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MÓDULO 1 - Mitos, construções e
naturalizações do gênero
Comologia,
natureza/
Cultura e poder
Como se produz os
gêneros. Masculino e
feminino na ordem
simbólica e nas práticas
sociais
Discursos e
linguagens dos
mecanismos de
poder hoje,
suas bases na
matriz
heterossexual
Como se produz os gêneros.
Masculino e feminino na ordem
simbólica e nas práticas sociais?
Linguagem e Sexismo;
Tecnologia;
Trabalho (super mulher,
cuidado/maternagem;doméstico;
Políticas;
1. Linguagem e Sexismo
ORGASMO DE UMA MARIAGASOLINA
• EnFiat, enFiat!
Vem KA, meu Diplomata, da um Cherokee no meu
pescoço..
Vem Logus!
EnFiat o seu Picasso na minha Xantia!
Eu sei que você Dakota do recado.
Tira meu Blazer!
Vem que sou toda Parati.
Você não imagina o Quantum eu quero Dart, seu Besta!
Ai amor, só você me enlouquece e me oFusca.
Meu Gordini, desse jeito, eu te dou um Premio.
• Ai amor, Kadett, que eu não estou te achando seu Picasso?! Ai achei.
Vou te dar o que eu Tempra você.
Vai Variant de posição. Sim, agora com outro Tipo.
Vai, enFiat seu Pointer Turbo no meu Courrier!
Ai Comodoro, Comodoro você!
Ta doendo mas vai Passat. Não para ainda, me Kombi mais um pouco!
Vai, D-10, D-20, D-30! Bem forte, de frente, de Corsa, de Lada. Isso, amor,
Ranger os dentes, assim GM! GM! vai,vai!
Eu sou sua mulher, sua Verona, e você, meu Omega.
Me abraça, me beija e me Ford
Me chama de Perua!
Oggi tudo é Fiesta!
Vou Gol zar!
LIBERTAÇAÕ OU SUBMISSÃO ?
• Uso androcêntrico da linguagem. ......... mulheres
dependentes, complementos,
subalternas ou propriedades dos homens (Os
nômades se transportavam com seus utensílios,
gado e mulheres, Se organizavam atividades
culturais para as esposas dos congressistas.
• Às mulheres lhes concederam o voto depois da
Primeira Guerra Mundial), oferecendo-nos
múltiplas e variadas soluções.
• Falsa universalidade e participação das mulheres
no universal.
• Igualdade desigualdade;
• Diferença semelhança;
www.boadica.com.br/humoring/mouse_feminino.jpg
Censo
de
Feminino
2010 – TRABALHO
Existem 95,9 homens para cada 100 mulheres,
ou seja, existem 3,9 milhões de mulheres a
mais que homens no Brasil. Em 2000, para
cada 100 mulheres, havia 96,9 homens.
A população brasileira é, assim,
composta por 97.342.162 mulheres e
93.390.532 homens
.
A região Norte do País é a única que apresenta
exceção ao quadro, sendo 101,8 homens para
cada 100 mulheres. Em todos os Estados da
região há mais homens do que mulheres. No
Centro-Oeste, enquanto Mato Grosso tem
maior representatividade masculina, em
uma taxa de 104,3 homens para cada 100
mulheres Distrito Federal tem 91,6 homens para
cada 100 mulheres.
Representatividade de mulheres é
maior no Estado do Rio de Janeiro maior representação feminina entre as
unidades da federação, sendo 91,2
homens para cada 100 mulheres,
acompanhando a tendência da região
Sudeste, com 94,6 homens para cada
100 mulheres.
Em São Paulo, a razão é de 94,7 homens
para cada 100 mulheres.
O Rio Grande do Sul também tem uma
razão baixa, sendo 94,8 homens para cada
100 mulheres.
As regiões Sul e Nordeste também
apresentam taxas inferiores, sendo 96,3
homens para 100 mulheres e 95,3 homens
para 100 mulheres respectivamente.
A taxa de desemprego total feminina, na Região
Metropolitana de São Paulo (RMSP), diminuiu pelo sétimo
ano consecutivo, passando de 16,2% para 14,7%, entre 2009
e 2010, (Fundação SEAD.
. Para
a população feminina foram gerados 163
mil postos de trabalho, volume suficiente para
absorver as 99 mil mulheres que ingressaram
na força de trabalho metropolitana e reduzir
em 64 mil o contingente de desempregadas.
O porcentual de pessoas com ensino
superior completo na População
Economicamente Ativa – PEA (soma dos
ocupados mais desempregados) da
RMSP passou de 11,7% para 15,0%,
entre 2000 e 2010. Na PEA feminina,
essa proporção já ultrapassou os
17,0%, enquanto na masculina
corresponde a 13,0%. Com isso, se
em 2000 a maioria da PEA com nível
superior era composta por homens
(51,3%), em 2010, a vantagem passou
a ser, claramente, das mulheres
(53,6%).
a evolução dos
níveis de ocupação de
homens e mulheres, entre
2000 e 2010, nota-se que o
Ao se comparar
crescimento do número de mulheres
ocupadas (32,6%) foi muito
superior ao dos homens (18,0%).
Dirigindo a análise para as pessoas com
escolaridade superior, essa diferença
acentuou-se ainda mais: aumento de
64,3% para as mulheres, contra 34,2%,
para os homens.
Ao lado dos segmentos econômicos
tradicionalmente tidos como “femininos”,
como
educação
e
saúde,
outras
oportunidades de inserção produtiva vêm se
abrindo para as mulheres mais escolarizadas.
Por exemplo, o aumento da participação de
mulheres
no
segmento
de
serviços
especializados
(13,6%
do
total
de
ocupadas em 2010) – com forte presença de
advogadas, contadoras, engenheiras
e assemelhadas –, que passou a ser o
segundo
segmento
com
maior
presença de mulheres, superando o
de saúde, tradicional nicho de
emprego feminino.
Segundo análise do IPEA, entre 2001
e 2009, a Pesquisa Nacional por
Amostra
de
Domicílios
(PNAD),
realizada pelo IBGE, indicou que o
percentual de famílias brasileiras
chefiadas por mulheres subiu de
aproximadamente 27% para 35%.
Em termos absolutos, são quase 22
milhões de famílias que identificam
como principal responsável alguém
do sexo feminino.
