John Stuart Mill - Erudito FEA-USP

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John Stuart Mill
Contexto histórico
• O utilitarismo de Bentham foi de grande peso para a formação
intelectual de Mill.
• Toda a influência de Bentham em Mill pode ser reduzida ao princípio
de que “ As ações são corretas na medida em que tendem a
promover a felicidade, e erradas na medida em que tendem a
promover o reverso da felicidade.”
• Os princípios de Ricardo serviram ao propósito de introduzir Mill aos
estudos de economia política, quando ele tinha 13 anos.
• A influência de Comte manifesta-se em Mill de forma definida quando
este toma contato com o segundo volume da obra “Filosofia Positiva”
de 1837.
1
John Stuart Mill
Contexto histórico (cont.)
•
Comte tomou para si a missão de criar uma ciência social, ou “ corpo de
doutrinas que cobrisse a vida da sociedade humana em todos seus
aspectos”, para isso deveria utilizar três métodos: “a observação
propriamente dita, a experimentação e a comparação.”
•
A concepção de ciência social de Comte fascinou Mill, que tentou
desenvolvê-la em seus escritos, colocando a Economia política como
apenas um dos pontos de vista, entre todos as possibilidades reveladas
pelos fatos sociais.
•
As revoltas em que se lançaram os trabalhadores, muito impressionaram
Mill, que mostrou-se inclusive partidário do socialismo utópico.
2
A obra Principles of Political economy (1848)
• Mill, com esta obra, tentou integrar a teoria do valor-trabalho e a teoria
do valor-utilidade, dizendo-se discípulo de Bentham e Ricardo.
• Neste livro ele concebe a separação das esferas da produção e
distribuição.
• A produção é regida por leis que “têm o caráter de verdades físicas” e
a distribuição “depende das leis e dos costumes da sociedade”.
• Assim sendo, o estágio atual da produção é determinado pela
extensão do domínio do homem sobre a natureza. Consiste, portanto
no acúmulo de habilidades técnicas.
• A distribuição surge como evolução histórica, desenvolvimento social
alcançado pelo homem.
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Produção
As leis da produção
• As leis da produção são dadas pela natureza e são imutáveis. Quanto
a isso, Mill é enfático: “Todo trabalho, em última análise, é feito pela
natureza.”
• A produção presume “condições necessárias” proporcionadas pela
natureza da matéria e do trabalho. Para que se tenha produção deve
ter-se trabalho e objetos a serem trabalhados.
• O trabalho consiste em pôr a matéria em movimento. No dizer de Mill:
“A essência do trabalho humano é movimentar coisas.”
• “O que estabelece a variabilidade é o trabalho humano”.
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Produção
As leis da produção (cont.)
• Mill separa as leis da produção; determinadas por um conjunto de
habilidades desenvolvidas pelo homem/trabalhador das leis da
circulação; dadas pela estrutura social vigente, pelas “instituições
humanas.”
• As leis da produção são então condicionadas pela natureza, como
“verdades físicas”. O homem apenas pode apreendê-las, nunca
alterá-las.
• As leis da distribuição são convenções humanas, tão efêmeras
quanto as causas e visões que as estabeleceram. É com base nas
leis que regem a propriedade privada que o sistema capitalista
distribui os recursos.
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Produção
Trabalho e consumo produtivo
• Mill utiliza o conceito de Smith para definir trabalho produtivo.
Porém acaba por transformar a definição original, ao afirmar que o
trabalho intelectual e a defesa da propriedade privada são trabalhos
produtivos.
• Consumo produtivo é todo consumo que permite manter ou criar os
meios de produção e a força de trabalho, desde que esses fatores
sejam empregados no trabalho produtivo.
• O consumo improdutivo é todo aquele consumo que não é produtivo,
devendo-se destacar que os meios de subsistência e quaisquer
outros fatores consumidos pelos trabalhadores improdutivos são
objetos de consumo improdutivo.
• Inversamente, o consumo de objetos de luxo por parte dos
trabalhadores produtivos é também considerado consumo
improdutivo.
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Distribuição
• A investigação da formação de um sistema de distribuição é por
demais complexo pois exige o estudo da evolução histórica, cultural,
intelectual e social do homem.
• A economia política deve-se preocupar com as conseqüências de
dada forma de distribuição, que são mais ou menos definidas e fixas.
