Investigação Qualitativa em Educação – uma introdução à teoria e

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Transcript Investigação Qualitativa em Educação – uma introdução à teoria e

Investigação Qualitativa em
Educação – uma introdução à
teoria e métodos
Capítulo 1 – Fundamentos da investigação
Qualitativa em Educação: uma introdução
Régis Coelho/ Janaina Cabello – APP I
SEC. XIX
SEC. XX
ANOS 60
ANOS 70
ANOS
80 E 90
• 1851 e 1862 - Henry Mayhew, publicou quatro volumes que consiste no registro, ilustração e descrição das condições de vida dos trabalhadores e dos desempregados.
• 1870 e 1890 - papel barato - expansão do jornalismo sensacionalista.
• 1886 - Estatístico Charles Booth, e sua esposa Beatrice Webb, Londres, levantamentos sociais relativos aos pobres. Descobrir quantos pobres existiam e suas condições de vida. Viveu
anonimamente.
1890 - Fotógrafo Jacob Riis, EUA, expôs a vida dos pobres urbanos.
• 1892 - Sociólogo Albion Small, Chicago. Fundou o departamento de Sociologia da Universidade de Chicago. Contribuiram enormemente para o desenvolvimento do método de investigação
que designamos por qualitativos. Método, estudo de caso, dados recolhidos em primeira mão,
• 1898 - Antopólogo Franz Boas, EUA, primeiro a escrever sobre antropologia e educação.Abordando as relações entre a educação e a cultura. baseou-se em documentos e informadores.
• 1899 - W.E.B. Du Bois, Filadélfia, publicou um trabalho de um ano e meio, observação das condições de vida de sujeitos negros que habitavam no Sétimo Bairro da cidade.
• "Escola de Chicago" - W.I. Thomas (acidentalmente começou a utilizar cartas como dados de investigação), Robert Park, Florian Zananiecki, Becker. Aspectos da vida comum, como
preocupação com o estudo da etnicidade. Abordagem interaccionista. Dimensão humana e política.
• 1907 - Pittsburg, grupo que tentou aplicar o método científico ao estudo dos problemas sociais. Faz articulação entre o quantitativo e o qualitativo. Levantamento de natureza interdisciplinar.
Materiais discutido em reuniões públicas e expostos à comunidade.
• 1915 - início oficial da sociologia da educação como campo individualizado.
• 1918 - Bronislaw Malinowski, primeiro antropólogo cultural a passar longos períods de tempo numa aldeia nativa para observar seu funcionamento. Estabeleceu as bases da antropologias
interpretativa.
• 1926 - Surgimento do Journal of Educational Sociology.
• 1927 - Ellsworth Faris. No jantar da Sociedade Americana de Sociologia . Atenção para a importancia do campo da sociologia da educação, alertar os sociólogos para os vários problemas
inerentes a este campo.
• (1928/1929) "Reinado do empirismo. Aumento da preocupação com as ciências naturais e avaliação quantitativa. Metodos científicos em educação x quantificação experimental.
• 1942 e 1951 - Antropóloga Margaret Mead, EUA, preocupada com o papel do professor e com a escola enquanto organização. Focou se mais nos conceitos antropológicos que nos métodos.
• 1954 - PONTO DE VIRAGEM
• Frederick LePlay - França, Metodo observação. Pesquisas de campo com o objetivo de encontrar um remédio para o sofrimento social.
• 1919 e 1955 - Piaget • + 1939 - Freud.
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Atenção nacional para os problemas educativos, reavivaram o interesse pela investigação qualitativa e tornaram os investigadores educacionais mais sensíveis a este tipo de abordagem.
Os métodos qualitativos ganharam popularidade devido ao reconhecimento que emprestavam às perpectivas dos mais desfavorecidos e excluidos socialmente.
O interesse pelos métodos qualitativos foi estimulado pela publicação de um conjunto de livros sobre teorias e métodos.
1963 - Um dos maiores projetos subsidiados federalmente foi o Project True, no Hunter College. Objetivo era compreender diferentes aspectos da vida nas salas de aula urbanas.
1968- Já existia um conjunto formalizado de investigadores com abordagens antropológicas aplicadas à investigação educacional. (Council on Anthropology and Educaticon.
Época de tumulto e mudança social. A atenção dos educadores voltou-se para a experiência escolar das crianças pertencentes a minoria. surgiram vários relatos autobiográficos e jornalisticos
relativo à vida nas escolas dos guetos.
• Dois importantes estudos subsidiados iniciaram e utilizaram uma abordagem qualitativa.
• 1969 - Antropóloga Eleanor Leacock. Classico sobre os efeitos da escola e das expectativas dos professores nas vidas das crianças.
• Jules Henry.
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Ainda que os métodos qualitativos não fossem dominantes, já não podiam se vistos como marginais.
prosseguiam os debates metodológicos entre os investigadores quantitativos e qualitativos.
Instaurou-se um clima de diálogo entre os dois grupos. Com a flexibilização das atitudes, as abordagens qualitativas explodiu em educação.
Alguns investigadores educacionais sentiram que os estudos de campo convencionais eram "demasiadamente descritivos"
que deveriam assumir uma atitude mais empírica.
• 1989 - Willard Waller. Obra Sociology of Theaching. Método da antropologia social e do conto realista, com o objetivo de auxiliar os professores a tomar consciência das realidades sociais da
vida escolar.Definição de situação. Inter-relações dramáticas.
• Surgiu uma nova revista, exlusivamente dedicada à publicação de investigação qualitativa em educação - International Journal for Qualitative Studies in Education.
• Modificações importantes: inovação de carater tecnico do que conceptual. Tecnologia como recurso.
• Os papeis psicossexuais emergiram como tópico central. o feminismo afetou o conteúdo das investigações. Tiveram um papel importante enquanto impulsionadoras da investigação sobre as
emoções e os sentimentos.
• Igualmente o feminismos afetou as questões metodológicas.
• Todas as áreas - arquitetura, arte, moda, produções acadêmicas foram tocadas pelo Pós-modernismo.
1928/1929 – “reinado” do
empirismo
Aumento da preocupação com as ciências
naturais e avaliação quantitativa.
Métodos científicos em educação
Quantificação experimental
Psicólogos experimentalistas passam
a dominar o cenário educacional:
Wilhelm Wundt (1832-1920)
 Fundador da ciência experimental da
psicologia, estabeleceu seu primeiro
laboratório na Universidade de Leipzig, na
Alemanha. Recorreu aos métodos
experimentais das ciências naturais,
particularmente às técnicas usadas pelos
fisiologistas.