No caso das famílias formadas por
casais com filhos, 28% das mulheres
chefes encontravam-se na faixa de
40 a 49 anos – mesma proporção
encontrada entre os homens chefes –
31,3% delas possuíam entre 30 e 39
anos, faixa de idade na qual
normalmente as mães ainda têm
filhos pequenos e dependentes.
Em relação ao nível de instrução, na média, as
mulheres chefes têm mais anos de estudo que os
homens chefes, confirmando a tendência que se
observa na sociedade como um todo. A diferença, no
entanto, é bastante reduzida: 7,1 anos de estudo
entre as mulheres e 6,9, entre os homens.
Público e Privado, da Fundação Perseu
Abramo, realizada em 2010, apontam que
56% das mulheres preferem ter uma
profissão, trabalhar fora de casa e dedicarse menos às atividades com a casa e a
família; enquanto 37% preferem dedicar-se
mais para as atividades com a casa e a
família, deixando o trabalho fora de casa em
segundo lugar. Em 2001, 55% preferiam a
primeira opção e 38% a segunda.
Mulheres chefes - Classe
Pesquisas com referência a 2009 indicam que as mulheres
comandam 32% das famílias de classe C (a
renda mensal varia entre R$ 600 e R$ 2.099). De
acordo com o levantamento- a classe C também é mais jovem e
composta por uma maioria de afrodescendentes (negros e
herdeiros da miscigenação).
Nas camadas mais altas da população, o porcentual de mulheres
que são chefes de famílias é menor: nas classes A e B,
apenas 25% delas estão à frente das famílias. "As
mulheres são mais chefes de família na classe C e elas também
decidem o que comprar para a casa", (IBOPE- 20 mil pessoas com
mais de 12 anos nas principais regiões metropolitanas do País).
(gênero, raça, classe).
Outras Constatações:
Primeiros resultados definitivos do Censo 2010:
população do Brasil é de 190.755.799 pessoas
***A família está menor e passa menos tempo
em casa;
*** As relações sexuais diminuíram; estilo de
vida.....
***Na década de 70 a média era de 6 filhos;
*** Na década de 80 passou a ser 4;
*** Na década de 90 passou a 3;
*** Hoje menos de 2 filhos -
Taxa de fecundidade
• Taxa de fecundidade nacional – estável em 1.5
como média; diferenças regionais.
• A esperança de vida do brasileiro é de 72,9 anos. A média
de anos estudados de pessoas com mais de 25 anos está
em 7,2.
• Cinco Estados brasileiros (dos 27) concentram 63% da
população, segundo dados preliminares do Censo 2010
SP, MG, RJ, BA e RS têm cerca de 117 milhões dos 185,7
milhões de habitantes do país.
• Sobram 68 milhões de pessoas espalhadas pelas
outras 22 unidades da Federação.
Atualmente, 24,1%
da população brasileira
é menor de 14 anos.
Em 1991, a representatividade dessa faixa etária era
de 34,7%. Outro fenômeno verificado é o Segundo o
Censo 2010, aumento
contínuo da
representatividade de idosos. 7,4% da
população têm mais de 65 anos,
contra apenas 4,8% em 1991.
Pesquisa da Fundação Seade e do Dieese
relativa à região metropolitana de São Paulo.
***De 2009 para 2010, foram abertos 163
mil postos de trabalho para mulheres na
Grande São Paulo. Elas representam 45%
da população ocupada. A taxa de
desemprego feminina recuou pelo sétimo
ano seguido, atingindo 14,7%, ainda bem
acima da masculina (9,5%).
O rendimento médio aumentou em ambos
os casos, mas essa alta foi maior para os
homens, fazendo aumentar a diferença
entre a remuneração entre os gêneros.
Em média, em 2009, as mulheres
ganhavam 79,8% dos valores médios
recebidos pelos homens. No ano
passado, essa proporção havia caído
para 75,2%.
Segundo o estudo, as taxas de participação feminina só aumentaram
no ensino médio ou superior, caindo entre analfabetas e no ensino
fundamental.
A taxa de desemprego total em 2010 para
trabalhadoras foi de 16,5%. Para trabalhadoras com
nível superior, foi de 6,2%.
A formalização também vem crescendo, em ambos os casos.
Em 2000, 33% das mulheres sem ensino superior
tinham carteira assinada – esse número chegou a
43,8% em 2010.
Entre trabalhadores com nível superior, 75,8% das mulheres
ocupavam postos formais de trabalho.
O perfil das mulheres - são mais velhas, casadas
e mães - não param de trabalhar quando tem
filhos.
Nos anos 1960, as taxas de atividade das mulheres de
25 a 49 anos eram de 40%, hoje estão em torno de
80%.
Em 1960 as mulheres representavam 30% da
população ativa - Em 2006 foi para 45%. Na
França em 4 décadas, as mulheres chegaram a
quase metade da população ativa 47%, em 1960
eram 34%. Em toda a história dos países
europeus, as mulheres são hoje, mais
assalariadas proporcionalmente que os homens
Trabalho parcial tem mais presença feminina
cerca de 80% das pessoas são mulheres. Não é o
tipo de trabalho que afeta as mulheres com filhos
pequenos. Ele tem maior número de mulheres mais
velhas. São empregos pouco qualificados
concentrados em atividades como comércio,
limpeza, hotelaria. Baixo salário, trabalho noturno,
finais de semana, instabilidade de horários. Isso não é
uniforme - Portugal tem taxas de atividades
femininas muito elevadas na Espanha, Itália, Grécia
são mais baixas. No modelo Europa do Sul o
acesso é ainda muito em tempo integral.
O mundo do trabalho nem sempre é misto.
É permeado por segregações e discriminações de
gênero.
Os emprego femininos
continuam
concentrados em um pequeno número de ofícios e
de setores tradicionais. Na França, as categorias
socioprofissionais
mais feminizadas. Brasil
(trabalhadoras domésticas,
atividades não
remuneradas, trabalhos na produção do consumo
familiar, reuniam 52% das mulheres em 1983 e
61% em 2002. Também há aumento da presença de
mulheres em
profissões como magistrados,
advogados, jornalistas, médicas
Em países como Dinamarca, Suécia, Finlândia
- o trabalho em tempo parcial é muito
difundido para homens e mulheres. As
mulheres tem taxas de trabalho parcial
compatíveis com as dos homens e são
trajetórias contínuas.
