ETANOL COMBUSTÍVEL: BALANÇO E PERSPECTIVAS Antonio de Padua Rodrigues Um balanço de 30 anos do Proálcool Campinas, 16 de novembro de 2005
Download ReportTranscript ETANOL COMBUSTÍVEL: BALANÇO E PERSPECTIVAS Antonio de Padua Rodrigues Um balanço de 30 anos do Proálcool Campinas, 16 de novembro de 2005
ETANOL COMBUSTÍVEL: BALANÇO E PERSPECTIVAS
Antonio de Padua Rodrigues Um balanço de 30 anos do Proálcool Campinas, 16 de novembro de 2005
Experiência Brasileira: 1925
Primeiros testes utilizando etanol misturado à gasolina
Álcool Misturado à Gasolina: 80 Anos de Experiência
1925: testes realizados utilizando-se álcool combustível adicionado à gasolina
1938: Lei nº 737 – Torna obrigatória a adição de álcool à gasolina produzida no País;
1975: Programa Proálcool é lançado – Indústria lança 1 o.
carro 100% à álcool ;
1993: Lei nº 8.723 estabelece a faixa de mistura de álcool anidro com a gasolina comercializada, de 20 a 25%;
2000: Decreto nº 3.546 cria o Conselho Interministerial do Açúcar e do Álcool – CIMA;
2003: Indústria automobilística lança 1 o.
carro com a tecnologia Flex-Fuel;
2004: O Álcool Anidro chega à Bolsa de Nova York.
2005: Aumento do consumo interno. Consolidação das exportações.
Proálcool
Fundamentos:
Elevações no preço do óleo
US$ 2,5/b em 1973
US$ 10,5/b em 1974
US$ 34,4/b em 1981
Desembolso com importações
US$ 0,6 bilhões em 1973
US$ 2,6 bilhões em 1974
US$ 10,6 bilhões em 1981
Políticas - Governo
Elevação do preço interno da gasolina, a fim de inibir seu consumo;
Elevação das exportações de bens e serviços para compensar gastos com petróleo;
Adoção de políticas externas com países produtores de petróleo, para garantir o suprimento deste produto e ampliar o mercado para as exportações brasileira;
Elevação da produção nacional do petróleo;
Produção de álcool para substituir a gasolina
Outros objetivos
Redução das disparidades regionais e individuais de renda;
Crescimento da renda interna;
Expansão de produção nacional de bens de capital;
Benefícios adicionais:
Melhoria das condições ambientais com a substituição do chumbo tetraetílico;
Maior flexibilidade na produção de açúcar
Experiência brasileira na produção de álcool
1931 – obrigatórias mistura de 5% de álcool na gasolina;
Set–31 – Normas técnicas para produção de álcool anidro;
2º Guerra. Região Norte/Nordeste – produzia e supria o estado de São Paulo, chegando a mistura de 40% no Nordeste;
1941 – 44 destilarias funcionando, produção de 76,6 milhões de litros;
Implantação do programa em duas fases distintas
1ª FASE
1975 Utilização da infraestrutura existente
Implantação de destilarias anexas as usinas Produção de álcool anidro Adição de 20% de álcool na gasolina (Decreto 76.595) – 14/11/1975 Presidente: Geisel
Implantação do programa em duas fases distintas
2ª FASE
1979 – 19/07 Implantação de grande número de destilarias autonômas
Implantação em outras regiões, que não aquelas clássicas.
Evolução do Mercado de combustíveis automotivos
Desde 1970, o mercado de combustíveis passou por quatro fases que retratam processos de substituição entre combustíveis.
No passado, as políticas governamentais foram voltadas para mitigar efeitos das crises de petróleo. Consumo Anual de Combustíveis Automotivos 1º Choque do Petróleo 200 2º Choque do Petróleo Contrachoque do petróleo Lei n ° 9.478
180 160 140 Gasolina
Álcool 120 100 80 60 40 20 0 1972 Gasolina
Diesel 1976 1980 1984 1988 Álcool
Gasolina 1992 1996 GNV 2000 2004 Gás Natural
Fonte: BEN (2005).
