Aula sobre Tipos de texto e Discurso (3)
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Transcript Aula sobre Tipos de texto e Discurso (3)
Esta aula abordará os tipos de
discurso
narrativo,
mas
antes
relembraremos a questão da tipologia
textual.
OS TIPOS DE TEXTO
Basicamente existem três tipos de texto:
Texto narrativo;
Texto descritivo;
Texto dissertativo.
Cada
um
desses
textos
possui
características próprias de construção.
DESCRIÇÃO
Descrever é explicar com palavras o que se viu e se
observou. A descrição é estática, sem movimento,
desprovida de ação. Na descrição, o ser, o objeto ou
ambiente são importantes, ocupando lugar de destaque na
frase o substantivo e o adjetivo.
O emissor capta e transmite a realidade através de seus
sentidos, fazendo uso de recursos lingüísticos, tal que o
receptor a identifique. A caracterização é indispensável, por
isso existe uma grande quantidade de adjetivos no texto.
Há duas descrições:
Descrição denotativa
Descrição conotativa.
DESCRIÇÃO DENOTATIVA
Quando a linguagem representativa do objeto é
objetiva, direta sem metáforas ou outras figuras literárias,
chamamos de descrição denotativa. Na descrição denotativa
as palavras são utilizadas no seu sentido real, único de
acordo com a definição do dicionário.
Exemplo: Saímos do campus universitário às 14 horas
com destino ao agreste pernambucano. À esquerda fica a
reitoria e alguns pontos comerciais. À direita o término da
construção de um novo centro tecnológico. Seguiremos pela
BR-232 onde encontraremos várias formas de relevo e
vegetação.
DESCRIÇÃO CONOTATIVA
Em tal descrição as palavras são tomadas em
sentido figurado, ricas em polivalência.
Exemplo: João estava tão gordo que as pernas
da cadeira estavam bambas do peso que carregava.
Era notório o sofrimento daquele pobre objeto.
Hoje o sol amanheceu sorridente; brilhava
incansável, no céu alegre, leve e repleto de nuvens
brancas. Os pássaros felizes cantarolavam pelo ar.
NARRAÇÃO
Narrar é falar sobre os fatos. É contar. Consiste
na elaboração de um texto inserindo episódios,
acontecimentos.
A narração difere da descrição. A primeira é
totalmente dinâmica, enquanto a segunda é
estática e sem movimento. Os verbos são
predominantes num texto narrativo.
O indispensável da ficção é a narrativa,
respondendo os seus elementos a uma série de
perguntas:
Quem participa nos acontecimentos? (personagens);
O que acontece? (enredo);
Onde e como acontece? (ambiente e situação dos fatos).
Fazemos um texto narrativo com base em alguns elementos:
O quê? - Fato narrado;
Quem? – personagem principal e o anti-herói;
Como? – o modo que os fatos aconteceram;
Quando? – o tempo dos acontecimentos;
Onde? – local onde se desenrolou o acontecimento;
Por quê? – a razão, motivo do fato;
Por isso: - a conseqüência dos fatos.
No texto narrativo, o fato é o ponto central da ação, sendo o verbo o
elemento principal. É importante só uma ação centralizadora para
envolver as personagens. Deve haver um centro de conflito, um núcleo
do enredo. A seguir um exemplo de texto narrativo:
Toda a gente tinha achado estranha a maneira como o Capitão
Rodrigo Camborá entrara na vida de Santa Fé. Um dia chegou a cavalo,
vindo ninguém sabia de onde, com o chapéu de barbicacho puxado para
a nuca, a bela cabeça de macho altivamente erguida e aquele seu olhar
de gavião que irritava e ao mesmo tempo fascinava as pessoas. Devia
andar lá pelo meio da casa dos trinta, montava num alazão, trazia
bombachas claras, botas com chilenas de prata e o busto musculoso
apertado num dólmã militar azul, com gola vermelha e botões de metal.
(Um certo capitão Rodrigo – Érico Veríssimo)
A relação verbal emissor – receptor efetiva-se por intermédio do que
chamamos discurso. A narrativa se vale de tal recurso, efetivando o
ponto de vista ou foco narrativo.
Quando o narrador participa dos acontecimentos diz-se
que é narrador-personagem. Isto constitui o foco narrativo
da 1ª pessoa.
Exemplo:
Parei para conversar com o meu compadre que há muito não
falava. Eu notei uma tristeza no seu olhar e perguntei:
- Compadre por que tanta tristeza?
Ele me respondeu:
- Compadre minha senhora morreu há pouco tempo. Por isso,
estou tão triste.
Há tanto tempo sem nos falarmos e justamente num momento
tão triste nos encontramos. Terá sido o destino?
Já o narrador-observador é aquele que serve de intermediário
entre o fato e o leitor. É o foco narrativo de 3ª pessoa.
