Memórias póstumas de Brás Cubas Machado de Assis Ao verme que primeiro roeu as frias carnes do meu cadáver dedico com saudosa lembrança estas memórias póstumas. Movimento.

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Memórias póstumas de Brás
Cubas
Machado de Assis

Ao verme que primeiro roeu as
frias carnes do meu cadáver
dedico com saudosa lembrança
estas memórias póstumas.

Movimento literário
• Realismo brasileiro
• Escrito a princípio como folhetim, de março a dezembro de 1880,
na Revista Brasileira, para, no ano seguinte, ser publicado
como livro, pela então Tipografia Nacional.
• Publicado em 1881 – marco inicial do Realismo no Brasil e obra
inicial da produção realista do autor
• Memórias Póstumas de Brás Cubas retrata a escravidão, as classes
sociais, o cientificismo e o positivismo da época, chegando a criar,
inclusive, uma nova filosofia, mais bem desenvolvida
posteriormente em Quincas Borba (1891) — o Humanitismo, sátira
à lei do mais forte. Críticos escrevem que, com esse romance,
Machado de Assis precedeu elementos do Modernismo e
do realismo mágico de escritores como Jorge Luis Borges e Julio
Cortázar,
• Primeiro romance psicológico brasileiro

Crítica da sociedade
• O livro é crítico porque analisa a vida, as relações humanas,
mostrando o quanto algumas são ( prazerosamente ) fingidas – as
que partem do desejo humano – ASCENSÃO, PODER E GOZO; e
outra (dolorosamente ) verídicas – as que são da natureza, infalíveis
– A DOENÇA, A MORTE, A VELHICE, O TEMPO, O AZAR...
• No livro, constata-se que as verídicas se impõem aos homens
independentemente se suas vontades tornando as fingidas falíveis.
• Não há crítica direta ou aberta aos personagens – ela é implícita –
o leitor é que tem que perceber as características dos mesmos.
• O autor, nesta obra, acabou com o sentimentalismo, o moralismo
superficial, a fictícia unidade da pessoa humana, as frases piegas, o
receio de chocar preconceitos, a concepção do domínio do amor
sobre todas as outras paixões.

Romance psicológico
• O seu enfoque central não é a vida social ou a
descrição das paisagens, mas a forma como
seus personagens veem e sentem as
circunstâncias em que vivem. Em vez de
enfatizar os espaços externos, investe na
caracterização interior dos personagens, com
suas contradições e problemáticas
existenciais.

Narrador






1ª pessoa - personagem “esférico”,
Personagem principal – sua visão do mundo
Defunto –autor X Autor-defunto- importância
"Falo sem temer mais nada”
Típico burguês da segunda metade do século XIX, encarna o homem que
passou a vida sem conquistar nenhuma realização efetiva. Se na infância o
personagem fora uma criança abastada e protegida, torna-se um jovem
adulto leviano, em busca da melhor maneira de tirar vantagem.
• Na maturidade, começa a buscar a compensação pela existência sem nada
de notável, sem filhos ou realizações: consegue um cargo público, busca
notoriedade e respeitabilidade ao querer tornar-se ministro. Pouco antes
de morrer, imagina ainda um último modo de se perpetuar: inventando
um emplasto, uma medicação sublime.
• o defunto-narrador-autor é representação metafórica de um Brasil
escravista, contaminado por contradições entre o arcaico e o moderno.

O foco narrativo em primeira pessoa dá ao personagem Brás Cubas o
monopólio do texto. Aparentemente, seu relato caracteriza-se por uma
postura de isenção, ou seja, prima pela imparcialidade, já que um morto
não teria qualquer necessidade de mentir, já que deixara o mundo dos
vivos e, assim, abandonara qualquer comprometimento, ilusão ou
envolvimento.

No entanto, se observarmos com cuidado, a obra só poderá ser
entendida se começarmos por analisar o que o personagem conta,
procurando perceber certos sinais, que indicam que ele mente, exagera
e chega, inclusive, a ser incongruente. Brás Cubas manipula a história,
mostra-se sempre superior, com mania de grandeza, desde o início de
seu relato. Chega a comparar seu relato ao Pentateuco, que é um livro
sagrado, histórico, fundador de uma tradição religiosa, atribuído a
Moisés, um profeta universalmente importante, insinuando que a
diferença radical entre este relato e o seu seria apenas o fato de Brás
narrar sua existência partindo da morte e Moisés, seguindo a cronologia
normal, tomando o nascimento como início. Logicamente, apenas um
grande presunçoso não perceberia a diferença entre as duas narrativas,
o grau de importância de cada uma, o que nos revela o grande
presunçoso que ainda vive no "defunto-autor" Brás Cubas.

Tempo
• Digressões , flashback e cronológico
• A sequência do livro não é determinada pela cronologia dos
fatos, mas pelo encadeamento das reflexões do
personagem. Uma lembrança puxa a outra e o narrador
Brás Cubas, que prometera contar uma determinada
história, comenta todos os outros fatos que a envolvem,
para retomar o tema anunciado muitos capítulos depois.
• Época do primeiro ao segundo império – escravidão. A
sustentação do país era agrária, a elite consumia
estrangeirismos
• No livro, o tempo que envelhece as pessoas e lhes destrói
as ilusões é uma das estruturas centrais

Técnicas machadianas






Ironia - Machado de Assis utiliza-se da ironia como um recurso para fazer o leitor
desconfiar das declarações, pensamentos e conclusões do narrador Brás
Cubas. “Bom e fiel amigo! Não, não me arrependo das vinte apólices que lhe
deixei".
Digressão - É o que acontece, por exemplo, na parte inicial do romance, quando
Brás Cubas deixa em suspenso por vários capítulos a explicação para sua morte,
que prometera desde o início, para passear descomprometidamente por assuntos
tão díspares quanto as pirâmides do Egito e a sua árvore genealógica. Quando
volta a falar da causa mortis, é para comentar, com ironia "...acabemos de uma
vez com o nosso emplasto”. Como se já tivesse explicado antes do que se tratava!

Conversa com o leitor - O leitor de Machado é constantemente solicitado a
interagir criticamente com a obra, distanciando-se ainda mais do modelo de
leitura proposto pelos romances românticos, que mobilizam a emoção e a
imaginação.
“Veja o leitor a comparação que melhor lhe quadrar, veja-a e não esteja daí a torcerme o nariz, só porque ainda não chegamos à parte narrativa destas memórias. Lá
iremos. Creio que prefere a anedota à reflexão, como os outros leitores, seus
confrades, e acho que faz muito bem”.

Técnicas machadianas
• Capítulos curtos- Organizados em blocos curtos, são 160 capítulos
• Metalinguagem e experimentação- Exemplo: para traduzir a
frustração de Brás Cubas quando não consegue se tornar ministro,
a solução do autor foi deixar o Capítulo 139 em branco. No capítulo
seguinte, explica:






“Há coisas que melhor se dizem calando; tal é a matéria do
capítulo anterior”.
Eufemismo
Metáforas
Vocabulário elegante
Crítica ao Romantismo- Marcela amou-me durante quinze meses e
onze contos de réis (...)”

As mulheres de Brás







Marcela
Eugênia
Virgília
Nhã Loló
Sabina
Dona Plácida

Pessimismo machadiano
• Na obra, há pessoas felizardas, mas não personagens
felizes. Ninguém é verdadeiro ou sincero.
• Sofremos porque somos egoístas, vaidosos, porque
sonhamos além da conta, porque a sociedade é mal
estruturada, porque os homens se exploram
mutuamente...
• Há uma insistência na dor, no fracasso, na implacável
passagem do tempo – isto tudo vale para o negro,
para o branco, para pobres e para ricos – Não é
Determinista.

Quincas Borba





Amigo de infância
Volta mendigo e enlouquecendo
Prega o Humanitismo
Quincas Borba é importante porque introduz Brás Cubas na teoria
que inventou, o Humanitismo. Na verdade, a teoria do mendigo é
uma caricatura que Machado de Assis faz do positivismo e do
evolucionismo, teorias científicas e filosóficas em voga na época
que atribuem sentido de evolução mesmo às fatalidades da vida.
• A ironia é uma das marcas da obra de Machado de Assis. Nesta obra
isso fica claro quando o autor faz com que uma doutrina de
valorização da vida seja defendida justamente por um mendigo que
morre completamente louco.
• Morre nos braços de Brás

Humanitismo





- Não há morte. O encontro de duas expansões, ou a expansão de duas formas,
pode determinar a supressão de uma delas; mas, rigorosamente, não há morte, há
vida, porque a supressão de uma é princípio universal e comum. Daí o caráter
conservador e benéfico da guerra. Supõe tu um campo de batatas e duas tribos
famintas. As batatas apenas chegam para alimentar uma das tribos que assim
adquire forças para transpor a montanha e e ir à outra vertente, onde há batatas
em abundância; mas, se as duas tribos dividirem em paz as batatas do campo, não
chegam a nutrir-se suficientemente e morrem de inanição. A paz nesse caso, é a
destruição; a guerra é a conservação. Uma das tribos extermina a outra e recolhe
os despojos. Daí a alegria da vitória, os hinos, aclamações, recompensas públicas e
todos os demais feitos das ações bélicas. Se a guerra não fosse isso, tais
demonstrações não chegariam a dar-se, pelo motivo real de que o homem só
comemora e ama o que lhe é aprazível ou vantajoso, e pelo motivo racional de que
nenhuma pessoa canoniza uma ação que virtualmente a destrói. Ao vencido, ódio
ou compaixão; ao vencedor, as batatas.
- Mas a opinião do exterminado?
- Não há exterminado. Desaparece o fenômeno; a substância é a mesma. Nunca
viste ferver água? Hás de lembrar-te que as bolhas fazem-se e desfazem-se de
contínuo, e tudo fica na mesma água. Os indivíduos são essas bolhas transitórias.

Personagens
• Brás Cubas - narrador - morto aos 64 anos - “ainda próspero e
rijo”, fidalgo. Peralta quando criança, mimado pelo pai,
irresponsável quando adolescente, tornou-se um homem
egoísta a ponto de discutir com a irmã pela prataria que fiou
de herança do pai e tornar-se amante da mulher de seu
amigo, Lobo Neves, se bem que nesse romance não se pode
dizer propriamente que alguém é amigo de outro.



Brás Cubas nasceu em 20/10/1805, no Rio
de Janeiro, filho de Bento Cubas, da família
burguesa que enriqueceu com o comércio.
Tinha uma única irmã, Sabina, casada com
Cotrin, com quem teve uma filha, Venância.
Seus tios eram João, oficial da infantaria,
Ildefonso, padre , e Emerenciana, a maior
autoridade de sua infância. Ao falecer, tinha
64 anos (...expirou às duas da tarde de uma
Sexta-feira de agosto de 1869), era solteiro e
em seu enterro compareceram 11 pessoas.
Sua morte foi assistida por 3 mulheres: a
irmã Sabina, a sobrinha e Virgília.

Personagens
• Virgília - filha do comendador Dutra, segundo
o pai de Brás, Bento Cubas: A “Ursa Maior”
amante de Brás Cubas casa-se com Lobo
Neves por interesse. Mulher bonita,
ambiciosa, que parece gostar sinceramente de
Brás Cubas, mas jamais se revela disposta a
romper com sua posição social ou dispensar o
conforto e o reconhecimento da sociedade.

Personagens
• Damião Lobo Neves - casado com Virgília,
homem frio e calculista. Marido de Virgília,
homem sério, integrado ao sistema,
ambicioso, mas muito mais supersticioso, pois
recusou nomeação para presidente de uma
província só porque a referida nomeação
aconteceu num dia 13.

Personagens
• Quincas Borba - menino terrível que dava tombos no paciente
professor Barata, colega de escola de Brás que o encontrará
mais tarde mendigo que rouba-lhe um relógio mas retorna-o
ao colega após receber uma herança. amigo de infância do
protagonista. Desde criança era de um temperamento ativo,
exaltado, querendo ser sempre superior nas brincadeiras.
Cubas diz que ele é impressionante quando brinca de
imperador. Quando adulto, passa pelo estado de mendigo,
evoluindo depois para filósofo e desenvolve um sistema
filosófico, denominado Humanitismo, que pretende superar e
suprimir todos os demais sistemas até tornar-se uma religião.

Personagens
• Marcela - Segundo grande amor de Brás Cubas, uma
prostituta de elite, cujo amor por Brás duraria quinze meses e
onze contos de réis. Mulher sensual, mentirosa, amiga de
rapazes e de dinheiro. Ganha muitas joias do adolescente Brás
Cubas. Contrai varíola e fica feia, com a pela grassa como uma
lixa.
Sabina - irmã do narrador e que, como ele, valoriza mais o
interesse pessoal e a posição social do que amizade ou laços
de parentesco.
Cotrin - casado com Sabina, é interesseiro, traficante de
escravos e cruel com eles, mandando-os castigar até correr
sangue.

Personagens
• Eugênia - Filha de Eusébia e Vilaça, menina bela embora coxa. Era moça
séria, tranquila, dotada de olhos negros e olhar direito e franco.
Tinha “ideias claras, maneiras chãs, certa graça natural, um ar de senhora,
e não sei se alguma outra cousa; sim, a boca exatamente a boca da mãe".
Nhá Loló - moça simplória, tinha dotes de soprano - morre de febre
amarela.
Nhonhô - filho de Virgília.

D. Plácida empregada de Virgília confidente e protetora de sua relação
extra conjugal.


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Memórias póstumas de Brás
Cubas
Machado de Assis

Ao verme que primeiro roeu as
frias carnes do meu cadáver
dedico com saudosa lembrança
estas memórias póstumas.

Movimento literário
• Realismo brasileiro
• Escrito a princípio como folhetim, de março a dezembro de 1880,
na Revista Brasileira, para, no ano seguinte, ser publicado
como livro, pela então Tipografia Nacional.
• Publicado em 1881 – marco inicial do Realismo no Brasil e obra
inicial da produção realista do autor
• Memórias Póstumas de Brás Cubas retrata a escravidão, as classes
sociais, o cientificismo e o positivismo da época, chegando a criar,
inclusive, uma nova filosofia, mais bem desenvolvida
posteriormente em Quincas Borba (1891) — o Humanitismo, sátira
à lei do mais forte. Críticos escrevem que, com esse romance,
Machado de Assis precedeu elementos do Modernismo e
do realismo mágico de escritores como Jorge Luis Borges e Julio
Cortázar,
• Primeiro romance psicológico brasileiro

Crítica da sociedade
• O livro é crítico porque analisa a vida, as relações humanas,
mostrando o quanto algumas são ( prazerosamente ) fingidas – as
que partem do desejo humano – ASCENSÃO, PODER E GOZO; e
outra (dolorosamente ) verídicas – as que são da natureza, infalíveis
– A DOENÇA, A MORTE, A VELHICE, O TEMPO, O AZAR...
• No livro, constata-se que as verídicas se impõem aos homens
independentemente se suas vontades tornando as fingidas falíveis.
• Não há crítica direta ou aberta aos personagens – ela é implícita –
o leitor é que tem que perceber as características dos mesmos.
• O autor, nesta obra, acabou com o sentimentalismo, o moralismo
superficial, a fictícia unidade da pessoa humana, as frases piegas, o
receio de chocar preconceitos, a concepção do domínio do amor
sobre todas as outras paixões.

Romance psicológico
• O seu enfoque central não é a vida social ou a
descrição das paisagens, mas a forma como
seus personagens veem e sentem as
circunstâncias em que vivem. Em vez de
enfatizar os espaços externos, investe na
caracterização interior dos personagens, com
suas contradições e problemáticas
existenciais.

Narrador






1ª pessoa - personagem “esférico”,
Personagem principal – sua visão do mundo
Defunto –autor X Autor-defunto- importância
"Falo sem temer mais nada”
Típico burguês da segunda metade do século XIX, encarna o homem que
passou a vida sem conquistar nenhuma realização efetiva. Se na infância o
personagem fora uma criança abastada e protegida, torna-se um jovem
adulto leviano, em busca da melhor maneira de tirar vantagem.
• Na maturidade, começa a buscar a compensação pela existência sem nada
de notável, sem filhos ou realizações: consegue um cargo público, busca
notoriedade e respeitabilidade ao querer tornar-se ministro. Pouco antes
de morrer, imagina ainda um último modo de se perpetuar: inventando
um emplasto, uma medicação sublime.
• o defunto-narrador-autor é representação metafórica de um Brasil
escravista, contaminado por contradições entre o arcaico e o moderno.

O foco narrativo em primeira pessoa dá ao personagem Brás Cubas o
monopólio do texto. Aparentemente, seu relato caracteriza-se por uma
postura de isenção, ou seja, prima pela imparcialidade, já que um morto
não teria qualquer necessidade de mentir, já que deixara o mundo dos
vivos e, assim, abandonara qualquer comprometimento, ilusão ou
envolvimento.

No entanto, se observarmos com cuidado, a obra só poderá ser
entendida se começarmos por analisar o que o personagem conta,
procurando perceber certos sinais, que indicam que ele mente, exagera
e chega, inclusive, a ser incongruente. Brás Cubas manipula a história,
mostra-se sempre superior, com mania de grandeza, desde o início de
seu relato. Chega a comparar seu relato ao Pentateuco, que é um livro
sagrado, histórico, fundador de uma tradição religiosa, atribuído a
Moisés, um profeta universalmente importante, insinuando que a
diferença radical entre este relato e o seu seria apenas o fato de Brás
narrar sua existência partindo da morte e Moisés, seguindo a cronologia
normal, tomando o nascimento como início. Logicamente, apenas um
grande presunçoso não perceberia a diferença entre as duas narrativas,
o grau de importância de cada uma, o que nos revela o grande
presunçoso que ainda vive no "defunto-autor" Brás Cubas.

Tempo
• Digressões , flashback e cronológico
• A sequência do livro não é determinada pela cronologia dos
fatos, mas pelo encadeamento das reflexões do
personagem. Uma lembrança puxa a outra e o narrador
Brás Cubas, que prometera contar uma determinada
história, comenta todos os outros fatos que a envolvem,
para retomar o tema anunciado muitos capítulos depois.
• Época do primeiro ao segundo império – escravidão. A
sustentação do país era agrária, a elite consumia
estrangeirismos
• No livro, o tempo que envelhece as pessoas e lhes destrói
as ilusões é uma das estruturas centrais

Técnicas machadianas






Ironia - Machado de Assis utiliza-se da ironia como um recurso para fazer o leitor
desconfiar das declarações, pensamentos e conclusões do narrador Brás
Cubas. “Bom e fiel amigo! Não, não me arrependo das vinte apólices que lhe
deixei".
Digressão - É o que acontece, por exemplo, na parte inicial do romance, quando
Brás Cubas deixa em suspenso por vários capítulos a explicação para sua morte,
que prometera desde o início, para passear descomprometidamente por assuntos
tão díspares quanto as pirâmides do Egito e a sua árvore genealógica. Quando
volta a falar da causa mortis, é para comentar, com ironia "...acabemos de uma
vez com o nosso emplasto”. Como se já tivesse explicado antes do que se tratava!

