Conhecimento Explícito da Língua (CEL)
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Conhecimento Explícito da
Língua (CEL)
“Entende-se por conhecimento explícito da língua a reflectida
capacidade para sistematizar unidades, regras e processos gramaticais
do idioma, levando à identificação e à correcção
do
erro;
o
conhecimento explícito da língua assenta na instrução formal e implica
o desenvolvimento de processos metacognitivos.”
PPEB, pág. 16
O Conhecimento da Língua no
PPEB (2009)
O CEL surge com estatuto idêntico
ao das demais competências e
numa dupla perspectivação: como
competência
autónoma
e
competência
instrumental
e
transversal.
O trabalho a desenvolver deve centrarse sobre o Conhecimento Explícito
da
Língua
e
não
sobre o
Funcionamento da Língua.
CEL
O termo “Conhecimento Explícito” supõe a existência de um conhecimento
implícito que os alunos /falantes manifestam e que mobilizam de forma automática
(conhecimento inconsciente e eficiente). Assim, deve-se partir do conhecimento
implícito para o explícito, visando uma maior consciência, estruturação e
sistematização desse conhecimento como condição de aperfeiçoamento
fundamentado e crítico das restantes competências.
Conhecimento(s) Implícito(s) usado(s) num acto
comunicativo:
Conhecimento
Fonético
Conhecimento
Fonológico
Conhecimento
Morfológico
Conhecimento
Sintático
Conhecimento
Lexical
Conhecimento
Semântico
Conhecimento
Pragmático e
Discursivo
Diferenças entre CEL e Funcionamento da
Língua
Os novos programas de português do Ensino Básico obrigam-nos, enquanto
docentes, a:
1.
Investir em descrições mais sérias e cuidadas da gramática do
português;
2.
Tomar consciência do grau de desenvolvimento linguístico dos nossos
alunos recorrendo a instrumentos de diagnóstico das áreas de
dificuldade dos alunos para poder investir mais nessas áreas ,
apoiando-se no conhecimento
implícito
para
potenciar
o
desenvolvimento de novo conhecimento. ;
3.
Tomar consciência dos aspectos da língua que não
decorrem de uma aquisição espontânea, para podermos saber
aquilo que o aluno só virá a saber se for ensinado.
4.
Investir num ensino que capitaliza as regularidades : o trabalho
deve ser orientado para deteção de regularidades da língua, com
mobilização para situações de uso após sistematização;
5.
Orientar o estudo da gramática em dimensões para além da
mera correção do erro, consciencializando os alunos de um
conjunto de procedimentos e técnicas necessários a um melhor
desempenho linguístico.
Diferenças entre CEL e Funcionamento da Língua
Principais diferenças entre as concepções sobre
ensino da gramática presentes nos programas de
1991 e 2009:
(GIP,CEL)
CEL – caracterização
2º Ciclo
“[…] Uma criteriosa atividade de descoberta, reflexão, explicitação e
sistematização de conhecimentos sobre a língua, já iniciada, prossegue neste
ciclo, de modo a configurar um mapa de conceitos coerente. O
conhecimento explícito da língua é reinvestido na melhoria dos
desempenhos nas outras competências.
Assim, neste ciclo estabilizam-se e consolidam-se aprendizagens que garantam
a adequação de comportamentos verbais e não verbais em situações
de comunicação informais e com algum grau de formalização. O domínio das
relações entre os sistemas fonológico e ortográfico e o estabelecimento de
traços distintivos entre língua falada e língua escrita consolidam-se.
Sistematizam-se aspectos essenciais do conhecimento explícito da
língua. São adquiridas categorias de carácter metalinguístico, metatextual e
metadiscursivo que permitam descrever e explicar usos do português no modo
oral e no modo escrito. Alargam-se e aprofundam-se aprendizagens que
proporcionem desempenhos mais proficientes em cada um daqueles
modos. […]2
(PPEB, pp.74 e 75)
CEL – caracterização
3º Ciclo
“[…] O trabalho em torno do conhecimento explícito da língua decorre da
experiência e do saber dos alunos relativamente ao uso da linguagem,
dentro e fora da escola, com recurso a uma variedade de textos falados,
escritos, icónicos e dos media. Nesta perspectiva, o reforço do estudo
sistematizado sobre a língua concretiza-se quer no âmbito das atividades
de comunicação oral, de leitura e de escrita, quer em práticas oficinais
específicas concebidas de modo a que o reinvestimento de
conhecimentos permita um aperfeiçoamento dos desempenhos nos
modos oral e escrito.
