Introdução à Ventilação Mecânica Neonatal Marinã Ramthum do Amaral R3 UTIP Orientação: Dr Jefferson Resende UTI neonatal HRAS www.paulomargoto.com.br 30/7/2008
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Transcript Introdução à Ventilação Mecânica Neonatal Marinã Ramthum do Amaral R3 UTIP Orientação: Dr Jefferson Resende UTI neonatal HRAS www.paulomargoto.com.br 30/7/2008
Introdução à Ventilação
Mecânica Neonatal
Marinã Ramthum do Amaral
R3 UTIP
Orientação: Dr Jefferson Resende
UTI neonatal HRAS
www.paulomargoto.com.br
30/7/2008
Introdução
O uso da ventilação pulmonar mecânica
na UTI neonatal contribuiu para
aumentar a sobrevida dos RN.
Maior incidência de seqüelas
pulmonares e neurológicas em
pacientes prematuros
– Doença pulmonar crônica
– Hemorragia peri-intraventricular
Introdução
O pediatra geral pode se beneficiar de
conhecimentos básicos de ventilação
mecânica pulmonar.
Às vezes não há vaga na UTI...
Objetivos
Revisar conceitos básicos de fisiologia
respiratória necessários à ventilação
mecânica (VM)
Abordar conceitos básicos de VM de forma
acessível ao pediatra geral e aos residentes
Abordar indicações de VM neonatal
Trazer exemplos práticos para a conduta de
bebês em VM
Fisiologia Respiratória
Fisiologia Respiratória
Volume minuto: (VC – EM) x FR
VC: volume corrente
EM: espaço morto
Fisiologia Respiratória
Complacência
– Alteração do volume por unidade de alteração da
pressão (V/P)
– Capacidade de distensibilidade pulmonar
Baixa complacência:
– Síndrome do desconforto respiratório (DMH)
– Pneumonia com processos atelectásicos difusos
Pulmões com complacência baixa
necessitam gradiente de pressão elevado
para manter volume corrente adequado.
Fisiologia Respiratória
Resistência
– Alteração da pressão por unidade de alteração do
fluxo.
– Capacidade de resistir à entrada de ar
Resistência aumentada:
– Aspiração meconial
Quanto maior a resistência, maior o gradiente
de pressão necessário para movimentar o
mesmo fluxo de ar.
Fisiologia Respiratória
Constante de tempo
– Tempo necessário para equilibrar 63% das
pressões entre a via aérea e o alvéolo.
Ct = Resistência x Complacência
Durante a ventilação, o tempo para
inspiração e para expiração devem ser
cerca de 3 a 5x a constante de tempo.
A zona ideal de ventilação
Conceitos Básicos de VM
Fração inspirada de
Oxigênio – FiO2
Pressão Inspiratória
– PIP ou Pinsp
Pressão Expiratória
Final – PEEP
Freqüência
Respiratória – FR
Tempo expiratório –
Te
Tempo inspiratório –
Ti
Relação entre
tempo inspiratório e
expiratório – I:E
Fluxo
Conceitos Básicos de VM
Fração Inspirada de Oxigênio – FiO2
– Concentração de O2 no ar inspirado.
– Interfere na oxigenação alveolar e arterial
– No RN FiO2 excessiva está relacionada a
maior incidência de doença pulmonar
crônica.
– Usar o necessário para manter SatO2
entre 90-94%.
Conceitos Básicos de VM
Pressão inspiratória – PIP ou Pinsp
– Deve ser utilizada para expandir
adequadamente o pulmão.
– PIP muito baixa pode levar a hipoventilação
– PIP muito alta pode levar a síndrome de
escape de ar e aumento a resistência vascular
pulmonar
– A longo prazo, PIP alta está mais relacionada
a doença pulmonar crônica.
Conceitos Básicos de VM
Pressão Positiva Expiratória Final –
PEEP
– Promover recrutamento alveolar mais
homogêneo, evitando áreas de atelectasia.
– PEEP muito baixa pode levar a atelectrauma.
