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Classicismo

Classicismo ou Quinhentismo

é o nome que se dá à literatura produzida durante a vigência do

Renascimento

.

• Este foi um amplo movimento artístico, cultural e científico que ocorreu no século XVI, inspirado sobretudo nas ideias e nos textos da cultura clássica greco-latina.

• O interesse pela cultura clássica já vinha ocorrendo desde o final do século XIII, na Itália, onde escritores e intelectuais, chamados

humanistas

, liam e traduziam autores latinos e gregos. Destacam-se Dante Alighieri, Petrarca e Boccaccio.

• • •

Dante Alighieri

, autor da

Divina comédia

, criou a

medida nova

(versos decassílabos), abandonando as redondilhas medievais, que passaram então a ser chamadas de

medida velha

.

Petrarca

compôs seu

Cancioneiro

com 350 poemas, na maior parte sonetos, nos quais cantava o amor platônico espiritualizado por Laura.

Boccaccio

escreveu

Decameron

cotidiana.

, obra de narrativas curtas e picantes, que retratavam criticamente a realidade

• No século XVI, o Classicismo, em consonância com um contexto histórico de profundas transformações sociais, econômicas, culturais e religiosas, substituiu a fé medieval pela razão, o cristianismo pela mitologia greco latina e pôs, acima de tudo, o homem como centro de todas as coisas (antropocentrismo).

• Diferentemente do homem medieval, que se voltava essencialmente para as coisas do espírito, o homem do século XVI se volta para a realidade concreta e acredita em sua capacidade de dominar e transformar o mundo.

O contexto histórico

O Renascimento é a expressão artística e cultural de uma época marcada por fatos decisivos, que acentuaram o declínio da Idade Média e deram origem à Era Moderna. Entre eles, destacam-se: • as navegações e os descobrimentos, no final do séc. XV; • a formação dos Estados modernos; • a Reforma (1517); • a Revolução Comercial, iniciada no séc. XV; • o fortalecimento da burguesia comercial; • a teoria heliocêntrica de Copérnico.

• As influências da cultura greco-latina e dos humanistas italianos, bem como a imitação de seus modelos, não se limitaram ao século XVI. Estenderam se até o final do século XVIII, formando uma verdadeira

Era Clássica

, introduzida pelo

Classicismo

e seguida pelo

Barroco

e pelo

Arcadismo

(ou Neoclassicismo).

Antiguidade Cultura grega (séc. XII a.C. – II a.C.) Cultura latina (séc. VI a.C. – V d.C.) Idade Média Alta Idade Média.

(séc. V XI/XII) Baixa Idade Média (séc. XII – XV) Classicismo (séc. XVI) Era Clássica Barroco (séc. XVII) Arcadismo (séc. XVIII)

Classicismo em Portugal

• O marco do início do Classicismo em Portugal foi o retorno de Sá de Miranda a Portugal, em 1527. Ao voltar da Itália, Sá de Mirando trouxe consigo um novo estilo literário caracterizado por aspectos renascentistas – o dolce stil nuevo deste modo, introduziu e divulgou a medida nova; poesia clássica.

Luis de Camões

• Entre os séculos XV e XVI, Portugal tornou-se um dos países mais importantes da Europa, em virtude de seu papel de destaque no processo de expansão marítima e comercial; contudo faltava uma grande obra literária que fosse capaz de registrar e traduzir o sentimento de euforia e nacionalidade que os portugueses vinham experimentando.

• Luís de Camões (1525-1580), com o poema épico

Os lusíadas

, além da lírica, projetou a literatura portuguesa entre as mais significativas do cenário europeu nesse momento histórico.

• Na lírica, produziu poemas tanto na

medida nova

quanto na

medida velha

.

Medida Velha

Verdes são os campos Verdes são os campos, De cor de limão: Assim são os olhos Do meu coração.

Campo, que te estendes Com verdura bela; Ovelhas, que nela Vosso pasto tendes, De ervas vos mantendes Que traz o Verão, E eu das lembranças Do meu coração.

Gados que pasceis Com contentamento, Vosso mantimento Não no entendereis; Isso que comeis Não são ervas, não: São graças dos olhos Do meu coração.

Luís Vaz de Camões

Medida Nova

Amor é o fogo que arde sem se ver Amor é fogo que arde sem se ver, é ferida que dói, e não se sente; é um contentamento descontente, é dor que desatina sem doer.

É um não querer mais que bem querer; é um andar solitário entre a gente; é nunca contentar-se de contente; é um cuidar que ganha em se perder.

É querer estar preso por vontade; é servir a quem vence, o vencedor; é ter com quem nos mata, lealdade.

Mas como causar pode seu favor nos corações humanos amizade, se tão contrário a si é o mesmo Amor?

Luís Vaz de Camões

• Estudioso da cultura clássica, Camões soube somar à sua formação cultural as ricas experiências pessoais que viveu: a guerra no norte da África, onde perdeu um olho; a prisão motivada por um duelo; e o exílio de dezessete anos, período em que viveu na África e na Ásia (incluindo Índia e China). Todo seu conhecimento literário, filosófico, histórico, político e geográfico foi aproveitado como matéria-prima para escrever seus poemas líricos e, principalmente sua obra épica

Os lusíadas

, a principal expressão do Renascimento português.

Os lusíadas

• Publicado em 1572, narra os feitos heróicos dos portugueses que, em 1498, lançaram-se ao mar, numa época em que ainda se acreditava em monstros marinhos e abismos.

• Liderados por Vasco da Gama, os lusos ultrapassaram os limites marinhos conhecidos e chegaram até Calicute, na Índia. • Ao mesmo tempo que se volta para fatos históricos relativamente recentes, as aventuras da viagem também são pretexto para narrar a própria história de Portugal respondendo assim ao anseio nacionalista da época.

Como epopéia a obra segue a estrutura própria do gênero, mas apresenta diferenças significativas.

• Em vez da figura de um herói com forças sobre humanas, a figura de Vasco da Gama é diluída para dar espaço aos portugueses em geral, vistos como

herói coletivo.

• Na tradição épica ocorre o “maravilhoso pagão”, isto é, a interferência de deuses da mitologia nas ações humanas. Em

Os lusíadas

, também há a presença de deuses da mitologia clássica, porém o paganismo convive com idéias do cristianismo (“o maravilhoso cristão”), já que era a opção religiosa do autor e da maioria dos portugueses.

• • A obra de Camões apresenta 1102 estrofes, todas em oitava-rima, organizadas em dez cantos. Seguindo o modelo clássico, principais:

Os lusíadas

apresentam três partes • Introdução – estende-se pelas dezoito estrofes do Canto I e subdivide-se em

proposição, invocação

e

dedicatória ou oferecimento.

• Narração

– da estrofe 19 do Canto I até a estrofe 144 do Canto X.

Epílogo – estrofes 145 a 156 do Canto X.