Óleo Diesel Gasolina C Álcool Hidratado
Objetivo: Reduzir dependência por importações de energia
• 1973: dependência por importações de petróleo = 77% da demanda total de 753.000 b/d • 1975: dependência passou para 80% de uma demanda total de 874.000 b/d • em 2005, nos aproximamos da auto-suficiência, mas pouca importância se dá ao papel do álcool neste esforço, e ao papel extremamente importante que ainda pode representar pelo valor que as reservas de petróleo poderão atingir no futuro.
Fonte: Nastari / Datagro
Objetivo: Reduzir dependência por importações de energia
• 1976 a 2005: – 275 bilhões de litros de álcool consumidos apenas para fins combustíveis, – equivalentes a 240,8 bilhões de litros de gasolina, ou – 1,51 bilhão de barris – = 11.6% das reservas atuais provadas de petróleo e condensados do Brasil. • Consumo de álcool combustível no período 1976-2005 valorizado pelo preço da gasolina no mercado mundial, a cada ano, permitiu ECONOMIA DE DIVISAS de: – 69,1 bilhões de USD em importações evitadas. – 126,4 bilhões de USD, quando considerados os juros da dívida externa evitada, avaliada conservadoramente pela prime-rate mais 2% ao ano.
– Estes números são muito expressivos para um País que apresenta reservas de divisas de 58 bilhões de USD, e um PIB de 715 bilhões de USD, em 2004.
Fonte: Nastari / Datagro
Proálcool: 30 anos depois
• •
Proálcool não existe mais.
– –
Conjunto de medidas regulatórias que visavam criar produção e demanda em larga escala de etanol de biomassa.
Medidas regulatórias foram gradualmente eliminadas no período de 1989-99.
O que ficou:
– –
Produção e consumo em larga escala de etanol.
Brasil, pioneiro no uso de etanol combustível em larga escala, hoje efeito demonstração para vários outros países.
Fonte: Nastari / Datagro
Perfil do Setor Sucroalcooleiro - Brasil
• •
Brasil é o maior produtor mundial de cana, açúcar e álcool (% da produção mundial – 2004/05):
– Cana: 33,9% – Açúcar: 18,5% – Álcool: 36,4%
É também o maior exportador mundial de açúcar e álcool (% do mercado livre mundial – 2004/05):
– Açúcar: 37,4% – Álcool: 50,4% Fonte: Nastari / Datagro
Produção Mundial de Açúcar - 2005
India 12.8% Brasil 18.5% U.E.
11.8% Demais 34.3% Mexico 3% 4% Tail.
4% EUA 5% China 7.2% 121 países produtores no mundo Fonte: DATAGRO/ ISO
Produção Mundial de Etanol - 2005
EUA 35.5% Brasil 36.4% Demais 16.2%
57 países produtores no mundo Fonte: DATAGRO/ F.O.Licht
China 8.2% Índia 3.7%
Maior conquista: a competitividade
• Durante 25 anos, o etanol se sustentou no Brasil graças à defesa de suas externalidades positivas: – Geração de empregos – Redução de emissões veiculares – Maior independência energética – Menor investimento por emprego gerado – Contenção do êxodo rural – Interiorização do desenvolvimento – Economia de divisas.
Fonte: Nastari / Datagro
Maior conquista: a competitividade
• Desde 1999, a conquista da competitividade permitiu que o etanol passasse a ser visto como substituto factível à gasolina, em várias partes do mundo.
• Externalidades passaram a ser bônus adicional.
Fonte: Nastari / Datagro
Maior conquista: a competitividade
• Produção de etanol permitiu maior capitalização da agricultura.
• Ganhos médios de produtividade agroindustrial de 3,77% ao ano, desde 1976.