– PEEP muito alta pode deixar o pulmão
hiperinsuflado, maior risco de síndrome de
escape de ar, elevação da resistência
vascular pulmonar.
Conceitos Básicos de VM
Tempo inspiratório – Ti
– Depende da constante de tempo
– Tempo inspiratório muito curto pode levar a
hipoventilação e hipercapnia
– Tempo inspiratório muito longo pode levar
a síndrome de escape de ar e doença
pulmonar crônica
Conceitos Básicos de VM
Tempo expiratório – Te
– Não é definido diretamente no aparelho de
VM, depende do ajuste de Ti e FR.
– Também correlaciona-se à constante de
tempo (Ct)
– Te muito curto pode significar
esvaziamento pulmonar incompleto
auto-PEEP
Conceitos Básicos de VM
Tempo expiratório – Te
– Auto PEEP leva a aumento da pressão
alveolar média e alterações
hemodinâmicas ( resistência vascularRV)
– Habitualmente a auto-PEEP não aparece
no monitor do ventilador.
Conceitos Básicos de VM
Relação I:E
– É conseqüência do ajuste da FR e do Ti
– Na fisiologia: expiração > inspiração
– De modo geral, utiliza-se a relação mais
próxima da fisiológica, entre 1:1,5 – 1:3
– Evita-se a relação invertida, exceto em
situações de hipoxemia refratária às
manobras de suporte ventilatório
convencionais.
Conceitos Básicos de VM
Freqüência Respiratória – FR
– Deve ser suficiente para garantir a redução
da PaCO2 e aumento da PaO2,
respeitando a relação I:E.
– FR mais baixas tendem a ser mais
fisiológicas e favorecem o desmame da
VM.
Conceitos Básicos de VM
Freqüência Respiratória – FR
– FR altas podem permitir pressão menos
elevada e FiO2 mais baixa.
– Cuidado com o ajuste do Tempo exp e o
auto-PEEP.
– Cuidado com a hipocapnia no RN!
Conceitos Básicos de VM
Fluxo
– O fluxo de gás determina como a pressão
atingirá as vias aéreas.
– Fluxo mais baixo implica em elevação gradual
das pressões alveolares
– É mais fisiológico e lesa menos o pulmão.
– Fluxos altos fazem com que a pressão
alveolar eleve-se rapidamente
– É mais eficaz para corrigir a hipoxemia, mas
lesa mais o pulmão.
Conceitos Básicos de VM
Diferencial de pressão – P
P = PIP – PEEP
– Está relacionado à manutenção do volume
corrente e, portanto, da ventilação.
– Também conhecido como pressão de
ventilação.
Conceitos Básicos de VM
Pressão Média das Vias Aéreas – MAP
– MAP = K (PIPxTi + PEEPxTe) *
Ti + Te * Sendo que K varia conforme
fluxo, resistência e complacência
– Representa todo o conjunto de pressões a
que está submetido o pulmão.
– A MAP correlaciona-se diretamente com a
correção da hipoxemia.
Os aparelhos de ventilação
Os aparelhos de ventilação
Modos de Ventilação???
AutoFlow
PPS
Auto Mode
VS
PCV
Noções de Modos de Ventilação
Controlado
Apenas ventilações mandatórias. Ignora
os esforços respiratórios próprios do
paciente.
Pode necessitar sedação intensa ou
curare.
Uso limitado em pediatria.
Noções de Modos de Ventilação
Assisto-controlado (A/C)
O paciente recebe ventilações mandatórias
determinadas + ventilações mandatórias
disparadas pelo esforço respiratório do
paciente.
Se o paciente estiver em apnéia, funciona
apenas como o modo controlado.
Noções de Modos de Ventilação
Sensibilidade: limiar que deve ser
alcançado pelo paciente para que seu
esforço respiratório seja detectado pelo
aparelho.
Noções de Modos de Ventilação
Ventilação Mandatória Intermitente
(IMV)
O aparelho libera um número
determinado de ventilações
mandatórias, mas permite que o
paciente tenha respirações
espontâneas.
