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MBA em Gestão de
Empreendimentos Turísticos
PLANEJAMENTO PÚBLICO DO TURISMO
3ª Aula
Prof. Dr. Aguinaldo Cesar Fratucci
OS AGENTES SOCIAIS PRODUTORES DO TURISMO: CARACTERÍSTICAS,
FUNÇÕES, COMPETÊNCIAS E DEMANDAS
O fenômeno turístico surge de encontros aleatórios –
intencionais ou não – entre os diversos agentes sociais que,
dentro de uma aparente desordem inicial, articulam um
feixe de ações, relações e interações modificadoras do
comportamento e da natureza dos elementos, corpos,
objetos ou territórios envolvidos. (Fratucci, 2008)
Planejamento Público do Turismo
Prof. Dr. Aguinaldo Cesar Fratucci
Pressupostos iniciais
 As políticas públicas de turismo brasileiras não contemplam a
multidimensionalidade do fenômeno turístico, principalmente no tocante à sua
dimensão espacial;
 O turismo, visto como um fenômeno socioespacial complexo, é responsável
pela refuncionalização de trechos do espaço, através da sua turistificação, e
pela criação de territorialidades distintas;
 O turismo não é o sujeito desses processos de turistificação, mas sim o
resultado das ações e das interações dos diversos agentes sociais que o
produzem: turistas, representantes do capital; poder público, trabalhadores
diretos e indiretos e população permanentes dos destinos turísticos.
Planejamento Público do Turismo
Prof. Dr. Aguinaldo Cesar Fratucci
TRADE TURÍSTICO
TURISTAS
PODER PÚBLICO
TRABALHADORES INDIRETOS
TRABALHADORES DIRETOS
AGENTES SOCIAIS
DO TURISMO
Planejamento Público do Turismo
POPULAÇÃO RESIDENTE
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Agentes sociais
produtores do turismo
Tipos
Subtipos
Turistas
(visitantes)
Turista
Expectativas e tendências
Características
Oportunidade de afastamento do
cotidiano e da rotina de trabalho;
tempo de lazer e descanso; busca
ver e ser visto; mais exigente e
interessado em manter contato
com a cultura dos locais visitados.
Territorialidade
flexível,
sazonal;
apropriação dos valores materiais e
imateriais dos destinos turísticos;
comportamentos
e
hábitos
diferenciados conforme nível de
renda e classe social;
Planejamento Público do Turismo
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Agentes sociais
produtores do turismo
Tipos
Subtipos
Expectativas e tendências
Federal
Estadual
Poder
Público
Municipal
Planejamento Público do Turismo
Oportunidade de equilíbrio na
balança de pagamentos; aumento da
arrecadação;
tentativa
de
redistribuição de renda entre as
regiões do país; turismo visto como
possível vetor de diminuição das
desigualdades regionais.
Atração de investimentos para novos
negócios; aumento na arrecadação;
criação de empregos e ocupação;
busca de articulação com os
municípios vizinhos para oferta de
produtos mais competitivos.
Características
Visualizam
no
turismo
a
oportunidade
de
desenvolver
projetos voltados para a melhoria da
qualidade de vida das populações
de áreas menos favorecidas;
acreditam no retorno mais rápido
com o estímulo ao desenvolvimento
do setor turístico; priorizam os
grandes empreendimentos e o
capital externo;
Têm dificuldades em assimilar a
complexidade do turismo; operam de
forma não planejada e com visão de
curto prazo; tendem a valorizar mais
os investidores externos; o jogo
político local dificulta a estruturação
de fóruns gestores do turismo nessa
escala.
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Agentes sociais produtores
do turismo
Tipos
Subtipos
Agentes de
Mercado
Grandes
empresas/
cadeias
internacionais
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Expectativas e tendências
Características
Aumento das oportunidades de
acumulação e reprodução do
capital; lucro; articulados em
grandes redes internacionais;
operam com grandes volumes de
negócios o que lhes permitem
oferecer preços e condições mais
competitivos.
Demandam do Estado a implantação de
infraestrutura urbana e o fornecimento
de linhas de crédito e de incentivos mais
vantajosos; no caso de diminuição da
lucratividade nos negócios, mudam-se
para
outros
destinos;
grandes
empreendimentos; padronização das
instalações e dos serviços; utilização
mão de obra mais capacitada e,
predominantemente, externa ao destino
turístico.
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Cont.
