Sessão Anatomo-clínica Coordenadores: Dra Ivania Gouvea Dr Paulo Roberto Margotto Alunos: Francyne Britto Funayama Luiz Alberto de Sousa Cunha Machado Escola Superior de Ciências da Saúde.
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Sessão Anatomo-clínica Coordenadores: Dra Ivania Gouvea Dr Paulo Roberto Margotto Alunos: Francyne Britto Funayama Luiz Alberto de Sousa Cunha Machado Escola Superior de Ciências da Saúde Sessão Anatomo-clínica RN de ASLSN Unidade de Neonatologia de: 20-01-05 a 29-01-05 Motivo da internação: RN prematuro + desconforto respiratório leve Prematuro de 30s + 5d, parto cesareano, em virtude de DHEG, peso ao nascer=1230g, Apgar=5/8, apresentara desconforto respiratório leve, ficou em Hood por 22h e depois em ar ambiente. Evolução clinica favorável até o sétimo dia de internação quando apresentou sinais de choque séptico (má perfusão periférica e hipoatividade) e distensão abdominal. Evoluiu com insuficiência respiratória em poucas horas, foi colocado em VMC, manteve-se em choque não respondendo ao uso de drogas vasoativas. HC mostrando leucopenia, neutropenia, e plaquetopenia acentuadas, recebeu hemotransfusão inclusive cc de plaquetas. Realizados durante a internação: imunoglobulina, patologia clinica, radiologia sem contraste e ecografia transfontanelar. Grave evoluiu para óbito em 29-01-05 as 6:45. Evolução Clínica 20-01-05 P: 1230, PC: 28,5cm, Estatura: 39,5cm Hood 40% FiO2 cateterismo umbilical RX de tórax (infiltrado pulmonar difuso leve retardo de absorção de liquido aminiotico) 21-01-05 diurese de 0,7ml/kg/h(feito fase rápida) Hood 30% observado secreção escura advinda da SOG 22-01-05 HC: HM-5,2 milhões Hb-17, g/dl Ht-56,3% leuc20.900(seg:46%/linf:51%/Mono:3%). drenando secreção amarronzada(2ml) pela SOG ictérico zona III de Kramer bilirrubina(BT: 12.3, BD: 1,4 e BI: 10,9) 23-01-05 sob ar ambiente dieta por SOG e NPT (inicio) diurese 4ml/kg/h, tipagem sangüínea A+, BEG eliminou mecônio 24-01-05 ictérico, hipoglicêmico(58mg/dl), D5 de cateter umbilical, SOG improdutiva 25-01-05 fototerapia diurese 3ml/kg/h, 2 evacuações apresentou resíduo gástrico escuro dieta suspensa FR= 80irpm 26-01-05 sem intercorrências, ativo, eupénico, sem edema, ausculta cardiopulmonar normal, abdômen flácido, diurese e dejeções conforme a normalidade, solicitada Eco cerebral = normal 27-01-05 RN extremamente grave e sob ventilação mecânica, nutrição parenteral, em uso de ranitidina, dopamina, dobutamina, fototerapia contínua, diurese 3,2ml/kg/h, evacuou 2 vezes, abdômen distendido, doloroso, pouco depressível, globoso, RHA diminuídos HD: enterocolite necrosnte CD: dieta zero, tienam (30mg de 12/12h) + amicacina (12mg/dia), HC, PCR, BT, solicitado RX abdominal. Parada cardiorrespiratória as 17:30, reanimado encontrava-se hipocorado ++/4+, mal perfundido, cianose central importante, taquidispnéia em Hood a 30%, desidratado, entubado e colocado sob VMC: PIP=15, PEEP=5, FiO2= 60, retirado cateter umbilical, feito plasma fresco 28-01-05 insuficiência respiratória sepse, icterícia( BT:18,4, BD:12,1) plaquetas 10.000, hipoglicemia, hemograma:leucócitos(seg:58%/ bastões:6%/ linf:30%/mono:6%) uréia=89, creatinina=0,6, antibioticoterapia e aminas vasoativas mantidas, feito cc de hemácias e plaquetas RX abdominal mostrando pobreza de gases 29-01-05 RN gravíssimo, chocado, cianótico, tempo de reperfusão muito aumentado, desidratado, bradicárdico, embolia