Conversa com o leitor - O leitor de Machado é constantemente solicitado a
interagir criticamente com a obra, distanciando-se ainda mais do modelo de
leitura proposto pelos romances românticos, que mobilizam a emoção e a
imaginação.
“Veja o leitor a comparação que melhor lhe quadrar, veja-a e não esteja daí a torcerme o nariz, só porque ainda não chegamos à parte narrativa destas memórias. Lá
iremos. Creio que prefere a anedota à reflexão, como os outros leitores, seus
confrades, e acho que faz muito bem”.

Técnicas machadianas
• Capítulos curtos- Organizados em blocos curtos, são 160 capítulos
• Metalinguagem e experimentação- Exemplo: para traduzir a
frustração de Brás Cubas quando não consegue se tornar ministro,
a solução do autor foi deixar o Capítulo 139 em branco. No capítulo
seguinte, explica:






“Há coisas que melhor se dizem calando; tal é a matéria do
capítulo anterior”.
Eufemismo
Metáforas
Vocabulário elegante
Crítica ao Romantismo- Marcela amou-me durante quinze meses e
onze contos de réis (...)”

As mulheres de Brás







Marcela
Eugênia
Virgília
Nhã Loló
Sabina
Dona Plácida

Pessimismo machadiano
• Na obra, há pessoas felizardas, mas não personagens
felizes. Ninguém é verdadeiro ou sincero.
• Sofremos porque somos egoístas, vaidosos, porque
sonhamos além da conta, porque a sociedade é mal
estruturada, porque os homens se exploram
mutuamente...
• Há uma insistência na dor, no fracasso, na implacável
passagem do tempo – isto tudo vale para o negro,
para o branco, para pobres e para ricos – Não é
Determinista.

Quincas Borba





Amigo de infância
Volta mendigo e enlouquecendo
Prega o Humanitismo
Quincas Borba é importante porque introduz Brás Cubas na teoria
que inventou, o Humanitismo. Na verdade, a teoria do mendigo é
uma caricatura que Machado de Assis faz do positivismo e do
evolucionismo, teorias científicas e filosóficas em voga na época
que atribuem sentido de evolução mesmo às fatalidades da vida.
• A ironia é uma das marcas da obra de Machado de Assis. Nesta obra
isso fica claro quando o autor faz com que uma doutrina de
valorização da vida seja defendida justamente por um mendigo que
morre completamente louco.
• Morre nos braços de Brás

Humanitismo





- Não há morte. O encontro de duas expansões, ou a expansão de duas formas,
pode determinar a supressão de uma delas; mas, rigorosamente, não há morte, há
vida, porque a supressão de uma é princípio universal e comum. Daí o caráter
conservador e benéfico da guerra. Supõe tu um campo de batatas e duas tribos
famintas. As batatas apenas chegam para alimentar uma das tribos que assim
adquire forças para transpor a montanha e e ir à outra vertente, onde há batatas
em abundância; mas, se as duas tribos dividirem em paz as batatas do campo, não
chegam a nutrir-se suficientemente e morrem de inanição. A paz nesse caso, é a
destruição; a guerra é a conservação. Uma das tribos extermina a outra e recolhe
os despojos. Daí a alegria da vitória, os hinos, aclamações, recompensas públicas e
todos os demais feitos das ações bélicas. Se a guerra não fosse isso, tais
demonstrações não chegariam a dar-se, pelo motivo real de que o homem só
comemora e ama o que lhe é aprazível ou vantajoso, e pelo motivo racional de que
nenhuma pessoa canoniza uma ação que virtualmente a destrói. Ao vencido, ódio
ou compaixão; ao vencedor, as batatas.
- Mas a opinião do exterminado?
- Não há exterminado. Desaparece o fenômeno; a substância é a mesma. Nunca
viste ferver água? Hás de lembrar-te que as bolhas fazem-se e desfazem-se de
contínuo, e tudo fica na mesma água. Os indivíduos são essas bolhas transitórias.

Personagens
• Brás Cubas - narrador - morto aos 64 anos - “ainda próspero e
rijo”, fidalgo. Peralta quando criança, mimado pelo pai,
irresponsável quando adolescente, tornou-se um homem
egoísta a ponto de discutir com a irmã pela prataria que fiou
de herança do pai e tornar-se amante da mulher de seu
amigo, Lobo Neves, se bem que nesse romance não se pode
dizer propriamente que alguém é amigo de outro.



Brás Cubas nasceu em 20/10/1805, no Rio
de Janeiro, filho de Bento Cubas, da família
burguesa que enriqueceu com o comércio.
Tinha uma única irmã, Sabina, casada com
Cotrin, com quem teve uma filha, Venância.
Seus tios eram João, oficial da infantaria,
Ildefonso, padre , e Emerenciana, a maior
autoridade de sua infância. Ao falecer, tinha
64 anos (...expirou às duas da tarde de uma
Sexta-feira de agosto de 1869), era solteiro e
em seu enterro compareceram 11 pessoas.
Sua morte foi assistida por 3 mulheres: a
irmã Sabina, a sobrinha e Virgília.

Personagens
• Virgília - filha do comendador Dutra, segundo
o pai de Brás, Bento Cubas: A “Ursa Maior”
amante de Brás Cubas casa-se com Lobo
Neves por interesse. Mulher bonita,
ambiciosa, que parece gostar sinceramente de
Brás Cubas, mas jamais se revela disposta a
romper com sua posição social ou dispensar o
conforto e o reconhecimento da sociedade.

Personagens
• Damião Lobo Neves - casado com Virgília,
homem frio e calculista. Marido de Virgília,
homem sério, integrado ao sistema,
ambicioso, mas muito mais supersticioso, pois
recusou nomeação para presidente de uma
província só porque a referida nomeação
aconteceu num dia 13.

Personagens
• Quincas Borba - menino terrível que dava tombos no paciente
professor Barata, colega de escola de Brás que o encontrará
mais tarde mendigo que rouba-lhe um relógio mas retorna-o
ao colega após receber uma herança. amigo de infância do
protagonista. Desde criança era de um temperamento ativo,
exaltado, querendo ser sempre superior nas brincadeiras.
Cubas diz que ele é impressionante quando brinca de
imperador. Quando adulto, passa pelo estado de mendigo,
evoluindo depois para filósofo e desenvolve um sistema
filosófico, denominado Humanitismo, que pretende superar e
suprimir todos os demais sistemas até tornar-se uma religião.

Personagens
• Marcela - Segundo grande amor de Brás Cubas, uma
prostituta de elite, cujo amor por Brás duraria quinze meses e
onze contos de réis. Mulher sensual, mentirosa, amiga de
rapazes e de dinheiro. Ganha muitas joias do adolescente Brás
Cubas. Contrai varíola e fica feia, com a pela grassa como uma
lixa.
Sabina - irmã do narrador e que, como ele, valoriza mais o
interesse pessoal e a posição social do que amizade ou laços
de parentesco.
Cotrin - casado com Sabina, é interesseiro, traficante de
escravos e cruel com eles, mandando-os castigar até correr
sangue.

Personagens
• Eugênia - Filha de Eusébia e Vilaça, menina bela embora coxa. Era moça
séria, tranquila, dotada de olhos negros e olhar direito e franco.
Tinha “ideias claras, maneiras chãs, certa graça natural, um ar de senhora,
e não sei se alguma outra cousa; sim, a boca exatamente a boca da mãe".
Nhá Loló - moça simplória, tinha dotes de soprano - morre de febre
amarela.
Nhonhô - filho de Virgília.

D. Plácida empregada de Virgília confidente e protetora de sua relação
extra conjugal.


Slide 3

Memórias póstumas de Brás
Cubas
Machado de Assis

Ao verme que primeiro roeu as
frias carnes do meu cadáver
dedico com saudosa lembrança
estas memórias póstumas.

Movimento literário
• Realismo brasileiro
• Escrito a princípio como folhetim, de março a dezembro de 1880,
na Revista Brasileira, para, no ano seguinte, ser publicado
como livro, pela então Tipografia Nacional.
• Publicado em 1881 – marco inicial do Realismo no Brasil e obra
inicial da produção realista do autor
• Memórias Póstumas de Brás Cubas retrata a escravidão, as classes
sociais, o cientificismo e o positivismo da época, chegando a criar,
inclusive, uma nova filosofia, mais bem desenvolvida
posteriormente em Quincas Borba (1891) — o Humanitismo, sátira
à lei do mais forte. Críticos escrevem que, com esse romance,
Machado de Assis precedeu elementos do Modernismo e
do realismo mágico de escritores como Jorge Luis Borges e Julio
Cortázar,
• Primeiro romance psicológico brasileiro

Crítica da sociedade
• O livro é crítico porque analisa a vida, as relações humanas,
mostrando o quanto algumas são ( prazerosamente ) fingidas – as
que partem do desejo humano – ASCENSÃO, PODER E GOZO; e
outra (dolorosamente ) verídicas – as que são da natureza, infalíveis
– A DOENÇA, A MORTE, A VELHICE, O TEMPO, O AZAR...
• No livro, constata-se que as verídicas se impõem aos homens
independentemente se suas vontades tornando as fingidas falíveis.
• Não há crítica direta ou aberta aos personagens – ela é implícita –
o leitor é que tem que perceber as características dos mesmos.
• O autor, nesta obra, acabou com o sentimentalismo, o moralismo
superficial, a fictícia unidade da pessoa humana, as frases piegas, o
receio de chocar preconceitos, a concepção do domínio do amor
sobre todas as outras paixões.

Romance psicológico
• O seu enfoque central não é a vida social ou a
descrição das paisagens, mas a forma como
seus personagens veem e sentem as
circunstâncias em que vivem. Em vez de
enfatizar os espaços externos, investe na
caracterização interior dos personagens, com
suas contradições e problemáticas
existenciais.

Narrador






1ª pessoa - personagem “esférico”,
Personagem principal – sua visão do mundo
Defunto –autor X Autor-defunto- importância
"Falo sem temer mais nada”
Típico burguês da segunda metade do século XIX, encarna o homem que
passou a vida sem conquistar nenhuma realização efetiva. Se na infância o
personagem fora uma criança abastada e protegida, torna-se um jovem
adulto leviano, em busca da melhor maneira de tirar vantagem.
• Na maturidade, começa a buscar a compensação pela existência sem nada
de notável, sem filhos ou realizações: consegue um cargo público, busca
notoriedade e respeitabilidade ao querer tornar-se ministro. Pouco antes
de morrer, imagina ainda um último modo de se perpetuar: inventando
um emplasto, uma medicação sublime.
• o defunto-narrador-autor é representação metafórica de um Brasil
escravista, contaminado por contradições entre o arcaico e o moderno.

O foco narrativo em primeira pessoa dá ao personagem Brás Cubas o
monopólio do texto. Aparentemente, seu relato caracteriza-se por uma
postura de isenção, ou seja, prima pela imparcialidade, já que um morto
não teria qualquer necessidade de mentir, já que deixara o mundo dos
vivos e, assim, abandonara qualquer comprometimento, ilusão ou
envolvimento.

No entanto, se observarmos com cuidado, a obra só poderá ser
entendida se começarmos por analisar o que o personagem conta,
procurando perceber certos sinais, que indicam que ele mente, exagera
e chega, inclusive, a ser incongruente. Brás Cubas manipula a história,
mostra-se sempre superior, com mania de grandeza, desde o início de
seu relato. Chega a comparar seu relato ao Pentateuco, que é um livro
sagrado, histórico, fundador de uma tradição religiosa, atribuído a
Moisés, um profeta universalmente importante, insinuando que a
diferença radical entre este relato e o seu seria apenas o fato de Brás
narrar sua existência partindo da morte e Moisés, seguindo a cronologia
normal, tomando o nascimento como início. Logicamente, apenas um
grande presunçoso não perceberia a diferença entre as duas narrativas,
o grau de importância de cada uma, o que nos revela o grande
presunçoso que ainda vive no "defunto-autor" Brás Cubas.

Tempo
• Digressões , flashback e cronológico
• A sequência do livro não é determinada pela cronologia dos
fatos, mas pelo encadeamento das reflexões do
personagem. Uma lembrança puxa a outra e o narrador
Brás Cubas, que prometera contar uma determinada
história, comenta todos os outros fatos que a envolvem,
para retomar o tema anunciado muitos capítulos depois.
• Época do primeiro ao segundo império – escravidão. A
sustentação do país era agrária, a elite consumia
estrangeirismos
• No livro, o tempo que envelhece as pessoas e lhes destrói
as ilusões é uma das estruturas centrais

Técnicas machadianas






Ironia - Machado de Assis utiliza-se da ironia como um recurso para fazer o leitor
desconfiar das declarações, pensamentos e conclusões do narrador Brás
Cubas. “Bom e fiel amigo! Não, não me arrependo das vinte apólices que lhe
deixei".
Digressão - É o que acontece, por exemplo, na parte inicial do romance, quando
Brás Cubas deixa em suspenso por vários capítulos a explicação para sua morte,
que prometera desde o início, para passear descomprometidamente por assuntos
tão díspares quanto as pirâmides do Egito e a sua árvore genealógica. Quando
volta a falar da causa mortis, é para comentar, com ironia "...acabemos de uma
vez com o nosso emplasto”. Como se já tivesse explicado antes do que se tratava!

Conversa com o leitor - O leitor de Machado é constantemente solicitado a
interagir criticamente com a obra, distanciando-se ainda mais do modelo de
leitura proposto pelos romances românticos, que mobilizam a emoção e a
imaginação.
“Veja o leitor a comparação que melhor lhe quadrar, veja-a e não esteja daí a torcerme o nariz, só porque ainda não chegamos à parte narrativa destas memórias. Lá
iremos. Creio que prefere a anedota à reflexão, como os outros leitores, seus
confrades, e acho que faz muito bem”.

Técnicas machadianas
• Capítulos curtos- Organizados em blocos curtos, são 160 capítulos
• Metalinguagem e experimentação- Exemplo: para traduzir a
frustração de Brás Cubas quando não consegue se tornar ministro,
a solução do autor foi deixar o Capítulo 139 em branco. No capítulo
seguinte, explica:






“Há coisas que melhor se dizem calando; tal é a matéria do
capítulo anterior”.
Eufemismo
Metáforas
Vocabulário elegante
Crítica ao Romantismo- Marcela amou-me durante quinze meses e
onze contos de réis (...)”

As mulheres de Brás







Marcela
Eugênia
Virgília
Nhã Loló
Sabina
Dona Plácida

Pessimismo machadiano
• Na obra, há pessoas felizardas, mas não personagens
felizes. Ninguém é verdadeiro ou sincero.
• Sofremos porque somos egoístas, vaidosos, porque
sonhamos além da conta, porque a sociedade é mal
estruturada, porque os homens se exploram
mutuamente...
• Há uma insistência na dor, no fracasso, na implacável
passagem do tempo – isto tudo vale para o negro,
para o branco, para pobres e para ricos – Não é
Determinista.

Quincas Borba





Amigo de infância
Volta mendigo e enlouquecendo
Prega o Humanitismo
Quincas Borba é importante porque introduz Brás Cubas na teoria
que inventou, o Humanitismo. Na verdade, a teoria do mendigo é
uma caricatura que Machado de Assis faz do positivismo e do
evolucionismo, teorias científicas e filosóficas em voga na época
que atribuem sentido de evolução mesmo às fatalidades da vida.
• A ironia é uma das marcas da obra de Machado de Assis. Nesta obra
isso fica claro quando o autor faz com que uma doutrina de
valorização da vida seja defendida justamente por um mendigo que
morre completamente louco.
• Morre nos braços de Brás

Humanitismo





- Não há morte. O encontro de duas expansões, ou a expansão de duas formas,
pode determinar a supressão de uma delas; mas, rigorosamente, não há morte, há
vida, porque a supressão de uma é princípio universal e comum. Daí o caráter
conservador e benéfico da guerra. Supõe tu um campo de batatas e duas tribos
famintas. As batatas apenas chegam para alimentar uma das tribos que assim
adquire forças para transpor a montanha e e ir à outra vertente, onde há batatas
em abundância; mas, se as duas tribos dividirem em paz as batatas do campo, não
chegam a nutrir-se suficientemente e morrem de inanição. A paz nesse caso, é a
destruição; a guerra é a conservação. Uma das tribos extermina a outra e recolhe
os despojos. Daí a alegria da vitória, os hinos, aclamações, recompensas públicas e
todos os demais feitos das ações bélicas. Se a guerra não fosse isso, tais
demonstrações não chegariam a dar-se, pelo motivo real de que o homem só
comemora e ama o que lhe é aprazível ou vantajoso, e pelo motivo racional de que
nenhuma pessoa canoniza uma ação que virtualmente a destrói. Ao vencido, ódio
ou compaixão; ao vencedor, as batatas.
- Mas a opinião do exterminado?
- Não há exterminado. Desaparece o fenômeno; a substância é a mesma. Nunca
viste ferver água? Hás de lembrar-te que as bolhas fazem-se e desfazem-se de
contínuo, e tudo fica na mesma água. Os indivíduos são essas bolhas transitórias.

Personagens
• Brás Cubas - narrador - morto aos 64 anos - “ainda próspero e
rijo”, fidalgo. Peralta quando criança, mimado pelo pai,
irresponsável quando adolescente, tornou-se um homem
egoísta a ponto de discutir com a irmã pela prataria que fiou
de herança do pai e tornar-se amante da mulher de seu
amigo, Lobo Neves, se bem que nesse romance não se pode
dizer propriamente que alguém é amigo de outro.



Brás Cubas nasceu em 20/10/1805, no Rio
de Janeiro, filho de Bento Cubas, da família
burguesa que enriqueceu com o comércio.
Tinha uma única irmã, Sabina, casada com
Cotrin, com quem teve uma filha, Venância.
Seus tios eram João, oficial da infantaria,
Ildefonso, padre , e Emerenciana, a maior
autoridade de sua infância. Ao falecer, tinha
64 anos (...expirou às duas da tarde de uma
Sexta-feira de agosto de 1869), era solteiro e
em seu enterro compareceram 11 pessoas.
Sua morte foi assistida por 3 mulheres: a
irmã Sabina, a sobrinha e Virgília.

Personagens
• Virgília - filha do comendador Dutra, segundo
o pai de Brás, Bento Cubas: A “Ursa Maior”
amante de Brás Cubas casa-se com Lobo
Neves por interesse. Mulher bonita,
ambiciosa, que parece gostar sinceramente de
Brás Cubas, mas jamais se revela disposta a
romper com sua posição social ou dispensar o
conforto e o reconhecimento da sociedade.

Personagens
• Damião Lobo Neves - casado com Virgília,
homem frio e calculista. Marido de Virgília,
homem sério, integrado ao sistema,
ambicioso, mas muito mais supersticioso, pois
recusou nomeação para presidente de uma
província só porque a referida nomeação
aconteceu num dia 13.

