HISTÓRIA ECLESIÁSTICA Aula 4 AS HERESIAS E OS PRIMEIROS CONCÍLIOS REVISÃO DAS 3 PRIMEIRAS AULAS:

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HISTÓRIA ECLESIÁSTICA
Aula 4
AS HERESIAS E OS PRIMEIROS
CONCÍLIOS
REVISÃO DAS 3
PRIMEIRAS AULAS:
A IGREJA É
SAL DA TERRA
LUZ PARA O MUNDO
A NOIVA DE CRISTO
CADA UM DOS QUE CRÊM EM CRISTO
HISTÓRIA DA IGREJA
Início: o primeiro amor
Expansão: pentecostes
Perseguições: pelos judeus; pelos próprios cristãos;
pelos romanos
Vitória e Decadência, após Constantino oficializar a
Igreja.
Tempo de Igreja de “Pérgamo”
• Depois de 10 perseguições pelos romanos, em 250 anos,
no ano 313 Constantino torna-se Imperador Romano,
adota a cruz como símbolo e um novo período da
história da Igreja começa:
• A Igreja deixa de ser perseguida (Édito de Tolerância) e
torna-se oficial. Isto trouxe coisas positivas e negativas.
Disse Jesus à Igreja de Pérgamo
• Possuo a espada afiada de dois gumes;
• Sei onde você vive e que Satanás tem aí o seu trono;
• Mesmo com perseguição e vendo outros sofrerem por minha causa,
sei que você continua crendo;
• Todavia, tenho algumas coisas que me desagradam pois toleras alguns
que, por amor ao dinheiro como Balaão, ensinam meu povo a errar;
• Não concorde mais com isso, para que eu não venha até você e lute
contra eles com a espada da minha boca;
• Ouça com atenção para vencer e poder comer do Maná do céu e
receber um novo nome
PROMESSAS AO VENCEDOR
ÉFESO
Comer da árvore da vida
ESMIRNA
Coroa da vida
PÉRGAMO
Maná e pedra branca
CONSEQUÊNCIAS POSITIVAS
• Cessaram todas as perseguições;
• Os Templos foram restaurados e novamente abertos em toda
parte, com intercessão por meio da rainha-mãe, Helena;
• Ao clero foram concedidos muitos privilégios;
• O domingo passou a ser o dia oficial de descanso e adoração;
• A crucificação foi abolida;
• As lutas de gladiadores foram gradualmente proibidas
CONSEQUÊNCIAS NEGATIVAS
• Idéias pagãs foram introduzidas no cristianismo:
• Aumento do esplendor e cerimonialismo nos cultos, perdendo na
parte espiritual (liberdade de ação pelo Espírito Santo);
• Imagens de mártires, considerados santos, começam a entrar nos
templos;
• Adoração à mãe de Jesus substitui a adoração a Vênus e a Diana;
• A Ceia do Senhor tornou-se sacrifício em vez de Memorial;
• O Presbítero evoluiu de pregador para sacerdote;
CONSEQUÊNCIAS NEGATIVAS
• Em 325 Constantino preside o Concílio de Nicéia: Pontifex
Maximus (Sumo Pontífice);
• Em 395 a religião cristã torna-se a religião oficial do Império
Romano, fundindo-se o Estado e a Igreja;
• Numa só entidade dois braços: o espiritual e o secular;
• O paganismo migrou para dentro da Igreja
4ª AULA:
AS HERESIAS E OS PRIMEIROS
CONCÍLIOS
Os Apologistas
Tendo a Igreja necessidade de defender-se de ataques internos
e externos e ensinamentos falsos ou espúrios (heresias) no que
se refere à sã doutrina, especialmente da salvação pela Graça e
da divindade de Jesus e da Trindade, surgiram homens que se
levantavam para fazer a defesa da fé cristã.
Esses homens ficaram conhecidos como apologistas , pois eram
estudiosos da Palavra, cultos e conhecedores dos ensinos dos
apóstolos, além de grandes oradores, tais como APOLO.
Os Apologistas
Os ataques internos vinham do judaísmo e de dentre os próprios
cristãos, que queriam impor aos novos convertidos partes da Lei;
Os ataques externos vinham dentre os pagãos, que diziam que os
cristãos eram ateus, comiam criancinhas, praticavam incesto e
eram incultos.
