Acidentes Ofídicos Introdução - Acidentes: 20.000/ano, Brasil - Óbitos: 300/ano, Brasil - Carros: 25.000 óbitos/ano, Brasil -Ocorrências: -Gênero Bothrops: 80 a 90%b -Gênero Crotalus: 10 a 20% -Demais:
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Acidentes Ofídicos Introdução - Acidentes: 20.000/ano, Brasil - Óbitos: 300/ano, Brasil - Carros: 25.000 óbitos/ano, Brasil -Ocorrências: -Gênero Bothrops: 80 a 90%b -Gênero Crotalus: 10 a 20% -Demais: 1% INCIDÊNCIA*, ÓBITOS E LETALIDADE DOS ACIDENTES POR SERPENTES NO PERÍODO DE 1986 a 1998 - ESTADO DE SÃO PAULO Ano Nº de casos Coef. de incidências % Óbitos Letalidade % 1986 1957 9,91 7 0,36 1987 2099 7,26 6 0,29 1988 2252 7,63 9 0,40 1989 2413 8,01 12 0,50 1990 2156 7,00 6 0,28 1991 1977 6,29 8 0,40 1992 1965 6,14 4 0,20 1993 1878 5,77 4 0,21 1994 2022 6,12 8 0,40 1995 1792 5,34 7 0,39 1996 1592 4,67 9 0,57 1997 1507 4,36 3 0,20 1998 1449 4,13 6 0,41 Total 25059 89 0,36 • Por 100.000 habitantes Fonte: Divisão de Zoonoses / CVE http://www.cve.saude.sp.gov.br/htm/Serp_inc.htm A maioria dos acidentes ocorrem nas áreas rurais e em regiões de matas, onde, uma pequena parte, é voltada para a cidade. O maior número de acidentados está relacionado com os trabalhadores rurais. Nas matas, os acidentes relacionam-se com os mateiros, acampamentos e transeuntes curiosos. O por quê dos acidentes: -Não há interesse no desperdício de veneno; -Não vão atrás de uma “presa” que não seja para o seu próprio alimento; -O deferimento do bote é para a própria defesa; -A falta de atenção e a curiosidade é que levam aos acidentes. Distribuição dos pacientes picados por Crotalus durissus segundo a faixa etária, Hospital Vital Brasil - Instituto Butantã, 1974 a 1990. Idade (anos) 0 10 20 30 40 50 60 70 10 20 30 40 50 60 70 TOTAL Número % 22 65 51 43 38 18 7 5 8,8 26,1 20,5 17,3 15,3 7,2 2,8 2,0 249 100,0 Áreas com maior incidência de ataques. Grupos de Tanatofídios Brasileiros Família: Elapidae Subfamília: Elapinae Hidrophynae Família: Viperidae Subfamília: Viperinae Veneno ou peçonha: -Produzido na glândula de Douvernoy; -Mistura de várias toxinas, enzimas e peptídeos, os quais induzem atividades biológicas em suas vítimas; -Principal função é a digestão de suas presas; -Secundariamente foi utilizado como principal mecanismo de defesa causando os diversos tipos de acidentes ofídicos. Componentes da peçonha dos squamata Composto Ocorrência Efeitos Proteinases Todos os squamata peçonhentos,especialment e os Viperidae Destruição tissular Hialuronidase Todos os squamata peçonhentos Aumenta a permeabilidade tissular, acelera a disseminação de outros constituintes da peçonha nos tecidos L-Aminoácido oxidase Muitas serpentes, mas ausente nas víboras e nos Elapídeos Ataca uma grande varidade de substratos, causa grande destruição tissular Composto Ocorrência Efeito Colinesterase Alta em Elapídeos, pode estar presente nas serpentes marinhas, baixa em viperídeos Desconhecido; não é responsável pelos efeitos neurotóxicos da peçonha dos Elapídeos Fosfolipases Todos os squamata peçonhentos Atacam as membranas celulares Fosfatases Todos os squamata peçonhentos Atacam compostos fosfatados de alta energia, como o ATP Polipeptídeos básicos Elapídeos e serpentes marinhas Bloqueiam a transmissão neuromuscular Distribuição dos grupos de serpentes que podem causar os acidentes relacionado com a ação tóxica de cada veneno. Coagulante Bothrops * Crotalus Lachesis Micrurus Hemolítica Hemorrágica Neurotóxica * * * Miotóxica Proteolítica * * * * * * Acidentes com Tanatofídios Acidente Botrópico – Gênero Bothrops 1. Ação do veneno: coagulante, hemorrágica e proteolítica; Bothrops alternatus 2. Quadro clínico: - dor, edema, calor e rubor no local da picada, de instalação precoce (primeiras seis horas); - bolhas, equimoses e necroses (após seis horas); - hemorragia no local da picada e gengivorragia; - - Choque nos casos mais graves; Aumento do tempo de coagulação (normal até 10 minutos). 