Personagens
• Quincas Borba - menino terrível que dava tombos no paciente
professor Barata, colega de escola de Brás que o encontrará
mais tarde mendigo que rouba-lhe um relógio mas retorna-o
ao colega após receber uma herança. amigo de infância do
protagonista. Desde criança era de um temperamento ativo,
exaltado, querendo ser sempre superior nas brincadeiras.
Cubas diz que ele é impressionante quando brinca de
imperador. Quando adulto, passa pelo estado de mendigo,
evoluindo depois para filósofo e desenvolve um sistema
filosófico, denominado Humanitismo, que pretende superar e
suprimir todos os demais sistemas até tornar-se uma religião.

Personagens
• Marcela - Segundo grande amor de Brás Cubas, uma
prostituta de elite, cujo amor por Brás duraria quinze meses e
onze contos de réis. Mulher sensual, mentirosa, amiga de
rapazes e de dinheiro. Ganha muitas joias do adolescente Brás
Cubas. Contrai varíola e fica feia, com a pela grassa como uma
lixa.
Sabina - irmã do narrador e que, como ele, valoriza mais o
interesse pessoal e a posição social do que amizade ou laços
de parentesco.
Cotrin - casado com Sabina, é interesseiro, traficante de
escravos e cruel com eles, mandando-os castigar até correr
sangue.

Personagens
• Eugênia - Filha de Eusébia e Vilaça, menina bela embora coxa. Era moça
séria, tranquila, dotada de olhos negros e olhar direito e franco.
Tinha “ideias claras, maneiras chãs, certa graça natural, um ar de senhora,
e não sei se alguma outra cousa; sim, a boca exatamente a boca da mãe".
Nhá Loló - moça simplória, tinha dotes de soprano - morre de febre
amarela.
Nhonhô - filho de Virgília.

D. Plácida empregada de Virgília confidente e protetora de sua relação
extra conjugal.


Slide 4

Memórias póstumas de Brás
Cubas
Machado de Assis

Ao verme que primeiro roeu as
frias carnes do meu cadáver
dedico com saudosa lembrança
estas memórias póstumas.

Movimento literário
• Realismo brasileiro
• Escrito a princípio como folhetim, de março a dezembro de 1880,
na Revista Brasileira, para, no ano seguinte, ser publicado
como livro, pela então Tipografia Nacional.
• Publicado em 1881 – marco inicial do Realismo no Brasil e obra
inicial da produção realista do autor
• Memórias Póstumas de Brás Cubas retrata a escravidão, as classes
sociais, o cientificismo e o positivismo da época, chegando a criar,
inclusive, uma nova filosofia, mais bem desenvolvida
posteriormente em Quincas Borba (1891) — o Humanitismo, sátira
à lei do mais forte. Críticos escrevem que, com esse romance,
Machado de Assis precedeu elementos do Modernismo e
do realismo mágico de escritores como Jorge Luis Borges e Julio
Cortázar,
• Primeiro romance psicológico brasileiro

Crítica da sociedade
• O livro é crítico porque analisa a vida, as relações humanas,
mostrando o quanto algumas são ( prazerosamente ) fingidas – as
que partem do desejo humano – ASCENSÃO, PODER E GOZO; e
outra (dolorosamente ) verídicas – as que são da natureza, infalíveis
– A DOENÇA, A MORTE, A VELHICE, O TEMPO, O AZAR...
• No livro, constata-se que as verídicas se impõem aos homens
independentemente se suas vontades tornando as fingidas falíveis.
• Não há crítica direta ou aberta aos personagens – ela é implícita –
o leitor é que tem que perceber as características dos mesmos.
• O autor, nesta obra, acabou com o sentimentalismo, o moralismo
superficial, a fictícia unidade da pessoa humana, as frases piegas, o
receio de chocar preconceitos, a concepção do domínio do amor
sobre todas as outras paixões.

Romance psicológico
• O seu enfoque central não é a vida social ou a
descrição das paisagens, mas a forma como
seus personagens veem e sentem as
circunstâncias em que vivem. Em vez de
enfatizar os espaços externos, investe na
caracterização interior dos personagens, com
suas contradições e problemáticas
existenciais.

Narrador






1ª pessoa - personagem “esférico”,
Personagem principal – sua visão do mundo
Defunto –autor X Autor-defunto- importância
"Falo sem temer mais nada”
Típico burguês da segunda metade do século XIX, encarna o homem que
passou a vida sem conquistar nenhuma realização efetiva. Se na infância o
personagem fora uma criança abastada e protegida, torna-se um jovem
adulto leviano, em busca da melhor maneira de tirar vantagem.
• Na maturidade, começa a buscar a compensação pela existência sem nada
de notável, sem filhos ou realizações: consegue um cargo público, busca
notoriedade e respeitabilidade ao querer tornar-se ministro. Pouco antes
de morrer, imagina ainda um último modo de se perpetuar: inventando
um emplasto, uma medicação sublime.
• o defunto-narrador-autor é representação metafórica de um Brasil
escravista, contaminado por contradições entre o arcaico e o moderno.

O foco narrativo em primeira pessoa dá ao personagem Brás Cubas o
monopólio do texto. Aparentemente, seu relato caracteriza-se por uma
postura de isenção, ou seja, prima pela imparcialidade, já que um morto
não teria qualquer necessidade de mentir, já que deixara o mundo dos
vivos e, assim, abandonara qualquer comprometimento, ilusão ou
envolvimento.

No entanto, se observarmos com cuidado, a obra só poderá ser
entendida se começarmos por analisar o que o personagem conta,
procurando perceber certos sinais, que indicam que ele mente, exagera
e chega, inclusive, a ser incongruente. Brás Cubas manipula a história,
mostra-se sempre superior, com mania de grandeza, desde o início de
seu relato. Chega a comparar seu relato ao Pentateuco, que é um livro
sagrado, histórico, fundador de uma tradição religiosa, atribuído a
Moisés, um profeta universalmente importante, insinuando que a
diferença radical entre este relato e o seu seria apenas o fato de Brás
narrar sua existência partindo da morte e Moisés, seguindo a cronologia
normal, tomando o nascimento como início. Logicamente, apenas um
grande presunçoso não perceberia a diferença entre as duas narrativas,
o grau de importância de cada uma, o que nos revela o grande
presunçoso que ainda vive no "defunto-autor" Brás Cubas.

Tempo
• Digressões , flashback e cronológico
• A sequência do livro não é determinada pela cronologia dos
fatos, mas pelo encadeamento das reflexões do
personagem. Uma lembrança puxa a outra e o narrador
Brás Cubas, que prometera contar uma determinada
história, comenta todos os outros fatos que a envolvem,
para retomar o tema anunciado muitos capítulos depois.
• Época do primeiro ao segundo império – escravidão. A
sustentação do país era agrária, a elite consumia
estrangeirismos
• No livro, o tempo que envelhece as pessoas e lhes destrói
as ilusões é uma das estruturas centrais

Técnicas machadianas






Ironia - Machado de Assis utiliza-se da ironia como um recurso para fazer o leitor
desconfiar das declarações, pensamentos e conclusões do narrador Brás
Cubas. “Bom e fiel amigo! Não, não me arrependo das vinte apólices que lhe
deixei".
Digressão - É o que acontece, por exemplo, na parte inicial do romance, quando
Brás Cubas deixa em suspenso por vários capítulos a explicação para sua morte,
que prometera desde o início, para passear descomprometidamente por assuntos
tão díspares quanto as pirâmides do Egito e a sua árvore genealógica. Quando
volta a falar da causa mortis, é para comentar, com ironia "...acabemos de uma
vez com o nosso emplasto”. Como se já tivesse explicado antes do que se tratava!

Conversa com o leitor - O leitor de Machado é constantemente solicitado a
interagir criticamente com a obra, distanciando-se ainda mais do modelo de
leitura proposto pelos romances românticos, que mobilizam a emoção e a
imaginação.
“Veja o leitor a comparação que melhor lhe quadrar, veja-a e não esteja daí a torcerme o nariz, só porque ainda não chegamos à parte narrativa destas memórias. Lá
iremos. Creio que prefere a anedota à reflexão, como os outros leitores, seus
confrades, e acho que faz muito bem”.

Técnicas machadianas
• Capítulos curtos- Organizados em blocos curtos, são 160 capítulos
• Metalinguagem e experimentação- Exemplo: para traduzir a
frustração de Brás Cubas quando não consegue se tornar ministro,
a solução do autor foi deixar o Capítulo 139 em branco. No capítulo
seguinte, explica:






“Há coisas que melhor se dizem calando; tal é a matéria do
capítulo anterior”.
Eufemismo
Metáforas
Vocabulário elegante
Crítica ao Romantismo- Marcela amou-me durante quinze meses e
onze contos de réis (...)”

As mulheres de Brás







Marcela
Eugênia
Virgília
Nhã Loló
Sabina
Dona Plácida

Pessimismo machadiano
• Na obra, há pessoas felizardas, mas não personagens
felizes. Ninguém é verdadeiro ou sincero.
• Sofremos porque somos egoístas, vaidosos, porque
sonhamos além da conta, porque a sociedade é mal
estruturada, porque os homens se exploram
mutuamente...
• Há uma insistência na dor, no fracasso, na implacável
passagem do tempo – isto tudo vale para o negro,
para o branco, para pobres e para ricos – Não é
Determinista.

Quincas Borba





Amigo de infância
Volta mendigo e enlouquecendo
Prega o Humanitismo
Quincas Borba é importante porque introduz Brás Cubas na teoria
que inventou, o Humanitismo. Na verdade, a teoria do mendigo é
uma caricatura que Machado de Assis faz do positivismo e do
evolucionismo, teorias científicas e filosóficas em voga na época
que atribuem sentido de evolução mesmo às fatalidades da vida.
• A ironia é uma das marcas da obra de Machado de Assis. Nesta obra
isso fica claro quando o autor faz com que uma doutrina de
valorização da vida seja defendida justamente por um mendigo que
morre completamente louco.
• Morre nos braços de Brás

Humanitismo





- Não há morte. O encontro de duas expansões, ou a expansão de duas formas,
pode determinar a supressão de uma delas; mas, rigorosamente, não há morte, há
vida, porque a supressão de uma é princípio universal e comum. Daí o caráter
conservador e benéfico da guerra. Supõe tu um campo de batatas e duas tribos
famintas. As batatas apenas chegam para alimentar uma das tribos que assim
adquire forças para transpor a montanha e e ir à outra vertente, onde há batatas
em abundância; mas, se as duas tribos dividirem em paz as batatas do campo, não
chegam a nutrir-se suficientemente e morrem de inanição. A paz nesse caso, é a
destruição; a guerra é a conservação. Uma das tribos extermina a outra e recolhe
os despojos. Daí a alegria da vitória, os hinos, aclamações, recompensas públicas e
todos os demais feitos das ações bélicas. Se a guerra não fosse isso, tais
demonstrações não chegariam a dar-se, pelo motivo real de que o homem só
comemora e ama o que lhe é aprazível ou vantajoso, e pelo motivo racional de que
nenhuma pessoa canoniza uma ação que virtualmente a destrói. Ao vencido, ódio
ou compaixão; ao vencedor, as batatas.
- Mas a opinião do exterminado?
- Não há exterminado. Desaparece o fenômeno; a substância é a mesma. Nunca
viste ferver água? Hás de lembrar-te que as bolhas fazem-se e desfazem-se de
contínuo, e tudo fica na mesma água. Os indivíduos são essas bolhas transitórias.

Personagens
• Brás Cubas - narrador - morto aos 64 anos - “ainda próspero e
rijo”, fidalgo. Peralta quando criança, mimado pelo pai,
irresponsável quando adolescente, tornou-se um homem
egoísta a ponto de discutir com a irmã pela prataria que fiou
de herança do pai e tornar-se amante da mulher de seu
amigo, Lobo Neves, se bem que nesse romance não se pode
dizer propriamente que alguém é amigo de outro.



Brás Cubas nasceu em 20/10/1805, no Rio
de Janeiro, filho de Bento Cubas, da família
burguesa que enriqueceu com o comércio.
Tinha uma única irmã, Sabina, casada com
Cotrin, com quem teve uma filha, Venância.
Seus tios eram João, oficial da infantaria,
Ildefonso, padre , e Emerenciana, a maior
autoridade de sua infância. Ao falecer, tinha
64 anos (...expirou às duas da tarde de uma
Sexta-feira de agosto de 1869), era solteiro e
em seu enterro compareceram 11 pessoas.
Sua morte foi assistida por 3 mulheres: a
irmã Sabina, a sobrinha e Virgília.

Personagens
• Virgília - filha do comendador Dutra, segundo
o pai de Brás, Bento Cubas: A “Ursa Maior”
amante de Brás Cubas casa-se com Lobo
Neves por interesse. Mulher bonita,
ambiciosa, que parece gostar sinceramente de
Brás Cubas, mas jamais se revela disposta a
romper com sua posição social ou dispensar o
conforto e o reconhecimento da sociedade.

Personagens
• Damião Lobo Neves - casado com Virgília,
homem frio e calculista. Marido de Virgília,
homem sério, integrado ao sistema,
ambicioso, mas muito mais supersticioso, pois
recusou nomeação para presidente de uma
província só porque a referida nomeação
aconteceu num dia 13.

Personagens
• Quincas Borba - menino terrível que dava tombos no paciente
professor Barata, colega de escola de Brás que o encontrará
mais tarde mendigo que rouba-lhe um relógio mas retorna-o
ao colega após receber uma herança. amigo de infância do
protagonista. Desde criança era de um temperamento ativo,
exaltado, querendo ser sempre superior nas brincadeiras.
Cubas diz que ele é impressionante quando brinca de
imperador. Quando adulto, passa pelo estado de mendigo,
evoluindo depois para filósofo e desenvolve um sistema
filosófico, denominado Humanitismo, que pretende superar e
suprimir todos os demais sistemas até tornar-se uma religião.

Personagens
• Marcela - Segundo grande amor de Brás Cubas, uma
prostituta de elite, cujo amor por Brás duraria quinze meses e
onze contos de réis. Mulher sensual, mentirosa, amiga de
rapazes e de dinheiro. Ganha muitas joias do adolescente Brás
Cubas. Contrai varíola e fica feia, com a pela grassa como uma
lixa.
Sabina - irmã do narrador e que, como ele, valoriza mais o
interesse pessoal e a posição social do que amizade ou laços
de parentesco.
Cotrin - casado com Sabina, é interesseiro, traficante de
escravos e cruel com eles, mandando-os castigar até correr
sangue.

Personagens
• Eugênia - Filha de Eusébia e Vilaça, menina bela embora coxa. Era moça
séria, tranquila, dotada de olhos negros e olhar direito e franco.
Tinha “ideias claras, maneiras chãs, certa graça natural, um ar de senhora,
e não sei se alguma outra cousa; sim, a boca exatamente a boca da mãe".
Nhá Loló - moça simplória, tinha dotes de soprano - morre de febre
amarela.
Nhonhô - filho de Virgília.

D. Plácida empregada de Virgília confidente e protetora de sua relação
extra conjugal.


Slide 5

Memórias póstumas de Brás
Cubas
Machado de Assis

Ao verme que primeiro roeu as
frias carnes do meu cadáver
dedico com saudosa lembrança
estas memórias póstumas.

Movimento literário
• Realismo brasileiro
• Escrito a princípio como folhetim, de março a dezembro de 1880,
na Revista Brasileira, para, no ano seguinte, ser publicado
como livro, pela então Tipografia Nacional.
• Publicado em 1881 – marco inicial do Realismo no Brasil e obra
inicial da produção realista do autor
• Memórias Póstumas de Brás Cubas retrata a escravidão, as classes
sociais, o cientificismo e o positivismo da época, chegando a criar,
inclusive, uma nova filosofia, mais bem desenvolvida
posteriormente em Quincas Borba (1891) — o Humanitismo, sátira
à lei do mais forte. Críticos escrevem que, com esse romance,
Machado de Assis precedeu elementos do Modernismo e
do realismo mágico de escritores como Jorge Luis Borges e Julio
Cortázar,
• Primeiro romance psicológico brasileiro

Crítica da sociedade
• O livro é crítico porque analisa a vida, as relações humanas,
mostrando o quanto algumas são ( prazerosamente ) fingidas – as
que partem do desejo humano – ASCENSÃO, PODER E GOZO; e
outra (dolorosamente ) verídicas – as que são da natureza, infalíveis
– A DOENÇA, A MORTE, A VELHICE, O TEMPO, O AZAR...
• No livro, constata-se que as verídicas se impõem aos homens
independentemente se suas vontades tornando as fingidas falíveis.
• Não há crítica direta ou aberta aos personagens – ela é implícita –
o leitor é que tem que perceber as características dos mesmos.
• O autor, nesta obra, acabou com o sentimentalismo, o moralismo
superficial, a fictícia unidade da pessoa humana, as frases piegas, o
receio de chocar preconceitos, a concepção do domínio do amor
sobre todas as outras paixões.

Romance psicológico
• O seu enfoque central não é a vida social ou a
descrição das paisagens, mas a forma como
seus personagens veem e sentem as
circunstâncias em que vivem. Em vez de
enfatizar os espaços externos, investe na
caracterização interior dos personagens, com
suas contradições e problemáticas
existenciais.

Narrador






1ª pessoa - personagem “esférico”,
Personagem principal – sua visão do mundo
Defunto –autor X Autor-defunto- importância
"Falo sem temer mais nada”
Típico burguês da segunda metade do século XIX, encarna o homem que
passou a vida sem conquistar nenhuma realização efetiva. Se na infância o
personagem fora uma criança abastada e protegida, torna-se um jovem
adulto leviano, em busca da melhor maneira de tirar vantagem.
• Na maturidade, começa a buscar a compensação pela existência sem nada
de notável, sem filhos ou realizações: consegue um cargo público, busca
notoriedade e respeitabilidade ao querer tornar-se ministro. Pouco antes
de morrer, imagina ainda um último modo de se perpetuar: inventando
um emplasto, uma medicação sublime.
• o defunto-narrador-autor é representação metafórica de um Brasil
escravista, contaminado por contradições entre o arcaico e o moderno.

O foco narrativo em primeira pessoa dá ao personagem Brás Cubas o
monopólio do texto. Aparentemente, seu relato caracteriza-se por uma
postura de isenção, ou seja, prima pela imparcialidade, já que um morto
não teria qualquer necessidade de mentir, já que deixara o mundo dos
vivos e, assim, abandonara qualquer comprometimento, ilusão ou
envolvimento.

No entanto, se observarmos com cuidado, a obra só poderá ser
entendida se começarmos por analisar o que o personagem conta,
procurando perceber certos sinais, que indicam que ele mente, exagera
e chega, inclusive, a ser incongruente. Brás Cubas manipula a história,
mostra-se sempre superior, com mania de grandeza, desde o início de
seu relato. Chega a comparar seu relato ao Pentateuco, que é um livro
sagrado, histórico, fundador de uma tradição religiosa, atribuído a
Moisés, um profeta universalmente importante, insinuando que a
diferença radical entre este relato e o seu seria apenas o fato de Brás
narrar sua existência partindo da morte e Moisés, seguindo a cronologia
normal, tomando o nascimento como início. Logicamente, apenas um
grande presunçoso não perceberia a diferença entre as duas narrativas,
o grau de importância de cada uma, o que nos revela o grande
presunçoso que ainda vive no "defunto-autor" Brás Cubas.