Alguns apologistas do período foram:
Justino, “O Mártir”; Clemente de Alexandria; Orígenes, de
Alexandria; Tertuliano, de Cartago
Alguns Apologistas
• Justino, “O Mártir” (100 A 165 d.C), através do conceito do
Logos mostrou ao imperador e aos romanos como os cristãos
seguiam os melhores princípios da sabedoria grega; Foi
perseguido e martirizado por causa das suas defesas
• Clemente de Alexandria (150 a 215 d.C) , escreveu vários
tratados e foi mestre de Orígenes;
• Tertuliano, de Cartago (155 a 220 d.c), defendeu a Trindade e a
encarnação do Logos
Orígenes, de Alexandria (185 a 254 d.C)
• Fé desde criança, era polêmico e se expunha aos perigos em
praça pública; a mãe teve que esconder suas roupas para não
sair à rua em confronto com os perseguidores do pai;
• estudava a Palavra com diligência e amor (hermenêutica e
exegese). Foi aluno de Clemente; com 18 anos tornou-se diretor
de uma Escola de Fé;
• contentava-se em receber 4 óbolos (12 cents) por dia de
trabalho;
• se auto-castrou para não correr risco de pecar
As Heresias
1. Arianismo
Por volta de 319 d.C Ário, um presbítero de Alexandria,
começou a propagar que só existia um Deus verdadeiro, o "Pai
Eterno", princípio de todos os seres. O Cristo-Logos havia sido
criado por Ele antes do tempo como um instrumento para a
criação, pois a divindade transcendente não poderia entrar em
contato com a matéria. Cristo, inferior e limitado, não possuía
o mesmo poder divino, situando-se entre o Pai e os homens.
Arianismo
Ário dizia que Cristo não se confundia com nenhuma das
naturezas (Pai e homens) por se constituir em um semi-deus.
Ário afirmava ainda que o Filho era diferente do Pai em
substância. Essa ideia ligava-se ainda ao antigo culto dos heróis
gregos, dentre os quais para ele Cristo sobressaía com o maior.
Como meio de difusão mais abrangente de suas ideias, fê-lo
sob a forma de canções populares.
Gnosticismo
Os gnósticos acreditavam que a matéria fosse má e negavam que
Deus fora seu criador;
Acreditavam que se chegava a Deus por meio do Conhecimento
(gnose) e que Jesus não era nem Deus, nem homem, mas havia
recebido o Cristo no batismo;
Outros acreditavam que Jesus aparecera em forma humana, mas
desprovido de carne. Essa heresia rejeitava a doutrina apostólica
da participação de Cristo nos sofrimentos humanos e da
redenção realizada na cruz.
Marcionismo
Para Marcião (+- 160 d.C) o mundo e o homem foram
criados por Jeová, de índole vingativa e que o Pai (de Jesus
Cristo), todo amor, enviara seu Filho para salvar o homem
da ira de Jeová;
Era antijudaísta, não aceitava o Antigo Testamento e só
aceitava o evangelho de Lucas e as cartas de Paulo.
Montanismo
Montano da Frígia, em torno de 155 d.C, com suas auxiliares
Priscila e Maximila, anunciavam o fim do mundo e a volta
iminente de Cristo;
Pregavam um rigorismo moral: jejum perpétuo, proibiam o
casamento, pregavam o martírio, minimizavam o papel dos
bispos;
Montano se dizia a encarnação do Espírito Santo e chegava a
batizar em “Nome do Pai, do Filho e de Montano”.
Neoplatonismo
Escola filosófica fundada em Alexandria que trazia uma
concepção de Deus como sendo o “Um: “Ele é Singular,
Indivisível, Transcendente e Impassível. A matéria provém de
emanações do “Um”;
O homem, combinação de alma e corpo tem como destino a
união com Ele, despojando-se de toda a individualidade;
Opunha-se à fé cristã da trindade e da vontade do Pai de
relacionar-se com seus filhos.
Maniqueismo
Fundado pelo babilônio Mani (216 a 276 d.C) era um sistema
eclético que combinava elementos cristãos e orientais. Era
dualista, considerando o Bem e o Mal como princípios
ulteriores;
O espírito do homem, preso à matéria má, necessitava de um
ascetismo rigoroso, inclusive o sexual, para ser liberto;
O celibato era louvável e havia uma casta sacerdotal, composta
por pessoas “perfeitas” que “santificavam” as demais.
Modalismo (Sabelianismo)
Ensinava que não havia Três Pessoas e uma Essência
Divina, mas uma Pessoa Divina que manifestou-se de três
maneiras diferentes: como Pai, Filho e Espírito Santo.