• Regiões canavieiras de S.Paulo são também as maiores geradores de renda agrícola com outras culturas.
Fonte: Nastari / Datagro
Maior conquista: a competitividade
• • • O Brasil mostrou que há uma clara ‘Curva de Aprendizado’ com a produção de etanol de cana-de açúcar.
Experiência pode ser reproduzida em outros países produtores de cana-de-açúcar.
Etanol: motor de desenvolvimento e redução de pobreza, para vários países em desenvolvimento.
Fonte: Nastari / Datagro
Uma análise retrospectiva
Investimentos em tecnologias e pesquisa da ordem de US$40 miLhões/ano Ganhos de produtividade PRODUTIVIDADE - BRASIL lts de álcool/tc
85,00 80,00 75,00 70,00 65,00 60,00 55,00 50,00 45,00 40,00 75/76
5,66% a.a
80
1,83 % a.a
tc/hectare 3,00 % a.a
90
2,33 % a.a
m3 /hectare
97/98
1,90 % a.a
00 7,50 7,00 6,50 6,00 5,50 5,00 4,50 4,00 3,50 3,00 04/05 2,50
Evolução do preço do álcool
•
Preços aos produtores sem impostos EVOLUÇÃO DO PREÇO DO ÁLCOOL
100,00 90,00 80,00 70,00 60,00 50,00 40,00 30,00 20,00
Redução média de preço: 3,51%
DEFLACIONADOS PELO IGP-DI - valores de julho de 2005 - Preços aos produtores sem impostos - 1976 = base 100 (*) - momento de excesso de oferta
Maior conquista: a competitividade
• Com a competitividade: novos mercados – Álcool e açúcar, mercados interno e externo.
– Álcool • Interno: sucesso dos carros com tecnologia flexível.
• Externo: com custo médio de etanol em USD 0,87/galão e preços de gasolina entre USD 1,50 2,20/galão, vários países estão interessados em importar etanol do Brasil.
Fonte: Nastari / Datagro
Maior conquista: a competitividade
• Com a competitividade: novos mercados – Álcool e açúcar, mercados interno e externo.
– Açúcar: • Interno: além do crescimento natural, novos usos industriais via sucro-química (eg, lisina).
• Externo: conquista de novos mercados. Grande perspectiva com a vitória do Brasil na OMC, que determinou data para implementação do limite às exportações subsidiadas de açúcar da EU a 1,2735 milhão de tons em 22 de maio de 2006.
Fonte: Nastari / Datagro
Produto Estratégico
• • • • Futuro da mobilidade está associado ao uso de células a combustível.
CC: teor de hidrogênio no combustível é valorizado.
Álcoois são os combustíveis com maior conteúdo de hidrogênio.
Gasolina vai ter que custar mais barato que o álcool no futuro, para que haja indiferença ao consumidor. Fonte: Nastari / Datagro
Cenário Regulatório
• Setor é livre de interferência governamental, sem subsídios, competitivo, e sem barreiras técnicas a entrada de capital externo de risco. • Deve expandir a entrada de capital externo de risco neste setor.
Fonte: Nastari / Datagro
Desafios para um crescimento sustentado
Açúcar - abertura dos mercados protegidos (UE, Japão, EUA) - saúde – derrubada dos mitos que associam açúcar à obesidade Álcool - mercado interno: tributação do flex fuel, racionalização do ICMS, revisão do PIS/Cofins; combate à adulteração - mercado externo: desenvolvimento de Plano Estratégia de Mercados (Índia, Tailândia, China, Japão, Colômbia, Guatemala, EUA, UE) Questões Estruturais - Estoques de passagem - Estoques reguladores - Infra-estrutura - Financiamento da Expansão - Definição da Matriz Energética (co-geração, biodiesel etc)
Diagnóstico das políticas nacionais de combustíveis
Objetivo de minimizar efeitos dos choques do petróleo Ótica de curto prazo Postura Intervencionista Preços, oferta e demanda artificiais Evolução ciclotímica Efeitos
• Incertezas e prejuízos para
consumidores e investidores;
• Mercado não-sustentável
para renováveis;
• Manutenção de elevada
participação do petróleo na matriz energética.