Tempo
• Digressões , flashback e cronológico
• A sequência do livro não é determinada pela cronologia dos
fatos, mas pelo encadeamento das reflexões do
personagem. Uma lembrança puxa a outra e o narrador
Brás Cubas, que prometera contar uma determinada
história, comenta todos os outros fatos que a envolvem,
para retomar o tema anunciado muitos capítulos depois.
• Época do primeiro ao segundo império – escravidão. A
sustentação do país era agrária, a elite consumia
estrangeirismos
• No livro, o tempo que envelhece as pessoas e lhes destrói
as ilusões é uma das estruturas centrais

Técnicas machadianas






Ironia - Machado de Assis utiliza-se da ironia como um recurso para fazer o leitor
desconfiar das declarações, pensamentos e conclusões do narrador Brás
Cubas. “Bom e fiel amigo! Não, não me arrependo das vinte apólices que lhe
deixei".
Digressão - É o que acontece, por exemplo, na parte inicial do romance, quando
Brás Cubas deixa em suspenso por vários capítulos a explicação para sua morte,
que prometera desde o início, para passear descomprometidamente por assuntos
tão díspares quanto as pirâmides do Egito e a sua árvore genealógica. Quando
volta a falar da causa mortis, é para comentar, com ironia "...acabemos de uma
vez com o nosso emplasto”. Como se já tivesse explicado antes do que se tratava!

Conversa com o leitor - O leitor de Machado é constantemente solicitado a
interagir criticamente com a obra, distanciando-se ainda mais do modelo de
leitura proposto pelos romances românticos, que mobilizam a emoção e a
imaginação.
“Veja o leitor a comparação que melhor lhe quadrar, veja-a e não esteja daí a torcerme o nariz, só porque ainda não chegamos à parte narrativa destas memórias. Lá
iremos. Creio que prefere a anedota à reflexão, como os outros leitores, seus
confrades, e acho que faz muito bem”.

Técnicas machadianas
• Capítulos curtos- Organizados em blocos curtos, são 160 capítulos
• Metalinguagem e experimentação- Exemplo: para traduzir a
frustração de Brás Cubas quando não consegue se tornar ministro,
a solução do autor foi deixar o Capítulo 139 em branco. No capítulo
seguinte, explica:






“Há coisas que melhor se dizem calando; tal é a matéria do
capítulo anterior”.
Eufemismo
Metáforas
Vocabulário elegante
Crítica ao Romantismo- Marcela amou-me durante quinze meses e
onze contos de réis (...)”

As mulheres de Brás







Marcela
Eugênia
Virgília
Nhã Loló
Sabina
Dona Plácida

Pessimismo machadiano
• Na obra, há pessoas felizardas, mas não personagens
felizes. Ninguém é verdadeiro ou sincero.
• Sofremos porque somos egoístas, vaidosos, porque
sonhamos além da conta, porque a sociedade é mal
estruturada, porque os homens se exploram
mutuamente...
• Há uma insistência na dor, no fracasso, na implacável
passagem do tempo – isto tudo vale para o negro,
para o branco, para pobres e para ricos – Não é
Determinista.

Quincas Borba





Amigo de infância
Volta mendigo e enlouquecendo
Prega o Humanitismo
Quincas Borba é importante porque introduz Brás Cubas na teoria
que inventou, o Humanitismo. Na verdade, a teoria do mendigo é
uma caricatura que Machado de Assis faz do positivismo e do
evolucionismo, teorias científicas e filosóficas em voga na época
que atribuem sentido de evolução mesmo às fatalidades da vida.
• A ironia é uma das marcas da obra de Machado de Assis. Nesta obra
isso fica claro quando o autor faz com que uma doutrina de
valorização da vida seja defendida justamente por um mendigo que
morre completamente louco.
• Morre nos braços de Brás

Humanitismo





- Não há morte. O encontro de duas expansões, ou a expansão de duas formas,
pode determinar a supressão de uma delas; mas, rigorosamente, não há morte, há
vida, porque a supressão de uma é princípio universal e comum. Daí o caráter
conservador e benéfico da guerra. Supõe tu um campo de batatas e duas tribos
famintas. As batatas apenas chegam para alimentar uma das tribos que assim
adquire forças para transpor a montanha e e ir à outra vertente, onde há batatas
em abundância; mas, se as duas tribos dividirem em paz as batatas do campo, não
chegam a nutrir-se suficientemente e morrem de inanição. A paz nesse caso, é a
destruição; a guerra é a conservação. Uma das tribos extermina a outra e recolhe
os despojos. Daí a alegria da vitória, os hinos, aclamações, recompensas públicas e
todos os demais feitos das ações bélicas. Se a guerra não fosse isso, tais
demonstrações não chegariam a dar-se, pelo motivo real de que o homem só
comemora e ama o que lhe é aprazível ou vantajoso, e pelo motivo racional de que
nenhuma pessoa canoniza uma ação que virtualmente a destrói. Ao vencido, ódio
ou compaixão; ao vencedor, as batatas.
- Mas a opinião do exterminado?
- Não há exterminado. Desaparece o fenômeno; a substância é a mesma. Nunca
viste ferver água? Hás de lembrar-te que as bolhas fazem-se e desfazem-se de
contínuo, e tudo fica na mesma água. Os indivíduos são essas bolhas transitórias.

Personagens
• Brás Cubas - narrador - morto aos 64 anos - “ainda próspero e
rijo”, fidalgo. Peralta quando criança, mimado pelo pai,
irresponsável quando adolescente, tornou-se um homem
egoísta a ponto de discutir com a irmã pela prataria que fiou
de herança do pai e tornar-se amante da mulher de seu
amigo, Lobo Neves, se bem que nesse romance não se pode
dizer propriamente que alguém é amigo de outro.



Brás Cubas nasceu em 20/10/1805, no Rio
de Janeiro, filho de Bento Cubas, da família
burguesa que enriqueceu com o comércio.
Tinha uma única irmã, Sabina, casada com
Cotrin, com quem teve uma filha, Venância.
Seus tios eram João, oficial da infantaria,
Ildefonso, padre , e Emerenciana, a maior
autoridade de sua infância. Ao falecer, tinha
64 anos (...expirou às duas da tarde de uma
Sexta-feira de agosto de 1869), era solteiro e
em seu enterro compareceram 11 pessoas.
Sua morte foi assistida por 3 mulheres: a
irmã Sabina, a sobrinha e Virgília.

Personagens
• Virgília - filha do comendador Dutra, segundo
o pai de Brás, Bento Cubas: A “Ursa Maior”
amante de Brás Cubas casa-se com Lobo
Neves por interesse. Mulher bonita,
ambiciosa, que parece gostar sinceramente de
Brás Cubas, mas jamais se revela disposta a
romper com sua posição social ou dispensar o
conforto e o reconhecimento da sociedade.

Personagens
• Damião Lobo Neves - casado com Virgília,
homem frio e calculista. Marido de Virgília,
homem sério, integrado ao sistema,
ambicioso, mas muito mais supersticioso, pois
recusou nomeação para presidente de uma
província só porque a referida nomeação
aconteceu num dia 13.

Personagens
• Quincas Borba - menino terrível que dava tombos no paciente
professor Barata, colega de escola de Brás que o encontrará
mais tarde mendigo que rouba-lhe um relógio mas retorna-o
ao colega após receber uma herança. amigo de infância do
protagonista. Desde criança era de um temperamento ativo,
exaltado, querendo ser sempre superior nas brincadeiras.
Cubas diz que ele é impressionante quando brinca de
imperador. Quando adulto, passa pelo estado de mendigo,
evoluindo depois para filósofo e desenvolve um sistema
filosófico, denominado Humanitismo, que pretende superar e
suprimir todos os demais sistemas até tornar-se uma religião.

Personagens
• Marcela - Segundo grande amor de Brás Cubas, uma
prostituta de elite, cujo amor por Brás duraria quinze meses e
onze contos de réis. Mulher sensual, mentirosa, amiga de
rapazes e de dinheiro. Ganha muitas joias do adolescente Brás
Cubas. Contrai varíola e fica feia, com a pela grassa como uma
lixa.
Sabina - irmã do narrador e que, como ele, valoriza mais o
interesse pessoal e a posição social do que amizade ou laços
de parentesco.
Cotrin - casado com Sabina, é interesseiro, traficante de
escravos e cruel com eles, mandando-os castigar até correr
sangue.

Personagens
• Eugênia - Filha de Eusébia e Vilaça, menina bela embora coxa. Era moça
séria, tranquila, dotada de olhos negros e olhar direito e franco.
Tinha “ideias claras, maneiras chãs, certa graça natural, um ar de senhora,
e não sei se alguma outra cousa; sim, a boca exatamente a boca da mãe".
Nhá Loló - moça simplória, tinha dotes de soprano - morre de febre
amarela.
Nhonhô - filho de Virgília.

D. Plácida empregada de Virgília confidente e protetora de sua relação
extra conjugal.


Slide 6

Memórias póstumas de Brás
Cubas
Machado de Assis

Ao verme que primeiro roeu as
frias carnes do meu cadáver
dedico com saudosa lembrança
estas memórias póstumas.

Movimento literário
• Realismo brasileiro
• Escrito a princípio como folhetim, de março a dezembro de 1880,
na Revista Brasileira, para, no ano seguinte, ser publicado
como livro, pela então Tipografia Nacional.
• Publicado em 1881 – marco inicial do Realismo no Brasil e obra
inicial da produção realista do autor
• Memórias Póstumas de Brás Cubas retrata a escravidão, as classes
sociais, o cientificismo e o positivismo da época, chegando a criar,
inclusive, uma nova filosofia, mais bem desenvolvida
posteriormente em Quincas Borba (1891) — o Humanitismo, sátira
à lei do mais forte. Críticos escrevem que, com esse romance,
Machado de Assis precedeu elementos do Modernismo e
do realismo mágico de escritores como Jorge Luis Borges e Julio
Cortázar,
• Primeiro romance psicológico brasileiro

Crítica da sociedade
• O livro é crítico porque analisa a vida, as relações humanas,
mostrando o quanto algumas são ( prazerosamente ) fingidas – as
que partem do desejo humano – ASCENSÃO, PODER E GOZO; e
outra (dolorosamente ) verídicas – as que são da natureza, infalíveis
– A DOENÇA, A MORTE, A VELHICE, O TEMPO, O AZAR...
• No livro, constata-se que as verídicas se impõem aos homens
independentemente se suas vontades tornando as fingidas falíveis.
• Não há crítica direta ou aberta aos personagens – ela é implícita –
o leitor é que tem que perceber as características dos mesmos.
• O autor, nesta obra, acabou com o sentimentalismo, o moralismo
superficial, a fictícia unidade da pessoa humana, as frases piegas, o
receio de chocar preconceitos, a concepção do domínio do amor
sobre todas as outras paixões.

Romance psicológico
• O seu enfoque central não é a vida social ou a
descrição das paisagens, mas a forma como
seus personagens veem e sentem as
circunstâncias em que vivem. Em vez de
enfatizar os espaços externos, investe na
caracterização interior dos personagens, com
suas contradições e problemáticas
existenciais.

Narrador






1ª pessoa - personagem “esférico”,
Personagem principal – sua visão do mundo
Defunto –autor X Autor-defunto- importância
"Falo sem temer mais nada”
Típico burguês da segunda metade do século XIX, encarna o homem que
passou a vida sem conquistar nenhuma realização efetiva. Se na infância o
personagem fora uma criança abastada e protegida, torna-se um jovem
adulto leviano, em busca da melhor maneira de tirar vantagem.
• Na maturidade, começa a buscar a compensação pela existência sem nada
de notável, sem filhos ou realizações: consegue um cargo público, busca
notoriedade e respeitabilidade ao querer tornar-se ministro. Pouco antes
de morrer, imagina ainda um último modo de se perpetuar: inventando
um emplasto, uma medicação sublime.
• o defunto-narrador-autor é representação metafórica de um Brasil
escravista, contaminado por contradições entre o arcaico e o moderno.

O foco narrativo em primeira pessoa dá ao personagem Brás Cubas o
monopólio do texto. Aparentemente, seu relato caracteriza-se por uma
postura de isenção, ou seja, prima pela imparcialidade, já que um morto
não teria qualquer necessidade de mentir, já que deixara o mundo dos
vivos e, assim, abandonara qualquer comprometimento, ilusão ou
envolvimento.

No entanto, se observarmos com cuidado, a obra só poderá ser
entendida se começarmos por analisar o que o personagem conta,
procurando perceber certos sinais, que indicam que ele mente, exagera
e chega, inclusive, a ser incongruente. Brás Cubas manipula a história,
mostra-se sempre superior, com mania de grandeza, desde o início de
seu relato. Chega a comparar seu relato ao Pentateuco, que é um livro
sagrado, histórico, fundador de uma tradição religiosa, atribuído a
Moisés, um profeta universalmente importante, insinuando que a
diferença radical entre este relato e o seu seria apenas o fato de Brás
narrar sua existência partindo da morte e Moisés, seguindo a cronologia
normal, tomando o nascimento como início. Logicamente, apenas um
grande presunçoso não perceberia a diferença entre as duas narrativas,
o grau de importância de cada uma, o que nos revela o grande
presunçoso que ainda vive no "defunto-autor" Brás Cubas.

Tempo
• Digressões , flashback e cronológico
• A sequência do livro não é determinada pela cronologia dos
fatos, mas pelo encadeamento das reflexões do
personagem. Uma lembrança puxa a outra e o narrador
Brás Cubas, que prometera contar uma determinada
história, comenta todos os outros fatos que a envolvem,
para retomar o tema anunciado muitos capítulos depois.
• Época do primeiro ao segundo império – escravidão. A
sustentação do país era agrária, a elite consumia
estrangeirismos
• No livro, o tempo que envelhece as pessoas e lhes destrói
as ilusões é uma das estruturas centrais

Técnicas machadianas






Ironia - Machado de Assis utiliza-se da ironia como um recurso para fazer o leitor
desconfiar das declarações, pensamentos e conclusões do narrador Brás
Cubas. “Bom e fiel amigo! Não, não me arrependo das vinte apólices que lhe
deixei".
Digressão - É o que acontece, por exemplo, na parte inicial do romance, quando
Brás Cubas deixa em suspenso por vários capítulos a explicação para sua morte,
que prometera desde o início, para passear descomprometidamente por assuntos
tão díspares quanto as pirâmides do Egito e a sua árvore genealógica. Quando
volta a falar da causa mortis, é para comentar, com ironia "...acabemos de uma
vez com o nosso emplasto”. Como se já tivesse explicado antes do que se tratava!

Conversa com o leitor - O leitor de Machado é constantemente solicitado a
interagir criticamente com a obra, distanciando-se ainda mais do modelo de
leitura proposto pelos romances românticos, que mobilizam a emoção e a
imaginação.
“Veja o leitor a comparação que melhor lhe quadrar, veja-a e não esteja daí a torcerme o nariz, só porque ainda não chegamos à parte narrativa destas memórias. Lá
iremos. Creio que prefere a anedota à reflexão, como os outros leitores, seus
confrades, e acho que faz muito bem”.

Técnicas machadianas
• Capítulos curtos- Organizados em blocos curtos, são 160 capítulos
• Metalinguagem e experimentação- Exemplo: para traduzir a
frustração de Brás Cubas quando não consegue se tornar ministro,
a solução do autor foi deixar o Capítulo 139 em branco. No capítulo
seguinte, explica:






“Há coisas que melhor se dizem calando; tal é a matéria do
capítulo anterior”.
Eufemismo
Metáforas
Vocabulário elegante
Crítica ao Romantismo- Marcela amou-me durante quinze meses e
onze contos de réis (...)”

As mulheres de Brás







Marcela
Eugênia
Virgília
Nhã Loló
Sabina
Dona Plácida

Pessimismo machadiano
• Na obra, há pessoas felizardas, mas não personagens
felizes. Ninguém é verdadeiro ou sincero.
• Sofremos porque somos egoístas, vaidosos, porque
sonhamos além da conta, porque a sociedade é mal
estruturada, porque os homens se exploram
mutuamente...
• Há uma insistência na dor, no fracasso, na implacável
passagem do tempo – isto tudo vale para o negro,
para o branco, para pobres e para ricos – Não é
Determinista.

Quincas Borba





Amigo de infância
Volta mendigo e enlouquecendo
Prega o Humanitismo
Quincas Borba é importante porque introduz Brás Cubas na teoria
que inventou, o Humanitismo. Na verdade, a teoria do mendigo é
uma caricatura que Machado de Assis faz do positivismo e do
evolucionismo, teorias científicas e filosóficas em voga na época
que atribuem sentido de evolução mesmo às fatalidades da vida.
• A ironia é uma das marcas da obra de Machado de Assis. Nesta obra
isso fica claro quando o autor faz com que uma doutrina de
valorização da vida seja defendida justamente por um mendigo que
morre completamente louco.
• Morre nos braços de Brás

Humanitismo





- Não há morte. O encontro de duas expansões, ou a expansão de duas formas,
pode determinar a supressão de uma delas; mas, rigorosamente, não há morte, há
vida, porque a supressão de uma é princípio universal e comum. Daí o caráter
conservador e benéfico da guerra. Supõe tu um campo de batatas e duas tribos
famintas. As batatas apenas chegam para alimentar uma das tribos que assim
adquire forças para transpor a montanha e e ir à outra vertente, onde há batatas
em abundância; mas, se as duas tribos dividirem em paz as batatas do campo, não
chegam a nutrir-se suficientemente e morrem de inanição. A paz nesse caso, é a
destruição; a guerra é a conservação. Uma das tribos extermina a outra e recolhe
os despojos. Daí a alegria da vitória, os hinos, aclamações, recompensas públicas e
todos os demais feitos das ações bélicas. Se a guerra não fosse isso, tais
demonstrações não chegariam a dar-se, pelo motivo real de que o homem só
comemora e ama o que lhe é aprazível ou vantajoso, e pelo motivo racional de que
nenhuma pessoa canoniza uma ação que virtualmente a destrói. Ao vencido, ódio
ou compaixão; ao vencedor, as batatas.
- Mas a opinião do exterminado?
- Não há exterminado. Desaparece o fenômeno; a substância é a mesma. Nunca
viste ferver água? Hás de lembrar-te que as bolhas fazem-se e desfazem-se de
contínuo, e tudo fica na mesma água. Os indivíduos são essas bolhas transitórias.

Personagens
• Brás Cubas - narrador - morto aos 64 anos - “ainda próspero e
rijo”, fidalgo. Peralta quando criança, mimado pelo pai,
irresponsável quando adolescente, tornou-se um homem
egoísta a ponto de discutir com a irmã pela prataria que fiou
de herança do pai e tornar-se amante da mulher de seu
amigo, Lobo Neves, se bem que nesse romance não se pode
dizer propriamente que alguém é amigo de outro.