Noções de Modos de Ventilação
Ventilação Mandatória Intermitente
Sincronizada
De modo semelhante ao IMV, permite
ventilações mandatórias e espontâneas,
porém faz com que algumas respirações
mandatórias sejam sincronizadas ao esforço
respiratório do paciente.
Noções de Modos de Ventilação
Ventilação com Pressão de Suporte (PSV)
O aparelho fornece uma “ajuda” durante a
ventilação espontânea do paciente.
Não assegura FR, garante apenas nível
pressórico à ventilação própria do paciente.
Ainda pouco utilizado em neonatologia.
Noções de Modos de Ventilação
Ventilação controlada a volume (VCV)
Ventilação controlada a pressão (PCV)
Ventilação ciclada a tempo limitada a
pressão (TCLP)
– Ventiladores de fluxo contínuo.
Indicações de VM
Reconhecer sinais de insuficiência
respiratória e necessidade de suporte!
A maioria das paradas cardiorespiratórias em pediatria ocorrem não
de forma súbita, mas de forma
anunciada.
Indicações de VM
Insuficiência Respiratória
Insuficiência de bomba
– Apnéia
– Encefalopatia hipóxico-isquêmica
– Pós-operatório anestesia
– Doenças neuro-musculares
Indicações de VM
Insuficiência de troca
– O pulmão não cumpre sua função de troca
gasosa
– Hipóxia
– Hipercapnia
– Síndrome do Desconforto Respiratório
(DMH), pneumonia, etc.
Indicações de VM
PaO2 < 50mmHg em FiO2 > 50%, sem
melhora com CPAP nasal
Hipercapnia com aumento da PaCO2 >
10mmHg/h
Acidose grave persistente
– PaCO2 > 60 mmHg com pH < 7,25
– Conforme estado clínico do paciente.
Indicações de VM
Piora gasométrica e/ou clínica apesar
da utilização do CPAP
Boletim de Silverman-Anderson > 6
sem melhora com CPAP nasal.
Risco de fadiga da musculatura
respiratória
Apnéias recorrentes
Objetivos da VM
PaO2: 50 a 70 mmHg
PaCO2: 50-55 mmHg
pH: > 7,20
SatO2: 90 – 93%
Será que SatO2 100% é melhor
do que 93%?
Objetivos da VM
Quanto mais agressiva a VM, em geral
maior o risco de lesão pulmonar e
doença pulmonar crônica.
Oferecer nem mais, nem menos do que
o bebê necessita!
Atualmente tendência a hipoxemia
permissiva e hipercapnia permissiva.
Situações Práticas
Quais parâmetros colocar no
ventilador inicialmente?
Considerar as
características do
paciente...
RN sem doença pulmonar
Complacência e resistência pulmonar normais
PIP: 15 a 20 cmH2O
PEEP: 3 a 5 cmH2O
Ti: 0,3 a 0,4s
FR: 20 – 40 irpm
FiO2: a menor
necessária para
garantir boa SatO2
Fluxo: 3x o volume
min (considerando
que VC = 10 ml/Kg)
RN com Complacência Baixa
Síndrome do Desconforto Respiratório - DMH
PIP: 20 a 30 cmH2O
PEEP: 4 a 6 cmH2O
Ti: 0,3 a 0,4s // ≤
0,3s
FR: 30 a 60 irpm
FiO2: a menor
necessária para
garantir boa SatO2
geralmente em torno
de 40-60%
Fluxo: 6 a 8l/min
(considerar peso,
quadro clínico,
adaptação à VM, etc.)
RN com Resistência Alta
Síndrome de Aspiração Meconial
PIP: 20 a 40 cmH2O
PEEP: 2 a 4 cmH2O
Ti: 0,4 a 0,5s
FR: 30 a 60 irpm
FiO2: a menor
necessária para
garantir boa SatO2
geralmente em torno
de 40-60%
Fluxo: 6 a 8l/min
(considerar peso,
quadro clínico,
adaptação à VM, etc.)