3. Avaliação do quadro clínico: -Caso moderado: edema local evidente, presença ou não de hemorragia, tempo de coagulação prolongado (10 a 30 minutos ); -Caso leve: edema local leve, ausência de hemorragia ou choque, tempo de coagulação normal ( até 10 minutos ); -Caso grave: edema local intenso, hemorragias, oligúria ou anúria, choque, e insuficiência renal tempo de coagulação prolongado ou incoagulável ( mais de 30 minutos ); 4. Quantidade de veneno a ser neutralizado: -Casos leves: 100 mg -Casos moderados: 200mg -Casos graves; 300mg 5. Tempo aproximado entre o acidente e o atendimento médico: -Casos moderados: 6 horas após o acidente; -Casos graves: mais de 6 horas após o acidente. -Casos leves: até 6 horas após o acidente; 6. Tratamento: -Internação do acidentado; -Soro antiofídico polivalente, antibotrópico, antibotrópico-crotálico, ou antibotrópico-laquésico diluído em 250 ml de solução glicosada a 5% ou solução fisiológica, através de gotejamento rápido IV. Doses: -Casos leves – 4 ampolas ( 10 ml ); -Casos moderados – 8 ampolas ( 10 ml ); -Casos graves – 12 ou mais ampolas ( 10 ml ). -As doses de soro para crianças e adultos serão sempre as mesmas, considerando apenas o quadro clínico e o tempo de coagulação. 7. Reações a Soroterapia: conceito geral para todos os casos. •O teste alérgico no Brasil ainda é controverso ( CEVAP ). •O Departamento de Doenças Tropicais e Diagnóstico por Imagem da Faculdade de Medicina de Botucatu da UNESP, preconiza a não realização prévia do teste de sensibilidade e também pela não aplicação de drogas com o objetivo de se preveni as reações imediatas ( CEVAP ). •O Manual do Ministério da Saúde preconiza 15 minutos antes da aplicação do soro o uso de ( CEVAP ): •Dextroclorfeniramina ( Polaramine ); •Hidrocortisona ( Solucortef ); •Cimetidine ( Tagamet ). Reações precoces: -Anafilático: mediada pela IgE ocorrendo em indivíduos alérgicos aos produtos dos Eqüinos ( detectada pelo teste intradérmico ). -Pirogênico: interação do soro ou de endotoxinas bacterianas existentes no soro, com os macrófagos do doente. -Anafilactóide: ocorre a liberação de anafilatoxinas que desgranulam mastócitos e basófilos ( não é detectada pelo teste intradérmico ). Edema e formação de bolhas. Lesão intensa com necrose e infecção Paciente picado a 4 dias s/ tratamento, c/ edema, equimose e bolhas 10º dia após a picada, c/ necrose Edema formação de bolhas e início de necrose. Ação proteolítica e formação de bolhas. Ação vasculotóxica. Formação de bolhas Necrose Acidente Crotálico – Gênero Crotalus 1. Ação do veneno: Hemolítico, miotóxico e Neurotóxico. Crotalus durissus durissus 2. Quadro Clínico: -Ausência de sinais inflamatórios ou discreto edema no local da picada; -Náuseas, mal-estar, sudorese e boca seca; -Fácies miastênica, visão turva; -Paralisias musculares e diversas mialgias; -Mioglobinúria; -Insuficiência renal aguda; -Aumento do tempo de coagulação. 3. Avaliação do quadro clínico: •Inexistem casos leves devido à alta mortalidade. •Casos moderados: fácies miastênicas, tempo de coagulação normal; •Casos graves: fácies miastênicas, tempo de coagulação alterado, mialgias, mioglobinúria, insuficiência renal aguda. 4. Quantidade de veneno a ser neutralizado: -Casos leves – 100 mg; -Casos moderados – 200 mg; -Casos graves – 300 mg ou mais. 5. Tempo aproximado entre o acidente e o atendimento médico: -Casos moderados: 6 horas após o acidente; -Casos graves: mais de 6 horas após o acidente. -Casos leves: até 6 horas após o acidente; 6. Tratamento: -Internação do acidentado; -Soro antiofídico polivalente, anticrotálico ou antibotrópico crotálico diluído em 250 ml de solução glicosada a 5% ou solução fisiológica, através de gotejamento rápido IV. Doses: -Casos moderados – 10 a 15 ampolas ( 10 ml ); -Casos graves – 20 ampolas ( 10 ml ) ou mais. -As doses de soro para crianças e adultos serão sempre as mesmas, considerando apenas o quadro clínico e o tempo de coagulação. Fácies neurotóxica. Ptose palpebral – dificuldade em abrir os olhos. Ação miotóxica. Ação nefrotóxica. Ação Mioglobinúrica – variações na coloração da urina Ação mioglobinúrica. Acidente Elapídico – Gênero Micrurus 1. Ação do veneno: neurotóxico. Micrurus coralinus. 