Agentes sociais
produtores do turismo
Tipos
Subtipos
Empresários locais
Agentes de
Mercado
Fornecedores de
serviços e
matérias
primas
Expectativas e tendências
Possibilidade
de
expansão
dos
negócios; aumento na lucratividade;
têm dificuldades de se articularem com
as grandes operadoras internacionais;
operam volumes menores de negócios,
o que os leva a manter preços e
condições menos competitivos
Características
Auto
empreendedores;
permanecem nos destinos turísticos
mesmo quando eles entram na fase
de saturação e de declínio;
pequenos e médios negócios, com
serviços pouco padronizados, mas
diferenciados; utilizam a mão de
obra local ou do seu entorno
regional,
quase
sempre
não
qualificada para o turismo
Sofrem os efeitos da sazonalidade
Instalam-se nos destinos turísticos, em do turismo mais diretamente; quase
especial nas suas áreas periféricas; em sempre não se reconhecem como
sua
grande
maioria
não
são parte da cadeia produtiva do
fornecedores exclusivos do turismo;
turismo.
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Agentes sociais
produtores do turismo
Tipos
Subtipos
Formais
Trabalhado
res diretos
Informais
Expectativas e tendências
Características
Oportunidade de trabalho e renda fixa
(salário); mais capacitados; migram para
os locais onde podem ter mais chances
de ocupações mais bem remuneradas;
nesses casos podem gerar pressão sobre
as questões locais de custo de vida e de
moradia.
Buscam atender às exigências de
formação impostas pelo setor;
mantêm contato pessoal com os
turistas; quando migrantes, podem
não se relacionar com a população
autóctone.
Convivem marginalmente com o
setor turístico; seus ganhos são
Oportunidade de obtenção de alguma
sempre inferiores
e sazonais;
renda e/ou de ganhos extras; pouco
mantém contato pessoal com os
capacitados e sem condições de buscar
visitantes; sofrem mais diretamente
melhores ocupações.
os efeitos da sazonalidade do
turismo]
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Agentes sociais
produtores do turismo
Tipos
Subtipos
Formais
Trabalhadores
indiretos
Informais
Planejamento Público do Turismo
Expectativas e tendências
Características
Não têm percepção clara da sua
participação no setor turístico;
Oportunidade de trabalho e renda fixa
quase não têm contato direto
(salário)
com os turistas; não se percebe
como parte da cadeia produtiva
do turista
Oportunidade de obtenção de alguma Convivem marginalmente com o
renda e/ou de ganhos extras
setor turístico; seus ganhos são
sempre inferiores e sazonais.
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Agentes sociais produtores do
turismo
Tipos
Subtipos
População
residente
Expectativas e tendências
Envolvida
Busca obter algum tipo de
diretamente com o vantagem com o setor
turismo
turístico sem se envolver
diretamente com ele.
Indiferente ao processo de
Sem envolvimento
desenvolvimento turístico
direto com o turismo
Planejamento Público do Turismo
Características
Vê no turismo
uma
possibilidade
para
o
desenvolvimento
local;
mantém contatos esporádicos
com os visitantes;
Procura afastar-se das áreas
de concentração de turistas;
evita
contato
com
os
“forasteiros”;
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Algumas considerações:
 os “bens turísticos”, em sua grande maioria são de uso comum, o que
exige um modelo de gestão compartilhada de todos os agentes sociais
envolvidos;
 as políticas públicas de turismo atuais não consideram a dimensão
espacial do fenômeno turístico, privilegiando os agentes do mercado;
 as escalas político-administrativas atuais (municípios, estados e federação)
não conseguem atender as demandas dos agentes sociais envolvidos no
turismo;
 há uma emergência para instituição de novos “espaços-tempo” para a
gestão democrática do turismo contemporâneo;
 Os territórios-redes do turismo estimulam a articulação de redes técnicas,
econômicas, sociais, etc. – entre os diversos agentes sociais envolvidos com
o fenômeno e com a atividade.
Planejamento Público do Turismo
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TENDÊNCIAS NA GESTÃO PÚBLICA DO TURISMO
Cenário:







Globalização assimétrica da economia mundial
Modo de produção capitalista
Neoliberalismo exacerbado
Esgotamento dos recursos naturais
Resistência do local
Sociedade do conhecimento
Consumidor mais consciente e exigente
DESAFIO:
Estabelecer uma nova articulação
Mercado + Sociedade Civil + Estado
Planejamento Público do Turismo
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Novas instâncias de governança:
Governança = nova forma de governar, com mais cooperação e
horizontalidade, diferente do velho modelo hierárquico , no qual as
autoridades do Estado exercem sempre o poder sobre o conjunto da
sociedade civil.
A governança permite um novo contexto para tomada de decisões
estratégicas, onde essas são produto de uma pauta de concertação entre
as instituições e a sociedade.
O processo de globalização e o desenvolvimento de novas tecnologias de
informações e comunicação, estão transformando nossa sociedade
tradicional hierárquica em uma sociedade horizontalizada e em rede.