Em países como Bélgica, França o trabalho em
tempo parcial, chegou depois da crise de emprego
e supostamente para dar solução a ele. Tornou-se o
motor do subemprego e da precariedade do
trabalho
Nos países da União Européia encontra-se
sobredesemprego feminino com constância
o
No mundo do trabalho, a igualdade dos sexos caminha
sobre uma base aritmética, homens e mulheres são
quase em número igual na esfera produtiva, porém, as
desigualdades são imensas. A paridade não gerou
igualdade.
No Brasil as trabalhadoras do Nordeste concentram
mais que o Sudeste os nichos precários de
atividades - remunerado e autoconsumo.
Alguns desafios
1. Formas comunitárias e serviços de atenção e
apoio as famílias;
2. Nova organização do trabalho que permita e
facilite o cuidado - taxa de mortalidade, nutrição,
descanso, fecundidade, lazer e serviços de apoio;
3. Aumento da esperança de vida, novas
necessidades, novos mercados, pessoas idosas e
dependentes – novo Estado de Bem Estar. (?).
Crise Mundial............Mulheres
pobres.......aumento da pobreza...........
• 4. Países desenvolvidos estão discutindo como
conciliar trabalho, família e vida pessoal o uso do tempo diário – mais serviços de
cidadania e cuidados à infância; previdência,
mortalidade, licença maternidade
• 5. Equidade social entre os sexos e grupos
sociais; (salário, distribuição dos recursos
familiares, - Bolsa família..............
• 6. Famílias hoje são plurais , e com
desigualdades de oportunidades - Relações
são mais democráticas e mais negociadas.
7. Estabelecer novos marcos de relação social sobre
a reprodução, o acolhimento, o cuidado e a vida Sistema de obrigações compartilhadas entre sexos e
gerações.
Novas legalidades: Regulação civil de novos
vínculos familiares – nomes, direitos
individuais, estado civil, direito ao matrimonio
entre pessoas do mesmo sexo, direito a
infância, direito das pessoas descapacitadas,
ou em situação de dependência
8. Gastos em proteção social e
distribuição de atenção a doenças,
invalidez, idosos, crianças moradia
atingem demasiadamente a família e as
mulheres cuidadoras - Bolsa família – Faltas ao
trabalho, pobreza e demandas para afastamento
para cuidados;
9. Gasto social e sistemas de proteção –
função das redes familiares X inversão
financeira
10. Corresponsabilidade entre sexos e gerações e entre
entidades privadas
e públicas. Poucos nascimentos,
mães mais velhas, filhos únicos, menos jovens na
estrutura de população, mais idosos, mais famílias
monoparentais – estes
fenômenos
diminuem e
reforçam a tendência a diminuição do número de
pessoas nas casa, supõe uma menor experiência
cotidiana e mais pobre experiência intergeracional.
Países que já tinham:
Perda de apoios comunitários, serviços básicos,
pertencimento social e político.
Bibliotecas, escolas, organizações de bairros,
sociabilidade intergeracional, espaços, de
esporte, lazer, saúde,
16. Vincular políticas de migração familiar com as
transformações familiares, as estratégias de
gênero, gerações e de reagrupação familiar,
sobretudo, na América Latina e que estão
produzindo os fenômenos de transnacionalismo. A
maternidade transnacional. Normalmente se
ignora os cuidados de avós, crianças, casas nas
políticas de imigração, as diferenças culturais,
conflitos familiares, migratórios entre o mesmo
grupo de mulheres – quem cuida de quem? Em que
condições?
***O que tudo isto significa para as relações e as
políticas de gênero
•Discursos e linguagens
dos mecanismos de
poder, suas bases na
matriz heterossexual
•Exemplos:
Construções de gênero - incorporadas na
linguagem da biologia.
Emily Martin (1991)
•Explora as metáforas comuns que
descrevem a produção e a união do óvulo e do
esperma. Martin disse que o ovo é considerado
passivo, ele não viaja , - mas é “transportado”,
como um “depósito” ou um “fluxo” pelas
trompas de falópio. O espermatozóide é
retratado como ativo, e que “oferece os seus
genes ‘,’ gatilho ‘ da agenda de
desenvolvimento do ovo - é” competitivo “, e
tem uma” velocidade “que é constantemente
destacada.
A guerra dos sexos I
•Os espermatozóides são muito desiguais. Na escola,
aprendemos que, numa ejaculação humana, são
expulsos de 200 milhões a 500 milhões deles e que
todos nadam alucinados atrás do óvulo: ao vencedor,
a glória da fecundação. Parece que não é tão
simples: os espermatozóides trabalham em conjunto,
cada qual com uma função definida, como se fossem
um exército de guerreiros disciplinados. No curso
da evolução, foram obrigados a adotar essa estratégia
para vencer as barreiras impostas pela anatomia
sexual feminina. (CITELI, 2004).
Vagina dentada.......natureza indomada.......
•A vagina humana é um lugar inóspito para eles.
Sua superfície é forrada por colônias de lactobacilos
que secretam ácido para defendê-la dos germes que
penetram. O líquido que a lubrifica é rico em
enzimas, anticorpos e glóbulos brancos dispostos a
destruir invasores: bactérias, vírus, fungos ou
células de outra pessoa; espermatozóides, inclusive.
Os poucos espermatozóides que conseguem
sobreviver nesse ambiente ácido ainda precisarão
vencer muitas barreiras para chegar ao óvulo.
(Citeli, 2004).
A guerra dos sexos II
Bloqueadores: têm cabeça grande e cauda
pequena. Nadam devagar; não são páreo para o
pelotão que dispara na frente. Nem vão atrás
do óvulo, são "camicases": ao penetrar os canais
do muco uterino, agarram-se às paredes para
obstruir a passagem dos que vêm atrás, sejam
eles do mesmo macho ou de outro qualquer. A
função bloqueadora ocupa cerca de 50% dos
espermatozóides; (Citeli, 2004).
A guerra dos sexos III
Matadores: carregam enzimas tóxicas na cabeça e
possuem antenas capazes de detectar e reconhecer
espermatozóides estranhos. Quando os encontram,
despejam neles suas enzimas mortais. Como os
adversários reagem com as mesmas armas, espermas de
indivíduos diferentes se envolvem numa luta de vida ou
morte. Bons "matadores camicases" foram tão necessários
para a sobrevivência das espécies que constituem
praticamente a outra metade da população do
esperma. (CITELI, 2004).
