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Matrizes Aleatórias:
Passeio por Fundamentos e
Aplicações
Marcel Novaes
Departamento de Física
Universidade Federal de São Carlos
Sumário
Surgimento com Wigner e Dyson
Ensembles Gaussianos
Aplicação em Caos Quântico
Outros Ensembles (Wishart-Laguerre, Circular, Jacobi)
Conexão com polinômios ortogonais clássicos
Aplicações: Topologia, Combinatória, Teoria de Grupos
Introdução
Anos 50: Wigner Anos 60: Dyson
Ideia inicial: Hamiltoniana de um núcleo grande é muito complexa
Pode ser trocada por uma matriz aleatória
análise estatística do espectro
Os elementos da matriz são sorteados aleatoriamente
Autovalores e autovetores se tornam variáveis aleatórias
Autovalores formam um conjunto de variáveis correlacionadas
Novas distribuições universais = para além da distribuição normal (TCL)
Ensembles Gaussianos
Primeira escolha: Espaço amostral dos elementos
Número reais? Complexos? Quatérnios?
Índice de Dyson:
, respectivamente (dimensão do espaço amostral)
Segunda escolha: Distribuição dos elementos
Caso mais simples: variáveis Gaussianas independentes
Formam os famosos GOE, GUE e GSE
(a letra do meio se refere ao grupo de simetria)
Ensembles Gaussianos
Para os três, a densidade é dada por
Grupo de simetria:
Grupos Ortogonal, Unitário e Simplético para GOE, GUE e GSE
Distribuição dos autovalores:
Diagonalização
+ Integração sobre os autovetores
Resultado:
O Jacobiano
é chamado de Vandermonde
Dá origem a uma repulsão entre autovalores próximos
Ensembles Gaussianos
Quantidades derivadas (assintóticas):
Densidade de estados:
(Lei do Semicírculo)
Função de correlação:
( s1 E2 E1, s2 E3 E2 ,... )
Espaçamento entre vizinhos:
Distribuição do maior autovalor:
então
(Lei de Tracy-Widom)
onde q(x) satisfaz uma EDO não-linear (Painlevé II)
Primeira aplicação: Caos Quântico
Sistemas dinâmicos clássicos são em geral caóticos
Separação exponencial de condições iniciais (Hiperbolicidade)
Trajetórias longas “cobrem” todo o espaço (Ergodicidade)
Exemplo mais simples: partícula na caixa bidimensional
Sistemas regulares:
Sistemas caóticos:
Quais as consequências do caos para o problema quântico?
Matrizes Aleatórias em Caos Quântico
1984: Bohigas, Giannoni, Schmit
Mesmo um sistema de poucos graus de liberdade pode ser descrito por
matrizes aleatórias, se sua dinâmica clássica for caótica
Evidências sólidas, tanto experimentais quanto numéricas. Por exemplo, P(s):
Experimento com vibrações de
um bloco de quartzo
Experimento com hidrogênio em
campo magnético intenso
Simetria ortogonal = Simetria de reversão temporal
(Depois disso, explosão: matrizes aleatórias por toda parte)
Simulação numérica para
bilhar caótico
Outros Ensembles
Ensemble de Wishart-Laguerre. Matrizes
, com H NxM Gaussiana
Usado para modelar: matrizes de covariância, comunicação wireless, econofísica,
transporte eletrônico, dinâmica de populações, emaranhamento, etc.
densidade reduzida
Distribuição matrizes:
Distribuição autovalores:
Densidade de níveis:
(Lei de Marchenko-Pastur)
Maior autovalor: Também Tracy-Widom
Outros Ensembles
Ensembles Circulares
Circular Unitary Ensemble, CUE: Grupo Unitário U(N) com medida de Haar
COE: Matrizes Unitárias Simétricas. Isomorfo ao quociente U(N)/O(N)
Usados para modelar matrizes de espalhamento, propagadores
Espectro sobre o círculo unitário
Distribuição autovalores:
Densidade de níveis: constante
Se a função f(H) depende apenas dos autovalores de H, é natural tomar a
média sobre os autovetores
Outros Ensembles
Ensembles de Jacobi: JUE, JOE
Em uma situação de espalhamento como esta,
a matriz de espalhamento tem quatro blocos
A matriz
Se
é chamada matriz de transmissão
ou
, então
ou
Distribuição de matrizes:
Distribuição de autovalores:
Densidade de níveis:
onde
Polinômios ortogonais
Distribuição
Polinômios
Ortogonalidade
Hermite
Laguerre
Jacobi
Propriedade do Vandermonde:
Existem muitas matrizes M possíveis. Por exemplo:
Uma consequência: em média, níveis de energia = zeros dos polinômios
Outras Aplicações
Vimos algumas aplicações (Caos Quântico, Espalhamento, Emaranhamento), em que
aparecem de fato matrizes que são praticamente aleatórias
Mas a estatística subjacente aparece em situações sem matriz nenhuma
Exemplo 1: Zeros da função z de Riemann
Hipótese de Riemann:
Os números tn parecem ter estatística GUE
(Montgomery ’73, Odlyzko ’92, Keating & Snaith ’01, etc.)
Exemplo 2: Maior subsequência crescente de permutações
tem L=4
A estatística de L satisfaz Tracy-Widom
(Baik, Deift & Johansson ‘99)
Aplicação em Topologia
Seja o GUE(N) e
Lei de Wick: Valor médio de produto = produto de valores médios aos pares
Covariância:
Consideremos
Polígono de 2k lados, arestas coladas aos pares
Característica de Euler:
Expansão topológica:
(Harer-Zagier, ’86)
Aplicação em Combinatória
Seja o GUE(N) e
com
Como
então
Formulação diagramática: Cada traço vira um vértice
Lei de Wick: Todas as conexões possíveis
Exemplo: Cálculo de
discutido anteriormente:
Aplicação em Combinatória
Em geral, coisas complicadas
(`t Hooft, ’74)
(Brézin, Itzykson, Parisi, Zuber, ’78)
No novo modelo,
Um dado valor de m em
Ao final, teremos
Conclusão:
produz m vértices
para um gráfico com A arestas, m vértices e F faces
é o número de diagramas com A arestas,
genus g e kn vértices de grau n
Aplicação em Teoria de Grupos
Seja
Então
Prova: Teoria de funções simétricas + Teoria de caracteres
Função de potência
Função de Schur (caracter do grupo unitário)
Caracteres do grupo de permutações
Classe de conjugação
Tamanho do centralizador da classe
Aplicação em Teoria de Grupos
Integral de Itzykson-Zuber:
Pode ser provado de várias formas que
Recentemente,
(Goulden, Guay-Paquet & Novak ’12)
onde
é função geratriz para certa classe de fatoração de permutações
Estreitamente relacionada a uma generalização dos números de Hurwitz
Fornece estatística da condutância de pontos quânticos caóticos
Aplicação em Teoria de Grupos
Produto de elementos de matriz
É preciso que ao final haja apenas módulos quadrados
Os índices k/m devem ser alguma permutação dos i/j
W é chamada função de Weingarten