Brás Cubas nasceu em 20/10/1805, no Rio
de Janeiro, filho de Bento Cubas, da família
burguesa que enriqueceu com o comércio.
Tinha uma única irmã, Sabina, casada com
Cotrin, com quem teve uma filha, Venância.
Seus tios eram João, oficial da infantaria,
Ildefonso, padre , e Emerenciana, a maior
autoridade de sua infância. Ao falecer, tinha
64 anos (...expirou às duas da tarde de uma
Sexta-feira de agosto de 1869), era solteiro e
em seu enterro compareceram 11 pessoas.
Sua morte foi assistida por 3 mulheres: a
irmã Sabina, a sobrinha e Virgília.

Personagens
• Virgília - filha do comendador Dutra, segundo
o pai de Brás, Bento Cubas: A “Ursa Maior”
amante de Brás Cubas casa-se com Lobo
Neves por interesse. Mulher bonita,
ambiciosa, que parece gostar sinceramente de
Brás Cubas, mas jamais se revela disposta a
romper com sua posição social ou dispensar o
conforto e o reconhecimento da sociedade.

Personagens
• Damião Lobo Neves - casado com Virgília,
homem frio e calculista. Marido de Virgília,
homem sério, integrado ao sistema,
ambicioso, mas muito mais supersticioso, pois
recusou nomeação para presidente de uma
província só porque a referida nomeação
aconteceu num dia 13.

Personagens
• Quincas Borba - menino terrível que dava tombos no paciente
professor Barata, colega de escola de Brás que o encontrará
mais tarde mendigo que rouba-lhe um relógio mas retorna-o
ao colega após receber uma herança. amigo de infância do
protagonista. Desde criança era de um temperamento ativo,
exaltado, querendo ser sempre superior nas brincadeiras.
Cubas diz que ele é impressionante quando brinca de
imperador. Quando adulto, passa pelo estado de mendigo,
evoluindo depois para filósofo e desenvolve um sistema
filosófico, denominado Humanitismo, que pretende superar e
suprimir todos os demais sistemas até tornar-se uma religião.

Personagens
• Marcela - Segundo grande amor de Brás Cubas, uma
prostituta de elite, cujo amor por Brás duraria quinze meses e
onze contos de réis. Mulher sensual, mentirosa, amiga de
rapazes e de dinheiro. Ganha muitas joias do adolescente Brás
Cubas. Contrai varíola e fica feia, com a pela grassa como uma
lixa.
Sabina - irmã do narrador e que, como ele, valoriza mais o
interesse pessoal e a posição social do que amizade ou laços
de parentesco.
Cotrin - casado com Sabina, é interesseiro, traficante de
escravos e cruel com eles, mandando-os castigar até correr
sangue.

Personagens
• Eugênia - Filha de Eusébia e Vilaça, menina bela embora coxa. Era moça
séria, tranquila, dotada de olhos negros e olhar direito e franco.
Tinha “ideias claras, maneiras chãs, certa graça natural, um ar de senhora,
e não sei se alguma outra cousa; sim, a boca exatamente a boca da mãe".
Nhá Loló - moça simplória, tinha dotes de soprano - morre de febre
amarela.
Nhonhô - filho de Virgília.

D. Plácida empregada de Virgília confidente e protetora de sua relação
extra conjugal.


Slide 7

Memórias póstumas de Brás
Cubas
Machado de Assis

Ao verme que primeiro roeu as
frias carnes do meu cadáver
dedico com saudosa lembrança
estas memórias póstumas.

Movimento literário
• Realismo brasileiro
• Escrito a princípio como folhetim, de março a dezembro de 1880,
na Revista Brasileira, para, no ano seguinte, ser publicado
como livro, pela então Tipografia Nacional.
• Publicado em 1881 – marco inicial do Realismo no Brasil e obra
inicial da produção realista do autor
• Memórias Póstumas de Brás Cubas retrata a escravidão, as classes
sociais, o cientificismo e o positivismo da época, chegando a criar,
inclusive, uma nova filosofia, mais bem desenvolvida
posteriormente em Quincas Borba (1891) — o Humanitismo, sátira
à lei do mais forte. Críticos escrevem que, com esse romance,
Machado de Assis precedeu elementos do Modernismo e
do realismo mágico de escritores como Jorge Luis Borges e Julio
Cortázar,
• Primeiro romance psicológico brasileiro

Crítica da sociedade
• O livro é crítico porque analisa a vida, as relações humanas,
mostrando o quanto algumas são ( prazerosamente ) fingidas – as
que partem do desejo humano – ASCENSÃO, PODER E GOZO; e
outra (dolorosamente ) verídicas – as que são da natureza, infalíveis
– A DOENÇA, A MORTE, A VELHICE, O TEMPO, O AZAR...
• No livro, constata-se que as verídicas se impõem aos homens
independentemente se suas vontades tornando as fingidas falíveis.
• Não há crítica direta ou aberta aos personagens – ela é implícita –
o leitor é que tem que perceber as características dos mesmos.
• O autor, nesta obra, acabou com o sentimentalismo, o moralismo
superficial, a fictícia unidade da pessoa humana, as frases piegas, o
receio de chocar preconceitos, a concepção do domínio do amor
sobre todas as outras paixões.

Romance psicológico
• O seu enfoque central não é a vida social ou a
descrição das paisagens, mas a forma como
seus personagens veem e sentem as
circunstâncias em que vivem. Em vez de
enfatizar os espaços externos, investe na
caracterização interior dos personagens, com
suas contradições e problemáticas
existenciais.

Narrador






1ª pessoa - personagem “esférico”,
Personagem principal – sua visão do mundo
Defunto –autor X Autor-defunto- importância
"Falo sem temer mais nada”
Típico burguês da segunda metade do século XIX, encarna o homem que
passou a vida sem conquistar nenhuma realização efetiva. Se na infância o
personagem fora uma criança abastada e protegida, torna-se um jovem
adulto leviano, em busca da melhor maneira de tirar vantagem.
• Na maturidade, começa a buscar a compensação pela existência sem nada
de notável, sem filhos ou realizações: consegue um cargo público, busca
notoriedade e respeitabilidade ao querer tornar-se ministro. Pouco antes
de morrer, imagina ainda um último modo de se perpetuar: inventando
um emplasto, uma medicação sublime.
• o defunto-narrador-autor é representação metafórica de um Brasil
escravista, contaminado por contradições entre o arcaico e o moderno.

O foco narrativo em primeira pessoa dá ao personagem Brás Cubas o
monopólio do texto. Aparentemente, seu relato caracteriza-se por uma
postura de isenção, ou seja, prima pela imparcialidade, já que um morto
não teria qualquer necessidade de mentir, já que deixara o mundo dos
vivos e, assim, abandonara qualquer comprometimento, ilusão ou
envolvimento.

No entanto, se observarmos com cuidado, a obra só poderá ser
entendida se começarmos por analisar o que o personagem conta,
procurando perceber certos sinais, que indicam que ele mente, exagera
e chega, inclusive, a ser incongruente. Brás Cubas manipula a história,
mostra-se sempre superior, com mania de grandeza, desde o início de
seu relato. Chega a comparar seu relato ao Pentateuco, que é um livro
sagrado, histórico, fundador de uma tradição religiosa, atribuído a
Moisés, um profeta universalmente importante, insinuando que a
diferença radical entre este relato e o seu seria apenas o fato de Brás
narrar sua existência partindo da morte e Moisés, seguindo a cronologia
normal, tomando o nascimento como início. Logicamente, apenas um
grande presunçoso não perceberia a diferença entre as duas narrativas,
o grau de importância de cada uma, o que nos revela o grande
presunçoso que ainda vive no "defunto-autor" Brás Cubas.

Tempo
• Digressões , flashback e cronológico
• A sequência do livro não é determinada pela cronologia dos
fatos, mas pelo encadeamento das reflexões do
personagem. Uma lembrança puxa a outra e o narrador
Brás Cubas, que prometera contar uma determinada
história, comenta todos os outros fatos que a envolvem,
para retomar o tema anunciado muitos capítulos depois.
• Época do primeiro ao segundo império – escravidão. A
sustentação do país era agrária, a elite consumia
estrangeirismos
• No livro, o tempo que envelhece as pessoas e lhes destrói
as ilusões é uma das estruturas centrais

Técnicas machadianas






Ironia - Machado de Assis utiliza-se da ironia como um recurso para fazer o leitor
desconfiar das declarações, pensamentos e conclusões do narrador Brás
Cubas. “Bom e fiel amigo! Não, não me arrependo das vinte apólices que lhe
deixei".
Digressão - É o que acontece, por exemplo, na parte inicial do romance, quando
Brás Cubas deixa em suspenso por vários capítulos a explicação para sua morte,
que prometera desde o início, para passear descomprometidamente por assuntos
tão díspares quanto as pirâmides do Egito e a sua árvore genealógica. Quando
volta a falar da causa mortis, é para comentar, com ironia "...acabemos de uma
vez com o nosso emplasto”. Como se já tivesse explicado antes do que se tratava!

Conversa com o leitor - O leitor de Machado é constantemente solicitado a
interagir criticamente com a obra, distanciando-se ainda mais do modelo de
leitura proposto pelos romances românticos, que mobilizam a emoção e a
imaginação.
“Veja o leitor a comparação que melhor lhe quadrar, veja-a e não esteja daí a torcerme o nariz, só porque ainda não chegamos à parte narrativa destas memórias. Lá
iremos. Creio que prefere a anedota à reflexão, como os outros leitores, seus
confrades, e acho que faz muito bem”.

Técnicas machadianas
• Capítulos curtos- Organizados em blocos curtos, são 160 capítulos
• Metalinguagem e experimentação- Exemplo: para traduzir a
frustração de Brás Cubas quando não consegue se tornar ministro,
a solução do autor foi deixar o Capítulo 139 em branco. No capítulo
seguinte, explica:






“Há coisas que melhor se dizem calando; tal é a matéria do
capítulo anterior”.
Eufemismo
Metáforas
Vocabulário elegante
Crítica ao Romantismo- Marcela amou-me durante quinze meses e
onze contos de réis (...)”

As mulheres de Brás







Marcela
Eugênia
Virgília
Nhã Loló
Sabina
Dona Plácida

Pessimismo machadiano
• Na obra, há pessoas felizardas, mas não personagens
felizes. Ninguém é verdadeiro ou sincero.
• Sofremos porque somos egoístas, vaidosos, porque
sonhamos além da conta, porque a sociedade é mal
estruturada, porque os homens se exploram
mutuamente...
• Há uma insistência na dor, no fracasso, na implacável
passagem do tempo – isto tudo vale para o negro,
para o branco, para pobres e para ricos – Não é
Determinista.

Quincas Borba





Amigo de infância
Volta mendigo e enlouquecendo
Prega o Humanitismo
Quincas Borba é importante porque introduz Brás Cubas na teoria
que inventou, o Humanitismo. Na verdade, a teoria do mendigo é
uma caricatura que Machado de Assis faz do positivismo e do
evolucionismo, teorias científicas e filosóficas em voga na época
que atribuem sentido de evolução mesmo às fatalidades da vida.
• A ironia é uma das marcas da obra de Machado de Assis. Nesta obra
isso fica claro quando o autor faz com que uma doutrina de
valorização da vida seja defendida justamente por um mendigo que
morre completamente louco.
• Morre nos braços de Brás

Humanitismo





- Não há morte. O encontro de duas expansões, ou a expansão de duas formas,
pode determinar a supressão de uma delas; mas, rigorosamente, não há morte, há
vida, porque a supressão de uma é princípio universal e comum. Daí o caráter
conservador e benéfico da guerra. Supõe tu um campo de batatas e duas tribos
famintas. As batatas apenas chegam para alimentar uma das tribos que assim
adquire forças para transpor a montanha e e ir à outra vertente, onde há batatas
em abundância; mas, se as duas tribos dividirem em paz as batatas do campo, não
chegam a nutrir-se suficientemente e morrem de inanição. A paz nesse caso, é a
destruição; a guerra é a conservação. Uma das tribos extermina a outra e recolhe
os despojos. Daí a alegria da vitória, os hinos, aclamações, recompensas públicas e
todos os demais feitos das ações bélicas. Se a guerra não fosse isso, tais
demonstrações não chegariam a dar-se, pelo motivo real de que o homem só
comemora e ama o que lhe é aprazível ou vantajoso, e pelo motivo racional de que
nenhuma pessoa canoniza uma ação que virtualmente a destrói. Ao vencido, ódio
ou compaixão; ao vencedor, as batatas.
- Mas a opinião do exterminado?
- Não há exterminado. Desaparece o fenômeno; a substância é a mesma. Nunca
viste ferver água? Hás de lembrar-te que as bolhas fazem-se e desfazem-se de
contínuo, e tudo fica na mesma água. Os indivíduos são essas bolhas transitórias.

Personagens
• Brás Cubas - narrador - morto aos 64 anos - “ainda próspero e
rijo”, fidalgo. Peralta quando criança, mimado pelo pai,
irresponsável quando adolescente, tornou-se um homem
egoísta a ponto de discutir com a irmã pela prataria que fiou
de herança do pai e tornar-se amante da mulher de seu
amigo, Lobo Neves, se bem que nesse romance não se pode
dizer propriamente que alguém é amigo de outro.



Brás Cubas nasceu em 20/10/1805, no Rio
de Janeiro, filho de Bento Cubas, da família
burguesa que enriqueceu com o comércio.
Tinha uma única irmã, Sabina, casada com
Cotrin, com quem teve uma filha, Venância.
Seus tios eram João, oficial da infantaria,
Ildefonso, padre , e Emerenciana, a maior
autoridade de sua infância. Ao falecer, tinha
64 anos (...expirou às duas da tarde de uma
Sexta-feira de agosto de 1869), era solteiro e
em seu enterro compareceram 11 pessoas.
Sua morte foi assistida por 3 mulheres: a
irmã Sabina, a sobrinha e Virgília.

Personagens
• Virgília - filha do comendador Dutra, segundo
o pai de Brás, Bento Cubas: A “Ursa Maior”
amante de Brás Cubas casa-se com Lobo
Neves por interesse. Mulher bonita,
ambiciosa, que parece gostar sinceramente de
Brás Cubas, mas jamais se revela disposta a
romper com sua posição social ou dispensar o
conforto e o reconhecimento da sociedade.

Personagens
• Damião Lobo Neves - casado com Virgília,
homem frio e calculista. Marido de Virgília,
homem sério, integrado ao sistema,
ambicioso, mas muito mais supersticioso, pois
recusou nomeação para presidente de uma
província só porque a referida nomeação
aconteceu num dia 13.

Personagens
• Quincas Borba - menino terrível que dava tombos no paciente
professor Barata, colega de escola de Brás que o encontrará
mais tarde mendigo que rouba-lhe um relógio mas retorna-o
ao colega após receber uma herança. amigo de infância do
protagonista. Desde criança era de um temperamento ativo,
exaltado, querendo ser sempre superior nas brincadeiras.
Cubas diz que ele é impressionante quando brinca de
imperador. Quando adulto, passa pelo estado de mendigo,
evoluindo depois para filósofo e desenvolve um sistema
filosófico, denominado Humanitismo, que pretende superar e
suprimir todos os demais sistemas até tornar-se uma religião.

Personagens
• Marcela - Segundo grande amor de Brás Cubas, uma
prostituta de elite, cujo amor por Brás duraria quinze meses e
onze contos de réis. Mulher sensual, mentirosa, amiga de
rapazes e de dinheiro. Ganha muitas joias do adolescente Brás
Cubas. Contrai varíola e fica feia, com a pela grassa como uma
lixa.
Sabina - irmã do narrador e que, como ele, valoriza mais o
interesse pessoal e a posição social do que amizade ou laços
de parentesco.
Cotrin - casado com Sabina, é interesseiro, traficante de
escravos e cruel com eles, mandando-os castigar até correr
sangue.

Personagens
• Eugênia - Filha de Eusébia e Vilaça, menina bela embora coxa. Era moça
séria, tranquila, dotada de olhos negros e olhar direito e franco.
Tinha “ideias claras, maneiras chãs, certa graça natural, um ar de senhora,
e não sei se alguma outra cousa; sim, a boca exatamente a boca da mãe".
Nhá Loló - moça simplória, tinha dotes de soprano - morre de febre
amarela.
Nhonhô - filho de Virgília.

D. Plácida empregada de Virgília confidente e protetora de sua relação
extra conjugal.


Slide 8

Memórias póstumas de Brás
Cubas
Machado de Assis

Ao verme que primeiro roeu as
frias carnes do meu cadáver
dedico com saudosa lembrança
estas memórias póstumas.

Movimento literário
• Realismo brasileiro
• Escrito a princípio como folhetim, de março a dezembro de 1880,
na Revista Brasileira, para, no ano seguinte, ser publicado
como livro, pela então Tipografia Nacional.
• Publicado em 1881 – marco inicial do Realismo no Brasil e obra
inicial da produção realista do autor
• Memórias Póstumas de Brás Cubas retrata a escravidão, as classes
sociais, o cientificismo e o positivismo da época, chegando a criar,
inclusive, uma nova filosofia, mais bem desenvolvida
posteriormente em Quincas Borba (1891) — o Humanitismo, sátira
à lei do mais forte. Críticos escrevem que, com esse romance,
Machado de Assis precedeu elementos do Modernismo e
do realismo mágico de escritores como Jorge Luis Borges e Julio
Cortázar,
• Primeiro romance psicológico brasileiro

Crítica da sociedade
• O livro é crítico porque analisa a vida, as relações humanas,
mostrando o quanto algumas são ( prazerosamente ) fingidas – as
que partem do desejo humano – ASCENSÃO, PODER E GOZO; e
outra (dolorosamente ) verídicas – as que são da natureza, infalíveis
– A DOENÇA, A MORTE, A VELHICE, O TEMPO, O AZAR...
• No livro, constata-se que as verídicas se impõem aos homens
independentemente se suas vontades tornando as fingidas falíveis.
• Não há crítica direta ou aberta aos personagens – ela é implícita –
o leitor é que tem que perceber as características dos mesmos.
• O autor, nesta obra, acabou com o sentimentalismo, o moralismo
superficial, a fictícia unidade da pessoa humana, as frases piegas, o
receio de chocar preconceitos, a concepção do domínio do amor
sobre todas as outras paixões.

Romance psicológico
• O seu enfoque central não é a vida social ou a
descrição das paisagens, mas a forma como
seus personagens veem e sentem as
circunstâncias em que vivem. Em vez de
enfatizar os espaços externos, investe na
caracterização interior dos personagens, com
suas contradições e problemáticas
existenciais.

Narrador






1ª pessoa - personagem “esférico”,
Personagem principal – sua visão do mundo
Defunto –autor X Autor-defunto- importância
"Falo sem temer mais nada”
Típico burguês da segunda metade do século XIX, encarna o homem que
passou a vida sem conquistar nenhuma realização efetiva. Se na infância o
personagem fora uma criança abastada e protegida, torna-se um jovem
adulto leviano, em busca da melhor maneira de tirar vantagem.
• Na maturidade, começa a buscar a compensação pela existência sem nada
de notável, sem filhos ou realizações: consegue um cargo público, busca
notoriedade e respeitabilidade ao querer tornar-se ministro. Pouco antes
de morrer, imagina ainda um último modo de se perpetuar: inventando
um emplasto, uma medicação sublime.
• o defunto-narrador-autor é representação metafórica de um Brasil
escravista, contaminado por contradições entre o arcaico e o moderno.

