Além das Fronteiras do CTI Atuação Intra-Hospitalar de Transplante em Hospital público do Rio de Janeiro na captação de Órgãos Autora: Enfa Renata de.

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Transcript Além das Fronteiras do CTI Atuação Intra-Hospitalar de Transplante em Hospital público do Rio de Janeiro na captação de Órgãos Autora: Enfa Renata de.

Além das Fronteiras do CTI
Atuação Intra-Hospitalar de Transplante em
Hospital público do Rio de Janeiro na captação de
Órgãos
Autora: Enfa Renata de Oliveira
Co-autor: Dr. Antonio Ribeiro P. Neto
Agosto/ 2005
INTRODUÇÃO
O transplante de órgãos tem apresentado um crescimento
progressivo nos últimos anos, tornando-se muitas vezes, a última
possibilidade terapêutica para portadores de doenças crônicosterminais, onde os tratamentos convencionais já estão esgotados,
porém existem muitas dificuldades na captação de órgãos pela
falta de informação da população e não raro dos profissionais de
saúde.
Objetivos:
•
•
•
•
Conscientizar pela informação,
Sistematizar a assistência ao doador em potencial e familiares,
Envolver os profissionais nessa realidade.
Amenizar a longa e demorada fila de espera por transplante
Materiais e métodos:
Implantação de uma equipe multidisciplinar: Os coordenadores de transplante.
Confecção de protocolo direcionado a todas as etapas a serem seguidas, surgindo
o que denominamos: O PASSO A PASSO NA CAPTAÇÃO DE ÓRGÃOS.

LEI N° 9.434
4 de Fevereiro de 1997

Dispõe sobre a remoção de órgãos, tecidos e partes do corpo humano para fins de
transplante e tratamento e dá outras providências.

Art. 3o. A retirada post mortem de tecidos, órgãos ou partes do corpo humano
destinados a transplante ou tratamento deverá ser precedida de diagnóstico de morte
encefálica constatada e registrada por dois médicos não participantes das equipes de
remoção e transplante, mediante a utilização de critérios clínicos e tecnológicos
definidos por resolução do Conselho Federal de Medicina.

Art. 13. É obrigatório, para todos os estabelecimentos de saúde, notificar, às
centrais de notificação, captação e distribuição de órgãos da unidade federada onde
ocorrer, o diagnóstico de morte encefálica feito em pacientes por eles atendidos.
Lei Nº 10.211/01
Capítulo I
Art. 4º - A retirada de tecidos, órgãos e parte do corpo de pessoas falecidas, para
transplantes ou outra finalidade terapêutica, dependerá da autorização do cônjuge
ou parente, maior de idade, obedecida a linha sucessória, reta ou colateral até o
segundo grau, firmada em documento subscrito por duas testemunhas presentes à
verificação da morte.



•COMISSÃO INTRA-HOSPITALAR DE TRANSPLANTE DO HEAPN
Constituída por 07 profissionais: 04 médicos e 03 enfermeiros.
Escala fixa 24h/dia:
2ª feira: Dr. Antônio Ribeiro Pontes Neto
(Chefe do CTI Adulto/Coordenador da CIHT)
3ª feira: Enfª Verônica
(Enfermeira Plantonista da Emergência)
4ª feira: Enfª Elisângela
(Coordenadora da Emergência)
5ª feira: Enfª Renata de Oliveira Silva
(Coordenadora do CTI Adulto)
6ª feira: Dr. Paulo Freitas
(Assessor da Direção)
Sábado: Dr. Pedro Túlio
(Plantonista do CTI Adulto/Rio Transplante)
Domingo: Dr. Bruno Santana
(Plantonista do CTI Adulto)
ATRIBUIÇÕES DO COORDENADOR INTRA-HOSPITALAR DE
TRANSPLANTE/HEAPN
AO SER NOTIFICADO:
Conhecer e colher dados sobre o caso;
Verificar o registro no prontuário;
Promover a realização de exames laboratoriais e de imagens;
Iniciar manutenção.
 Notificar o caso suspeito à Central de Transplante;
 Realizar abordagem à família;
 Agendar método gráfico confirmatório;
 Preencher termo de autorização;
 Agendar CC.


