As catástrofes e a Saúde Pública Conseqüências das catástrofes Eric K. Noji, M.D., M.P.H. Médico epidemiologista Centro para controle e prevenção de doenças Washington, DC Segunda Conferência.

Download Report

Transcript As catástrofes e a Saúde Pública Conseqüências das catástrofes Eric K. Noji, M.D., M.P.H. Médico epidemiologista Centro para controle e prevenção de doenças Washington, DC Segunda Conferência.

As catástrofes e a Saúde Pública
Conseqüências das catástrofes
Eric K. Noji, M.D., M.P.H.
Médico epidemiologista
Centro para controle
e prevenção de doenças
Washington, DC
Segunda Conferência Anual John
C. Cutler sobre Saúde Global
Universidade de Pittsburgh
29 de Setembro de 2005
Essa conferência foi apoiada
pelo John C. Cutler
Memorial Global Fund,
Escola de Graduação em
Saúde Pública,
Universidade de Pittsburgh
Coordenada através do
projeto Global Health
Network Supercourse, do
Centro de Colaboração da
OMS e da Uni. de Pittsburgh
Faina Linkov, Ph.D.
Eugene Shubnikov, MD,
Mita Lovalekar, M.D.,
Ronald LaPorte, Ph.D.
www.pitt.edu/~super1/
Conceito de catástrofe
A catástrofe é o resultado de uma vasta
destruição ecológica que acontece na relação
entre os seres humanos e seu meio ambiente;
trata-se de um acontecimento grave e
inesperado, numa escala em que a
comunidade atingida necessita de esforços
extraordinários para lidar com o fato,
geralmente na forma de ajuda internacional.
Fonte: EK Noji, The Public Health Consequences of Disaster
Catástrofes e emergências
Catástrofes naturais
Desastres com transporte
Terrorismo
Desastres tecnológicos
Pandemias
1994-2004: Uma década de
catástrofes naturais
 1 milhão de temporais
 100,000 enchentes
 Dezenas de milhares de deslizamentos de
terra, terremotos, queimadas e tornados
 Milhares de furacões, ciclones tropicais,
tsunamis e erupções vulcânicas
Fontes: CDC & EK Noji, The Public Health Consequences of Disaster
Fatores que contribuem para
uma maior intensidade das catástrofes
 Vulnerabilidade humana devido a pobreza
e a desigualdade social
 Degradação ambiental
 Rápida expansão demográfica,
especialmente entre os mais pobres
Fontes: CDC & EK Noji, The Public Health Consequences of Disaster
Influência do crescimento
populacional
 População urbana:
1920: 100 milhões
1980: 1 bilhão
2004: 2 bilhões
 2004: 20 cidades com mais de 10
milhões de habitantes
Fontes: CDC & EK Noji, The Public Health Consequences of Disaster
Instabilidade política no
pós Guerra Fria
acompanhada de
crescente violência
regional
Intensificação dos conflitos étnicos, nos quais
os civis tornam-se alvos militares
Migração forçada
Temas emergentes na
Epidemiologia
O papel do epidemiologista
aplicado nos conflitos armados
Sharon M McDonnell, Paul Bolton, Nadine
Sunderland, Ben Bellows, Mark White e Eric
Noji
Para maiores informações visite
http://www.ete-online.com/content/1/1/4
A Epidemiologia e suas aplicações na
mensuração dos efeitos das catástrofes
Epidemiologia –
Estudo quantitativo da
distribuição e dos
determinantes dos
acontecimentos
relacionados à saúde nas
populações humanas
Epidemiologia catastrófica
 Avaliação
e vigilância
 Perfis dos ferimentos e doenças
 Metodologias de pesquisa
 Gestão das catástrofes
 Vulnerabilidade e risco das avaliações
Dados para a tomada de decisões
Epidemiologia catastrófica
 Objetivo:
– Identificar necessidades, capacidades locais
e lacunas
– Evitar a assistência danosa e desnecessária
Serviços
disponíveis
Necessidades
das vítimas
“A razão para se coletar, analisar e
disseminar a informação sobre uma
doença é justamente o controle desta
doença. O consumo de recursos na coleta
e análise de dados não deve ser permitido
caso não se verifique uma ação prática
resultante.”
William H. Foege, M.D.
Jornal Internacional de
Epidemiologia 1976; 5:29-37
Objetivos dos Sistemas de Informação
de Saúde nas populações em estado de
emergência
 Estabelecer prioridades nos serviços de
saúde
 Seguir tendências e reanalisar prioridades
 Detectar e reagir às epidemias
 Avaliar a efetividade dos programas
 Assegurar o bom direcionamento dos
recursos
 Avaliar a qualidade dos serviços de saúde
Mitos e realidades
sobre as catástrofes
1) Mito: Voluntários médicos estrangeiros, com
qualquer tipo de experiência médica, são
necessários.
Realidade :
 A população local quase sempre fornece as
necessidades imediatas para se salvar vidas.
 Somente os conhecimentos que não estão
disponíveis no país atingido são necessários.
 Poucos sobreviventes devem suas vidas às
equipes estrangeiras.
2) Mito: Todo tipo de assistência é necessária, e de
forma imediata!
 Realidade: Uma resposta imediata que não é
baseada numa avaliação imparcial contribui
apenas para o caos
 Bens não solicitados são inapropriados,
onerosos, desviam recursos escassos e,
geralmente, vêm queimados e sem uma
separação prévia
 Bens raramente necessários
– roupas usadas, OTC, remédios prescritos,
ou produtos sanguíneos; equipes médicas e
áreas hospitalares.
3) Mito: Epidemias e pragas são inevitáveis
depois de toda catástrofe.
Realidade:
 As epidemias raramente ocorrem após uma
catástrofe
 Cadáveres não levam a um surto catastrófico
de doenças exóticas
 A retomada apropriada dos serviços públicos
de saúde asseguram a segurança pública
- Imunizações, saneamento, trituradores de lixo,
qualidade da água e segurança alimentar
 Observação: Desastres criminosos ou
terroristas requerem considerações especiais
4) Mito: As catástrofes salientam o que há de
pior no comportamento humano.
• Realidade: Se, por um lado, existem casos
isolados de comportamento anti social, por
outro a maioria das pessoas respondem de
forma espontânea e generosa
“Queda de 40-60% na
taxa de homicídio
surpreende NY”
- “a menor desde 1958”.
- USA Today 25/03/2002
Quenianos formam filas de 2-3 quilômetros sob o
calor de agosto para doarem sangue após explosão
na embaixada dos EUA
5) Mito: A comunidade está por demais chocada e incapaz
 Realidade: Muitos encontram novas forças
 A dedicação inter-cultural para um bem comum é
a resposta mais comum para as catástrofes
naturais
 Milhares se voluntariaram para resgatarem
estranhos e vasculharem os escombros após os
terremotos na Cidade do México, na Califórnia e
na Turquia
 A maioria dos salvamentos, primeiros socorros e
transportes provém de outras casualidades e
espectadores
O QUE O FUTURO NOS
RESERVA?
Risco de catástrofes crescente