O foco narrativo em primeira pessoa dá ao personagem Brás Cubas o
monopólio do texto. Aparentemente, seu relato caracteriza-se por uma
postura de isenção, ou seja, prima pela imparcialidade, já que um morto
não teria qualquer necessidade de mentir, já que deixara o mundo dos
vivos e, assim, abandonara qualquer comprometimento, ilusão ou
envolvimento.

No entanto, se observarmos com cuidado, a obra só poderá ser
entendida se começarmos por analisar o que o personagem conta,
procurando perceber certos sinais, que indicam que ele mente, exagera
e chega, inclusive, a ser incongruente. Brás Cubas manipula a história,
mostra-se sempre superior, com mania de grandeza, desde o início de
seu relato. Chega a comparar seu relato ao Pentateuco, que é um livro
sagrado, histórico, fundador de uma tradição religiosa, atribuído a
Moisés, um profeta universalmente importante, insinuando que a
diferença radical entre este relato e o seu seria apenas o fato de Brás
narrar sua existência partindo da morte e Moisés, seguindo a cronologia
normal, tomando o nascimento como início. Logicamente, apenas um
grande presunçoso não perceberia a diferença entre as duas narrativas,
o grau de importância de cada uma, o que nos revela o grande
presunçoso que ainda vive no "defunto-autor" Brás Cubas.

Tempo
• Digressões , flashback e cronológico
• A sequência do livro não é determinada pela cronologia dos
fatos, mas pelo encadeamento das reflexões do
personagem. Uma lembrança puxa a outra e o narrador
Brás Cubas, que prometera contar uma determinada
história, comenta todos os outros fatos que a envolvem,
para retomar o tema anunciado muitos capítulos depois.
• Época do primeiro ao segundo império – escravidão. A
sustentação do país era agrária, a elite consumia
estrangeirismos
• No livro, o tempo que envelhece as pessoas e lhes destrói
as ilusões é uma das estruturas centrais

Técnicas machadianas






Ironia - Machado de Assis utiliza-se da ironia como um recurso para fazer o leitor
desconfiar das declarações, pensamentos e conclusões do narrador Brás
Cubas. “Bom e fiel amigo! Não, não me arrependo das vinte apólices que lhe
deixei".
Digressão - É o que acontece, por exemplo, na parte inicial do romance, quando
Brás Cubas deixa em suspenso por vários capítulos a explicação para sua morte,
que prometera desde o início, para passear descomprometidamente por assuntos
tão díspares quanto as pirâmides do Egito e a sua árvore genealógica. Quando
volta a falar da causa mortis, é para comentar, com ironia "...acabemos de uma
vez com o nosso emplasto”. Como se já tivesse explicado antes do que se tratava!

Conversa com o leitor - O leitor de Machado é constantemente solicitado a
interagir criticamente com a obra, distanciando-se ainda mais do modelo de
leitura proposto pelos romances românticos, que mobilizam a emoção e a
imaginação.
“Veja o leitor a comparação que melhor lhe quadrar, veja-a e não esteja daí a torcerme o nariz, só porque ainda não chegamos à parte narrativa destas memórias. Lá
iremos. Creio que prefere a anedota à reflexão, como os outros leitores, seus
confrades, e acho que faz muito bem”.

Técnicas machadianas
• Capítulos curtos- Organizados em blocos curtos, são 160 capítulos
• Metalinguagem e experimentação- Exemplo: para traduzir a
frustração de Brás Cubas quando não consegue se tornar ministro,
a solução do autor foi deixar o Capítulo 139 em branco. No capítulo
seguinte, explica:






“Há coisas que melhor se dizem calando; tal é a matéria do
capítulo anterior”.
Eufemismo
Metáforas
Vocabulário elegante
Crítica ao Romantismo- Marcela amou-me durante quinze meses e
onze contos de réis (...)”

As mulheres de Brás







Marcela
Eugênia
Virgília
Nhã Loló
Sabina
Dona Plácida

Pessimismo machadiano
• Na obra, há pessoas felizardas, mas não personagens
felizes. Ninguém é verdadeiro ou sincero.
• Sofremos porque somos egoístas, vaidosos, porque
sonhamos além da conta, porque a sociedade é mal
estruturada, porque os homens se exploram
mutuamente...
• Há uma insistência na dor, no fracasso, na implacável
passagem do tempo – isto tudo vale para o negro,
para o branco, para pobres e para ricos – Não é
Determinista.

Quincas Borba





Amigo de infância
Volta mendigo e enlouquecendo
Prega o Humanitismo
Quincas Borba é importante porque introduz Brás Cubas na teoria
que inventou, o Humanitismo. Na verdade, a teoria do mendigo é
uma caricatura que Machado de Assis faz do positivismo e do
evolucionismo, teorias científicas e filosóficas em voga na época
que atribuem sentido de evolução mesmo às fatalidades da vida.
• A ironia é uma das marcas da obra de Machado de Assis. Nesta obra
isso fica claro quando o autor faz com que uma doutrina de
valorização da vida seja defendida justamente por um mendigo que
morre completamente louco.
• Morre nos braços de Brás

Humanitismo





- Não há morte. O encontro de duas expansões, ou a expansão de duas formas,
pode determinar a supressão de uma delas; mas, rigorosamente, não há morte, há
vida, porque a supressão de uma é princípio universal e comum. Daí o caráter
conservador e benéfico da guerra. Supõe tu um campo de batatas e duas tribos
famintas. As batatas apenas chegam para alimentar uma das tribos que assim
adquire forças para transpor a montanha e e ir à outra vertente, onde há batatas
em abundância; mas, se as duas tribos dividirem em paz as batatas do campo, não
chegam a nutrir-se suficientemente e morrem de inanição. A paz nesse caso, é a
destruição; a guerra é a conservação. Uma das tribos extermina a outra e recolhe
os despojos. Daí a alegria da vitória, os hinos, aclamações, recompensas públicas e
todos os demais feitos das ações bélicas. Se a guerra não fosse isso, tais
demonstrações não chegariam a dar-se, pelo motivo real de que o homem só
comemora e ama o que lhe é aprazível ou vantajoso, e pelo motivo racional de que
nenhuma pessoa canoniza uma ação que virtualmente a destrói. Ao vencido, ódio
ou compaixão; ao vencedor, as batatas.
- Mas a opinião do exterminado?
- Não há exterminado. Desaparece o fenômeno; a substância é a mesma. Nunca
viste ferver água? Hás de lembrar-te que as bolhas fazem-se e desfazem-se de
contínuo, e tudo fica na mesma água. Os indivíduos são essas bolhas transitórias.

Personagens
• Brás Cubas - narrador - morto aos 64 anos - “ainda próspero e
rijo”, fidalgo. Peralta quando criança, mimado pelo pai,
irresponsável quando adolescente, tornou-se um homem
egoísta a ponto de discutir com a irmã pela prataria que fiou
de herança do pai e tornar-se amante da mulher de seu
amigo, Lobo Neves, se bem que nesse romance não se pode
dizer propriamente que alguém é amigo de outro.



Brás Cubas nasceu em 20/10/1805, no Rio
de Janeiro, filho de Bento Cubas, da família
burguesa que enriqueceu com o comércio.
Tinha uma única irmã, Sabina, casada com
Cotrin, com quem teve uma filha, Venância.
Seus tios eram João, oficial da infantaria,
Ildefonso, padre , e Emerenciana, a maior
autoridade de sua infância. Ao falecer, tinha
64 anos (...expirou às duas da tarde de uma
Sexta-feira de agosto de 1869), era solteiro e
em seu enterro compareceram 11 pessoas.
Sua morte foi assistida por 3 mulheres: a
irmã Sabina, a sobrinha e Virgília.

Personagens
• Virgília - filha do comendador Dutra, segundo
o pai de Brás, Bento Cubas: A “Ursa Maior”
amante de Brás Cubas casa-se com Lobo
Neves por interesse. Mulher bonita,
ambiciosa, que parece gostar sinceramente de
Brás Cubas, mas jamais se revela disposta a
romper com sua posição social ou dispensar o
conforto e o reconhecimento da sociedade.

Personagens
• Damião Lobo Neves - casado com Virgília,
homem frio e calculista. Marido de Virgília,
homem sério, integrado ao sistema,
ambicioso, mas muito mais supersticioso, pois
recusou nomeação para presidente de uma
província só porque a referida nomeação
aconteceu num dia 13.

Personagens
• Quincas Borba - menino terrível que dava tombos no paciente
professor Barata, colega de escola de Brás que o encontrará
mais tarde mendigo que rouba-lhe um relógio mas retorna-o
ao colega após receber uma herança. amigo de infância do
protagonista. Desde criança era de um temperamento ativo,
exaltado, querendo ser sempre superior nas brincadeiras.
Cubas diz que ele é impressionante quando brinca de
imperador. Quando adulto, passa pelo estado de mendigo,
evoluindo depois para filósofo e desenvolve um sistema
filosófico, denominado Humanitismo, que pretende superar e
suprimir todos os demais sistemas até tornar-se uma religião.

Personagens
• Marcela - Segundo grande amor de Brás Cubas, uma
prostituta de elite, cujo amor por Brás duraria quinze meses e
onze contos de réis. Mulher sensual, mentirosa, amiga de
rapazes e de dinheiro. Ganha muitas joias do adolescente Brás
Cubas. Contrai varíola e fica feia, com a pela grassa como uma
lixa.
Sabina - irmã do narrador e que, como ele, valoriza mais o
interesse pessoal e a posição social do que amizade ou laços
de parentesco.
Cotrin - casado com Sabina, é interesseiro, traficante de
escravos e cruel com eles, mandando-os castigar até correr
sangue.

Personagens
• Eugênia - Filha de Eusébia e Vilaça, menina bela embora coxa. Era moça
séria, tranquila, dotada de olhos negros e olhar direito e franco.
Tinha “ideias claras, maneiras chãs, certa graça natural, um ar de senhora,
e não sei se alguma outra cousa; sim, a boca exatamente a boca da mãe".
Nhá Loló - moça simplória, tinha dotes de soprano - morre de febre
amarela.
Nhonhô - filho de Virgília.

D. Plácida empregada de Virgília confidente e protetora de sua relação
extra conjugal.


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Memórias póstumas de Brás
Cubas
Machado de Assis

Ao verme que primeiro roeu as
frias carnes do meu cadáver
dedico com saudosa lembrança
estas memórias póstumas.

Movimento literário
• Realismo brasileiro
• Escrito a princípio como folhetim, de março a dezembro de 1880,
na Revista Brasileira, para, no ano seguinte, ser publicado
como livro, pela então Tipografia Nacional.
• Publicado em 1881 – marco inicial do Realismo no Brasil e obra
inicial da produção realista do autor
• Memórias Póstumas de Brás Cubas retrata a escravidão, as classes
sociais, o cientificismo e o positivismo da época, chegando a criar,
inclusive, uma nova filosofia, mais bem desenvolvida
posteriormente em Quincas Borba (1891) — o Humanitismo, sátira
à lei do mais forte. Críticos escrevem que, com esse romance,
Machado de Assis precedeu elementos do Modernismo e
do realismo mágico de escritores como Jorge Luis Borges e Julio
Cortázar,
• Primeiro romance psicológico brasileiro

Crítica da sociedade
• O livro é crítico porque analisa a vida, as relações humanas,
mostrando o quanto algumas são ( prazerosamente ) fingidas – as
que partem do desejo humano – ASCENSÃO, PODER E GOZO; e
outra (dolorosamente ) verídicas – as que são da natureza, infalíveis
– A DOENÇA, A MORTE, A VELHICE, O TEMPO, O AZAR...
• No livro, constata-se que as verídicas se impõem aos homens
independentemente se suas vontades tornando as fingidas falíveis.
• Não há crítica direta ou aberta aos personagens – ela é implícita –
o leitor é que tem que perceber as características dos mesmos.
• O autor, nesta obra, acabou com o sentimentalismo, o moralismo
superficial, a fictícia unidade da pessoa humana, as frases piegas, o
receio de chocar preconceitos, a concepção do domínio do amor
sobre todas as outras paixões.

Romance psicológico
• O seu enfoque central não é a vida social ou a
descrição das paisagens, mas a forma como
seus personagens veem e sentem as
circunstâncias em que vivem. Em vez de
enfatizar os espaços externos, investe na
caracterização interior dos personagens, com
suas contradições e problemáticas
existenciais.

Narrador






1ª pessoa - personagem “esférico”,
Personagem principal – sua visão do mundo
Defunto –autor X Autor-defunto- importância
"Falo sem temer mais nada”
Típico burguês da segunda metade do século XIX, encarna o homem que
passou a vida sem conquistar nenhuma realização efetiva. Se na infância o
personagem fora uma criança abastada e protegida, torna-se um jovem
adulto leviano, em busca da melhor maneira de tirar vantagem.
• Na maturidade, começa a buscar a compensação pela existência sem nada
de notável, sem filhos ou realizações: consegue um cargo público, busca
notoriedade e respeitabilidade ao querer tornar-se ministro. Pouco antes
de morrer, imagina ainda um último modo de se perpetuar: inventando
um emplasto, uma medicação sublime.
• o defunto-narrador-autor é representação metafórica de um Brasil
escravista, contaminado por contradições entre o arcaico e o moderno.

O foco narrativo em primeira pessoa dá ao personagem Brás Cubas o
monopólio do texto. Aparentemente, seu relato caracteriza-se por uma
postura de isenção, ou seja, prima pela imparcialidade, já que um morto
não teria qualquer necessidade de mentir, já que deixara o mundo dos
vivos e, assim, abandonara qualquer comprometimento, ilusão ou
envolvimento.

No entanto, se observarmos com cuidado, a obra só poderá ser
entendida se começarmos por analisar o que o personagem conta,
procurando perceber certos sinais, que indicam que ele mente, exagera
e chega, inclusive, a ser incongruente. Brás Cubas manipula a história,
mostra-se sempre superior, com mania de grandeza, desde o início de
seu relato. Chega a comparar seu relato ao Pentateuco, que é um livro
sagrado, histórico, fundador de uma tradição religiosa, atribuído a
Moisés, um profeta universalmente importante, insinuando que a
diferença radical entre este relato e o seu seria apenas o fato de Brás
narrar sua existência partindo da morte e Moisés, seguindo a cronologia
normal, tomando o nascimento como início. Logicamente, apenas um
grande presunçoso não perceberia a diferença entre as duas narrativas,
o grau de importância de cada uma, o que nos revela o grande
presunçoso que ainda vive no "defunto-autor" Brás Cubas.

Tempo
• Digressões , flashback e cronológico
• A sequência do livro não é determinada pela cronologia dos
fatos, mas pelo encadeamento das reflexões do
personagem. Uma lembrança puxa a outra e o narrador
Brás Cubas, que prometera contar uma determinada
história, comenta todos os outros fatos que a envolvem,
para retomar o tema anunciado muitos capítulos depois.
• Época do primeiro ao segundo império – escravidão. A
sustentação do país era agrária, a elite consumia
estrangeirismos
• No livro, o tempo que envelhece as pessoas e lhes destrói
as ilusões é uma das estruturas centrais

Técnicas machadianas






Ironia - Machado de Assis utiliza-se da ironia como um recurso para fazer o leitor
desconfiar das declarações, pensamentos e conclusões do narrador Brás
Cubas. “Bom e fiel amigo! Não, não me arrependo das vinte apólices que lhe
deixei".
Digressão - É o que acontece, por exemplo, na parte inicial do romance, quando
Brás Cubas deixa em suspenso por vários capítulos a explicação para sua morte,
que prometera desde o início, para passear descomprometidamente por assuntos
tão díspares quanto as pirâmides do Egito e a sua árvore genealógica. Quando
volta a falar da causa mortis, é para comentar, com ironia "...acabemos de uma
vez com o nosso emplasto”. Como se já tivesse explicado antes do que se tratava!

Conversa com o leitor - O leitor de Machado é constantemente solicitado a
interagir criticamente com a obra, distanciando-se ainda mais do modelo de
leitura proposto pelos romances românticos, que mobilizam a emoção e a
imaginação.
“Veja o leitor a comparação que melhor lhe quadrar, veja-a e não esteja daí a torcerme o nariz, só porque ainda não chegamos à parte narrativa destas memórias. Lá
iremos. Creio que prefere a anedota à reflexão, como os outros leitores, seus
confrades, e acho que faz muito bem”.

Técnicas machadianas
• Capítulos curtos- Organizados em blocos curtos, são 160 capítulos
• Metalinguagem e experimentação- Exemplo: para traduzir a
frustração de Brás Cubas quando não consegue se tornar ministro,
a solução do autor foi deixar o Capítulo 139 em branco. No capítulo
seguinte, explica:






“Há coisas que melhor se dizem calando; tal é a matéria do
capítulo anterior”.
Eufemismo
Metáforas
Vocabulário elegante
Crítica ao Romantismo- Marcela amou-me durante quinze meses e
onze contos de réis (...)”

As mulheres de Brás







Marcela
Eugênia
Virgília
Nhã Loló
Sabina
Dona Plácida

Pessimismo machadiano
• Na obra, há pessoas felizardas, mas não personagens
felizes. Ninguém é verdadeiro ou sincero.
• Sofremos porque somos egoístas, vaidosos, porque
sonhamos além da conta, porque a sociedade é mal
estruturada, porque os homens se exploram
mutuamente...
• Há uma insistência na dor, no fracasso, na implacável
passagem do tempo – isto tudo vale para o negro,
para o branco, para pobres e para ricos – Não é
Determinista.

Quincas Borba





Amigo de infância
Volta mendigo e enlouquecendo
Prega o Humanitismo
Quincas Borba é importante porque introduz Brás Cubas na teoria
que inventou, o Humanitismo. Na verdade, a teoria do mendigo é
uma caricatura que Machado de Assis faz do positivismo e do
evolucionismo, teorias científicas e filosóficas em voga na época
que atribuem sentido de evolução mesmo às fatalidades da vida.
• A ironia é uma das marcas da obra de Machado de Assis. Nesta obra
isso fica claro quando o autor faz com que uma doutrina de
valorização da vida seja defendida justamente por um mendigo que
morre completamente louco.
• Morre nos braços de Brás

Humanitismo





- Não há morte. O encontro de duas expansões, ou a expansão de duas formas,
pode determinar a supressão de uma delas; mas, rigorosamente, não há morte, há
vida, porque a supressão de uma é princípio universal e comum. Daí o caráter
conservador e benéfico da guerra. Supõe tu um campo de batatas e duas tribos
famintas. As batatas apenas chegam para alimentar uma das tribos que assim
adquire forças para transpor a montanha e e ir à outra vertente, onde há batatas
em abundância; mas, se as duas tribos dividirem em paz as batatas do campo, não
chegam a nutrir-se suficientemente e morrem de inanição. A paz nesse caso, é a
destruição; a guerra é a conservação. Uma das tribos extermina a outra e recolhe
os despojos. Daí a alegria da vitória, os hinos, aclamações, recompensas públicas e
todos os demais feitos das ações bélicas. Se a guerra não fosse isso, tais
demonstrações não chegariam a dar-se, pelo motivo real de que o homem só
comemora e ama o que lhe é aprazível ou vantajoso, e pelo motivo racional de que
nenhuma pessoa canoniza uma ação que virtualmente a destrói. Ao vencido, ódio
ou compaixão; ao vencedor, as batatas.
- Mas a opinião do exterminado?
- Não há exterminado. Desaparece o fenômeno; a substância é a mesma. Nunca
viste ferver água? Hás de lembrar-te que as bolhas fazem-se e desfazem-se de
contínuo, e tudo fica na mesma água. Os indivíduos são essas bolhas transitórias.