IMPORTANTE
A TC de crânio é exigência do programa de transplante para determinação da causa
de possível ME;
Como Identificar um caso Clínico sugestivo de morte encefálica
* Paciente em coma irreversível, com ausência da função cerebral, apesar de
manutenção da respiração (através de sistema de suporte respiratório) e dos
batimentos cardíacos, deve ser considerado um POTENCIAL DOADOR DE
ÓRGÃOS.
* Conselho Federal de Medicina, resolução CFM Nº 1480 / 08 de agosto de 1997,
dispõe sobre novos critérios de constatação de morte encefálica.
Coma aperceptivo com ausência de atividade motora supra espinhal e da apnéia,
confirmado pela ausência de atividade elétrica cerebral ou metabólica ou de perfusão
sanguínea cerebral.
Termo de Declaração de Morte Encefálica






Identificação:
Causa do Coma.
Exames Neurológicos.
Assinatura dos Profissionais que procederam os exames Clínicos.
Exames complementares.
Recomendações para prática dos diversos exames e testes.
Recomenda-se a escolha da expressão “Morte Encefálica” (M.E), e não “Morte
Cerebral”, porque, assim referem-se a Lei Nº 9434/97.
Só há morte quando existe lesão irreversível de todo ENCÉFALO.
Importante
O manuseio de POTENCIAL DOADOR DE ÓRGÃOS deve seguir os cuidados
básicos adotados para pacientes em unidade de Terapia Intensiva, porém com
algumas variações importantes:
Suporte da Função Renal, Cardíaca e Pulmonar
Por quê?
O sucesso do transplante depende, da qualidade do órgão
transplantado, que por sua vez depende de uma efetiva manutenção do
Potencial Doador
Fisiopatologia da morte cerebral
TCE
HEMORRAGIA CEREBRAL
AVC e OUTRAS
Edema cerebral
Antes da herniação total do tronco
cerebral:taquicardia e has pela estimulação
simpática ou descarga adrenérgica
Não é aconselhável a redução abrupta da
P.A. neste momento - PPC
Compressão do tronco cerebral
PIC
PPC
Queda marcante e profunda da P.A.
herniação total
Perda da regulação
hipotalâmica
Deficit poli-hormonal
Perda do controle
vasomotor
Diminuição da estimulação
inotrópica e cronotrópica
Hipotensão
Instabilidade hemodinâmica
diabetes insípidus
Hipotermia
DC
Dist. hidroeletrolíticos
Hipoperfusão orgânica
deteriorização orgânica
Tratar complicações
Todas as complicações decorrentes devem ser
rapidamente tratadas
Quanto maior o intervalo entre a detecção e captação, pior as condições orgânicas e
inviabilidade do transplante
TERMINOLOGIA UTILIZADA PELOS COORDENADORES
PARA IDENTIFICAÇÃO DE CADA ETAPA DA DOAÇÃO DE
ÓRGÃOS
SINAL VERMELHO para ME.
CONHECIMENTO DO CASO.
SINAL AMARELO
MANUTENÇÃO DO POTENCIAL DOADOR
ABORDAGEM À FAMÍLIA
SINAL VERDE
AUTORIZAÇÃO DA FAMÍLIA.
MÉTODO GRÁFICO.
CAPTAÇÃO DE ÓRGÃOS.