Crescente densidade populacional
Crescente povoamento em áreas de alto-risco
Crescente dependência e risco tecnológico
Crescente terrorismo: biológico, químico,
nuclear?
 Envelhecimento populacional nos países
industrializados
 Emergência de doenças infecciosas (SARS)
 Viagens internacionais (aldeia global)
 Crescimento das viagens
internacionais
 Acesso rápido a grandes
populações
 Má consciência e segurança
global
...criam o potencial para a
criação simultânea de um
grande número de casualidades
Necessidade de informações na área de
saúde em populações emergenciais

Estabelecer prioridades para os serviços de
saúde
 Seguir tendências e reavaliar prioridades
 Detectar e reagir às epidemias
 Avaliar a efetividade dos programas
 Assegurar o bom direcionamento dos
recursos
 Avaliar a qualidade dos serviços de saúde
REFLEXÃO FINAL
NADA SUBSTITUI PESSOAS BEM
TREINADAS, COMPETENTES E
MOTIVADAS! NADA!
PESSOAS SÃO O TRIUNFO MAIS
IMPORTANTE
SLIDES EXTRAS
Favor recorrer ao web site da conferência
http://www.publichealth.pitt.edu/specialevents/cutler2005/webcast.html
para obter a versão completa da palestra
Métodos epidemiológicos em catástrofes
Após uma catástrofe (Fase de reconstrução):