Técnicas envolvidas em RA
IMSI, ICSI de Alta Magnificação ou
Super-ICSI
A partir de 1759 todas as partes do corpo foram
sendo sexualizadas
•Esqueleto , Cabelo
•Boca, cérebro, pelve, cabeça
•Depois partes invisíveis do cérebro,
•Hormônios, gametas, genes para construir a
anatomia, a fisiologia, a química e a genética das
diferenças (CITELI, 2004).
Contexto, interesses, deslocamentos......
• Obstetrícia e ginecologia (RODHEN, 2001)
• Dois corpos, dois lugares: Público e privado
(LAQUEUR, (2001), MARTINS (2004), RAGO ( 1999).
• Trabalho feminino transformado em problema
(SCOTT, ),- mulher que trabalha perderia sua
feminilidade. O Homem tem que ganhar para ser
provedor e à mulher cabe a educação......Moral e
cívica positivista.........
• Controle moral, tecnológico e clínico da
maternidade (TUBERT, 1996, TAMANINI,
2009;2010; SCAVONE, 2001).
Ato de cozinhar contribuiu para a monogamia
O Estado de S. Paulo, 24/04/99
Cientistas acreditam que cozimento de alimentos revolucionou a
evolução humana
LONDRES - Quando as mulheres aprenderam a cozinhar
tubérculos, houve uma revolução no processo de evolução
humano: o tamanho do cérebro aumentou, as fêmeas tornaramse mais sexy e os homens adotaram a monogamia.
Mas se Wrangham e seus colegas estiverem certos, como os
tubérculos assados nas brasas deram origem à monogamia? Se as
fêmeas da espécie Homo erectus cuidavam do cozimento dos
alimentos (e os homens estavam caçando ocasionalmente), a
comida poderia ser roubada facilmente pelos machos. As fêmeas,
então, ligaram-se aos machos que as protegeriam dos ladrões.
"As fêmeas que conseguiam atrair machos dominantes poderiam
ser melhor protegidas de roubos. (SANJIDA O'CONNELL , The
Guardian).
Sexo forçado resulta mais em gravidez
Folha de S. Paulo, 26/06/2001- Autor: MATT WALKER
Estudos nos EUA mostram que um estupro é quase três vezes mais 'eficiente' que uma
relação consensual
Um estupro pode ter duas vezes mais chance de resultar em gravidez do que uma
relação sexual consensual. A estatística promete reabrir o polêmico debate sobre se o
estupro pode ser uma estratégia reprodutiva bem-sucedida em termos evolutivos.
Ela poderia ajudar a explicar por que estupradores têm sido tão comuns por toda a história e
em todas as culturas. Estudos anteriores mostraram que a taxa de gravidez resultante de
estupro poderia ser de até 30%. A chance em relação consensual oscilaria entre 2% e 4%.
Isso levou biólogos como Randi Thornhill, da Universidade do
Novo México em Albuquerque (EUA), a apresentar os dados
como evidência de que o estupro é, ou foi, em algum
momento da evolução, um método "natural” para que os
homens espalhassem seus genes. Uma interpretação mais provável, dizem os
Gottschalls, é que o estupro realmente seja mais eficiente em termos reprodutivos. Uma
possibilidade é que as mulheres se sintam mais atraentes e sensuais quando estão no período
fértil e, inconscientemente, dêem sinais que os estupradores possam captar embora não esteja
claro se os homens de fato notam esses sinais. Outra explicação, mais provável, é a de que os
estupradores escolhem alvos mais atraentes e saudáveis características que podem indicar
fertilidade.
Londa Schiebinger (1993)
Os mamíferos são chamados assim devido à
importância social e simbólica da mama na Europa
do século XVIII. Mostra que os seios aparecem com
destaque na iconografia da época como um símbolo
do cuidado de maternidade. Mammalia Linnaeus
introduziu o termo no sentido de antes Quadrupelia
em 1758, em um contexto que incluía uma
campanha contra os enfermeiros. O rótulo foi usado
para tornar a amamentação um recurso natural
definitivo dos humanos (e outros animais) e, portanto,
serviu como um argumento para desencorajar a
contratação de babás.
Mamífero/MAMA/MAMAR
Inseto machuca a fêmea durante cópula para garantir 'fidelidade'
RICARDO BONALUME NETO Folha de S. Paulo 19/10/2000
O gorgulho que ataca o feijão tem uma vida sexual violenta e "machista", segundo
pesquisa feita no Reino Unido com insetos do Brasil, Benin e Índia.
O macho tem um "pênis" com a ponta espinhosa, o chamado "órgão intromitente",
que causa ferimentos na genitália da fêmea durante o ato sexual, a ponto de ela
tentar se livrar dele chutando-o com as patas traseiras.
"Nós acreditamos que, ao ferir as fêmeas, os machos asseguram que elas passem
mais tempo antes de fazer sexo de novo portanto aumentando o tempo disponível
para fertilizar os óvulos com seu esperma", disse à Folha um dos autores do estudo,
Mike Siva-Jothy, da Universidade de Sheffield. Ele e sua colega Helen Crudgington
publicaram artigo na "Nature" de hoje.
Machos e fêmeas como os gorgulhos da espécie Callosobruchus maculatus vivem
uma espécie de corrida armamentista reprodutiva, comportamento explicado
pela seleção sexual. Machos podem aumentar o número de filhotes ao fazer sexo
com várias fêmeas, pois produzem uma grande quantidade de esperma, enquanto
elas têm um número menor de óvulos. (Disponível em:
http://br.groups.yahoo.com/group/ciencialist/message/6460. Acesso em: 11 dez
2011).
Cosmologia
natureza/
cultura e
poder
WILSHIRE, Donna • A epistemologia ocidental é hierárquica e
piramidal. Que conhecimento se aceita?
• Imagens, palavras, conceitos nos acompanham e na sequência fazem julgamentos de valor e
práticas.................
• Aristóteles – Conhecimento racional é a mais
alta conquista humana – para os homens.