ABORDAGEM À FAMÍLIA:
Em local adequado;
Informar sobre a suspeita de ME;
Orientar sobre o Programa de Transplante;
Manter clareza nas informações;
Respeitar a decisão da família.
Caso Clínico
Homem branco, 27 anos , deu entrada na Grande Emergência ,
vítima de acidente automobilístico, com Traumatismo Crânio
Encefálico, Contusão facial e otorragia. Ao exame inicial apresentava
pupilas fixas e midriáticas e franca Insuficiência Respiratória: ECG=3.
Foi submetido a intubação orotraqueal/VM e suporte Hemodinâmico.
Realização avaliação neurológica + TCC que evidenciou Edema
Cerebral Difuso e HSA, sem indicação de abordagem cirúrgica. Transferido para
o CTI onde foi realizado um novo exame neurológico que evidenciou critérios
clínicos sugestivos de Morte Encefálica...
E agora, como proceder diante deste caso?
PASSO A PASSO - CAPTAÇÃO DE ÓRGÃOS
1º
Exame clínico compatível com suspeita de morte encefálica (registrado no prontuário)
AUSÊNCIA DE REFLEXO DE TRONCO
Reflexos:
Fotomotor
Vestíbulo-ocular
Óculo-cefálico
Iniciar manutenção do potencial doador
Tosse
2º
RELAÇÃO DE EXAMES COMPELEMENTARES
Hc, Grupo ABO, Na+, K+, Gasometria, G, U,
C
Hepatograma
Amilase/Lipase
CK, Ckmb, ECG
RX tórax
TC crâneo (importante para determinar a
causa de ME
ATENÇÃO
É importante verificar se o paciente estava sob o efeito de algum medicamento
depressor do Sistema Nervoso Central: sedativo, curare... Neste caso, o protocolo só
poderá ser iniciado após 3 vezes meia vida da droga.
CONTACTAR A FAMÍLIA
3º
(O mais precoce possível)
Negativo para
doação
A notificação de suspeita
de ME é compulsória
Contactar o Rio Transplante
Positivo para
doação
Contactar o Rio Transplante
Telefones
2587-6111
2587-6444
4º
EXAME PELO NEURO
EXAMES REALIZADOS PELO RIO TRANSPLANTE
MÉTODO GRÁFICO: Doppler Transcraniano ou EEG;
SOROLOGIA: Encaminhado pelo Rio Transplante ao Hemorio;
IMUNOGENÉTICA
MANUTENÇÃO DO POTENCIAL DOADOR
5º
COMPLICAÇÕES
HIPOTENSÃO
DIABETES INSÍPIDUS
DISTÚRBIOS VENTILAÇÃO/PERFUSÃO
HIPOTERMIA
DISTÚRBIOS HIDROELETROLÍTICOS
HIPERGLICEMIA PERSISTENTE
DISTÚRBIOS DA COAGULAÇÃO
6º
ATENÇÃO
•Manter antibióticoterapia na presença ou suspeita de infecção.
•Evitar AtBs nefrotóxicos.
•CUIDADOS GERAIS:
•Higiene;
.
•Integridade cutânea;
•Acessos venosos pérveos;
•Suporte ventilatório adequado/avaliação gasometria;
•SV, débito urinário, PCV horários;
•Proteção ocular com gaze umedecida (SF 0,9%);
•Balanço hídrico rigoroso;
•CVD, SNG para descompressão gástrica (evitar broncoaspiração)
•Evitar cateteres em vasos femorais.
7º
MANUTENÇÃO DO POTENCIAL DOADOR
⇨ Manter PA sistólica > 100mmHg
⇨PVC – 8 a 10mmHg
⇨Monitorização do Débito Urinário – 100 a 300ml/h
⇨Reposição volêmica com cristalóides Isotônico (RL,SF) para
positivar o BH
⇨PaO₂ 100%
.
⇨SatO₂ > 95%
⇨Ph : 7,37 – 7,45
⇨Hb > 10g/dL ⃗ Transfundir CH se necessário
⇨Htc > 30%
⇨Temperatura > 35° C
⇨FiO₂ e PEEP ↓ possível para manter PO₂ e SatO₂
Seguido todo este Protocolo
AGENDAR CENTRO CIRÚRGICO
.
CAPTAÇÃO
PARABÉNS!
Se você chegou até esta etapa, estará contribuindo para o
recomeço de novas vidas.
Estatística de Captação de Órgãos
N• de Notificações
40
35
30
25
2003 = 18
20
15
2004 = 39
10
2005 = 12
5
0
2003
2004
2005
N• de Negativas Familiares
8
7,8
7,6
7,4
7,2
7
2003 = 08
6,8
2004 = 08
6,6
2005 = 07
6,4
2003
2004
2005
N• de Autorizações
35
30
25
20
15
2003 = 10
10
2004 = 31
5
2005 = 12
0
2003
2004
2005
Doações de Múltiplos Órgãos
6
5
4
3
2003 = 06
2
2004 = 06
1
2005 = 03
0
2003
2004
2005
N• de Exclusões Clínicas
14
12
10
8
6
4
2003 = 02
2004 = 14
2005 = 03
2
0
2003
2004
2005
PCR Antes da Captação
3
2,5
2
1,5
1
2003 = 02
2004 = 03
2005 = 03
0,5
0
2003
2004
2005
Protocolo interrompido pelo uso de drogas depressoras / SNC
2
1,8
1,6
1,4
1,2
1
0,8
0,6
0,4
0,2
0
2003 = 02
2004 = 02
2005 = 01
2003
2004
2005
N• de Córneas
12
10
8
6
2003 = 10
4
2004 = 12
2
2005 = 06
0
2003
2004
2005
Principais Diagnósticos
AVC Hemorrágico
Politrauma / TCE grave
PAF Craniano
Intoxicação por monóxido de carbono
N• de Pessoas contempladas com transplante
40
35
30
25
20
Total = 86
15
10
5
0
2003
2004
2005
Conclusão:
Observamos que com uma equipe definida e qualificada houve um aumento
gradativo no número de captações.
• O profissionais envolvidos tornaram-se referência na Instituição.
• Houve aumento das notificações de casos suspeitos, obedecendo aspectos
legais que regulamenta este programa.
• Maior divulgação deste tema ainda tão polêmico.
Estamos ultrapassando a fronteira da morte promovendo
possibilidade de mudanças e perspectivas de vida
Quem não conhece o programa
de transplante questiona, quem
conhece se envolve, se
APAIXONA.
Obrigada!