CASO CLÍNICO: Calazar PEDIATRIA HRAS Helen Mayumi Nakamura Coordenação: Luciana Sugai Escola Superior de Ciências da Saúde (ESCS/SES/DF www.paulomargotto.com.br.
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Transcript CASO CLÍNICO: Calazar PEDIATRIA HRAS Helen Mayumi Nakamura Coordenação: Luciana Sugai Escola Superior de Ciências da Saúde (ESCS/SES/DF www.paulomargotto.com.br.
CASO CLÍNICO: Calazar
PEDIATRIA HRAS
Helen Mayumi Nakamura
Coordenação: Luciana Sugai
Escola Superior de Ciências da Saúde
(ESCS/SES/DF
www.paulomargotto.com.br
HISTÓRIA
IDENTIFICAÇÃO
L.O.L.P., 9 meses, sexo masculino, natural e procedente de
Unaí-MG
QP:
Febre há 8 dias
•
HDA:
–
•
Mãe refere que há oito 8 dias da internação, criança iniciou
quadro de febre de cerca de 38,5°C, 3X/dia, que melhorava
com dipirona e retornava em poucas horas. Há três dias,
iniciou quadro de tosse seca. Nega dispnéia, cansaço,
“chiado no peito”, cianose. Relata vômitos há um dia, de
restos alimentares, pós prandias e hiporexia. Mãe queixa
que criança está bastante irritada. Nega viagens. Nega
familiares doentes neste período. Em uso de cefaclor devido
à diagnóstico de otite.
RS:
–
Refere pápulas em todo corpo, exceto em face, há 3 dias,
com remissão espontânea. Refere perda de peso e edema de
MMII. Eliminações preservadas. Nega sangramentos.
ANTECENTES
•
FISIOLÓGICOS
Obstétricos: GV PV A0. Gestação sem intercorrências.
Nasceu de parto normal, chorou ao nascer. Peso ao nascer
de 2750 Kg, não sabe IG, não trouxe cartão.
– Refere vacinação completa. SME até 6° mês. Nega alergias.
–
•
PATOLÓGICOS
–
•
Nega viroses comuns da infância. Nega internações
prévias.
FAMILIARES
Irmãos: 19, 18, 11 e 8 anos, saudáveis
Pai : 32 anos, saudável, trabalhador rural
Mãe: 34 anos, saudável, dona de casa
HÁBITOS DE VIDA
•
•
SM + dieta da família, normoprotéica, normograxa,
nomocalórica.
Mora em zona urbana, casa com saneamento. Nega
animais peridomiciliares.
EXAME FÍSICO P.S
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REG, hipocorado(+/4+), irritado, hidratado,
eupneico, acianótico, acianótico, febril (38,5°C)
AP CV: RCR2T, BNF, sem sopros
AP RESP: MV rude, sem RA
ABDOME: semi-globoso, RHA+, fígado a 4 cm do
RCD, baço a 8 cm do BCE, indolor a palpação.
EXT: Bem perfundidas.Sem edema.
ORO:sem alterações
OTO:sem alterações
SN: sem alterações
HIPÓTESES PELOS SINAIS E SINTOMAS
Febre:
Doenças infecciosas
Neoplasias
Doenças inflamatórias
Hepatoesplenomegalia
Infecção
colagenoses
neoplasias
Pápulas:
D. exantemáticas
Quais exames pedir?
CONDUTA NO PS
HC
BQ
EAS
sorologias
RX tórax
ECG
mielograma
EXAMES COMPLEMENTARES
Hemograma Unaí
• HM 4.71
• HG 8.4
• HT 26
• VCM 62,35
• HCM 20.14
• CHCM 32,30
• RDW 16,5%
• 2900 leuc /40% seg
(1160)/54%linf/0
bast/6%mono/0 eos/0
baso
• 185.000 plaquetas
Hemograma PS
• HM 3.32
• HG 7.8
• HT 21
• VCM 65,3
• HCM 24,4
• CHCM 37,4
• 4600 leuc /18% seg/78%
linf/02% bast/02%
mono/0 eos/0 baso
• 102.000 plaquetas
• soro lipêmico +++
EAS Unaí
d: 1.005
pH: 6
traços de proteínas
cél. epiteliais: 2p/c
leucócitos: 1p/c
raros cilindros
granulosos
EAS PS
d: 1.015
pH: 5
Prot: ausente
CED: raros
leucócitos: 3 p/c
flora:escassa
RX TÓRAX:
Infiltrado em bases
Imagem tímica +
ECG ( ):
a= 60°, PR = 0,16S, QTc = 0,26s, ritmo sinusal, onda
T – em V1, sem crescimento cavitário
BIOQUÍMICA PS
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VHS: 10
glicose: 120mg/dL
uréia: 26
cr: 0,2
Na: 130
K: 5.3
Cl: 99
TGO: 177 (170 A 450 U/L)
TGP: 45
Prot totais: 4,4
•
albumina: 2,6 /globulina: 1,8
TGO:
citoplasma, mitocôndrias
comprometimento celular profundo
Cilindros granulosos:
Tamm – Horsfall, albumina
estase do fluxo urinário, infecção do trato urinário, estresse
e exercício severo
LDH:
Anemia microcítica e hipocrômica:
neoplasias, infecções (mononucleose, hepatites),
inflamações, a. hemolítica, a. megaloblástica,
hipotireoidismo, pneumopatias, etilismo, pancreatite,
colagenoses, trauma,obstrução intestinal, hipóxia,
cardiopatias..