2. Quadro clínico: -Sinais e sintomas de surgimento rápido ( 30 – 60 minutos após a picada ): -Fácies miastênica, ptose palpebral, oftalmoplegia, diplopia, anisocoria e sialorréia, dispnéia, paralisia flácida do membros. -Insuficiência respiratória por paralisia da musculatura respiratória. 3. Avaliação do quadro clínico: •Todo acidente com este grupo é extremamente grave devido à rápida evolução para insuficiência respiratória. 4. Quantidade de veneno a ser neutralizado: •Aproximadamente cerca de 150 mg. •Os acidentes com este grupo são raros e extremamente graves. 5. Tratamento: -Internação do acidentado; -Soro antiofídico polivalente ou o soro antielapídico em dose o suficiente para neutralizar o equivalente a 150 mg do veneno sob administração intravenosa. -As doses de soro para crianças e adultos serão sempre as mesmas, considerando apenas o quadro clínico e o tempo de coagulação. Ação neurotóxica Paciente picado no ombro direito c/ fácies neurotóxica Ação neurotóxica. Oftalmoplegia Acidente Laquésico – Gênero Lachesis. 1. Ação do veneno: coagulante, hemorrágica e proteolítica. Lachesis muta rhombeata 2. Quadro clínico: -dor, edema, calor e rubor no local da picada, de instalação precoce (primeiras seis horas); -bolhas, equimoses e necroses (após seis horas); -hemorragia no local da picada e gengivorragia; -Choque nos casos mais graves; -Aumento do tempo de coagulação (normal até 10 minutos). -Sinais de estimulação vagal: bradicardia, hipotensão arterial e diarréia. 3. Avaliação do quadro clínico: -Caso moderado: edema local evidente, presença ou não de hemorragia, tempo de coagulação prolongado (10 a 30 minutos ); -Caso leve: edema local leve, ausência de hemorragia ou choque, tempo de coagulação normal ( até 10 minutos ); - Caso grave: edema local intenso, hemorragias, oligúria ou anúria, choque, e insuficiência renal tempo de coagulação prolongado ou incoagulável ( mais de 30 minutos ); 4. Quantidade de veneno a ser neutralizado: -aproximadamente cerca de 150 mg a 300 mg ou mais devido à sua grande massa corpórea. 5. Tempo aproximado entre o acidente e o atendimento médico: -Casos moderados: 6 horas após o acidente; -Casos graves: mais de 6 horas após o acidente. -Casos leves: até 6 horas após o acidente; 6. Tratamento: segue-se o mesmo do antibotrópico. -Internação do acidentado; -Soro antiofídico polivalente, antilaquésico ou antibotrópico laquésico diluído em 250 ml de solução glicosada a 5% ou solução fisiológica, através de gotejamento rápido IV. Doses: -Casos leves – 4 ampolas ( 10 ml ); -Casos moderados – 8 ampolas ( 10 ml ); -Casos graves – 12 ou mais ampolas ( 10 ml ). -As doses de soro para crianças e adultos serão sempre as mesmas, considerando apenas o quadro clínico e o tempo de coagulação. Paciente picada a 20 dias c/ múltiplos abcessos Edema e formação de bolhas. Edema formação de bolhas e início de necrose. Ação proteolítica e formação de bolhas. Ação vasculotóxica. Formação de bolhas Necrose Acidentes com Boídeos •Casos de óbitos são raros, porém existentes; •Cerca de 2 óbitos por ano em todo o Globo; •Não há soro antiofídico para este grupo; •Ausência de presa inoculadora de peçonha; •Óbito proveniente de constrição seguido de asfixia; •A maioria dos acidentes e óbitos causados por serpentes desse porte provém de criadouros residenciais de estimação refletindo uma negligente falta de respeito com a vida selvagem por humanos. América do Sul: •Sucuri ou Anaconda ( Eunectes murinus ), •Sucuri-amarela ou do pantanal ( E. notaeus ), •Jibóia ( Boa constrictor ). •Ásia: •Python-reticulada ( Python reticulatus ) •Python-indiana ( P. molurus ). •África: •Python-africana ( P. sebae ). Alguns boídeos e os seus comprimentos em metros. Fonte: STRIMPLE ( 1993 ). Espécie Tamanho normal Recordes Eunectes murinus 6–8m 11,5 m Eunectes notaeus 3–4m 4,0 m Boa constrictor 3–4m 4,5 m Python reticulatus 7–8m 10,10 m Python sebae 4–6m 9,75 m Python molurus 3–4m 6,0 m Citação dos acidentes residenciais por ordem cronológica: 1) Novembro/1980 - Em Dallas, uma garotinha de 7 meses de idade foi morta pela píton de 2,5 metros de seus pais, que escapou do cativeiro. 2) Junho/1991 - Em Long Beach, na Califórnia, um garoto de 9 anos foi mordido no pé e constringido por uma píton de 3,5 metros. Foi salvo a tempo. 3) 20/julho/1993 (CHISZAR et al., 1993) - Em Commerce city, no Colorado (USA), um garoto de 15 anos de idade (1,52 de altura; 43 Kg) foi morto asfixiado pela constrição de uma píton "Burmese Python" (Python molurus bivittatus) de 3,36 metros de comprimento e que pesava 24 Kg. 4) 10/outubro/1996 - Em New York: Um rapaz de 19 anos de idade foi morto pela sua píton "Burmese Python" (Python molurus) de 4 metros quando ia alimentá-la. Seu vizinho de apartamento o encontrou no chão, com a píton enrolada em seu corpo. Ele havia comprado a cobra a 5 meses atrás por 300 dólares em uma loja. 5) Não encontrei a data - Illinois (USA). Um garoto de 3 anos de idade (Jesse Alton) foi morto pela píton (Python sebae) de quase 3 metros de seus pais enquanto todos dormiam. Seus pais, Robert Altom 26, e Melissa Alton 21, estão sendo julgados e podem pegar 9 anos de prisão pela responsabilidade da tragédia. Python reticulatus Python reticulatus Python reticulatus Python reticulatus tentando engolir uma pessoa após te-la matado por constrição. Cuidados Imediatos ao Acidentado •Sempre que possível, capturar a serpente causadora do acidente para sua identificação e seleção do soro antiofídico; •Não fazer garrote ou torniquete, cortes no local do ferimento nem sucção com a boca no local atingido; •Lavar a ferida com água e sabão e evitar a aplicação local de remédios caseiros ou curativos; •Tranqüilizar a vítima; •Transportar o acidentado para o pronto socorro ou hospital mais próximo, evitando sua deambulação. Reações precoce: lesões urticariformes na vigência de soroterapia Cuidados na Sala de Emergência •Instalar equipo de solução parental e acesso venoso; •Anti-sepsia do local da picada; •Controlar os sinais vitais e a diurese; •Repouso no leito e elevação do segmento anatômico atingido; •Hidratação; •Coletar sangue para exames de laboratório ( hemograma, EQU, uréia, creatinina, eletrólitos e CPK ); •Realizar de rotina o tempo de coagulação ( na admissão do paciente e posteriormente de 6 / 6 horas ); •Administrar analgésicos e antiinflamatórios, evitando os salicilatos; •Aplicar de preferência o soro antiofídico específico conforme o diagnóstico; •Aplicar medidas de profilaxia do tétano. •Aplicar soro anti-tetânico nos casos avançados de necrose ( CDC – Centers off Diese Controls, Manhatan ). Prevenção de Acidentes: •Sempre que for andar nas florestas, andar calçado. Cerca de 80% das picadas acontecem do joelho para o pé, sendo 50% na região do pé. O uso de botinas ou botas preveniria melhor do que um tênis. •Evitar acúmulo de lenhas, entulhos e lixos próximos a moradias humanas. •Usar luvas de couro ao remover lenhas. •Não colocar as mão dentro de buracos do solo ou de árvores. •Olhar para o chão quando estar andando em trilhas. •Procurar não andar fora das trilhas. •Ao atravessar troncos caídos, olhar sobre ou atrás dele. •Evitar andar a noite, pois é o horário de maior atividade das serpentes venenosas. •Ao sentar-se no chão, olhar primeiro em volta. •Ao encontrar uma cobra, avise o resto da turma sobre onde ela se encontra e procure desviar-se dela. Lembre-se de que ela está em seu habitat natural e é você quem é o invasor.