Assim, neste ciclo são consolidadas e sistematizadas aprendizagens
que assegurem o domínio da comunicação oral e escrita em situações
formais e informais. O recurso a categorias de carácter metalinguístico,
metatextual e metadiscursivo permite descrever e explicar o uso do
português no modo oral e no modo escrito. Ampliam-se e consolidam-se
aprendizagens que proporcionam desempenhos mais proficientes em
cada um desses modos, indispensáveis ao sucesso escolar dos alunos
[…]”
(PPEB, p. 114 )
CEL enquanto competência
nuclear
O Novo Programa
prevê um trabalho sobre a gramática ,
consolidado através da sua mobilização em situações de uso ou
de reinvestimento na comparação com novos dados ou novas
situações.
Para implementar os Programas de Português, é preciso:
Diagnosticar
(conhecimentos dos
alunos)
Reinvestir
Programar
(anual)
Planificar
SDs de CEL
o conhecimento
gramatical
noutras
competências
Benefícios do trabalho sobre
o CEL
Benefícios em três eixos:
Objetivos
atitudinais
Objetivos
instrumentais
• Há uma correlação
positiva entre a
consciência e a
autoconfiança linguística
e o respeito e tolerância
linguística.
• A consciência linguística
e os hábitos de
reflexão sobre a língua
ajudam nas outras
competências.
• Para atingir estes
objetivos, é preciso
desenvolver a tolerância
linguística, o que
pressupõe a observação
e legitimação das
variedades linguísticas,
que se regem por uma
gramática própria, que
deve ser sistematizada.
• Para atingir estes
objetivos, é preciso
trabalhar previamente os
conteúdos que vão ser
necessariamente
retomados em contexto
de uso.
-
Objetivos cognitivos
(gerais e
específicos)
• O conhecimento da
língua é um fim em
si mesmo.
• Para
atingir
estes
objetivos,
é
preciso
recorrer a descrições
rigorosas – suportadas
por evidências empíricas
–
e potenciar
a
observação de dados e
a
formulação
de
hipóteses.
Que métodos para trabalhar o CEL no
Ensino Básico?
O que não se deve fazer
O que se deve fazer
Ensino por definições
atividades pela descoberta
(porque a maior parte das definições não
são rigorosas e, sobretudo, porque a
sistematização deve resultar de um trabalho
de observação dos dados) .
(estas atividades servem para a construção de
conhecimento, mas não são adequadas para
avaliação. Para além disso, há aspetos que
têm de ser memorizados e formalmente
ensinados, não havendo nada a descobrir).
Pedagogia do Erro
Laboratório Gramatical
(porque o trabalho feito apenas a propósito
do erro excluiria a abordagem de muitos
aspetos, impediria a sistematização e
limitaria o aprofundamento de conhecimento
sobre a língua).
Metodologias únicas
( porque uma única metodologia não é
adequada para os diferentes descritores de
desempenho).
Outras atividades
Que métodos para trabalhar o CEL no
Ensino Básico?
ETAPAS das atividades pela descoberta
gramatical (ou oficina gramatical:
e do
laboratório
planificação
(da responsabilidade do professor ; é o momento da selecção e constituição de um
corpus e preparação dos dados, que devem ser simples, organizados e conter a
informação essencial);
observação e descrição dos dados fase crucial do trabalho do aluno, que, orientado na observação dos dados,
deve tirar pequenas conclusões, formular hipóteses e generalizações ,
testando-as com novos dados; este trabalho abre caminho para hábitos de
reflexão sobre a língua e a uma compreensão mais clara dos casos excecionais
que devem ser aprendidos.
Treino com excercícios de identificação, produção, classificação,
avaliação.
etc.;
Aspectos a
considerar
na
construção
de
uma
atividade para construção de conhecimento gramatical:
Qual é o tipo de atividade?
Construção de conhecimento? Treino? Avaliação? Mobilização de conhecimento gramatical
para outras competências?
O que se pretende com a atividade?
A atividade tem como meta que descritor(es) de desempenho do programa? É colocada aos
alunos uma questão específica que constitua um desafio interessante para a prossecução da
atividade?
Há identificação clara dos conhecimentos pressupostos?
São dadas instruções claras aos alunos sobre quais os conhecimentos que se pressupõe que eles
já dominam e como podem revê-los ou recuperá-los?