Personagens
• Brás Cubas - narrador - morto aos 64 anos - “ainda próspero e
rijo”, fidalgo. Peralta quando criança, mimado pelo pai,
irresponsável quando adolescente, tornou-se um homem
egoísta a ponto de discutir com a irmã pela prataria que fiou
de herança do pai e tornar-se amante da mulher de seu
amigo, Lobo Neves, se bem que nesse romance não se pode
dizer propriamente que alguém é amigo de outro.



Brás Cubas nasceu em 20/10/1805, no Rio
de Janeiro, filho de Bento Cubas, da família
burguesa que enriqueceu com o comércio.
Tinha uma única irmã, Sabina, casada com
Cotrin, com quem teve uma filha, Venância.
Seus tios eram João, oficial da infantaria,
Ildefonso, padre , e Emerenciana, a maior
autoridade de sua infância. Ao falecer, tinha
64 anos (...expirou às duas da tarde de uma
Sexta-feira de agosto de 1869), era solteiro e
em seu enterro compareceram 11 pessoas.
Sua morte foi assistida por 3 mulheres: a
irmã Sabina, a sobrinha e Virgília.

Personagens
• Virgília - filha do comendador Dutra, segundo
o pai de Brás, Bento Cubas: A “Ursa Maior”
amante de Brás Cubas casa-se com Lobo
Neves por interesse. Mulher bonita,
ambiciosa, que parece gostar sinceramente de
Brás Cubas, mas jamais se revela disposta a
romper com sua posição social ou dispensar o
conforto e o reconhecimento da sociedade.

Personagens
• Damião Lobo Neves - casado com Virgília,
homem frio e calculista. Marido de Virgília,
homem sério, integrado ao sistema,
ambicioso, mas muito mais supersticioso, pois
recusou nomeação para presidente de uma
província só porque a referida nomeação
aconteceu num dia 13.

Personagens
• Quincas Borba - menino terrível que dava tombos no paciente
professor Barata, colega de escola de Brás que o encontrará
mais tarde mendigo que rouba-lhe um relógio mas retorna-o
ao colega após receber uma herança. amigo de infância do
protagonista. Desde criança era de um temperamento ativo,
exaltado, querendo ser sempre superior nas brincadeiras.
Cubas diz que ele é impressionante quando brinca de
imperador. Quando adulto, passa pelo estado de mendigo,
evoluindo depois para filósofo e desenvolve um sistema
filosófico, denominado Humanitismo, que pretende superar e
suprimir todos os demais sistemas até tornar-se uma religião.

Personagens
• Marcela - Segundo grande amor de Brás Cubas, uma
prostituta de elite, cujo amor por Brás duraria quinze meses e
onze contos de réis. Mulher sensual, mentirosa, amiga de
rapazes e de dinheiro. Ganha muitas joias do adolescente Brás
Cubas. Contrai varíola e fica feia, com a pela grassa como uma
lixa.
Sabina - irmã do narrador e que, como ele, valoriza mais o
interesse pessoal e a posição social do que amizade ou laços
de parentesco.
Cotrin - casado com Sabina, é interesseiro, traficante de
escravos e cruel com eles, mandando-os castigar até correr
sangue.

Personagens
• Eugênia - Filha de Eusébia e Vilaça, menina bela embora coxa. Era moça
séria, tranquila, dotada de olhos negros e olhar direito e franco.
Tinha “ideias claras, maneiras chãs, certa graça natural, um ar de senhora,
e não sei se alguma outra cousa; sim, a boca exatamente a boca da mãe".
Nhá Loló - moça simplória, tinha dotes de soprano - morre de febre
amarela.
Nhonhô - filho de Virgília.

D. Plácida empregada de Virgília confidente e protetora de sua relação
extra conjugal.


Slide 10

Memórias póstumas de Brás
Cubas
Machado de Assis

Ao verme que primeiro roeu as
frias carnes do meu cadáver
dedico com saudosa lembrança
estas memórias póstumas.

Movimento literário
• Realismo brasileiro
• Escrito a princípio como folhetim, de março a dezembro de 1880,
na Revista Brasileira, para, no ano seguinte, ser publicado
como livro, pela então Tipografia Nacional.
• Publicado em 1881 – marco inicial do Realismo no Brasil e obra
inicial da produção realista do autor
• Memórias Póstumas de Brás Cubas retrata a escravidão, as classes
sociais, o cientificismo e o positivismo da época, chegando a criar,
inclusive, uma nova filosofia, mais bem desenvolvida
posteriormente em Quincas Borba (1891) — o Humanitismo, sátira
à lei do mais forte. Críticos escrevem que, com esse romance,
Machado de Assis precedeu elementos do Modernismo e
do realismo mágico de escritores como Jorge Luis Borges e Julio
Cortázar,
• Primeiro romance psicológico brasileiro

Crítica da sociedade
• O livro é crítico porque analisa a vida, as relações humanas,
mostrando o quanto algumas são ( prazerosamente ) fingidas – as
que partem do desejo humano – ASCENSÃO, PODER E GOZO; e
outra (dolorosamente ) verídicas – as que são da natureza, infalíveis
– A DOENÇA, A MORTE, A VELHICE, O TEMPO, O AZAR...
• No livro, constata-se que as verídicas se impõem aos homens
independentemente se suas vontades tornando as fingidas falíveis.
• Não há crítica direta ou aberta aos personagens – ela é implícita –
o leitor é que tem que perceber as características dos mesmos.
• O autor, nesta obra, acabou com o sentimentalismo, o moralismo
superficial, a fictícia unidade da pessoa humana, as frases piegas, o
receio de chocar preconceitos, a concepção do domínio do amor
sobre todas as outras paixões.

Romance psicológico
• O seu enfoque central não é a vida social ou a
descrição das paisagens, mas a forma como
seus personagens veem e sentem as
circunstâncias em que vivem. Em vez de
enfatizar os espaços externos, investe na
caracterização interior dos personagens, com
suas contradições e problemáticas
existenciais.

Narrador






1ª pessoa - personagem “esférico”,
Personagem principal – sua visão do mundo
Defunto –autor X Autor-defunto- importância
"Falo sem temer mais nada”
Típico burguês da segunda metade do século XIX, encarna o homem que
passou a vida sem conquistar nenhuma realização efetiva. Se na infância o
personagem fora uma criança abastada e protegida, torna-se um jovem
adulto leviano, em busca da melhor maneira de tirar vantagem.
• Na maturidade, começa a buscar a compensação pela existência sem nada
de notável, sem filhos ou realizações: consegue um cargo público, busca
notoriedade e respeitabilidade ao querer tornar-se ministro. Pouco antes
de morrer, imagina ainda um último modo de se perpetuar: inventando
um emplasto, uma medicação sublime.
• o defunto-narrador-autor é representação metafórica de um Brasil
escravista, contaminado por contradições entre o arcaico e o moderno.

O foco narrativo em primeira pessoa dá ao personagem Brás Cubas o
monopólio do texto. Aparentemente, seu relato caracteriza-se por uma
postura de isenção, ou seja, prima pela imparcialidade, já que um morto
não teria qualquer necessidade de mentir, já que deixara o mundo dos
vivos e, assim, abandonara qualquer comprometimento, ilusão ou
envolvimento.

No entanto, se observarmos com cuidado, a obra só poderá ser
entendida se começarmos por analisar o que o personagem conta,
procurando perceber certos sinais, que indicam que ele mente, exagera
e chega, inclusive, a ser incongruente. Brás Cubas manipula a história,
mostra-se sempre superior, com mania de grandeza, desde o início de
seu relato. Chega a comparar seu relato ao Pentateuco, que é um livro
sagrado, histórico, fundador de uma tradição religiosa, atribuído a
Moisés, um profeta universalmente importante, insinuando que a
diferença radical entre este relato e o seu seria apenas o fato de Brás
narrar sua existência partindo da morte e Moisés, seguindo a cronologia
normal, tomando o nascimento como início. Logicamente, apenas um
grande presunçoso não perceberia a diferença entre as duas narrativas,
o grau de importância de cada uma, o que nos revela o grande
presunçoso que ainda vive no "defunto-autor" Brás Cubas.

Tempo
• Digressões , flashback e cronológico
• A sequência do livro não é determinada pela cronologia dos
fatos, mas pelo encadeamento das reflexões do
personagem. Uma lembrança puxa a outra e o narrador
Brás Cubas, que prometera contar uma determinada
história, comenta todos os outros fatos que a envolvem,
para retomar o tema anunciado muitos capítulos depois.
• Época do primeiro ao segundo império – escravidão. A
sustentação do país era agrária, a elite consumia
estrangeirismos
• No livro, o tempo que envelhece as pessoas e lhes destrói
as ilusões é uma das estruturas centrais

Técnicas machadianas






Ironia - Machado de Assis utiliza-se da ironia como um recurso para fazer o leitor
desconfiar das declarações, pensamentos e conclusões do narrador Brás
Cubas. “Bom e fiel amigo! Não, não me arrependo das vinte apólices que lhe
deixei".
Digressão - É o que acontece, por exemplo, na parte inicial do romance, quando
Brás Cubas deixa em suspenso por vários capítulos a explicação para sua morte,
que prometera desde o início, para passear descomprometidamente por assuntos
tão díspares quanto as pirâmides do Egito e a sua árvore genealógica. Quando
volta a falar da causa mortis, é para comentar, com ironia "...acabemos de uma
vez com o nosso emplasto”. Como se já tivesse explicado antes do que se tratava!

Conversa com o leitor - O leitor de Machado é constantemente solicitado a
interagir criticamente com a obra, distanciando-se ainda mais do modelo de
leitura proposto pelos romances românticos, que mobilizam a emoção e a
imaginação.
“Veja o leitor a comparação que melhor lhe quadrar, veja-a e não esteja daí a torcerme o nariz, só porque ainda não chegamos à parte narrativa destas memórias. Lá
iremos. Creio que prefere a anedota à reflexão, como os outros leitores, seus
confrades, e acho que faz muito bem”.

Técnicas machadianas
• Capítulos curtos- Organizados em blocos curtos, são 160 capítulos
• Metalinguagem e experimentação- Exemplo: para traduzir a
frustração de Brás Cubas quando não consegue se tornar ministro,
a solução do autor foi deixar o Capítulo 139 em branco. No capítulo
seguinte, explica:






“Há coisas que melhor se dizem calando; tal é a matéria do
capítulo anterior”.
Eufemismo
Metáforas
Vocabulário elegante
Crítica ao Romantismo- Marcela amou-me durante quinze meses e
onze contos de réis (...)”

As mulheres de Brás







Marcela
Eugênia
Virgília
Nhã Loló
Sabina
Dona Plácida

Pessimismo machadiano
• Na obra, há pessoas felizardas, mas não personagens
felizes. Ninguém é verdadeiro ou sincero.
• Sofremos porque somos egoístas, vaidosos, porque
sonhamos além da conta, porque a sociedade é mal
estruturada, porque os homens se exploram
mutuamente...
• Há uma insistência na dor, no fracasso, na implacável
passagem do tempo – isto tudo vale para o negro,
para o branco, para pobres e para ricos – Não é
Determinista.

Quincas Borba





Amigo de infância
Volta mendigo e enlouquecendo
Prega o Humanitismo
Quincas Borba é importante porque introduz Brás Cubas na teoria
que inventou, o Humanitismo. Na verdade, a teoria do mendigo é
uma caricatura que Machado de Assis faz do positivismo e do
evolucionismo, teorias científicas e filosóficas em voga na época
que atribuem sentido de evolução mesmo às fatalidades da vida.
• A ironia é uma das marcas da obra de Machado de Assis. Nesta obra
isso fica claro quando o autor faz com que uma doutrina de
valorização da vida seja defendida justamente por um mendigo que
morre completamente louco.
• Morre nos braços de Brás

Humanitismo





- Não há morte. O encontro de duas expansões, ou a expansão de duas formas,
pode determinar a supressão de uma delas; mas, rigorosamente, não há morte, há
vida, porque a supressão de uma é princípio universal e comum. Daí o caráter
conservador e benéfico da guerra. Supõe tu um campo de batatas e duas tribos
famintas. As batatas apenas chegam para alimentar uma das tribos que assim
adquire forças para transpor a montanha e e ir à outra vertente, onde há batatas
em abundância; mas, se as duas tribos dividirem em paz as batatas do campo, não
chegam a nutrir-se suficientemente e morrem de inanição. A paz nesse caso, é a
destruição; a guerra é a conservação. Uma das tribos extermina a outra e recolhe
os despojos. Daí a alegria da vitória, os hinos, aclamações, recompensas públicas e
todos os demais feitos das ações bélicas. Se a guerra não fosse isso, tais
demonstrações não chegariam a dar-se, pelo motivo real de que o homem só
comemora e ama o que lhe é aprazível ou vantajoso, e pelo motivo racional de que
nenhuma pessoa canoniza uma ação que virtualmente a destrói. Ao vencido, ódio
ou compaixão; ao vencedor, as batatas.
- Mas a opinião do exterminado?
- Não há exterminado. Desaparece o fenômeno; a substância é a mesma. Nunca
viste ferver água? Hás de lembrar-te que as bolhas fazem-se e desfazem-se de
contínuo, e tudo fica na mesma água. Os indivíduos são essas bolhas transitórias.

Personagens
• Brás Cubas - narrador - morto aos 64 anos - “ainda próspero e
rijo”, fidalgo. Peralta quando criança, mimado pelo pai,
irresponsável quando adolescente, tornou-se um homem
egoísta a ponto de discutir com a irmã pela prataria que fiou
de herança do pai e tornar-se amante da mulher de seu
amigo, Lobo Neves, se bem que nesse romance não se pode
dizer propriamente que alguém é amigo de outro.



Brás Cubas nasceu em 20/10/1805, no Rio
de Janeiro, filho de Bento Cubas, da família
burguesa que enriqueceu com o comércio.
Tinha uma única irmã, Sabina, casada com
Cotrin, com quem teve uma filha, Venância.
Seus tios eram João, oficial da infantaria,
Ildefonso, padre , e Emerenciana, a maior
autoridade de sua infância. Ao falecer, tinha
64 anos (...expirou às duas da tarde de uma
Sexta-feira de agosto de 1869), era solteiro e
em seu enterro compareceram 11 pessoas.
Sua morte foi assistida por 3 mulheres: a
irmã Sabina, a sobrinha e Virgília.

Personagens
• Virgília - filha do comendador Dutra, segundo
o pai de Brás, Bento Cubas: A “Ursa Maior”
amante de Brás Cubas casa-se com Lobo
Neves por interesse. Mulher bonita,
ambiciosa, que parece gostar sinceramente de
Brás Cubas, mas jamais se revela disposta a
romper com sua posição social ou dispensar o
conforto e o reconhecimento da sociedade.

Personagens
• Damião Lobo Neves - casado com Virgília,
homem frio e calculista. Marido de Virgília,
homem sério, integrado ao sistema,
ambicioso, mas muito mais supersticioso, pois
recusou nomeação para presidente de uma
província só porque a referida nomeação
aconteceu num dia 13.

Personagens
• Quincas Borba - menino terrível que dava tombos no paciente
professor Barata, colega de escola de Brás que o encontrará
mais tarde mendigo que rouba-lhe um relógio mas retorna-o
ao colega após receber uma herança. amigo de infância do
protagonista. Desde criança era de um temperamento ativo,
exaltado, querendo ser sempre superior nas brincadeiras.
Cubas diz que ele é impressionante quando brinca de
imperador. Quando adulto, passa pelo estado de mendigo,
evoluindo depois para filósofo e desenvolve um sistema
filosófico, denominado Humanitismo, que pretende superar e
suprimir todos os demais sistemas até tornar-se uma religião.

Personagens
• Marcela - Segundo grande amor de Brás Cubas, uma
prostituta de elite, cujo amor por Brás duraria quinze meses e
onze contos de réis. Mulher sensual, mentirosa, amiga de
rapazes e de dinheiro. Ganha muitas joias do adolescente Brás
Cubas. Contrai varíola e fica feia, com a pela grassa como uma
lixa.
Sabina - irmã do narrador e que, como ele, valoriza mais o
interesse pessoal e a posição social do que amizade ou laços
de parentesco.
Cotrin - casado com Sabina, é interesseiro, traficante de
escravos e cruel com eles, mandando-os castigar até correr
sangue.

Personagens
• Eugênia - Filha de Eusébia e Vilaça, menina bela embora coxa. Era moça
séria, tranquila, dotada de olhos negros e olhar direito e franco.
Tinha “ideias claras, maneiras chãs, certa graça natural, um ar de senhora,
e não sei se alguma outra cousa; sim, a boca exatamente a boca da mãe".
Nhá Loló - moça simplória, tinha dotes de soprano - morre de febre
amarela.
Nhonhô - filho de Virgília.

D. Plácida empregada de Virgília confidente e protetora de sua relação
extra conjugal.


Slide 11

Memórias póstumas de Brás
Cubas
Machado de Assis

Ao verme que primeiro roeu as
frias carnes do meu cadáver
dedico com saudosa lembrança
estas memórias póstumas.

Movimento literário
• Realismo brasileiro
• Escrito a princípio como folhetim, de março a dezembro de 1880,
na Revista Brasileira, para, no ano seguinte, ser publicado
como livro, pela então Tipografia Nacional.
• Publicado em 1881 – marco inicial do Realismo no Brasil e obra
inicial da produção realista do autor
• Memórias Póstumas de Brás Cubas retrata a escravidão, as classes
sociais, o cientificismo e o positivismo da época, chegando a criar,
inclusive, uma nova filosofia, mais bem desenvolvida
posteriormente em Quincas Borba (1891) — o Humanitismo, sátira
à lei do mais forte. Críticos escrevem que, com esse romance,
Machado de Assis precedeu elementos do Modernismo e
do realismo mágico de escritores como Jorge Luis Borges e Julio
Cortázar,
• Primeiro romance psicológico brasileiro

Crítica da sociedade
• O livro é crítico porque analisa a vida, as relações humanas,
mostrando o quanto algumas são ( prazerosamente ) fingidas – as
que partem do desejo humano – ASCENSÃO, PODER E GOZO; e
outra (dolorosamente ) verídicas – as que são da natureza, infalíveis
– A DOENÇA, A MORTE, A VELHICE, O TEMPO, O AZAR...
• No livro, constata-se que as verídicas se impõem aos homens
independentemente se suas vontades tornando as fingidas falíveis.
• Não há crítica direta ou aberta aos personagens – ela é implícita –
o leitor é que tem que perceber as características dos mesmos.
• O autor, nesta obra, acabou com o sentimentalismo, o moralismo
superficial, a fictícia unidade da pessoa humana, as frases piegas, o
receio de chocar preconceitos, a concepção do domínio do amor
sobre todas as outras paixões.