Mulheres são monstros (Política 1,2:1254b, Generatione
Animaliun, II, 1:732 a)
Ex: EVA, as feiticeiras que passam a ser BRUXAS
CIENTÍFICO
Objetividade
Universalidade
Racionalidade
Neutralidade
Dominação
Cérebro
Controle
Conhecimento
Civilizado
Público
NÃO-CIENTÍFICO
Senso Comum
Localidade
Sensibilidade
Emoção
Passividade
Coração
Descontrole
Natureza
Primitivo
Privado
CITELI, 2004
MASCULINO
Objetividade
Universalidade
Racionalidade
Neutralidade
Dominação
Cérebro
Controle
Conhecimento
Civilizado
Público
FEMININO
Senso Comum
Localidade
Sensibilidade
Emoção
Passividade
Coração
Descontrole
Natureza
Primitivo
Privado
Citeli, 2004
Sabedoria aceita
Mais alto (para cima)
Bom, positivo
Mente, cabeça, espírito
Razão (racional)
Frio
Ordem
Controle
Objetivo (fora de)
Texto escrito, LOGOS
Verdade literal, fato
Alvo
Apollo como sol – céu
Esfera pública
MASCULINO
Ignorância (oculto, tabu)
Mais baixo (para baixo)
Negativo, mau
Corpo, (sensualidade), ventre
(sangue),natureza (terra)
Emoção e sentimento
Quente
Caos
Laissez-faire, espontaneo
Subjetivo (dentro, imanente)
Tradição oral, encenação
Verdade poética, , metafora, arte
Processo
Sofia como lua – caverna – terra
Esfera privada
FEMININO
Relações de gênero – Distinção entre o biológico e o
social que serve para mostrar que uma pessoa não pode ser
definida em seu gênero por causa do seu sexo biológico, e
que nem sempre o sexo biológico tem seu igual
correspondente em gênero. A linguagem e a cultura fazem a
construção da masculinidade e da feminilidade, deste modo podemos
dizer que a masculinidade não é medida por exemplo, pelo ditado
‘homem não chora”. Assim como a feminilidade não é medida pelo
choro, ou pela menor ou maior força física, mas pela experiência
que esta pessoa faz a respeito de si mesma e do lugar que
ocupa em gênero. Ser mulher, ou Ser homem em uma determinada
cultura é parte de um processo da própria reprodução da cultura que se
expressa nos discursos, nos nomes, nos rituais, nas normas, nas
hierarquias, nos poderes e nos valores a respeito do que se considera
adequado ao masculino e ao feminino.
Donna Wilshire retoma a questão dos binários
Observando que, mais que simples expressão de
diferenças, são sempre hierarquizados, "opostos
polarizados em que um lado tem domínio sobre o outro”,
sendo úteis na produção do conhecimento que tem por fim
lucrar com o controle e a dominação da natureza, a
qualquer preço.
Na medida em que os binários, e as imagens a eles
associados, tornaram-se uma parte da nossa
maneira de pensar, são como lentes através das
quais contemplamos a realidade social. (GIFFIN,
2006).
Natureza Fixa
Sistema Binário Diferença
Dois gametas
Dois corpos
Dois indivíduos
Casal Infértil
Sexo sem relação sexual
Ajudar a natureza
Foco aparelho reprodutor
feminino
Ética querer do casal
“Sem útero não se começa nada
“
Doadoras/es
Contraposição
Biomédica = útero
e espermatozóide
MULHER = gestar, dar a luz,
amamentar.
HOMEM/mulher = Filho do
próprio sangue,
Semelhança.
• A narrativa sobre o masculino é sobre os
pais da ciência e da tecnologia; fabricar um
produto, participar da concepção
simbolicamente;
• Enquanto eles falam de embriões, óvulos, gametas,
de tecnologias, do prazer do conhecimento, das
trocas que fazem nos congressos, de como
evoluíram desde as primeiras experiências.
• Elas falam do corpo, das menstruações, de
dar um filho ao companheiro.
• O companheiro vê o filho como o seu futuro.
Elas como seu presente.
Masculinidade e gendrificaçãoção
Necessidade de gametas; ir até onde for possível com os
seus
X Conflito receber gametas (sêmen).
Masculinidade implica em:
1. Obrigatoriedade de mostrar - fala pública sobre
competência penetrativa – Mulher grávida - signo de
virilidade; - o outro vê.
2. A cobrança social tem certa temporalidade Casamento, filhos,
os outros ........
3. Mulher já é parte de si.......... Ela tem que explicar
porque ainda não.........
A heterossexualidade masculina frente a infertilidade
• Silêncio, preconceito... - importante processo de
subjetivação que impede o homem de olhar para
sua infertilidade sem que se pense impotente
sexualmente. Não podem demonstrar fraqueza ;
• Dever de heteronormatividade;
• Eliminar dúvidas sobre a assimetria hetero e homo.
***Receber sêmen é confundir essas fronteiras.
Cair no vazio genético. . A mulher do casal
heterossexual não se localiza nesta fronteira. Receber
óvulos lhe dá a condição de gestar e amamentar. O
físico dá ao social uma prova e o anonimato resguarda o casal ao
olhar do outro.