• É
necessária uma política de longo prazo, baseada em instrumentos compatíveis com uma economia de mercado, que incentive os combustíveis alternativos, crie um ambiente estável para investimentos e dê garantias duradouras aos consumidores.
Requisitos para a política de combustíveis
• Apoio a Pesquisa & Desenvolvimento: – Aumentar a competitividade dos combustíveis renováveis; – Incrementar as vantagens comparativas do país, criando novos
mercados para exportação.
• Dar
transparência à política de preços dos derivados:
– Não reduzir artificialmente os preços dos combustíveis
convencionais.
• Programas para promover o uso de combustíveis: – Evitar programas que necessitem de subsídios permanentes; – Evitar programas motivados por situações conjunturais; – Dar flexibilidade de escolha ao consumidor. • Criação de um Plano Nacional de Combustíveis
Automotivos :
– cenários de oferta e demanda de combustíveis; – metas a serem atingidas pelos esforços governamentais; – minimizar incompatibilidade e o desperdício de recursos; – integrar ações levando em consideração aspectos regionais.
Expectativas dos agentes
Produtores de Combustíveis: previsibilidade, estabilidade e regras de mercado; Montadoras: baixa complexidade, economias de escala, possibilidade de exportação; Consumidores: disponibilidade, qualidade, preços competitivos, substituibilidade entre combustíveis; Governo: racionalização dos subsídios, economia de divisas e arrecadação de impostos. Sociedade: uso racional dos recursos naturais, qualidade ambiental, emprego, renda e inserção social.
Área Agrícola para Expansão
• • Brasil ainda tem muita área agrícola capaz de absorver este crescimento: – Área cultivada com cana: 5,4 milhões de ha.
– Área cultivada total : 60,4 milhões de ha.
– Área agricultável estimada: 320 milhões de ha.
S.Paulo (61% da produção brasileira): – Área total 24,45 milhões de ha.
– Florestas 4,27 – Pastagens 10,18 – Cana 3,42 Fonte: Nastari / Datagro
Premissa sobre Demanda Futura
• • • •
Açúcar – Mercado Interno Mantida tendência verificada nos últimos 20 anos para o consumo per capita; Projetando população em 2013 (197,8 milhões – FIBGE); Prevendo aumento no uso de sacarose para sucro Consumo química; é estimado em 12,82 milhões de tons em 2013.
• • •
Açúcar – Mercado Externo Conservadoramente, considerando fatia de mercado do Brasil em 40%; Mercado livre mundial continuando a representar 27% do consumo; Exportações devem se situar em 27 milhões de tons em 2013.
Fonte: Nastari / Datagro
Projeção de Demanda
Demanda de produtos de cana-de-açúcar deve atingir CONSERVADORAMENTE:
– • •
Açúcar: Mercado interno Exportação 39,82 milhões tons 12,82 27,00
– – – – – • •
Álcool: Mercado interno Exportação Cana a ser moída: % ATR para açúcar: % ATR açúcar export.
% ATR álcool export.
30,85 bilhões litros 24,95 5,90 673 milhões tons (com 143,4 kgs ATR/tc) 43,4% 29.4% 10,8%
Fonte: Nastari / Datagro
Crescimento da Oferta – Desafio para produtores
• Produção atual + capacidade dos novos projetos em diferentes fases de implantação = aprox. 510 mio tons cana.
• E o saldo para atingir 673 mio tons cana?
Fonte: Nastari / Datagro
OBRIGADO
Antonio de Padua Rodrigues Diretor Técnico UNICA – União da Agroindústria Canavieira de São Paulo WWW.UNICA.COM.BR