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Dimensões da governança:
• Econômica: uma ordem econômica de mercado, competitiva e não
discriminatória, que favoreça o crescimento econômico;
• Política: instituições políticas participativas, democráticas, legítimas e
pluralistas;
• Administrativa:
responsável;
administração
pública
eficiente,
transparente
e
• Sistêmica: instituições sociais que protegem os valores culturais e
religiosos, contribuindo para assegurar a liberdade e a segurança das
pessoas e que promovam a igualdade de oportunidades para o exercício
das capacidades pessoais.
PNUD, ONU, 1997
Planejamento Público do Turismo
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Uma nova e boa governança implica em:
 Presença de líderes com visão inovadora;
 Transparência na tomada de decisões;
 Explicitação dos diferentes interesses envolvidos;
 Construção de consensos e resolução de conflitos;
 Compreensão de uma nova visão de liderança compartilhada
 Nova conduta no território, com regras sociais e políticas válidas para todos os
agentes sociais;
 Forte interação entre os agentes do mercado e as estruturas do governo;
 Acumulação de capital social.
CAPITAL SOCIAL = capacidade gerada pela presença dominante de confiança em um
sociedade, o que implica na produção de atitudes cooperativas, articulação de
projetos coletivos e construção de redes produtivas e sociais, eu fortalecem
processos sistêmicos de desenvolvimento sustentável.
Planejamento Público do Turismo
Prof. Dr. Aguinaldo Cesar Fratucci
MUNICIPALIZAÇÃO X REGIONALIZAÇÃO
Programa Nacional de Municipalização do Turismo - 1993 - 2002
Programa desenvolvido e coordenado pela EMBRATUR, entre 1993 e 2002, que
visava promover a implementação de um novo modelo de gestão da atividade
turística, simplificado e uniformizado para os Estados e Municípios, de maneira
integrada, buscando maior eficiência e eficácia, de forma participativa.
Princípios:
 Descentralização
 Sustentabilidade
 Parcerias
 Mobilização
 Capacitação
Planejamento Público do Turismo
Prof. Dr. Aguinaldo Cesar Fratucci
Programa Nacional de Regionalização do Turismo - 2003-2010
Regionalização é um modelo de gestão de política pública descentralizada, coordenada
e integrada, baseada nos princípios da flexibilidade, articulação, mobilização,
cooperação intersetorial e interinstitucional e sinergia de decisões (PRT, 2004)
Regionalizar é transformar a ação centrada na unidade municipal para uma política
pública mobilizadora, capaz de provocar mudanças, sistematizar o planejamento e
coordenar, de forma articulada e compartilhada, o processo de desenvolvimento local e
regional, estadual e nacional.
Planejamento Público do Turismo
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A Instância de Governança Regional é uma organização com participação do
poder público e dos atores privados dos municípios componentes das regiões
turísticas, com o papel de coordenar o Programa em âmbito regional. (PRT, 2007)
Conselhos, Fóruns e Consórcios Regionais
 Novas estruturas organizacionais que possibilitam o exercício da nova
governança;
 Novos espaços para a construção de um projeto de desenvolvimento endógeno,
dentro de uma escala regional;
 Possibilitam o desenvolvimento de produtos turísticos mais consistentes e
competitivos dentro do mercado turístico atual.
Planejamento Público do Turismo
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Programa Nacional de Regionalização do Turismo – PRT
1. Fortalecimento das regiões, a partir da instalação de novas instâncias de
governanças regionais (Conselhos, Consórcios, etc.)
2. Definição de Destinos Indutores (2007) = 65 em todo o Brasil
•
Prioritários para os investimentos do Ministério do Turismo
3. Elaboração do Índice de Competitividade para os destinos turísticos brasileiros
(municípios)
4. 2010 = ampliação dos destinos indutores para 135 municípios
•
Retomada dos processos de capacitação e de planejamento na escala
municipal = Projeto Rio Competitivo
5. 2013 = relançamento do PRT com a exclusão (ou omissão) das propostas de 2010.
Planejamento Público do Turismo
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Pontos de reflexão:
1. Após 10 anos de estratégia política de descentralizar o turismo para a
escala municipal, o governo federal, em 2003, mantém a estratégia de
descentralização, mas altera a escala territorial para a região.
2. Qual a melhor escala para a gestão do turismo no Brasil?
• Regional ou Municipal
3. Como explicar que o governo federal tenha passado 10 anos trabalhando
as instâncias de governança do turismo na escala regional e, a partir de
2008, com a definição dos destinos indutores, tenha retornado para a
escala municipal ?
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Prof. Dr. Aguinaldo Cesar Fratucci