• Tecnologias, notícias fantásticas =
Biosociabilidade ;
• O sexo se desnuda e é realocado todo o tempo
em outra ordem simbólica do tecnológico, de um
lado mantida sob a ordem da diferença de outro
sobre a semelhança dos gametas ;
Arquitetura de gametas (óvulos e
semen/interação) - embriões
Técnicas envolvidas em RA
IMSI, ICSI de Alta Magnificação ou
Super-ICSI
Doadoras e Receptoras de óvulos –
contexto clínico explicativo
Doadores de sêmen
Doadores - publicidade
Sábado, 20.3.2010. 01:35 h
Con el lema ¿Tienes pelotas?, la campaña de donación de esperma ha
sido colocada en carteles y folletos de los 30 clubes deportivos más
importantes de la ciudad. Bajo esta campaña, las autoridades inglesas
quieren aumentar este tipo de donaciones en 500 o más que en
campañas anteriores
No Brasil vários textos apresentam as
dificuldades encontradas – Cito alguns
• 1. Os teóricos clássicos avançaram categorias
bipolares que não dão conta da variedade de
condições de vida das MULHERES;
As principais oposições discutidas são os pares –
natureza e cultura (SUAREZ, 1997;PISCITELLI,
1997); público e privado (AGUIAR, 1997; SOIHET,
1997);
Denuncia: Os mesmos textos que
empregam as categorias bipolares também
priorizam a família, reprodução ou parentesco – a
partir de funções biológicas, fora do lugar social;
RUBIN
• A sexualidade não esta relacionada com a
genitalidade anatômica;
• Situa a origem dos sistemas de gênero e o
domínio masculino na transformação do sexo
biológico em gênero, no funcionamento das
estruturas de parentesco e na divisão sexual do
trabalho;
• Perguntas sobre: os significados e as relações
entre a natureza , a cultura, a sexualidade e o
poder;
Sistema sexo/gênero
• Conjunto de convenções mediante as quais uma
sociedade transforma a sexualidade biológica em
produtos da atividade humana e em produtos que
satisfazem a necessidade sexual transformada;
• Sustenta que o sexo, tal qual nós o conhecemos,
identidade de gênero, desejo e fantasias sexuais –
conceitos sobre a infância - são produtos sociais;
• O problema não é a biologia ou a existência da família,
mas as formas particulares de organização social da
biologia, do parentesco, entre outras coisas;
Os sistemas de parentesco são formas empíricas dos sistemas de
sexo/gênero;
• A organização do sexo está baseada no gênero,
na heterossexualidade obrigatória e no controle
da sexualidade feminina;
• Os sistemas de parentesco se embasam no matrimônio –
transformam macho e fêmeas em homens e mulheres = duas
metades incompletas que podem sentir-se completas quando
se unem;
• As pessoas vão adquirindo gênero para assegurar o matrimônio.
Os sistemas de parentesco alimentam a heterossexualidade em
detrimento da homossexualidade ver: a. formas específicos de
heterossexualidade; b) formas particulares de homossexualidade
institucionalizada .
Bicategorização?
• Essa bicategorização é apenas uma construção
social do dado biológico, que pode ser
essencialmente outra, que passa a ser também
compreendida e representada de outro modo, na
medida em que são construídos novos métodos
de análise e modificados os enfoques
epistemológicos dos
estudos
sobre sexo,
impeditivo da problematização sobre o que é
assumido como natural.
Sexo/Sexos/ gênero/gêneros
• Diferente das teorias da bicategorização por sexo. A natureza
comporta bicategorização em gônadas sob as diferenças que se
constituem em genitália masculina e feminina, “lidas” pela
sociedade como normalidade, classificando-se, portanto, todo o
resto por anomalia.
Mas essa dicotomização não
expressa todos os outros níveis constitutivos das
correspondências (no mesmo corpo) entre
gônadas, cromossomos, genes e fenótipos não
correspondentes. Ela expressa somente a da leitura
da genitália; não se trata, neste caso, de
comportamento, mas de níveis físicos, de corpo
masculino ou feminino, que são traduzidos em gênero.
Fato Universal - status secundário
das mulheres na sociedade
• Tratamento varia no tempo e no espaço variação cultural
• Anseio: ordem social favorável ao potencial
humano das mulheres e dos homens;
• Objetivo do artigo: expor a lógica altamente
persuasiva subjacente ao pensamento cultural
que assume a inferioridade feminina e mostrar
as fontes sociais e culturais dessa lógica.
• Desafio ter necessária clareza sobre o que
queremos explicar.
Evidência desse fato universal?
Qual é ? Três tipos de dados
1. Ideologias culturais e colocações informativas que
explicitamente desvalorizam a mulher (papeis,
tarefas, produtos e meios em relação aos homens).
2. Expressões simbólicas (prerrogativa da
violência/avaliações inferiores);
3. Classificações socioculturais que excluem a mulher
do poder na sociedade;
•
Para Claude Guiguer, durante o século XIX, a mulher é apresentada ao mesmo tempo
como o sangue e os lírios, branca Madona, lilial jovem das auroras, transparente e cheia
de promessas, e pérfida Salomé das tardes púrpuras, a vítima e o carrasco, amazona
liberta e guerreira, rainha dos bosques e das fantásticas cavalgadas, e a criança ingênua e
carinhosa, a água e o fogo, a liberdade das florestas e o afundar dos pântanos
nauseantes; a virgem e a prostituída. Seu corpo é um mistério: seu sexo aniquila o
homem no prazer, emascula-o . Ela é voragem, abismo insondável....( PERROT, 1995.
Conclusões; A VISÃO BÍNÁRIA É
POBRE.............
• Simplificada- a mulher é identificada
simbolicamente com a natureza, o homem com
a cultura portanto, a cultura domina a
natureza;
• Argumento da autora: já que se considera que a
mulher está mais próxima da natureza – ela é
mais ativa em seus processos especiais e ao e
mesmo tempo tem afinidade com a natureza.
Por que as mulheres parecem mais
próximas da natureza? Fisiologia
1. O corpo da mulher está mais próximo e suas
funções parecem mais próximas com
espécies de vida (dar a luz, amamentar, o
corpo e seus papéis sociais pertencem a a
atividades consideradas inferiores);
2. A estrutura psíquica deriva diferente de sua
natureza fisiológica. Sua fisiologia está na
própria natureza;
3. Simone de BEAUVOIR, dizia que a mulher era
vítima das espécies (1953, p. 60).
Considerações
• Existe mais envolvimento do corpo feminino
com a função natural que cerca a reprodução.
A mulher é vista mais como elemento da
natureza do que o homem;
• Mas, por sua consciência e participação no
diálogo social recoloca-se que a mulher é
participante da cultura;
• Como intermediária entre a cultura e a
natureza está em grau de transcendência
inferior ao homem;
Papel social mais próximo da
natureza
• A mulher cria, reproduz, o homem é livre;
• Funções fisiológicas tendem a limitar a mobilidade
da mulher a certos contextos sociais (mais próximo
da natureza): o contexto familiar doméstico - lugar
da mulher é no lar.