Qual a origem dos dados?
Produções dos alunos? Texto oral ou escrito fornecido pelo professor? Texto oral ou escrito
recolhido pelos alunos?
É tirado partido do conhecimento gramatical implícito dos alunos?
As situações que se pretende que os alunos manipulem são casos em que há conhecimento
implícito? Os dados fornecidos são simples , necessários e/ou suficientes? Os dados fornecidos
permitem uma hierarquização da informação a partir dos casos mais simples para os mais
complexos e a constituição de pares mínimos?
A atividade permite que os alunos possam tirar conclusões em
pequenos passos?
Há momentos de treino?
Há reinvestimento do conhecimento construído em diferentes
contextos de uso?
Dicionário Terminológico
A. Língua, Comunidade Linguística, Variação e Mudança
B. Linguística Descritiva
B.1. Fonética e Fonologia
B.2. Morfologia
B.3. Classes de Palavras
B.4. Sintaxe
B.5. Lexicologia
B.6. Semântica
C. Análise do discurso, Retórica, Pragmática e Linguística
textual
D. Lexicografia
E. Representação Gráfica
Conhecimento Explícito da Língua
Planos
1. Plano da Língua,Variação e Mudança
2. Plano Fonológico
3. Plano Morfológico
4. Plano das Classes de Palavras
5. Plano Sintático
6. Plano Lexical e Semântico
7. Plano Discursivo e Textual
8. Plano da Representação Gráfica e
Ortográfica
Exemplos de descritores de
desempenho
1.
Plano da Língua,Variação e
Mudança
2.º Ciclo: Distinguir contextos geográficos e sociais que estão na
origem de diferentes variedades do português. (p. 91)
3.º Ciclo: Distinguir contextos geográficos, sociais, situacionais e
históricos que estão na origem de diferentes variedades do
português. (p. 129)
2. Plano Fonológico
2.º Ciclo: Distinguir ditongos crescentes e decrescentes. (p. 92)
3.º Ciclo: Sistematizar propriedades do ditongo e do hiato. (p. 130)
Exemplos de descritores de
desempenho
3. Plano Morfológico
2.º Ciclo: Deduzir o significado de palavras complexas a partir
do valor de prefixos e sufixos nominais, adjetivais e verbais
do português contemporâneo. (p. 93)
3.º Ciclo: Sistematizar padrões de formação de palavras
complexas por composição de duas ou mais formas de base.
(p. 130)
4. Plano das Classes de Palavras
2.º Ciclo: Distinguir classes abertas e fechadas de palavras.
3.º Ciclo: Caracterizar classes de palavras e respetivas
propriedades. (p. 131)
(p. 94)
Exemplos de descritores de
desempenho
5. Plano Sintático
2.º Ciclo: Explicitar a relação entre constituintes principais de
frases e as funções sintáticas por eles desempenhadas. (p. 95)
3.º Ciclo: Sistematizar funções sintáticas ao nível da frase. (p.
132)
6. Plano Lexical e Semântico
2.º Ciclo: Explicitar relações semânticas de semelhança e
oposição, hierárquicas e de parte-todo. (p. 96)
3.º Ciclo: Explicitar relações semânticas de semelhança e
oposição, hierárquicas e de parte-todo. (p. 133)
Exemplos de descritores de
desempenho
7. Plano Discursivo e Textual
2.º Ciclo: Distinguir modos de reprodução do discurso no
discurso, quer no modo oral quer no modo escrito. (p. 98)
3.º Ciclo: Distinguir modos de reprodução do discurso no
discurso e sua produtividade. (p. 134)
8. Plano da Representação Gráfica e
Ortográfica
2.º Ciclo: Explicitar regras de uso de sinais de pontuação para
delimitar constituintes da frase. (p. 99)
3.º Ciclo: Sistematizar as regras de uso de sinais de pontuação
para veicular valores discursivos. (p. 135)
Novos Conteúdos e Conteúdos
com Alterações
1. Morfologia
(descreve e analisa a estrutura interna das palavras bem como os processos morfológicos de
variação e da formação destas).
- Palavra e constituintes da palavra
- Processos morfológicos de formação de palavras
2. Classes de Palavras
- Classes de palavras
3. Sintaxe
- Funções sintáticas
4. Lexicologia e Semântica
- Tempo
- Aspeto
- Modalidade
- Inovação lexical
5. Discurso
- Marcadores discursivos
- Conectores discursivos