Transcript `Quem canta seus males espanta.`
A Música e as Emoções
Gabriela Marin Natália Bertoni
“Talvez nós também prestemos atenção a características do mundo auditivo que sinalizem segurança, insegurança ou mudança de habitat. Trovões, ventos, água correndo, pássaros cantando, rosnados, passos, corações e galhos batendo, todos tem efeitos emocionais, presumivelmente porque eles revelam eventos dignos da atenção do mundo” (Pinker; 1998)
‘Quem canta seus males espanta.’
Música
• Fenômeno artístico e cultural com (flautas feitas de ossos perfurados); 52 mil anos • Música das baleias há 60 milhões de anos (sequências musicais intencionais).
Som X Música
Resultado físico da vibração dos corpos se propagando no ar Entrelaçamento intencional dessas ondas sonoras em determinados intervalos, produzindo ritmo, harmonia e melodia
Os três elementos fundamentais
Ritmo:
contém andamento, compasso e pausas. Relacionado com as emoções (Sistema Límbico). Ritmo suave e com intervalos regulares desenvolve geralmente sensações de segurança. Ritmos com sons súbitos e inesperados, sem pausas e intensos, podem provocar sensações de mal-estar.
Melodia:
fenômeno acústico de propagação das ondas sonoras produzidas por um corpo em vibração, é uma sucessão de sons musicais. Atua no nível do córtex, relação com os afetos, a fobia, a depressão. Os efeitos psicológicos da melodia variam segundo a forma como é interpretada a natureza dos instrumentos utilizados e a receptividade de quem a ouve.
Harmonia:
onde se definem os acordes e os intervalos harmônicos. Na harmonia a característica é que os sons são executados simultaneamente. Síntese do ritmo e da melodia.
• • • O som básico, do ritmo, necessita apenas do ouvido; Para ouvir a linha melódica, é necessário adicionar um elemento afetivo; Para reconhecer harmonias, já se usa a inteligência, a capacidade de analisar e sintetizar: Influência Ritmo Melodia Harmonia Corpo Alta Baixa Baixa Emoção Média Alta Média Mente Baixa Baixa Alta
“A música harmônica pode revelar a sensibilidade sensorial e afetiva, mas, para que seja completa, deve também compreender uma organização cerebral de análise e síntese, a tomada de consciência do ritmo, do som, da melodia e da harmonia, apela à inteligência”. (T. Hirsh)
Efeitos
• Dependerão da variedade dos estímulos, da experiência pessoal e da formação de cada indivíduo; • Diferentes acordes musicais produzem diferentes efeitos; • Exemplos: aumento do metabolismo, alteração da pulsação, da pressão sanguínea e respiração.
Liberação anatomicamente distinta de dopamina durante antecipação e experiência de pico de emoção da música • Música pode dopaminérgico; despertar sentimentos que envolvem o sistema • Usando pósitron com especificidade neuroquímica e medidas da atividade do SN: liberação de dopamina durante o pico emocional de audição da música; • Núcleo caudado mais envolvido durante a antecipação e o núcleo accumbens durante o pico; • Ou seja, o prazer intenso em reposta à música pode levar a liberação de dopamina.
Musicoterapia
• Após 2ª GM: músicos contratados para ajudar na recuperação dos soldados; • Pacientes que sofrem danos cerebrais podem recuperar algumas das funções se forem estimulados com música; • Música também durante o trabalho de parto para estimular contrações.
Biomusicologia
Estudo da base biológica para a criação e apreciação da música Tenta fornecer uma visão biológica de assuntos como: - Influência psicológica da música; -Uso difundido da música nos meios audiovisuais; -Música em locais públicos; -Uso da música como meio de aprendizagem.
Você sabia que...
• O som musical contínuo produz mudanças no funcionamento cerebral que permitem o relaxamento e reduzem a necessidade de hipervigilância dos cães; • Os efeitos são variáveis conforme as músicas utilizadas; • Em uma pesquisa foi verificado que o Concerto para Piano nº 21, de Mozart, é uma das músicas com efeitos apaziguadores para cães.
Donald Fucci, da Universidade de Ohio, sugeriu que os mais velhos não se sentem atraídos pelo rock por uma questão fisiológica – e não por um conflito de gerações. Fucci explica que a perda da audição com o passar dos anos é acompanhada de uma percepção distorcida de alguns sons: entre eles, o do contra-baixo e o da bateria, base do rock.
Mas nem todos acham isso...
Existem até pesquisas que identificam o gênero musical mais eficiente para que o cliente não desligue o telefone enquanto ouve a mensagem de espera: “A sua ligação é muito importante para nós...” Na Universidade de Cincinnati, Estados Unidos, um estudo concluiu que a maioria das pessoas prefere ouvir jazz e música clássica ao esperar o atendimento – esses gêneros fariam com que eles sentissem o tempo passar mais rápido.
O refrão e rima são os artifícios sonoros que facilitam a memorização de certos trechos musicais.
É por isso que você não consegue tirar o refrão daquela música insuportável da cabeça.
Quando a mãe grávida massageia carinhosamente a sua própria barriga, seus batimentos cardíacos acompanham a emoção do gesto.
O sangue produz um escoamento cuja sonoridade é reconhecida pelo feto: é a sua primeira canção de ninar.
Estudo com 4 grupos de rosas: (1) Controle - sem música: crescimento; padrão normal de (2) Heavy Metal: recusou-se a crescer; (3) Música clássica: crescimento maior em relação ao controle; (4) Sons de baixa frequência: crescimento maior em relação à clássica.
“Nos últimos 25 anos, relembrei com frequência a crença professada por meu mestre, dr. César, de que tanto a música quanto o método científico representam dois dos mais estupendos subprodutos a emergir das aspirações e dos tormentos da mente humana. Talvez essa constante lembrança explique por que eu mesmo decidi dedicar toda a minha carreira à tarefa de escutar, pacientemente, um diferente tipo de sinfonia, aquela composta por vastas populações de células cerebrais.”
(‘Muito além dos nosso eu’ – Miguel Nicolelis)