séptica em primeiro e segundo pododáctilos a esquerda gasometria(pH=6,89/ pCO2=47,9/ pO2=24,2/ HCO3=7,5/ ABE=-21,4/ satO2=48,7%/) ás 6:45 constatado óbito. Hipóteses diagnósticas principais Síndrome de choque séptico Etiologias consideráveis: Enterocolite necrosante Septicemia por Staphilococcus Enterocolite Necrosante (ECN) isquemia intestinal, lesão da mucosa, edema, ulceração e passagem de ar ou bactérias pela parede da víscera doença dos sobreviventes (hipóxia e quadros infecciosos) associada a prematuridade, apnéia, baixo peso choque endotóxico ou hipovolêmico 75 a 90% RN pré-termos (31-32 semanas) e peso menor que 1500g Isquemia, edema e ulceração intestinal mortalidade de 20-40% metade pode apresentar gangrena intestinal ou perfuração cateter umbilical exsanguíneotransfusão Klebsiella sp isolada com frequência vômito bilioso e hematoquesia, peritonite (fleimão periumbilical), pneumoperitôneo distensão abdominal, resíduos gástricos acidose metabólica persistente cateter umbilical distensão abdominal distensão abdominal coagulação intravascular disseminada choque séptico dieta enteral relacionada a colonização no intestino (previamente estéril) razão da apresentação da ECN após seu início Septicemia por Staphilococcus Gram positivos: microorganismos mais isolados, estafilococos coagulase negativos (S. epidermidis, S. haemolyticus, S. warnieri, S. hominis e S. capitis), principais agentes de infecção (79/118 = 66,8%) seguidos pelo S. aureus (21/118 = 17,8%) sensibilidade, estafilococos coagulase resistentes à oxacilina, mas não à vancomicina Perfil dos germe isolados Staphylococcus Coagulase Negativo (S. epidermidis): 83% dos RN são colonizados até o 4º dia de vida causa 10 - 20% da sepse nosocomial clinicamente mais importante no período neonatal fatores de Risco: RN<1500g (6 vezes mais),cateteres umbilicais, nutrição parenteral, derivação ventrículoperitoneal, suporte ventilatório INFECÇÕES MAIS COMUNS: Meningite, enterocolite necrosante, pneumonia, osteomielite fisiopatotogenia relacionada à presença de corpo estranho se deve à aderência que se estabelece entre a bactéria e o biopolímero do catéter, com a formação de um biofilme e uma produção copiosa de um muco viscoso e exopolissacarídeo (significativamente maior na criança infectada) que cobre a bactéria e a protege contra o antibiótico, imunoglobulinas e a opsoninofagocitose Complicações potencialmente fatais da septicemia por Gram + Meningoencefalite Endocardite Tromboembolismo Bacteriano Hepatite Crônica Falência Renal Tromboses (ex: veia porta) DIAGNÓSTICO PATOLÓGICO A-006-05 RN masculino Prematuro 1600 g CT 40cm e 29cm CC Ictérico com equimoses Hepatoesplenomegalia Derrames cavitários Edema generalizado CM Septicemia Pneumonia bacteriana bilateral Meningoencefalite Endomiocardite bacteriana Hepatite necrótica e tromboem bolia bacteriana Pielonefrite aguda Microbscessos viscerais Timo involutivo Alterações intestinais isquêmicas DIAGNÓSTICO PATOLÓGICO Pulmão: vaso com colônias de bactérias DIAGNÓSTICO PATOLÓGICO Pulmão DIAGNÓSTICO PATOLÓGICO Coração: infiltrado difuso agudo DIAGNÓSTICO PATOLÓGICO Rim: vaso com colônias de bactérias DIAGNÓSTICO PATOLÓGICO Fígado: vaso com colônias de bactérias DIAGNÓSTICO PATOLÓGICO Tireóide: vaso com colônias de bactérias DIAGNÓSTICO PATOLÓGICO Cérebro: vaso com colônias de bactérias DIAGNÓSTICO PATOLÓGICO Cocos gram + DIAGNÓSTICO PATOLÓGICO Timo: pobreza