Condução de estudos epidemiológicos após as
catástrofes
Identificação de fatores de risco para mortes
e ferimentos
Planejamento de estratégias para a redução
da morbidade e mortalidade relacionadas
Fonte: EK Noji, The Public Health Consequences of Disaster
Métodos epidemiológicos em catástrofes
Após uma catástrofe (Fase de reconstrução):
 Desenvolvimento de intervenções específicas
 Avaliação da efetividade das intervenções
 Condução de estudos descritivos e analíticos
 Planejamento de uma resposta nas áreas
médicas e de saúde pública para futuras
catástrofes
 Condução de atividades de
reabilitação/reconstrução no longo prazo
Fonte: EK Noji, The Public Health Consequences of Disaster
Métodos epidemiológicos em catástrofes
Desafios para os epidemiologistas
Aplicação dos métodos epidemiológicos em um
contexto de:







Destruição física
Medo público
Perturbação social
Falta de infra-estrutura para a coleta de dados
Escassez de tempo
Deslocamento de populações
Falta de perícia e apoio local
Fonte: EK Noji, The Public Health Consequences of Disaster
Métodos epidemiológicos em catástrofes
Desafios para os epidemiologistas
Seleção de um padrão de estudos:
 Grupo representativo:
Estudos sobre as frequências de mortes, doenças,
ferimentos e influências adversas na área da saúde
Limitado pela ausência de um controle
populacional
 Controle de caso:
Melhor estudo para determinar os fatores de risco,
eliminar confusões e estudar as interações entre os
múltiplos fatores
Limitado pela definição dos resultados específicos,
pelas questões de seleção de casos e controles
Fonte: EK Noji, The Public Health Consequences of Disaster
Métodos epidemiológicos em catástrofes
Desafios para os epidemiologistas
Seleção de um padrão de estudos:
 Longitudinal:
Estudos documentam a incidência e
estimam a magnitude dos riscos
Limitado pela logística de se montar um
estudo contínuo em um ambiente
devastado por uma catástrofe
Fonte: EK Noji, The Public Health Consequences of Disaster
Métodos epidemiológicos em catástrofes
Desafios para os epidemiologistas

Necessidade de protocolos padronizados para a
coleta de dados imediatamente após uma
catástrofe
 Necessidade de terminologia, tecnologias, métodos
e procedimentos padronizados
 Necessidade de uma pesquisa operacional para
compilar as provisões médicas e determinar
1) necessidades correntes, 2) capacidade local,
3) necessidades das comunidades locais e
internacionais
 Necessidade de estudos avaliativos para
determinar a eficiência e efetividade dos esforços
de ajuda e das intervenções emergenciais
Fonte: EK Noji, The Public Health Consequences of Disaster
Métodos epidemiológicos em catástrofes
Desafios para os epidemiologistas

Necessidade de uma base de dados para pesquisas
epidemiológicas baseada nos sistemas de
informação sobre catástrofes existentes
 Necessidade da identificação das intervenções para
a prevenção de ferimentos
 Necessidade de melhorar, oportuna e
apropriadamente, a assistência médica após as
catástrofes (busca e resgate, serviços médicos
emergenciais, importação de serviços qualificados e
evacuação dos feridos)
 Necessidade de medidas para o rápido
restabelecimento do sistema de saúde local, com
plena capacidade operacional, logo após a catástrofe
Fonte: EK Noji, The Public Health Consequences of Disaster
Métodos epidemiológicos em catástrofes
Desafios para os epidemiologistas
 Necessidade de uma definição e classificação
uniforme dos ferimentos relacionados às
catástrofes
 Necessidade de investigações sobre a transmissão
de doenças após as catástrofes e de medidas de
saúde pública para a mitigação do risco destas
doenças
 Necessidade de se estudar os problemas
relacionados com o influxo maciço de
suprimentos e pessoal de ajuda
 Necessidade de análises de custo-benefício e de
custo-efetividade
Fonte: EK Noji, The Public Health Consequences of Disaster