura de
cidadãos agentes de transformação, que terão condições de tomar
decisões conscientes em processos que envolvem a participação da
população.
É preciso favorecer práticas que envolvam a participação ativa dos
estudantes como sujeitos protagonistas no processo educativo.
Precisamos estimular os estudantes a refletir, estabelecer
relações entre os conhecimentos, a perceber que a ciência está
em qualquer lugar, em qualquer fenômeno, seja ele natural ou social.
O que é Ciência, Tecnologia e Sociedade
(CTS)?
Campo de conhecimento que estuda as inter-relações
entre ciência-tecnologia-sociedade em suas múltiplas
influências
Sociedade
Ciência
Tecnologia
É comum encontrar a denominação CTSA (Ciência,
Tecnologia, Sociedade e Ambiente), pois alguns autores
acreditam ser necessário reforçar a perspectiva que inclui
o ambiente, embora outros autores defendam que o
ambiente já está contemplado na dimensão da
sociedade.
O ensino e a pesquisa em CTS se fundamentam na
crença de que a ciência e a tecnologia são as duas mais
potentes forças para os indivíduos, para a sociedade e
para as mudanças globais no mundo contemporâneo
Entender a natureza, causas e consequências
sociais do desenvolvimento científico e tecnológico,
como a ciência e a tecnologia funcionam nas diferentes
sociedades e como as forças sociais tentam moldar e
controlar interesses diversos e muitas vezes conflitantes
é o desafio constante desta área.
Estudos nesta área demandam o conhecimentos multi
e interdisciplinares.
A abordagem CTS tenta aumentar a compreensão
humana do mundo construído por seres humanos.
Ciência e tecnologia já não são empreendimentos
especializados limitados a fábricas e laboratórios: eles
se mesclaram à sociedade humana e entre si. A
contribuição essencial do CTS é analisar o mundo
construído por seres humanos como um todo
integrado.
A perspectiva da CTS se tornou de importância
fundamental para a compreensão de muitas questões
públicas, como: Privacidade, Democracia, Meioambiente, Medicina, Educação, Segurança Nacional e
Internacional.”
Alguns Objetivos da abordagem CTS:
Interdisciplinaridade na educação científica, integrando-a com
aspectos econômicos, éticos, sociais e políticos.
Engajar os estudantes e pesquisadores no exame de questões
relacionadas ao mundo real do ponto de vista científico-crítico.
Formação do pensamento crítico entre ética, cultura, trabalho,
ciência-tecnologia-sociedade.
Desenvolver capacidades de prognosticar as consequências de
decisões tecno-científicas e tomar atitudes responsáveis para
solucionar problemas/questões do mundo atual e da vida diária.
Figura 2: Sequência para ensino de ciências CTS
FONTE: Adaptada de AIKENHEAD (1994, p. 57)
4. Possibilidades de abordagens pedagógicocurriculares na área de Ciências da Natureza
As atuais discussões sobre as juventudes e sua relação com a
educação escolarizada nos impõem inúmeros desafios:
1) Como articular os conhecimentos aos interesses dos jovens que
hoje chegam a escola?
2) Como superarmos as lógicas propedêuticas e pragmáticas por
meio das quais o Ensino Médio tem sido historicamente
organizado?
3) Quais conhecimentos da área de Ciências da Natureza podem
contribuir na formação humana integral dos sujeitos do Ensino
Médio?
4) Como abordaremos em nossas escolas esses conhecimentos,
garantindo aos jovens o direito de aprendê-los?
Que ciência é trabalhada na escola? Como o currículo
se apropria do conhecimento científico e o ressignifica?
Como podemos construir currículos que possibilitem a
formação humana integral de nossos jovens e lhes
proporcionem as possibilidades de uma educação
científica, que os ajudem a compreender e transformar a
realidade em que vivem?
Essa proposta de repensarmos a área de Ciências da Natureza,
suas concepções e a forma como se materializa na escola por
meio do currículo, passa necessariamente em planejarmos
abordagens pedagógico-curriculares para a área, que estejam
baseadas:
1)em uma visão de ciência em movimento, superando a ideia de um
conhecimento fragmentado e descontextualizado;
2)na concepção de currículo baseada em uma perspectiva da
formação humana integral dos jovens;
3)na interdisciplinaridade, constituída pela integração entre os
componentes curriculares da área;
4)em uma perspectiva dialógica contínua entre os componentes
curriculares da área, a realidade e o contexto sócio-histórico, bem
como entre as diversas áreas do conhecimento;
5) na circularidade entre os inúmeros conhecimentos
presentes na escola;
6) no direito que os jovens têm em aprender os
conhecimentos da área e com isso ampliarem sua
leitura de mundo e suas possibilidades de
protagonizar processos de transformação na
sociedade.
Investigação
Temática
Levantamento do tema – de forma individual ou coletiva - pelos
professores referenciados pela realidade cotidiana dos estudantes
Estudo da realidade
Apresentação de aspectos/dados da realidade que embasem
a problematização inicial
Problematização
Inicial
Elaboração, pelos estudantes, de questionamentos baseados no estudo
da realidade.
Organização
conhecimento
do Apresentação dos conhecimentos científicos escolares por meio de
atividades pedagógicas elaboradas pelos professores.
Realização de leituras, levantamento e análise de dados (de forma
individual ou coletiva), construção de diferentes formas de interpretação,
elaboração de argumentações, pelos estudantes.
Aplicação
conhecimento
do
Argumentos e conhecimentos elaborados são organizados e
publicizados. Releitura da problematização inicial e ampliação da
compreensão da temática. Elaboração de novos questionamentos.
A experimentação como caminho pedagógico
Obrigado!