de linfócitos DIAGNÓSTICO PATOLÓGICO Intestino: extensa hemorragia Causa mortis: Septicemia bacteriana Sepse e septicemia Septicemia é a presença de bactérias no sangue (bacteremia). Sepse é uma síndrome de resposta inflamatória sistêmica (SRIS) causada por um processo infeccioso. Se não reconhecida e tratada precocemente, a sepse pode evoluir para sepse grave, choque séptico, síndrome de disfunção de múltiplos órgãos (SDMO) e morte. SRIS é a resposta inflamatória sistêmica que ocorre em qualquer variedade de agressão clínica. SRIS é definida pela presença de pelo menos 2 dos seguintes critérios: Hipertermia ou hipotermia; Taquicardia; Taquipnéia ou hiperventilação; Aumento ou redução da contagem de leucócitos ou mais de 10% de formas imaturas. Sepse É a resposta sistêmica à infecção ou é a SRIS causada por uma infecção. Sepse grave É caracterizada pela ocorrência de sepse mais um dos seguintes critérios: Diminuição do estado de consciência Lactato sangüíneo arterial acima de 1,6mEq/l Débito urinário menor que 1ml/kg/hora Choque Séptico É a sepse com hipotensão, apesar de adequada ressuscitação volumétrica mais manifestação de acidose láctica, oligúria e/ou alteração aguda do sensório. O critério diagnóstico para choque séptico é a presença de hipotensão com 2 medidas distintas de pressão arterial depois da administração de mais de 20ml/kg de cristalóide ou colóide mais: Necessidade de suporte inotrópico ou vasopressor A SDMO é caracterizada pela disfunção simultânea ou seqüencial de vários órgãos. Cada disfunção ou falência de órgão ou sistema é definido pela presença de um ou mais critérios. Disfunção respiratória Disfunção cardiovascular Disfunção hematológica Disfunção neurológica Insuficiência hepática Disfunção gastrointestinal Disfunção renal Epidemiologia Há apenas quatro estudos clínicos controlados com crianças com choque séptico. Há uma melhora nos índices de mortalidade em crianças com choque séptico, que passaram de 97% na década de 1960 para 60% na década de 1980, atingindo 9% em 1999. Fonte: J Pediatr (Rio J) 2002;78(6):449-66: hemodynamic support, septic shock, sepsis, persisten pulmonary hypertension, nitric oxide. Epidemiologia O índice de sobrevivência registrado em crianças admitidas em hospitais norte-americanos em choque séptico foi, em 1999, três vezes maior do que o índice observado entre adultos. A fisiopatologia do choque e a resposta a terapias variam de acordo com a idade do paciente. Fonte: J Pediatr (Rio J) 2002;78(6):449-66: hemodynamic support, septic shock, sepsis, persisten pulmonary hypertension, nitric oxide. Fisiopatologia da sepse Atualmente há evidências de que a maior parte dos danos celulares e teciduais são causados pela reação inflamatória do hospedeiro à infecção. A reação do hospedeiro torna-se deletéria quando o processo se apresenta de modo generalizado ou desregulado atacando as próprias células do hospedeiro, podendo resultar em casos graves de sepse severa, choque séptico e SDMO. Antígeno bacteriano NO, endotelina, metabólitos do ácido araquidônico e histamina Macrófagos, leucócitos e células endoteliais PCR, fibrinogênio, interferon λ, C3, radicais livres e citocinas pró-inflamatórias (TNF e IL-1) Mediadores antiinflamatórios (IL-4, IL-10 e IL-13) TNF e IL-1 Linfócitos T IL-6, IL-8 e PAF Cascata de inflamação Lesão Celular SRIS Sepse SDMO Morte Fisiopatologia da sepse As disfunções de órgãos observadas