“O primeiro passo na investigação de um fato tem de ser,
por conseguinte, uma descrição dos elementos
individuais(...) em que ele consiste” (Schultz & Schultz, p.
81,1992).
Freud e Piaget:

Nunca
foram
incluídos
pelos
historiadores da investigação qualitativa
como criadores desta abordagem, porém,
ambos se basearam em estudos de caso,
observações
e
entrevistas
em
profundidade.


Método de pesquisa de Freud:
“O sistema de Freud diferia muito, em
conteúdo e metodologia, da psicologia
experimental tradicional da época. (...)
Apesar de sua formação, ele não usou
métodos experimentais de pesquisa. Embora
conhecesse a psicologia experimental, Freud
não coletava dados a partir de experiências
controladas nem fazia análises quantitativas
dos seus resultados. Os dados que coletava e
os modos como interpretava estavam em
discrepância com os métodos da psicologia
experimental” (Schultz & Schultz, p. 342,
1992).
O método de pesquisa de Freud
As pesquisas longitudinais de Piaget:
Anos 50:
Desenvolvimento significativo dos
métodos qualitativos e de trabalho de
campo.
 Entrevista como estratégia central de
investigação qualitativa.
 Entrevista “não-diretiva”: Carls Rogers e a
terapia centrada no cliente.

As contribuições de Carl Rogers:

Vídeo
Características da investigação
qualitativa:

Fonte dos dados – ambiente natural;

Descrição – dados em formas de
palavras/imagens, transcrição de
entrevistas, notas de campo, fotos, vídeos,
documentos pessoais;

Interesse pelo processo e não pelos
resultados ou produtos (“como?/qual?”);
Características da investigação
qualitativa:

Análise dos dados realizada de maneira
indutiva (abstrações vão sendo
construídas à medida que os dados
particulares que foram recolhidos vão se
agrupando);

Significado: modo como diferentes
pessoas dão sentido às suas vidas
(processo de investigação não são
abordados de forma neutra).
Residências criativas na Casa do Sol