Sabélio era um dos seus principais expoentes
Ebionistas
Judeus cristãos: criam que Jesus foi o homem que,
havendo cumprido plenamente a vontade de Deus,
tornou-se o Messias;
Para eles a Lei estava em vigor e a salvação dependia
exclusivamente da sua observância.
Monarquianismo
Ensinava que Jesus fora um mero homem a quem o Logos
habitou e o revestiu de poder no batismo
Como a Igreja reagiu aos herejes
A Igreja possuía dois tipos de ministros:
1) Ordinários: pastores e diáconos, eleitos pelas congregações;
2) Extraordinários: apóstolos, profetas e mestres, que eram os
enviados
Com o surgimento das heresias a Igreja, além dos apologistas, teve
que reagir basicamente com três soluções:
1) O Desenvolvimento Hierárquico
2) A formação do Cânon
3) O Símbolo Apostólico (Credo de Nicéia)
O Desenvolvimento Hierárquico
A igreja criou uma estrutura hierárquica, com comando
centralizado, surgindo então a figura do bispo monárquico, que centralizava a comunidade;
Esse bispo era considerado sucessor dos apóstolos e
guardião da tradição.
A Formação do Cânon
Conjunto dos livros considerados de inspiração divina
Foram três as razões principais para definir o Cânon do Novo testamento:
1) Combater o marcionismo, que criou um Cânon restrito ao evangelho
de Lucas e às cartas de Paulo;
2) Muitas igrejas orientais estavam empregando livros espúrios nos
seus cultos;
3) O Édito de Diocleciano (303 d.C) determinou a destruição dos livros
sagrados. Para que ficasse claro quais eram, de fato, os livros
sagrados pelos quais valia a pena morrer, foi estabelecido o Cânon,
no qual era expressa a doutrina apostólica.
A Formação do Cânon
Os Pais da Igreja, os Apologistas, os Bispos e Presbíteros
tiveram muito trabalho, lendo e analisando (exegese)
todos os livros escritos após a morte de Jesus e que
circulavam nas Igrejas, para definirem quais eram, de fato,
inspirados pelo Espírito Santo e quais não eram.
Os do Antigo Testamento já estavam definidos pelos
Judeus, formando assim a Bíblia Sagrada, com 66 livros.
O Símbolo Apostólico
O terceiro aspecto da reação eclesiástica foi a fixação de
uma confissão de fé e crença, as quais eram, inicialmente
dirigidas ao batizando.
No Concílio de Nicéia (ano 325) estabeleceu-se então um
Credo, também conhecido como O Símbolo dos Apóstolos e que até hoje é aceito pelos católicos romanos,
católicos ortodoxos e também pelos reformadores
(protestantes/evangélicos)
O CREDO
Creio em Deus Pai, todo-poderoso, Criador do céu e da terra.
E em Jesus Cristo, seu único Filho, nosso Senhor, que foi concebido pelo
poder do Espírito Santo, nasceu da Virgem Maria, padeceu sob Pôncio
Pilatos, foi crucificado, morto e sepultado, desceu à mansão dos
mortos, ressuscitou ao terceiro dia, subiu aos Céus, está sentado à
direita de Deus Pai Todo-Poderoso, donde há de vir julgar os vivos e
mortos.
Creio no Espírito Santo, na Santa Igreja Católica, na comunhão dos
santos, na remissão dos pecados, na ressurreição da carne, na vida
eterna. Amém.
O CREDO
O primeiro artigo fala de Deus o criador do mundo (contra os
gnósticos);
O segundo fala do Filho, concebido pelo poder do Espírito Santo
(contra os que negavam a divindade de Jesus), que ele nasceu da
virgem Maria (contra os que negavam a humanidade de Jesus),
padeceu sob Pôncio Pilatos (Jesus era um personagem real,
histórico);
fala também que a Igreja era católica, isto é, universal e termina
com a ressurreição do corpo (contra os gnósticos)
Os Concílios Ecumênicos
Os concílios são Assembléias de dignitários religiosos que
têm como objetivo definir as doutrinas que deveriam ser
aceitas pela Igreja e condenar os ensinos perniciosos.
Os principais concílios depois dos apóstolos foram:
•O Concílio de Nicéia, ano 325
•Concílio de Constantinopla, ano 381
•Primeiro Concílio de Éfeso , ano 431
•Concílio de Calcedônia, ano 451
O Concílio de Nicéia, ano 325 d.C
Condenou o arianismo, que foi uma heresia ensinada por
um presbítero de Alexandria, Ário, o qual afirmava que o
Verbo fora criado e, portanto, não era Deus.
