Infecção do sítio cirúrgico
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Transcript Infecção do sítio cirúrgico
Infecção de Sítio Cirúrgico e Profilaxia
Cirúrgica
Soraya Rezende
Abril - 2010
Definições
“Infecções em sítios cirúrgicos são aquelas que
acometem tecidos, órgãos e cavidades,
manipulados durante um procedimento
cirúrgico.”
Am J Infect Control 1988; 16: 128-40
Ocorrem até o 30° dia de pós-operatório ou
até um ano, na presença de prótese
Infecção de Sítio Cirúrgico
Aumentam morbimortalidade
Aumentam riscos de outras complicações
Oneram o tratamento
Aumentam a permanência hospitalar
ISC representam até 38% das Infecções
Hospitalares
Classificação
Classificação das Cirurgias
Tipo
Definição
Risco de Infecção
Sem sinais de
inflamação, sem
manipulação do TGI,
TGU, TResp.
1,5-2%
Potencialmente
contaminada
TGI, TResp., TGU,
orofaringe em condições
controladas
2-7%
Contaminada
Inflamação aguda, urina
ou bile infectadas,
secreção de TGI,
quebras de técnica
7-15%
Infecção estabelecida
10-40%
Limpa
Infectada
Patogenia
A ocorrência de ISC depende da interação complexa
de:
Fatores relacionados ao paciente (imunidade, estado
nutricional, doenças associadas, obesidade,
tabagismo, infecção em sítio distante...)
Fatores relacionados ao procedimento cirúrgico
(potencial de contaminação, trauma tecidual,
sangramento...)
Fatores relacionados ao agente microbiano (inóculo
microbiano, virulência...)
Etiologia
A fonte mais comum é a microbiota endógena do paciente, são os
colonizantes comuns da pele.
Fontes exógenas podem ter importância durante o ato cirúrgico
(equipe cirúrgica, instrumental, ambiente).
Procedimento
Microrganismos
Cutâneo
S. aureus,
S. epidermidis
Torácico/Cardíaco
S. aureus,
S. epidermidis
Abdominal
Gastroduodenal
Colorretal
Biliar
CG+, BGN
BGN, anaeróbio
BGN
Ginecológico/
obstétrico
BGN, Streptococcus grupo B,
anaeróbio
Ortopédico
S. aureus,
S. epidermidis
Patógenos
isolados
dependem do tipo
de procedimento
cirúrgico.
O que é importante na rotina
Pré-operatório
Centro Cirúrgico
Pós-Operatório
Tempo de internação
Nutrição
Infecção remota
Banho
Tricotomia
Ambiente
Técnica
Profilaxia
Antissepsia
Material
Drenos
Curativos
Alta precoce
Antibioticoprofilaxia cirúrgica
O objetivo do uso racional de antibiótico
profilático é reduzir a densidade bacteriana
no local da cirurgia e evitar o crescimento de
cepas contaminantes, prevenindo ISC e
reduzindo morbidade, mortalidade e custos.
Antibioticoprofilaxia cirúrgica
Eficácia comprovada na redução da infecção
da ferida operatória
Não apresenta nenhuma contribuição na
prevenção de infecções em outros órgãos e
sistemas
Impede multiplicação dos microrganismos
inoculados na ferida
Não dispensa cuidados de antissepsia rigorosa
e técnica cirúrgica correta
Então...
Qual antibiótico?
Quando iniciar?
Quando parar?
Então...
Qual antibiótico?
Quando iniciar?
Quando parar?
A escolha...
Indicação apropriada...
Determinar flora provável
Escolher droga totalmente efetiva
Escolher droga efetiva menos tóxica e mais barata
Administrar dose efetiva na hora certa
USAR ANTIBIÓTICOS POR CURTO PERÍODO
Evitar drogas úteis no tratamento de infecções graves
A escolha...
Cefalosporinas
– Cefazolina (maior nível sérico e meia-vida mais longa),
– Cefalotina
– Cefoxitina (mais abrangente contra gram – e anaeróbios)
– Cefuroxima
Outras situações...
– Alergias
– Colonizações
Tolerabilidade
Espectro adequado
Custo razoável
Então...
Qual antibiótico?
Quando iniciar?
Quando parar?
O início...
“Não comece muito cedo; não comece tarde.”
Os níveis tissulares devem ser máximos
quando “o bisturi iniciar seu trabalho”!
Então...
Qual antibiótico?
Quando iniciar?
Quando parar?
O fim...
... intra-operatório APENAS
Repetição de doses durante a cirurgia
Tempo cirúrgico
Sangramento importante
No máximo, manter até 24 horas do pósoperatório
Bratzler DW et al. CID 2004
Bratzler DW, Hunt DR. CID 2006
Tempo prolongado...
NÃO tem impacto na prevenção de infecção
cirúrgica
Está relacionado ao aumento de
microrganismos resistentes!!