• Amamentação/aleitamento (campanhas). Por razões
culturais as mães e os filhos se pertencem;
• A mulher ligada ao círculo doméstico contribui de
várias maneiras para a concepção de de que ela
está mais perto da natureza;
Gênero e descentramento dos sujeitos
2. O conceito de gênero como campo analítico se
mostrou uma saída contra determinismos (RUBIN, SCOTT,
MATHIEU, DE LAURETIS, FLAX, BORDO, LIMA COSTA,
HEILBORN), - PODER e desconstrução de patriarcados,
feminismo da diferença contra essencialismos, construção e
reiteração das normas e desnaturalização da
heterossexualidade e do centramento do sujeito
como parte do projeto pós-estruturalista das
oposições binárias (sujeito/objeto; público/privado;
cultura/natureza; homem/mulher) tão caras ao
pensamento filosófico ocidental moderno, e que estão
igualmente atreladas à instituição de significados
transcendentais e à verdade última das coisas.
Gênero X sexo
3. Mostrou-se problemático ao manter a dicotomia
sexo - gênero, natureza, cultura. (PISCITELLI,
NICHOLSON).
***Sexo também não é fixo
(LAQUER, STRATHERN, BUTLER,KRAUS, OUDSHOORN,
LOWY, FOX KELLER, VARIKAS, PRECIADO).
***Se a fixidez do sexo é questionada, a natureza fixa,
também o é. O que colocaria imediatamente a pergunta
já formulada por Butler (2003): “para que gênero como
construção cultural, se o próprio sexo não é mais fixo? “.
MASCULINIDADES
CAMPO QUEER
Butler diz..... Ao contrário, de
precipitadamente responder :
“gênero não faz mais sentido”, é preciso dizer que
olhar para a desconstrucão da categoria sexo só
agrega ao gênero a confirmação daquilo que ele
sempre expressou. Desse modo, as realidades
culturais e materiais constroem-se na história e nas
relações e igualmente seus
escondimentos e
abjeções. Constroem-se também a materialidade dos corpos por
meio de edições, recortes, assimilações, modificações genéticas,
partilhas moleculares, assim como se constroem linguagem e
instrumentos tecnológicos. (TAMANINI, 2009).
Tarefa das teorias.... BUTLER
• – considerar a ameaça de perturbação não como um
questionamento permanente das normas sociais condenando ao
fracasso –
• mas um recurso critico na luta para articular os próprios termos
da legitimidade e da inteligibilidade simbólica.
• DESIDENTIFICAÇÃO - crucial para a rearticulação da contestação
democrática tanto da teoria queer, quanto a política feminista –
podem ser mobilizadas através práticas que enfatizam a
desidentificação com aquelas normas regulatórias pelas quais a
diferença sexual é materializada.
• Identificar quase os corpos que pesam e quais devem
emergir. Processos
desidentificação........
de reiteração, abjeção,
Opção sexual
Escolha sexual
Orientação sexual
( fonte REIS,Toni)
HOMOFOBIA
• Homofobia é uma prática discriminatória que
falsamente pressupõe a superioridade da
heterossexualidade a outros regimes e práticas
sexuais. Homofobia e heteronormatividade, isto
é, a hegemonia heterossexual à vida social, se
sobrepõem, apesar de ser possível traçar
fronteiras políticas entre os conceitos. A
homofobia se expressa pela violência, pela
injúria, pela opressão. Falamos em vítimas da
homofobia.
(Débora Diniz, 2011 – Antrópologa, Professora da Universidade de Brasília e pesquisadora da Anis – Instituto de Bioética,
Direitos Humanos e Gênero. Apresentação na Audiência Pública Homofobia nas Escolas. Camara dos Deputados. Novembro
de 2011discutindo homofobia nas escolas).
HOMOFOBIA
• A homofobia = dispositivo que mantém a ordem
da heteronormativa na vida social – e a escola é um
dos espaços prioritários para a garantia dessa ordem.
• A escola promove os valores compartilhados e à
cidadania. A homofobia viola a igualdade, impede o
reconhecimento, autoriza práticas de violação de
direitos humanos. Não há fundamento moral ou
ético possível e aceitável para a homofobia. Um
homófobo precisa ser silenciado e suas práticas
reprimidas.......
CRIMINALIZAÇAÕ DA HOMOFOBIA
• Paradoxo para quem acredita na educação como um
dos principais sistemas de promoção da igualdade. Não
há sistema de crença que legitime a homofobia, isso
não é de Deus,, - nenhuma religião autoriza o discurso
do ódio, muito menos na escola".
• Não não há como se apelar à expressão religiosa
para justificar o discurso homofóbico como
expressão da liberdade de crença. Religião não
autoriza ou legitima o discurso do ódio. E menos
ainda nas escolas, onde ensino religioso é ainda
pouco regulamentado pelo MEC.
Quem são os homofóbicos?
Os homófobos podem ser os professores, os
diretores das escolas, os pais das crianças.
A resistência homofóbica e heteronormativa ronda
as ações de igualdade sexual. Ex: a controvérsia dos
vídeos educativos sobre sexualidade, os kit antihomofobia do MEC.
****Inclusão de conteúdos sobre orientação sexual e diversidade
de gênero nos currículos escolares e na formação de professores é a
principal reivindicação do movimento LGBTT para o Plano Nacional
de Educação (PNE - PL 8035/10).
Em discussão no Congresso, o PNE estabelece metas para o setor no
período de 2011 a 2020.
Só tem um jeito de se viver?
• Simplesmente romper o silêncio já parece
insuportável para
a moral heteronormativa
que se mantém por um braço violento – a
homofobia – e por um braço opressor silencioso
– a hetenormatividade compulsória que
falsamente supõe o acoplamento pênis-vagina
como destino da reprodução social e biológica
da humanidade.
Criminalização da Homofobia
• Representa um instrumento de garantia
da igualdade.
• Todos os anos, mais de 100 homossexuais são
barbaramente assassinados no Brasil, vítimas
de crimes homofóbicos: 1 assassinato a cada 3
dias, em média
• 2.802 homossexuais assassinados no Brasil
entre 1980 e 2007 (Fonte: GGB)
Violência e Discriminação
Pesquisas realizadas nas Paradas LGBT no Rio de Janeiro (2004),
São Paulo (2005) e Pernambuco (2006):
56% dos LGBT entrevistados já sofreram
agressão verbal
19% já sofreram agressão física
69% já sofreram discriminação por ser LGBT
(CLAM, 2007).