em casos de sepse severa e SDMO não são diretamente causadas por fatores exógenos. Sepse severa e SDMO comportam-se como um processo inflamatório incontrolado. Choque séptico neonatal Pode ser agravado pela transição fisiológica da circulação fetal para a neonatal. In utero, 85% da circulação fetal evita a passagem pelos pulmões, deslocandose através do canal arterial e forame oval patentes. Choque séptico neonatal Ao nascimento, a inalação de oxigênio desencadeia uma cascata de eventos que, ao final, resultam na redução da PA pulmonar e na transição da circulação fetal para neonatal, com o fluxo sangüíneo sendo conduzido através da circulação pulmonar. O fechamento do canal arterial e do forame oval patentes completa essa transição. A acidose induzida por sepse e a hipóxia podem aumentar a PA pulmonar e manter pérvio o canal arterial, resultando em um quadro de hipertensão pulmonar persistente do RN (HPPN) e em circulação fetal persistente. O choque séptico neonatal com HPPN está associado a um aumento do trabalho do ventrículo direito. Diagnóstico Clínico Deve-se suspeitar de choque séptico em qualquer recém-nascido com desconforto respiratório e perfusão reduzida. A sepse pode apresentar-se tanto com quadros súbito e/ou graves quanto com quadros insidiosos e/ou silenciosos. Quanto mais jovem a criança, inespecífica a sintomatologia. mais Os antecedentes patológicos do paciente são muito importantes: Prematuridade Condições perinatais Desmame precoce Doenças e hospitalizações prévias Realização de cirurgias ou procedimentos Os recém-nascidos com sepse precoce podem apresentar sinais de infecção antes do nascimento ou imediatamente após o parto: Sinais de sofrimento fetal Taquicardia fetal Escore baixo de Apgar Avaliação laboratorial Deve-se fazer investigação microbiológica do paciente com exames diretos e culturas de sangue, urina, liquor, fezes, secreções, exsudados, petéquias, preferencialmente antes da utilização de qualquer antimicrobiano. Atualmente o melhor marcador de infecção é o exame de cultura, mas os resultados apenas são disponíveis depois de pelo menos 1 ou 2 dias. Pode-se utilizar as provas de atividade inflamatória na suspeita de sepse, porém carecem de sensibilidade e especificidade. Outros exames: Provas de coagulação RX, US, TC Eletrólitos, glicose Creatinina, bilirrubinas Transaminases e pH. Suporte antiinfeccioso Selecionam-se esquemas antibióticos empíricos para iniciar precocemente o tratamento de infecções graves. Ajustes ou a descontinuidade dos medicamentos devem ocorrer em função dos resultados da cultura. Faixa etária do hospedeiro Recém-nascido INFECÇÃO COMUNITÁRIA INFECÇÃO HOSPITALAR Foco Respiratório Foco Digestivo ou indeterminado ou Urinário Foco Respiratório Foco Digestivo ou Cateter ou Urinário Ampicilina + gentamicina ou cefotaxima Ampicilina + gentamicina ou cefotaxima Vancomicina + cefotaxima ou ceftazidima Cefotaxima +amicacina Recomendações para o manejo do suporte hemodinâmico em recém-nascidos 0 min 5 min 15 min Reconhecer estado mental reduzido, perfusão reduzida, cianose. Manter via aérea e estabelecer acesso venoso. Infusão rápida de 10ml/kg em bolo de cristalóide ou colóide até 60ml/kg. Corrigir hipoglicemia e hipocalcemia. Responde à fluidoterapia Observar na UTIP Choque refratário à fluidoterapia Estabelecer acesso venoso central, iniciar tratamento com dopamina Ajustar dobutamina e adrenalina Obrigada!