• Algumas dessas conseqüências, relativas ao capitalismo, são as que
seguem.
• A economia de mercado é orientada para a troca que se dá por
valores equivalentes, sendo regulada pelo mercado.
• As relações econômicas, mediadas pelo mercado, levam ao
progresso ou prosperidade.
• Mill via o capital como um “stock previamente acumulado, de produtos
do trabalho passado.”
7
Distribuição (cont.)
•
Mill apresenta quatro “proposições fundamentais respeitantes ao capital” :
1. O setor industrial tem sua capacidade produtiva limitada pela formação de
capital.
2. “O capital é resultado da poupança”, propriamente do ato de abster-se do
consumo de determinada reserva.
3. “O capital, embora resultante da poupança, é consumido.”Isto implica que
todas as reservas, se não consumidas de imediato o serão em breve, de
forma que a demanda agregada sempre se iguale à oferta agregada.
4. “A procura de mercadorias não é procura de trabalho.”Blaug interpreta esta
frase como significando que, dado que o emprego de forças produtivas na
indústria é determinado pela quantidade de capital acumulado, o efeito
causado pela procura de mercadorias desse setor não é “ em primeira
instância” determinante. Isto pois, com a receita obtida através da absorção
de produtos pela demanda, o capitalista terá de decidir quanto poupará. A
quantidade não consumida pelos capitalistas, cuja magnitude é definida por
suas preferências subjetivas, é que determinará o emprego no período
subseqüente.
8
Distribuição (cont.)
• Mill coloca que os salários são determinados pelo volume do fundo
destinado à pagá-los(oferta) e pelo número de trabalhadores
dispostos a recebê-los(demanda).
• De forma que a taxa salarial é obtida através da razão entre o fundo e
o número de pessoas dispostas à trabalhar.
• O fundo de salários é propriamente a fonte dos adiantamentos
necessários à manutenção dos trabalhadores e à movimentação do
processo produtivo.
• Os adiantamentos distribuem-se por intervalos de tempo que, quando
somados, resultam no impulso total dado ao processo produtivo.
• O capital surge então como adiantamentos que projetam-se no
tempo, alimentado pela realização da venda por um preço superior à
somatória de todos os adiantamentos.
9
Distribuição (cont.)
• Esta teoria, conhecida como doutrina do fundo de salários “assume
implicitamente que o capital deve ser entendido em termos de um
intervalo de tempo entre a produção e o consumo.”
• Em 1869, influenciado por Thornton, Mill conclui que os salários são
dados pela disputa entre os interesses dos trabalhadores e de seus
contratantes, deixando de lado a doutrina do fundo de salários.
• O aumento dos salários poderia então ser visto como uma
transferência de renda dos capitalistas para os trabalhadores.
• Tal transferência era portanto resultado da confluência de condições
políticas e sociais.
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Salários, lucros e renda
Salários
•
A doutrina do fundo de salários, de que Mill lança mão assevera que “O
salário depende da população e do capital”.
•
Quanto mais baixo estiver o salário, maior será o número de trabalhadores
que poderão ser contratados.
•
O custo do trabalho consiste na cesta de subsistência necessária para
mantê-lo.
•
Tal relação é regulada pelo fato de que “(...)o custo do trabalho está
freqüentemente em seu máximo quando os salários estão em seu mínimo.”
•
A derrubada da barreira à entrada de cereais, imposta pela “lei dos cereais”,
tão defendida por Ricardo é analisada friamente por Mill: Ele coloca que, com
a entrada de cereais no país, o poder de compra dos salários(valor real)
aumentaria somente enquanto os trabalhadores não aumentassem seu
padrão de consumo.Quando se desse esta alteração, o valor real dos
salários não mais cresceria.
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Salários, lucros e renda
Lucro
•
O lucro é a contrapartida da espera decorrida desde o primeiro
adiantamento, (que põe a produção em movimento), até a venda do produto
no mercado.
•
O lucro é visto por Mill como “fruto da troca”, sendo a “remuneração, (...), da
abstinência, do risco e do esforço.”
•
“A causa do lucro é que o trabalho produz mais do que é necessário para sua
subsistência.”
•
Os lucros são medidos através “ da taxa de juros corrente sobre as
aplicações mais seguras.”
•
Mill concordava com a teoria do lucro de Ricardo, aceitando sobretudo a
tendência decrescente que ela aponta.
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