Violência e Discriminação
Pesquisas das Paradas LGBT:
Quem mais sofreu violência física:
Travestis e transexuais - 72%
Gays - 22%
Lésbicas - 9%
(CLAM, 2007)
Destinos fora da norma heterossexual
Só há dois destinos aos fora da norma
heterossexual: serem vítimas da violência
homofóbica ou serem refugiados de sua patrulha
moral.
( Antropóloga,
Professora da Universidade de Brasília e pesquisadora da Anis – Instituto de Bioética, Direitos Humanos e Gênero. Apresentação
na Audiência Pública Homofobia nas Escolas. Camara dos Deputados. Novembro de 2011).
O que fazer na escola?
Segundo a coordenadora de Juventude e Políticas Públicas da Faculdade Latino-Americana de
Ciências Sociais, Miriam Abramovay, o trabalho de conscientização nas escolas deve começar
o mais cedo possível, pois quanto mais jovem o aluno mais
homofóbico ele se apresenta. Estudo coordenado por ela em 2009 mostrou
que, entre estudantes de 11 anos de idade, 48,7% manifestaram preconceito contra
homossexuais. Na faixa de 13 a 14 anos, o índice cai para 38,4%.
homens são mais homofóbicos que
O mesmo levantamento apontou que os
as mulheres. Dos estudantes do sexo masculino pesquisados, 45%
disseram que não
gostariam de ter colega de classe HOMOSSEXUAL, contra apenas
15% das meninas.
Em trabalho anterior, 55% dos homens ouvidos relataram que não
gostariam de ter um vizinho gay.
Entre as mulheres, o índice foi de 40%.
Um terço dos entrevistados se disse indiferente.
"Observamos que, quase sempre, indiferente quer dizer sim, o que torna esses números muito
chocantes", explicou. (MN)
HOMOFOBIA E NÃO Bullying ???
Segundo Diniz - Bullying é um neologismo com origem na língua inglesa
que diz algo como “provocação”. A provocação entre crianças é parte de
uma socialização naturalizada – se provoca para se reconhecer os limites e
se definir frente ao outro como um espelho. Mas há outra raiz no conceito
de bullying: quem provoca e agride é o “valentão”. Há desigualdade de
força e de potência no sujeito que atua pelo bullying.
O ator do bullying é alguém que sabe que tem força – e aqui é força física.
Ele atua sozinho ou em grupo. Alguns dizem que o bullying sempre existiu.
Sim, me lembro do meu tempo de escola – sempre havia provocações
contra os gordinhos, as meninas vesgas ou as crianças com deficiência. Me
lembro também do sofrimento dessas crianças. Em geral, eram crianças
solitárias. Tento imaginar as consequências dessas provocações injustas
para os adultos de hoje.
Elas foram refugiadas da fúria contra a diferença marcada no corpo.
Elas são sobreviventes do bullying escolar, de um tempo em que o
neologismo não nos socorria para expressar a indignação pela provocação
injusta.
Bullying - é uma violência contra o corpo fora da
norma - Aqui está a chave do bullying...............
Segue - Vejam que não falo em normal, pois norma e
normal se confundem para a imposição das regras sob o
corpo.
O corpo que foge da regra – seja nos olhos da menina vesga,
nas pernas do menino cadeirante, ou no cabelo da menina
negra – é matéria suficiente para ação do indivíduo ou do
grupo provocador.
Por isso, estranho o uso do neologismo de bullying para algo
tão antigo e persistente ao universo escolar, e com tantas
ramificações na discriminação.
A discriminação pelo corpo acompanhou a socialização de
todos nós nesta sala e acompanha a vida de todas as
crianças. Vivemos em uma ordem social que discrimina e
oprime a diferença no corpo.
BULLYING NOS PERMITIU ESCREVER ALGO
SILENCIOSO
•O bullying é um neologismo paradoxal. Ao mesmo tempo potente, pois
nos permitiu entrar na escola e descrever algo silencioso: a homofobia
nas práticas de provocação entre crianças ou entre
professores e crianças.
•Também esconde seu próprio fundamento na
sexualidade: retiramos a sexualidade do bullying, não falamos em
homofobia.
•A naturalização do bullying como algo comum e permanente à infância e à
escola esconde sua matriz heternormativa. O bullying não é espontâneo
nas crianças, não pode ser natural à socialização das crianças.
•A origem do bullying que nos interessa hoje é a homofobia, um
conceito poderoso e que precisa ser potencializado na escola.
O bullying na escola é uma expressão
primária e permanente da homofobia em
nossa vida social.
O neologismo bullying é palatável às escolas, às famílias, à moral heterossexual.
Não falamos em crianças e adolescentes e suas práticas sexuais fora da norma.
Falamos em “provocações” e protegidas por um neologismo que a distância
lingüística não nos provoca diretamente. Sentimos diferentemente, como se fosse,
falsamente, um novo fenômeno. Não é.
A homofobia está na escola, assim como na Avenida Paulista. O bullying na escola
é uma expressão primária e permanente da homofobia em nossa vida social.
A recomendação de Diniz, que compartilho é que reconheçamos a força
política do conceito de homofobia. Não falamos de bullying apenas, mas de
crianças e adolescentes refugiado pela fúria homofóbica, que precisamos proteger
para que não se transformem em vítimas da homofobia no futuro ou mesmo na
escola.
Quem são as vítimas de bullying?
O menino que se tranveste,
a menina que gosta de outras meninas,
o transexual que não sabe que banheiro usar na escola.
Com raras exceções de uma política inclusiva à violência
corporal, raramente ouve-se falar em bullying contra as crianças
obesas ou com impedimentos corporais.
Quando os gordinhos aparecem, são como um apêndice da
diversidade no bullying.
O alvo são os fora da norma heterossexual.
Quando o tema é a cor da pele, não falamos em bullying.
Temos um nome para o bullying com fundamento na cor da
pele: racismo.
O bullying sexual tem um nome, homofobia.
Mudanças Históricas importantes
• Em 1985, o Conselho Federal de Medicina,
antecipando-se à Organização Mundial de
Saúde, tornou sem efeito a
classificação da homossexualidade
como doença, até então denominada
‗desvio ou transtorno sexual‘.
DOENÇA
17 de maio de 1990
Assembléia-geral da Organização
Mundial da Saúde (OMS) retira a
homossexualidade da sua lista de
doenças mentais:
"a homossexualidade não constitui
doença, nem distúrbio e nem
perversão".
A resolução entrou em vigor em 1993