Em 2012 o Instituto Hilda Hilst retomou seu projeto de
Residências Artísticas. O objetivo é promover o
intercâmbio entre artistas e pesquisadores de diversas
áreas do conhecimento e o desenvolvimento da criação
artística. Não é condição sine qua non que o objeto de
estudo/pesquisa seja a obra e/ou a vida de Hilda Hilst,
nem que seja a literatura seu eixo central. O IHH abriga
não só escritores, poetas, filósofos, dramaturgos e
atores, como também artistas visuais, músicos, estilistas,
físicos e matemáticos. O que é fundamental é que haja
trocas de ideias, compartilhamento de conhecimentos e
experiências. (http://www.hildahilst.com.br/site/)
Pesquisa Qualitativa:

O IHH recebeu a visita da artista visual e escritora
baiana Virginia de Medeiros. Bacharel em Artes Visuais
e mestre pela Escola de Belas Artes da Universidade
Federal da Bahia, ela fará uma residência entre julho e
agosto na Casa do Sol para desenvolver seu novo
projeto.
Seus trabalhos remetem principalmente às questões
de gênero e sexualidade, e reúnem instalações
compostas por fotografias, vídeos e/ou objetos
produzidos ou apropriados pela artista. Depois de ser
selecionado para a 27a. Bienal de São Paulo, em 2006,
seu trabalho “Studio Butterfly” - realizado com
travestis de Salvador em 2004 - vai virar livro a ser
publicado
ainda
este
ano
(http://www.hildahilst.com.br/site/)
Fundamentos teóricos da pesquisa
qualitativa:

PARADIGMA:
conjunto aberto de asserções, conceitos
ou proposições logicamente relacionados
e que orientam o pensamento e a
investigação. A teoria ajuda a coerência
dos dados e permite ao investigador ir
para além de um amontoado pouco
sistemático
e
arbitrário
de
acontecimentos.
Investigadores qualitativos:

Perspectiva fenomenológica: compreensão
do significado que os acontecimentos e
interações tem para as pessoas em
situações particulares (qual o significado
que as pessoas constroem para os
acontecimentos cotidianos).

Realidade socialmente construída.
Investigadores qualitativos:
Interpretação: investigador deve possuir
um esquema conceitual para fazê-la;
 Estuda determinada organização não
tentando resolver as ambiguidades. O
objeto de estudo consiste, exatamente,
no modo como as diferentes pessoas
envolvidas entendem e experimentam os
objetivos.
 Interesse pelas realidades múltiplas
e não uma realidade única.

Cultura:
Estudos antropológicos com base na
perspectiva fenomenológica consideram
cultura;
 Etnografia – tentativa de descrição
profunda de uma cultura ou de aspectos
dela.
 Becker – é a cultura que permite às
pessoas agirem conjuntamente
 Vídeo.

Investigação qualitativa – Nove
questões:
É possível a utilização conjunta das
abordagens qualitativa e quantitativa?
 “Ainda que seja possível e nalguns casos
desejável, utilizar as duas abordagens
conjuntamente (Fielding e Fielding, 1986),
tentar conduzir um estudo quantitativa
sofisticado ao mesmo tempo que um
estudo qualitativo aprofundado pode
causar problemas” (p. 63).


Abordagem qualitativa é realmente
científica?

Métodos e provas presentes na pesquisa
qualitativa.
Em que a investigação qualitativa difere do
que artistas, professores, jornalistas
fazem?
 “Os jornalistas não se baseiam numa
teoria social. Sendo assim, não existe
relação entre o que escrevem e as
questões teóricas. (...) Contudo, por
vezes, é muito difícil, se não impossível,
traçar a linha entre a investigação em
ciências sociais e o bom jornalismo de
investigação.” (p. 65).
Exemplo: Robert Capa ( Budapeste, 22 de outubro
de 1913 – Thai Binh, 25 de maio de 1954).
Um dos mais célebres fotógrafos de guerra, Capa
cobriu os mais importantes conflitos da primeira
metade do século XX: a Guerra Civil Espanhola,
a Segunda Guerra Sino-Japonesa, a Segunda Guerra
Mundial na Europa (em Londres, na Itália, a Batalha
da Normandia em Omaha Beach e a liberação de
Paris), no Norte da África a Guerra árabeisraelense de 1948 e a Primeira Guerra da
Indochina.
(http://pt.wikipedia.org/wiki/Robert_Capa)
IMAGENS MUTILADAS:
REALIDADES E
INVISIBILIDADES MIDIÁTICAS
“Utilizando uma metodologia de pesquisa qualitativa interpretativa, o trabalho
toma como ponto de partida o uso das fotografias de vítimas de minas, principalmente
em dois exemplares de grandes veículos da mídia impressa brasileira
(o jornal Folha de S.Paulo e a Revista O Globo, do periódico homônimo) e nas duas
mais importantes publicações internacionais especializadas no assunto (o relatório
anual Landmine Monitor Report e a revista do Mine Action Information Center, centro
de pesquisas da Universidade James Madison, atualmente denominada The Journal
of ERW and Mine Action). A pretensão do trabalho é analisar os efeitos que as
imagens de vítimas latino-americanas de minas, ou mais propriamente sua ausência,
nos veículos de comunicação em massa e na mídia especializada têm na criação do
imaginário coletivo sobre essa problemática na América Latina. A partir daí, a
dissertação analisa outras realidades invisíveis, de modo a tentar entender suas
“falhas midiáticas” e traçar possíveis estratégias para inseri-las nos fluxos de
informação que compõem a mediosfera em que vivemos”.
Os resultados qualitativos são
generalizáveis?
 “generalizáveis” – resultados em um
estudo particular serem aplicáveis a locais
e sujeitos diferentes.
 Nem todos os pesquisadores qualitativos
se preocupam com as questões de
generalização como acima definida.
 Quais resultados obtidos em quais
contextos e a que outros sujeitos eles
podem ser generalizados?