O bebê continua com
hipoxemia, o que eu faço?
Para aumentar a PaO2
As variações da PaO2 dependem
principalmente da MAP
FiO2
PEEP – cuidado,
pode piorar
com cuidado o Ti
Se a PaCO2 não
estiver baixa, pode-se
PIP e/ou FR. Ao
aumentar a PIP,
observe a
expansibilidade.
Reduzir resistência:
secreções
Ufa! O bebê já está com PaO2
melhor. Posso reduzir parâmetros?
Se PaO2 está boa, redução de
parâmetros!
Reduzir a FiO2
gradativamente,
máximo de 10% por
vez.
– Efeito flip-flop
Reduzir PEEP em
1cmH2O por vez até
PEEP 3.
Se paCO2 também
estiver satisfatória,
reduzir também PIP
em 1 a 2 cmH2O
por vez, observando
a expansibilidade
torácica.
O bebê está com
hipercapnia, o que eu faço?
Para reduzir a PaCO2
As variações da PaCO2 dependem
principalmente da Ventilação Minuto
FR (pode piorar)
PIP conforme a
expansibilidade
torácica
Se a PaO2 for baixa,
pode-se também
PEEP.
Reduzir o EM
(surfactante,
conexões do TOT,
distensão gástrica)
Pode-se PEEP
para aumentar o P.
A PaCO2 do RN está bem
baixa, preciso ajustar a VM?
Se PaCO2 está baixa, redução de
parâmetros!
A hipocapnia neonatal está relacionada a
diminuição do fluxo sanguíneo cerebral!
PIP em 1 a 2
cmH2O por vez
vigiando a
expansibilidade
torácica.
FR em 2 a 5
pontos por vez.
E se após ajustes dos
parâmetros, a gasometria
do bebê continua ruim...
Neste caso, considerar:
Acidose metabólica: melhorar a perfusão, administrar
bicarbonato se necessário.
PCA(persistência do canal arterial): ibuprofeno,
restrição hídrica, diurético se necessário.
Hipertensão Pulmonar Persistente: considerar os
fatores de risco, discutir necessidade de drogas
vasoativas, alcalinização, sildenafil, óxido nítrico.
Cardiopatias congênitas: ecocardiograma
Outras considerações práticas
Já está quase
acabando!
O bebê sobre ventilação necessita
cuidado intensivo!
Monitorização, sempre que possível pelo
menos com oxímetro.
Cuidados com a fixação do TOT
Umidificação/ água no circuito de ventilação
mecânica
Aspiração de vias aéreas
Fisioterapia respiratória
Sedo-analgesia
Controle clínico, radiológico e gasométrico
periodicamente.
Em caso de piora clínica súbita:
DOPE
D eslocamento do TOT
O bstrução das vias aéreas
P neumotórax
E quipamento (falha do ventilador, fonte de
gases na parede, vazamento de ar ou
desconexão do circuito, circuito montado
incorretamente)
Considerar também distensão gástrica
acentuada.
Tudo que é bom dura pouco...
Quando se tem um paciente na ventilação
mecânica devemos sempre nos perguntar o
que estamos fazendo para que ele possa sair
Ventilação mecânica excessiva é igual a
iatrogenia!
– Maior risco de infecção
– Maior risco de doença pulmonar crônica
– Maior tempo de internação hospitalar
Conclusão
Para entender a ventilação mecânica
neonatal é preciso lembrar a fisiologia
pulmonar e a fisiopatologia dos
principais distúrbios respiratórios
neonatais.
É necessária monitorização intensiva e
atenção aos detalhes.
Não utilizar nem mais, nem menos do
que o que o paciente precisa. Cuidado
com os excessos!
Agora só nos resta aprender
a intubar!
Muito obrigada!
Nota do editor do site,
www.paulomargotto.com.br
Dr. Paulo R. Margotto
Consultem:
BASES FISIOPATOLÓGICAS DA VENTILAÇÃO
CONVENCIONAL
Autor(es): WALLY CARLO (USA).Realizado por Paulo R.
Margotto