Exemplo:
O jogo estava empatado e os torcedores pulavam e torciam
sem parar. Os minutos finais eram decisivos, ambos precisavam da
vitória, quando de repente o juiz apitou uma penalidade máxima.
O técnico chamou Neco para bater o pênalti, já que ele era
considerado o melhor batedor do time.
Neco dirigiu-se até a marca do pênalti e bateu com grande perfeição.
O goleiro não teve chance. O estádio quase veio abaixo de tanta
alegria da torcida.
Aos quarenta e sete minutos do segundo tempo o juiz finalmente
apontou para o centro do campo e encerrou a partida.
Dissertar é o mesmo que desenvolver ou explicar um
assunto, discorrer sobre ele. Assim, o texto dissertativo
pertence ao grupo dos textos expositivos, juntamente com o
texto de apresentação científica, o relatório, o texto didático, o
artigo enciclopédico. Em princípio, o texto dissertativo não está
preocupado com a persuasão e sim, com a transmissão de
conhecimento, sendo, portanto, um texto informativo.
Os textos argumentativos, ao contrário, têm por
finalidade principal persuadir o leitor sobre o ponto de vista do
autor a respeito do assunto. Quando o texto, além de explicar,
também persuade o interlocutor e modifica seu
comportamento, temos um texto dissertativo-argumentativo.
O texto dissertativo argumentativo tem uma estrutura
convencional, formada por três partes essenciais.
Introdução
Que apresenta o assunto e o posicionamento do autor.
Ao se posicionar, o autor formula uma tese ou a ideia
principal do texto.
Teatro e escola, em princípio, parecem ser espaços
distintos, que desenvolvem atividades complementares
diferentes. Em contraposição ao ambiente normalmente
fechado da sala de aula e aos seus assuntos pretensamente
“sérios” , o teatro se configura como um espaço de lazer e
diversão. Entretanto, se examinarmos as origens do teatro,
ainda na Grécia antiga, veremos que teatro e escola sempre
caminharam juntos, mais do que se imagina.(tese)
Desenvolvimento
Formado pelos parágrafos que fundamentam a tese.
Normalmente, em cada parágrafo, é apresentado e
desenvolvido um argumento. Cada um deles pode
estabelecer relações de causa e efeito ou comparações entre
situações, épocas e lugares diferentes, pode também se
apoiar em depoimentos ou citações de pessoas especializadas
no assunto abordado, em dados estatísticos, pesquisas,
alusões históricas.
O teatro grego apresentava uma função eminentemente pedagógica.
Com sua tragédias, Sófocles e Eurípides não visavam apenas à diversão da platéia
mas também, e sobretudo, pôr em discussão certos temas que dividiam a opinião
pública naquele momento de transformação da sociedade grega. Poderia um
filho desposar a própria mãe, depois de ter assassinado o pai de forma
involuntária (tema de Édipo Rei)? Poderia uma mãe assassinar os filhos e depois
matar-se por causa de um relacionamento amoroso (tema de Medeia e ainda
atual, como comprova o caso da cruel mãe americana que, há alguns anos, jogou
os filhos no lago para poder namorar livremente)?
Naquela sociedade, que vivia a transição dos valores místicos, baseados na
tradição religiosa, para os valores da polis, isto é, aqueles resultantes da
formação do Estado e suas leis, o teatro cumpria um papel político e
pedagógico, à medida que punha em xeque e em choque essas duas ordens de
valores e apontava novos caminhos para a civilização grega. “Ir ao teatro”, para
os gregos, não era apenas uma diversão, mas uma forma de refletir sobre o
destino da própria comunidade em que se vivia, bem como sobre valores
coletivos e individuais.
Deixando de lado as diferenças obviamente existentes em torno dos
gêneros teatrais (tragédia, comédia, drama), em que o teatro grego,
quanto a suas intenções, diferia do teatro moderno? Para Bertold Brecht,
por exemplo, um dos mais significativos dramaturgos modernos, a
função do teatro era, antes de tudo, divertir. Apesar disso, suas peças
tiveram um papel essencial pedagógico voltadas para a conscientização
de trabalhadores e para a resistência política na Alemanha nazista dos
anos 30 do século XX.
O teatro, ao representar situações de nossa própria vida – sejam elas
engraçadas, trágicas, políticas, sentimentais, etc. – põe o homem a nu,
diante de si mesmo e de seu destino. Talvez na instantaneidade e na
fugacidade do teatro resida todo o encanto e sua magia: a cada
representação, a vida humana é recontada e exaltada. O teatro ensina,
o teatro é escola. É uma forma de vida de ficção que ilumina com seus
holofotes a vida real, muito além dos palcos e dos camarins.