E os efeitos nos dados das opiniões,
preconceitos e outros enviesamentos do
investigador?

Todos os pesquisadores estão sujeitos aos
seus enviesamentos, mesmo os
pesquisadores quantitativos.

Toda pesquisa quantitativa vem de
“escolhas qualitativas” – que pressupõem
decisões conceituais, embasamento
teórico; “boas perguntas” (prof. Luiz
Carlos Freitas).

Será que a presença do investigador não
vai modificar o comportamento das
pessoas que pretende estudar?

Será que dois investigadores que estudem
independentemente o mesmo local ou os
mesmos sujeitos chegarão às mesmas
conclusões?

-
-
Qual o objetivo da investigação
qualitativa?
objetivos = diversidade
Observação empírica para o
entendimento de como as pessoas
constroem/descrevem significados.
Em que diferem a investigação
qualitativa e a quantitativa?
Referencial teórico
 Método
 Objetivos
 Propostas de investigação
 Dados
 Amostra.

Ética
Normas relativas aos procedimentos
considerados corretos e incorretos por
determinado grupo.
 - identidades dos sujeitos protegida;
 -sujeitos tratados de maneira respeitosa;
 - realismo nas negociações, respeitando o
combinado;
 - devoção e fidelidade aos dados obtidos.


Confeccionar ou distorcer dados
constitui o pecado mortal de um
cientista.

“Tortura dos dados”; “Cozinha da
pesquisa” – prof. Luiz Carlos Freitas.
Margaret Mead – Samoa (1925).
Dificuldades do trabalho em
pesquisa qualitativa:

Nosso objeto de pesquisa – nossa
proposta de trabalho;
O que me proponho a saber/
 Para quê?

Nossos objetivos com nossa pesquisa?
- relevância!

Referências:
Antropologia e Margareth Mead (Olavo de Carvalho). Disponível em
http://www.youtube.com/watch?v=hlB3iki4IGQ. Acesso 29 mar
2013.
Biografia Robert Capa. Disponível em
http://pt.wikipedia.org/wiki/Robert_Capa. Acesso em 29 mar 2013.
Conversas com Carl Rogers. Disponível em
http://www.youtube.com/watch?v=EV2ujyxLEk0. Acesso em 29 mar
2013.
Instituto Hilda Hilst. Disponível em http://www.hildahilst.com.br/site/.
Acesso em 29 mar 2013.
Referências:
Jean de Piaget. Disponível em
http://www.youtube.com/watch?v=B5Z4qPgqzCk. Acesso em 29
mar 2013.
Voz do Freud – Freud´s Voice. Disponível em
http://www.youtube.com/watch?v=WutYCooUvEQ. Acesso em 29
mar 2013.
Souza, V. G. P. Imagens mutiladas: realidades e invisibilidades
midiáticas.2010. 111f. Dissertação (Mestrado em Comunicação) –
Universidades Paulista UNIP, São Paulo, 2010.
Schultz, D. P. & Schultz, S. E. História da Psicologia Moderna. 5ª Ed. São
Paulo: Editora Cultrix, 1992.
Surdez e comunicação: família Suzin Santos. Disponível em:
http://www.youtube.com/watch?v=2kX_BfNzSio Acesso 01 abr
2013.