Nesse Concílio ficou definido que o Verbo é Deus, da
mesma substância do Pai e daí resultou o Credo Niceno;
No concílio estavam o imperador, Constantino, e o bispo
Euzébio, de Cesaréia.
O Concílio de Constantinopla, 381 d.C
Condenou as idéias de Macedônio (que ensinava que o
Espírito Santo não é Deus, mas um “servo”) e de Apolinário
(que dizia que em Jesus, Deus e homem, predominava a sua
divindade em detrimento da sua humanidade)
O Concílio definiu a posição do Espírito Santo na Trindade e
reafirmou as duas naturezas de Cristo: Ele é plenamente
Deus e homem (Teantrópico)
O Concílio de Éfeso, 431 d.C
Condenou o nestorianismo e o pelagianismo.
Nestório, bispo de Constantinopla, rejeitou o título “mãe de Deus”
dado a Maria, modificando-o para “mãe de Cristo”. Com isso ele
estava ensinando que Jesus fora um “receptáculo” do Verbo;
O monge Pelágio pregava que o homem não nasce em pecado.
No Concílio foi definida a doutrina do pecado original: todos são
participantes do pecado de Adão por natureza e não apenas pelo
exemplo.
O Concílio de Calcedônia, 451 d.C
Condenou a doutrina de Êutico, que ensinava existir em
Cristo a fusão das duas naturezas, o que resultava numa
ênfase para a divina.
Estes primeiros Concílios definiram a linha ortodoxa
seguida pela Igreja, doutrinas essas aceitas inclusive pelos
reformadores mais de 1.000 anos depois.
Os Pais da Igreja
• O termo “Pai” era atribuído pelos fiéis aos mestres e bispos da
Igreja Primitiva devido à reverência e amor que muitos cristãos
tinham pelos seus líderes religiosos dos primeiros séculos. Eram
assim chamados carinhosamente devido ao amor e zelo que
tinham pela igreja.
• Mais tarde, o termo é atribuído particularmente aos bispos do
concílio de Nicéia, e posteriormente Gregório VII (em torno do
ano 1080) reivindicou com exclusividade o termo “papa”, ou
seja, "pai dos pais”.
Os Pais da Igreja
• Eusébio, bispo de Cesaréia (+- 340) narra a história da Igreja
desde a sua orígem até 324. Participou do Concílio de Nicéia ao
lado de Constantino;
• Atanásio, bispo de Alexandria (+- 373) destacou-se na polêmica
antiariana que aconteceu no período pós-Nicéia. Sofreu exílio
várias vezes por defender a ortodoxia;
• Gregório Nazianzeno (329-390) grande defensor do
trinitarianismo;
Os Pais da Igreja
• Ambrósio, de Milão (339-397) escritor e grande pregador,
influenciou na conversão de Agostinho;
• João Crisóstomo (347-407) Eloquente (crisóstomo = boca de
ouro), bispo de Constantinopla;
• Teodoro de Mopsuéstia (350-428) aceitava a interpretação
literal da Bíblia. Foi um gigante da hermenêutica bíblica.
Agostinho, de Hipona (354 a 430 d.C)
• Em 387, Agostinho, depois de uma vida devassa, converteu-se e tornou-se um dos maiores
defensores do Cristianismo. Os versículos
chave em sua vida foram Rm 13:13,14
• Ele é apontado como o maior dos pais da
Igreja. Deixou mais de 100 livros, 500 sermões
e 200 cartas.
• Defendeu a doutrina do pecado original e a
predestinação dos salvos.
Agostinho, de Hipona (354 a 430 d.C)
• Sua maior obra foi o tratado “A Cidade de Deus” onde exalta
a soberania de Deus, a vitória do espiritual sobre o
temporal;
• Sua tese de que o homem é salvo pela Graça de Deus seria o
fundamento da Reforma Protestante, mais de 1000 anos
depois
• Seu maior erro foi a contribuição que deu para que a Igreja
formulasse a doutrina do Purgatório
Jerônimo, de Veneza (331 a 420 d.C)
Jerônimo realizou a
extraordinária tarefa
de traduzir toda a
Bíblia do hebraico,
aramaico e grego para
o Latim (Vulgata).
Bibliografia
1) Curso Intensivo de Teologia, volume 1, Ministério IDE
2) História Eclesiástica, de Euzébio de Cesaréia
GRAÇAS A DEUS POR JESUS CRISTO,
NOSSO SENHOR E SALVADOR!