Bratzler DW et al. CID 2004
Bratzler DW, Hunt DR. CID 2006
Tratamento das infecções intraabdominal complicada
Infecção intra-abdominal
Definição: é aquela que se estende além da víscera
oca de origem atingindo espaço peritoneal e
associando-se à formação de abcesso e/ou
peritonite.
Flora infectante: acima do delgado proximal e após
íleo terminal
Momento do tratamento antibiótico
Considerações sobre o laboratório
Seleção do regime antibiótico empírico
Duração do tratamento
Tratamento
Incisional superficial
Incisional profunda
Órgão/espaço
Caso Clínico
Paciente masculino, 72 anos, obeso e
diabético não insulino-dependente procura o
hospital com queixa de dor abdominal,
vômitos e febre (38,2 C) há 24 horas.
História de pneumonia há 2 meses sendo
tratado com levofloxacina por 10 dias.
Caso Clínico
REG, desidratado ++/4+, descorado +/4+, dispneico
+/4+, anictérico
T= 38.6 oC; FC=110 bpm;FR=24 inc/min.
PA= 90/50 mmHg
Coração: Ritmo cardíaco taquicárdico sem sopros
Pulmões: MV presente sem ruídos adventícios
Abdome: doloroso a palpação principalmente em
fossa ilíaca esquerda, ruídos hidroaéreos diminuídos
Caso Clínico
Iniciado manobras de ressuscitação volêmica
Colhido 2 hemoculturas e introduzido antibióticos
Glicemia = 290 mg/dl
Creatinina = 2,1 mg/dl, Uréia = 110 mg/dl
Na+= 142 meq/l, K= 4.6 meq/l
USG abdome: compatível com diverticulite e
presença de líquido livre na cavidade
Encaminhado para o Centro Cirúrgico
QUAL O ESQUEMA DE ANTIBIÓTICO MAIS
ADEQUADO PARA O CASO?
Resultados do Estudo SMART -Study for
Monitoring Antimicrobial Resistance
Trends
Materiais
74 centros de 5 regiões
Isolados patógenos gram-negativos, aeróbios e
facultativos, recuperados de pacientes com infecção
intra-abdominal
Padrão de sensibilidade de 12 antimicrobianos
comumente utilizados para tratar infecções intraabdominais,
Esta sub-análise inclui 11 centros de 7 países
latinoamericanos:
Argentina (2), Brasil (3), Ecuador (1), Guatemala (1),
México (2), Perú (1) y Puerto Rico (1)
Resultados
• Foram recuperados ao todo 776 patógenos a partir
de 671 pacientes.
– 673 isolados (87%) foram enterobacterias, as mais
comuns:
•
•
•
•
E. coli (426 isolados; 55%),
Klebsiella spp. (109 isolados; 14%),
Enterobacter spp. (60 isolados; 8%)
Citrobacter spp. (40 isolados; 5%),
– 103 (13%) foram não-enterobactérias.
• P. aeruginosa (72 isolados; 9%)
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100
90
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% de Sensibilidade
Padrão de Sensibilidade de Enterobactérias
em Infecção Intra-abdominal
SMART Brasil
98
100
100
93
93
96
93
97
96
90
83
80
70
60
50
40
30
20
10
0
91
Caso Clínico
Qual a sua escolha ?
a. ceftriaxona + metronidazol
b. cefepima + gentamicina + metronidazol
c. ampicilina + gentamicina + metronidazol
d. imipenem
e. ciprofloxacina + metronidazol
Caso Clínico
Diagnóstico: Diverticulite com perfuração de alça
Colectomia parcial + colostomia + drenos
Pós-operatório na unidade de terapia intensiva
Ceftriaxona e metronidazol
Isolado: E. coli (sensível a diversos antimicrobianos)
Alta da UTI e transferido para enfermaria
9º pós-operatório: febre e piora do quadro clínico
Dor abdominal e vômitos
USG = presença de coleções intra-abdominais
Encaminhado novamente para o Centro Cirúrgico
Caso Clínico
Qual a sua escolha ?
a. imipenem
b. piperacilina/tazobactam
c. cefalosporina de quarta geração + glicopeptídeo
d. imipenem + gentamicina + glicopeptídeo
e. mantenho o esquema anterior e aguardo culturas
Caso Clínico
Diagnóstico: Duas coleções – drenado
aproximadamente 150 ml de secreção
purulenta
Cultura: Klebsiella pneumoniae resistente
para cefalosporinas e ciprofloxacina sensível
para piperacilina/tazobactam, imipenem,
ertapenem e tigeciclina
Caso Clínico
Qual a sua escolha ?
a. imipenem
b. piperacilina/tazobactam
c. ertapenem
d. tigeciclina
e. imipenem + gentamicina
Conclusões
40-60% das Infecções Cirúrgicas podem ser evitadas!
Uso inadequado do antibiótico profilático ocorre em
até 50% das cirurgias!!!
Profilaxia antibiótica: estratégia de sucesso, DESDE
QUE:
Droga certa
Início adequado
Término adequado
Obrigada!!!