doença crônica, a. ferropriva, a. sideroblástica,
hipertireoidismo.
Pancitopenia:
leucemia, infecção, aplasia.
RESUMO
Febre + tosse + vômitos
+ edema + irritabilidade
Hipocorado +
Hepatoespleno+
MV rude + pápulas
Anemia microcítica e
hipocrômica:
Pancitopenia:
LDH
Cilindros granulosos
TGO
PRINCIPAIS HIPÓTESES
INFECÇÕES
D MIELOPROLIFERATIVAS
COLAGENOSES ?
FEBRE TIFÓIDE
Febre há 1-2 semanas,
alta 3°dia (39-40°), qquer
hora, retorna sem o
antitérmico.
Hepatoesplenomegalia
Hiporexia
Vômitos
Tosse seca
Exantema
Cond. Precárias
Apatia,desorientação:
estado tifoso
Desidratação
Diarréia: sopa de ervilha
Língua saburrosa
Astenia
Cefaléia
FEBRE TIFÓIDE
Leucopenia
EAS: leve proteinúria,
piúria, cilindros
granulosos e hialinos
VHS normal ou pouco
aum.
Desvio para esquerda,
linfomonocitose
Anemia normo,normo
Transaminases entre
300-500U
ESQUISTOSSOMOSE
Febre
Tosse,sibilos
Hepatoesplenomegalia
Exantema
Leucocitose,
eosinofilia ou anemia,
leucopenia,
plaquetopenia
Epidemiologia
Linfadenopatia
Diarréia
Mielite transversa
Encefalopatia
Atraso no
desenvolvimento
MONONUCLEOSE
Febre baixa
Esplenomegalia
Alt. Transaminases
Exantema
Pode neutropenia e
trombocitopenia
dor de garganta?
Linfadenopatia
Astenia
Dor abdominal
Edema bipalpebral
Hepatomegalia menos
frequente
Linfocitose com atipia
CMV
Febre > 10 dias
Hepatoesplenomegalia
Aglomeração, bxo
nível sócio econômico
Linfocitose, linfócitos
atípicos
TGO e TGP mod.
elevados
Maioria assintomática
Linfonodomegalia
Exsudato em
amígdalas
Sudorese
a. hemolítica
Púrpura
PNM intersticial
cefaléia
TOXOPLASMOSE
Febre
Hepatoesplenomegalia
Linfocitose com
atipias
exantema
Geralmente afebril
Adenomegalia
Carne mal cozida
HISTOPLASMOSE
Febre com calafrios
Hepatoesplenomegalia
Pancitopenia
tosse
90% assintomáticos
Pássaros, morcegos
Adenomegalia
RX anormal
LLA
Febre
Hepatoesplenomegalia
Palidez
Anemia,
trobocitopenia,
neutropenia
leucocitose
Parece atipias
linfocitárias
3-4 anos
Hemorragia
Dor óssea
Linfadenopatia
Alargamento do
mediastino
SNC, testículos
LMA
Febre
Anemia,
trombocitopenia,
neutropenia
Hepatoesplenomegalia
palidez
Sangramento
Dor óssea
Linfadenopatia
Hiperplasia gengival
Leucometria variável
Hiperuricemia
LEISHMANIOSE
Febre 2-3X/dia
Palidez
Emagrecimento
Hepatoesplenomegalia
Tosse seca (pneumonite intersticial/PNM)
Edema MMII
Elevação das transaminases
Pancitopenia
Aumento das bilirrubinas (?), da uréia e da creatinina.
Inversão albumina/globulina, com
hipergamaglobulinemia.