Conclusão
Que geralmente retoma a tese, sintetizando as idéias gerais do
texto ou propondo soluções para o problema discutido. Mais raramente,
a conclusão pode vir na forma de interrogação ou representada por um
elemento-surpresa. No caso da interrogação, ela é meramente retórica e
deve já ter sido respondida pelo texto. O elemento surpresa consiste
quase sempre em uma citação científica, filosófica ou literária, em uma
formulação irônica ou em uma idéia reveladora que surpreenda o leitor e,
ao mesmo tempo, dê novos significados ao texto.
Que o teatro seja uma forma alternativa de ensino e
aprendizagem, é inegável. A escola sempre teve muito a aprender com o
teatro, assim como este, de certa forma, e em linguagem própria,
complementa o trabalho de gerações de educadores, preocupados com a
formação plena do ser humano. (conclusão)
Quisera as aulas também pudessem ter o encanto do teatro:
a riqueza dos cenários, o cuidado com os figurinos, o
envolvimento da música, o brilho da iluminação, a perfeição do
texto e a vibração do público. Vamos ao teatro! (elementosupresa)
(Teatro e escola: o papel do educador: Ciley Cleto, professora de
Português).
Atenção: a linguagem do texto dissertativo-argumentativo
costuma ser impessoal, objetiva e denotativa. Mais raramente,
entretanto, há a combinação da objetividade com recursos poéticos,
como metáforas e alegorias. Predominam formas verbais no
presente do indicativo e emprega-se o padrão culto e formal da
língua.
Tipos de discurso:
Para relatar as falas e os
pensamentos das personagens, o narrador
pode usar o discurso direto, o indireto e o
indireto-livre.
A) DISCURSO DIRETO
O narrador reproduz exatamente o que a
personagem falou.
Exemplos:
O professor chamou Joãozinho e perguntou:
– Você sabe por que Napoleão perdeu a guerra?
A mãe olhou para o filho e disse:
– Coma essa sopa logo.
B) DISCURSO DIRETO E OS VERBOS DE ELOCUÇÃO
Normalmente, o discurso direto é marcado pela presença dos
verbos de elocução, para indicar a pessoa e o modo como
falou.
A garota aproximou-se do namorado e perguntou:
– Quem era aquela menina com quem você estava conversando
no intervalo?
O namorado retrucou:
– Deixe de ser ciumenta. Será que não posso conversar com
ninguém?
Esses verbos podem ser usados depois ou antes do enunciado,
ou ainda intercalados nele. Dependendo da escolha, mudará
a pontuação.
C) DISCURSO INDIRETO
O narrador transmite com suas próprias
palavras a fala da personagem.
“O professor chamou Joãozinho e perguntou se
ele sabia por que Napoleão havia perdido a
guerra.”
“A mãe olhou para o filho e disse para que ele
comesse a sopa logo...”
D) TROCANDO OS DISCURSOS
Ao passar do discurso direto para o discurso
indireto, ou vice-versa, deve-se efetuar algumas
modificações:
a) Discurso direto – primeira pessoa
Eles perguntaram: – O que devemos fazer?
Discurso indireto – terceira pessoa
Eles perguntaram o que deviam fazer.
b) Discurso direto – imperativo
O professor pediu – Venham ao quadro.
Discurso indireto – pretérito imperfeito do subjuntivo
O professor pediu que fôssemos ao quadro.
c) Discurso direto – futuro do presente
A mãe comentou – Com calma, ganhará o presente.
Discurso indireto – futuro do pretérito
A mãe comentou que com calma, ganharia o presente.
d) Discurso direto – presente do indicativo
Ele disse – Eu escrevo a carta.
Discurso indireto – pretérito imperfeito do indicativo
Ele disse que escrevia a carta.
e) Discurso direto – pretérito perfeito
Ele comentou – Não gostei daquele filme.
Discurso indireto – pretérito mais-que-perfeito.
Ele comentou que não gostara do filme.
E) DISCURSO INDIRETO-LIVRE
Emprega-se o discurso indireto-livre para transmitir a
fala interior da personagem; esta fala às vezes vem
“misturada” à fala do narrador.
Para que ocorra o discurso indireto-livre são
necessárias três condições:
a) Narrador em 3ª pessoa.
b)Devem ser omitidos os verbos de elocução (disse que,
pensou que...)
c) O narrador deve mostrar o que se passa na
consciência da personagem.
Exemplos:
“Ele continuou a caminhar, mas sua vontade era voltar,
pedir para que sua amada o perdoasse, para viverem
como era antes.
O coração batia forte. Com medo? Mas era uma briguinha
tola sem maiores conseqüências.”
Note que as primeiras frases pertencem ao
narrador, no entanto as segundas são da
personagem; entretanto, não há palavras que
indiquem esta mudança, somente o contexto
permite observá-la.
Esse recurso torna a narrativa mais rápida e
fluente, mostrando também o domínio que o
narrador possui sobre sua personagem.
Vamos exercitar...
Prof.ª Lívia Oliveira