VHS elevado
Níveis de anticorpos anti-Leishmania elevados ?
Intradermorreação de Montenegro negativa ?
Amastigotas em aspirado de medula óssea, de baço, de
linfonodos e fígado ?
DIAGNÓSTICO FINAL
MIELOGRAMA
“Relação G/E (mielóide/eritróide) 2,5/1
Série granulocítica 53%
Série eritrocítica 30%
Série linf. 30%
Presença de parasitas extra celulares (leishmaniários) em
pequena quantidade
Ausência de células neoplásicas”
* diminui com aumento de reticulócitos (<=1:1)
CMV:
Ig G 16, IgM FR
TORCH
Toxo: HAI -, IgG FR, IgM FR
•
EPIDEMIOLOGIA/ETIOLOGIA
protozoário do gênero Leishmania
principal vetor é o Lutzomya longipalpis
cão doméstico é o reservatório mais importante e
o homem o hospedeiro final
CICLO EVOLUTIVO
RESPOSTA IMUNE
Linf.B
Ig (gama)
QUADRO CLÍNICO
OLIGOSSINTOMÁTICA
AGUDA
+comum, sintomas inespecíficos
S. febris
CRÔNICA (CLÁSSICO)
Febre irregular
Tosse
Desnutrição
Palidez
Edema
Descompensação pela pancitopenia
Incubação 3-8meses
DIAGNÓSTICO
testes sorológicos : fixação do complemento,
imunofluorescência indireta, teste de aglutinação direta,
ELISA e Dot-ELISA
encontro do parasita:
Sg periférico (30%), M.O (>70%), aspirado esplênico (>95%),
culturas
técnicas de biologia molecular (PCR)
Quando não há possibilidade de diagnóstico laboratorial, o
início do tratamento é baseado nos achados clínicoepidemiológicos.
Jornal de Pediatria - Vol. 80, Nº2, 2004
TRATAMENTO
Antimoniais pentavalentes
Glucantime
Pentostan
Anfotericina B
Pentamidina
Miltefosina tem-se mostrado efetiva na Índia
Jornal de Pediatria - Vol. 80, Nº2, 2004
www.ufsc.br
GLUCANTIME
DOSE: 20mg/kg/dia,EV ou IM, uma vez ao dia, durante 20 a 40 dias.
Limite máximo de três ampolas ao dia. Poderá ser diluída em SG 5%.
Artralgias e mialgias (85%), arritmia cardíaca grave,
hepatotoxicidade, nefrotoxicidade e pancreatite, inapetência,
náuseas, vômitos, plenitude gástrica, epigastralgia, pirose, dor
abdominal, dor no local da aplicação, febre.
Alterações de repolarização, comachatamento ou inversão da onda T,
aumento do espaço QT e de ritmo. Risco de morte súbita por arritmia.
Monitorar as enzimas hepáticas, função renal, amilase e lipase
séricas;
Eletrocardiograma no início, durante e ao final do tratamento
visando monitorar o intervalo QT corrigido, arritmias e achatamento
da onda T;
Está contra-indicado em pacientes com insuficiência renal, que foram
submetidos a transplante renal e em gestantes.
ANFOTERICINA B
Para pacientes com sinais de gravidade:
idade inferior a 6 meses ou superior a 65 anos,
desnutrição grave,
infecções bacterianas
icterícia, fenômenos hemorrágicos (exceto epistaxe), edema
generalizado, sinais de toxemia
Na impossibilidade de administração desse fármaco, recomendase o encaminhamento do paciente a um hospital de referência ou o
uso do antimoniato de N-metil glucamina, com extrema cautela
Lipossomal: Resistência, toxicidade ao desoxicolato,
transplantados renais ou pacientes com insuficiência renal
OSTROSKY-ZEICHMER et al., 2003
Cardio e nefrotoxicidade, febre em80%, dor,
flebite, cefaléia, anorexia.
Monitorar creatinina (3X/semana), ECG
(1X/semana)
ANTIBIOTICOPROFILAXIA
< 2 meses (por sete dias) e pacientes que
apresentam 500 neutrófilos/mm³ ou menos.
75 a 100mg/kg/dia de ceftriaxona, em uma ou
duas aplicações endovenosa e de 100 a
200mg/kg/dia de oxacilina em quatro aplicações
endovenosas.
MINISTÉRIO DA SAÚDE Secretaria de Vigilância em Saúde Departamento de Vigilância Epidemiológica
Leishmaniose Visceral Grave Normas e Condutas 2006
PRESCRIÇÃO
HV
Glucantime
Cefepime
FIM