Romance psicológico
• O seu enfoque central não é a vida social ou a
descrição das paisagens, mas a forma como
seus personagens veem e sentem as
circunstâncias em que vivem. Em vez de
enfatizar os espaços externos, investe na
caracterização interior dos personagens, com
suas contradições e problemáticas
existenciais.

Narrador






1ª pessoa - personagem “esférico”,
Personagem principal – sua visão do mundo
Defunto –autor X Autor-defunto- importância
"Falo sem temer mais nada”
Típico burguês da segunda metade do século XIX, encarna o homem que
passou a vida sem conquistar nenhuma realização efetiva. Se na infância o
personagem fora uma criança abastada e protegida, torna-se um jovem
adulto leviano, em busca da melhor maneira de tirar vantagem.
• Na maturidade, começa a buscar a compensação pela existência sem nada
de notável, sem filhos ou realizações: consegue um cargo público, busca
notoriedade e respeitabilidade ao querer tornar-se ministro. Pouco antes
de morrer, imagina ainda um último modo de se perpetuar: inventando
um emplasto, uma medicação sublime.
• o defunto-narrador-autor é representação metafórica de um Brasil
escravista, contaminado por contradições entre o arcaico e o moderno.

O foco narrativo em primeira pessoa dá ao personagem Brás Cubas o
monopólio do texto. Aparentemente, seu relato caracteriza-se por uma
postura de isenção, ou seja, prima pela imparcialidade, já que um morto
não teria qualquer necessidade de mentir, já que deixara o mundo dos
vivos e, assim, abandonara qualquer comprometimento, ilusão ou
envolvimento.

No entanto, se observarmos com cuidado, a obra só poderá ser
entendida se começarmos por analisar o que o personagem conta,
procurando perceber certos sinais, que indicam que ele mente, exagera
e chega, inclusive, a ser incongruente. Brás Cubas manipula a história,
mostra-se sempre superior, com mania de grandeza, desde o início de
seu relato. Chega a comparar seu relato ao Pentateuco, que é um livro
sagrado, histórico, fundador de uma tradição religiosa, atribuído a
Moisés, um profeta universalmente importante, insinuando que a
diferença radical entre este relato e o seu seria apenas o fato de Brás
narrar sua existência partindo da morte e Moisés, seguindo a cronologia
normal, tomando o nascimento como início. Logicamente, apenas um
grande presunçoso não perceberia a diferença entre as duas narrativas,
o grau de importância de cada uma, o que nos revela o grande
presunçoso que ainda vive no "defunto-autor" Brás Cubas.

Tempo
• Digressões , flashback e cronológico
• A sequência do livro não é determinada pela cronologia dos
fatos, mas pelo encadeamento das reflexões do
personagem. Uma lembrança puxa a outra e o narrador
Brás Cubas, que prometera contar uma determinada
história, comenta todos os outros fatos que a envolvem,
para retomar o tema anunciado muitos capítulos depois.
• Época do primeiro ao segundo império – escravidão. A
sustentação do país era agrária, a elite consumia
estrangeirismos
• No livro, o tempo que envelhece as pessoas e lhes destrói
as ilusões é uma das estruturas centrais

Técnicas machadianas






Ironia - Machado de Assis utiliza-se da ironia como um recurso para fazer o leitor
desconfiar das declarações, pensamentos e conclusões do narrador Brás
Cubas. “Bom e fiel amigo! Não, não me arrependo das vinte apólices que lhe
deixei".
Digressão - É o que acontece, por exemplo, na parte inicial do romance, quando
Brás Cubas deixa em suspenso por vários capítulos a explicação para sua morte,
que prometera desde o início, para passear descomprometidamente por assuntos
tão díspares quanto as pirâmides do Egito e a sua árvore genealógica. Quando
volta a falar da causa mortis, é para comentar, com ironia "...acabemos de uma
vez com o nosso emplasto”. Como se já tivesse explicado antes do que se tratava!

Conversa com o leitor - O leitor de Machado é constantemente solicitado a
interagir criticamente com a obra, distanciando-se ainda mais do modelo de
leitura proposto pelos romances românticos, que mobilizam a emoção e a
imaginação.
“Veja o leitor a comparação que melhor lhe quadrar, veja-a e não esteja daí a torcerme o nariz, só porque ainda não chegamos à parte narrativa destas memórias. Lá
iremos. Creio que prefere a anedota à reflexão, como os outros leitores, seus
confrades, e acho que faz muito bem”.

Técnicas machadianas
• Capítulos curtos- Organizados em blocos curtos, são 160 capítulos
• Metalinguagem e experimentação- Exemplo: para traduzir a
frustração de Brás Cubas quando não consegue se tornar ministro,
a solução do autor foi deixar o Capítulo 139 em branco. No capítulo
seguinte, explica:






“Há coisas que melhor se dizem calando; tal é a matéria do
capítulo anterior”.
Eufemismo
Metáforas
Vocabulário elegante
Crítica ao Romantismo- Marcela amou-me durante quinze meses e
onze contos de réis (...)”

As mulheres de Brás







Marcela
Eugênia
Virgília
Nhã Loló
Sabina
Dona Plácida

Pessimismo machadiano
• Na obra, há pessoas felizardas, mas não personagens
felizes. Ninguém é verdadeiro ou sincero.
• Sofremos porque somos egoístas, vaidosos, porque
sonhamos além da conta, porque a sociedade é mal
estruturada, porque os homens se exploram
mutuamente...
• Há uma insistência na dor, no fracasso, na implacável
passagem do tempo – isto tudo vale para o negro,
para o branco, para pobres e para ricos – Não é
Determinista.

Quincas Borba





Amigo de infância
Volta mendigo e enlouquecendo
Prega o Humanitismo
Quincas Borba é importante porque introduz Brás Cubas na teoria
que inventou, o Humanitismo. Na verdade, a teoria do mendigo é
uma caricatura que Machado de Assis faz do positivismo e do
evolucionismo, teorias científicas e filosóficas em voga na época
que atribuem sentido de evolução mesmo às fatalidades da vida.
• A ironia é uma das marcas da obra de Machado de Assis. Nesta obra
isso fica claro quando o autor faz com que uma doutrina de
valorização da vida seja defendida justamente por um mendigo que
morre completamente louco.
• Morre nos braços de Brás

Humanitismo





- Não há morte. O encontro de duas expansões, ou a expansão de duas formas,
pode determinar a supressão de uma delas; mas, rigorosamente, não há morte, há
vida, porque a supressão de uma é princípio universal e comum. Daí o caráter
conservador e benéfico da guerra. Supõe tu um campo de batatas e duas tribos
famintas. As batatas apenas chegam para alimentar uma das tribos que assim
adquire forças para transpor a montanha e e ir à outra vertente, onde há batatas
em abundância; mas, se as duas tribos dividirem em paz as batatas do campo, não
chegam a nutrir-se suficientemente e morrem de inanição. A paz nesse caso, é a
destruição; a guerra é a conservação. Uma das tribos extermina a outra e recolhe
os despojos. Daí a alegria da vitória, os hinos, aclamações, recompensas públicas e
todos os demais feitos das ações bélicas. Se a guerra não fosse isso, tais
demonstrações não chegariam a dar-se, pelo motivo real de que o homem só
comemora e ama o que lhe é aprazível ou vantajoso, e pelo motivo racional de que
nenhuma pessoa canoniza uma ação que virtualmente a destrói. Ao vencido, ódio
ou compaixão; ao vencedor, as batatas.
- Mas a opinião do exterminado?
- Não há exterminado. Desaparece o fenômeno; a substância é a mesma. Nunca
viste ferver água? Hás de lembrar-te que as bolhas fazem-se e desfazem-se de
contínuo, e tudo fica na mesma água. Os indivíduos são essas bolhas transitórias.

Personagens
• Brás Cubas - narrador - morto aos 64 anos - “ainda próspero e
rijo”, fidalgo. Peralta quando criança, mimado pelo pai,
irresponsável quando adolescente, tornou-se um homem
egoísta a ponto de discutir com a irmã pela prataria que fiou
de herança do pai e tornar-se amante da mulher de seu
amigo, Lobo Neves, se bem que nesse romance não se pode
dizer propriamente que alguém é amigo de outro.



Brás Cubas nasceu em 20/10/1805, no Rio
de Janeiro, filho de Bento Cubas, da família
burguesa que enriqueceu com o comércio.
Tinha uma única irmã, Sabina, casada com
Cotrin, com quem teve uma filha, Venância.
Seus tios eram João, oficial da infantaria,
Ildefonso, padre , e Emerenciana, a maior
autoridade de sua infância. Ao falecer, tinha
64 anos (...expirou às duas da tarde de uma
Sexta-feira de agosto de 1869), era solteiro e
em seu enterro compareceram 11 pessoas.
Sua morte foi assistida por 3 mulheres: a
irmã Sabina, a sobrinha e Virgília.

Personagens
• Virgília - filha do comendador Dutra, segundo
o pai de Brás, Bento Cubas: A “Ursa Maior”
amante de Brás Cubas casa-se com Lobo
Neves por interesse. Mulher bonita,
ambiciosa, que parece gostar sinceramente de
Brás Cubas, mas jamais se revela disposta a
romper com sua posição social ou dispensar o
conforto e o reconhecimento da sociedade.

Personagens
• Damião Lobo Neves - casado com Virgília,
homem frio e calculista. Marido de Virgília,
homem sério, integrado ao sistema,
ambicioso, mas muito mais supersticioso, pois
recusou nomeação para presidente de uma
província só porque a referida nomeação
aconteceu num dia 13.

Personagens
• Quincas Borba - menino terrível que dava tombos no paciente
professor Barata, colega de escola de Brás que o encontrará
mais tarde mendigo que rouba-lhe um relógio mas retorna-o
ao colega após receber uma herança. amigo de infância do
protagonista. Desde criança era de um temperamento ativo,
exaltado, querendo ser sempre superior nas brincadeiras.
Cubas diz que ele é impressionante quando brinca de
imperador. Quando adulto, passa pelo estado de mendigo,
evoluindo depois para filósofo e desenvolve um sistema
filosófico, denominado Humanitismo, que pretende superar e
suprimir todos os demais sistemas até tornar-se uma religião.

Personagens
• Marcela - Segundo grande amor de Brás Cubas, uma
prostituta de elite, cujo amor por Brás duraria quinze meses e
onze contos de réis. Mulher sensual, mentirosa, amiga de
rapazes e de dinheiro. Ganha muitas joias do adolescente Brás
Cubas. Contrai varíola e fica feia, com a pela grassa como uma
lixa.
Sabina - irmã do narrador e que, como ele, valoriza mais o
interesse pessoal e a posição social do que amizade ou laços
de parentesco.
Cotrin - casado com Sabina, é interesseiro, traficante de
escravos e cruel com eles, mandando-os castigar até correr
sangue.

Personagens
• Eugênia - Filha de Eusébia e Vilaça, menina bela embora coxa. Era moça
séria, tranquila, dotada de olhos negros e olhar direito e franco.
Tinha “ideias claras, maneiras chãs, certa graça natural, um ar de senhora,
e não sei se alguma outra cousa; sim, a boca exatamente a boca da mãe".
Nhá Loló - moça simplória, tinha dotes de soprano - morre de febre
amarela.
Nhonhô - filho de Virgília.

D. Plácida empregada de Virgília confidente e protetora de sua relação
extra conjugal.


Slide 12

Memórias póstumas de Brás
Cubas
Machado de Assis

Ao verme que primeiro roeu as
frias carnes do meu cadáver
dedico com saudosa lembrança
estas memórias póstumas.

Movimento literário
• Realismo brasileiro
• Escrito a princípio como folhetim, de março a dezembro de 1880,
na Revista Brasileira, para, no ano seguinte, ser publicado
como livro, pela então Tipografia Nacional.
• Publicado em 1881 – marco inicial do Realismo no Brasil e obra
inicial da produção realista do autor
• Memórias Póstumas de Brás Cubas retrata a escravidão, as classes
sociais, o cientificismo e o positivismo da época, chegando a criar,
inclusive, uma nova filosofia, mais bem desenvolvida
posteriormente em Quincas Borba (1891) — o Humanitismo, sátira
à lei do mais forte. Críticos escrevem que, com esse romance,
Machado de Assis precedeu elementos do Modernismo e
do realismo mágico de escritores como Jorge Luis Borges e Julio
Cortázar,
• Primeiro romance psicológico brasileiro

Crítica da sociedade
• O livro é crítico porque analisa a vida, as relações humanas,
mostrando o quanto algumas são ( prazerosamente ) fingidas – as
que partem do desejo humano – ASCENSÃO, PODER E GOZO; e
outra (dolorosamente ) verídicas – as que são da natureza, infalíveis
– A DOENÇA, A MORTE, A VELHICE, O TEMPO, O AZAR...
• No livro, constata-se que as verídicas se impõem aos homens
independentemente se suas vontades tornando as fingidas falíveis.
• Não há crítica direta ou aberta aos personagens – ela é implícita –
o leitor é que tem que perceber as características dos mesmos.
• O autor, nesta obra, acabou com o sentimentalismo, o moralismo
superficial, a fictícia unidade da pessoa humana, as frases piegas, o
receio de chocar preconceitos, a concepção do domínio do amor
sobre todas as outras paixões.

Romance psicológico
• O seu enfoque central não é a vida social ou a
descrição das paisagens, mas a forma como
seus personagens veem e sentem as
circunstâncias em que vivem. Em vez de
enfatizar os espaços externos, investe na
caracterização interior dos personagens, com
suas contradições e problemáticas
existenciais.

Narrador






1ª pessoa - personagem “esférico”,
Personagem principal – sua visão do mundo
Defunto –autor X Autor-defunto- importância
"Falo sem temer mais nada”
Típico burguês da segunda metade do século XIX, encarna o homem que
passou a vida sem conquistar nenhuma realização efetiva. Se na infância o
personagem fora uma criança abastada e protegida, torna-se um jovem
adulto leviano, em busca da melhor maneira de tirar vantagem.
• Na maturidade, começa a buscar a compensação pela existência sem nada
de notável, sem filhos ou realizações: consegue um cargo público, busca
notoriedade e respeitabilidade ao querer tornar-se ministro. Pouco antes
de morrer, imagina ainda um último modo de se perpetuar: inventando
um emplasto, uma medicação sublime.
• o defunto-narrador-autor é representação metafórica de um Brasil
escravista, contaminado por contradições entre o arcaico e o moderno.

O foco narrativo em primeira pessoa dá ao personagem Brás Cubas o
monopólio do texto. Aparentemente, seu relato caracteriza-se por uma
postura de isenção, ou seja, prima pela imparcialidade, já que um morto
não teria qualquer necessidade de mentir, já que deixara o mundo dos
vivos e, assim, abandonara qualquer comprometimento, ilusão ou
envolvimento.

No entanto, se observarmos com cuidado, a obra só poderá ser
entendida se começarmos por analisar o que o personagem conta,
procurando perceber certos sinais, que indicam que ele mente, exagera
e chega, inclusive, a ser incongruente. Brás Cubas manipula a história,
mostra-se sempre superior, com mania de grandeza, desde o início de
seu relato. Chega a comparar seu relato ao Pentateuco, que é um livro
sagrado, histórico, fundador de uma tradição religiosa, atribuído a
Moisés, um profeta universalmente importante, insinuando que a
diferença radical entre este relato e o seu seria apenas o fato de Brás
narrar sua existência partindo da morte e Moisés, seguindo a cronologia
normal, tomando o nascimento como início. Logicamente, apenas um
grande presunçoso não perceberia a diferença entre as duas narrativas,
o grau de importância de cada uma, o que nos revela o grande
presunçoso que ainda vive no "defunto-autor" Brás Cubas.

Tempo
• Digressões , flashback e cronológico
• A sequência do livro não é determinada pela cronologia dos
fatos, mas pelo encadeamento das reflexões do
personagem. Uma lembrança puxa a outra e o narrador
Brás Cubas, que prometera contar uma determinada
história, comenta todos os outros fatos que a envolvem,
para retomar o tema anunciado muitos capítulos depois.
• Época do primeiro ao segundo império – escravidão. A
sustentação do país era agrária, a elite consumia
estrangeirismos
• No livro, o tempo que envelhece as pessoas e lhes destrói
as ilusões é uma das estruturas centrais

Técnicas machadianas






Ironia - Machado de Assis utiliza-se da ironia como um recurso para fazer o leitor
desconfiar das declarações, pensamentos e conclusões do narrador Brás
Cubas. “Bom e fiel amigo! Não, não me arrependo das vinte apólices que lhe
deixei".
Digressão - É o que acontece, por exemplo, na parte inicial do romance, quando
Brás Cubas deixa em suspenso por vários capítulos a explicação para sua morte,
que prometera desde o início, para passear descomprometidamente por assuntos
tão díspares quanto as pirâmides do Egito e a sua árvore genealógica. Quando
volta a falar da causa mortis, é para comentar, com ironia "...acabemos de uma
vez com o nosso emplasto”. Como se já tivesse explicado antes do que se tratava!

Conversa com o leitor - O leitor de Machado é constantemente solicitado a
interagir criticamente com a obra, distanciando-se ainda mais do modelo de
leitura proposto pelos romances românticos, que mobilizam a emoção e a
imaginação.
“Veja o leitor a comparação que melhor lhe quadrar, veja-a e não esteja daí a torcerme o nariz, só porque ainda não chegamos à parte narrativa destas memórias. Lá
iremos. Creio que prefere a anedota à reflexão, como os outros leitores, seus
confrades, e acho que faz muito bem”.

Técnicas machadianas
• Capítulos curtos- Organizados em blocos curtos, são 160 capítulos
• Metalinguagem e experimentação- Exemplo: para traduzir a
frustração de Brás Cubas quando não consegue se tornar ministro,
a solução do autor foi deixar o Capítulo 139 em branco. No capítulo
seguinte, explica:






“Há coisas que melhor se dizem calando; tal é a matéria do
capítulo anterior”.
Eufemismo
Metáforas
Vocabulário elegante
Crítica ao Romantismo- Marcela amou-me durante quinze meses e
onze contos de réis (...)”

As mulheres de Brás







Marcela
Eugênia
Virgília
Nhã Loló
Sabina
Dona Plácida

Pessimismo machadiano
• Na obra, há pessoas felizardas, mas não personagens
felizes. Ninguém é verdadeiro ou sincero.
• Sofremos porque somos egoístas, vaidosos, porque
sonhamos além da conta, porque a sociedade é mal
estruturada, porque os homens se exploram
mutuamente...
• Há uma insistência na dor, no fracasso, na implacável
passagem do tempo – isto tudo vale para o negro,
para o branco, para pobres e para ricos – Não é
Determinista.

Quincas Borba





Amigo de infância
Volta mendigo e enlouquecendo
Prega o Humanitismo
Quincas Borba é importante porque introduz Brás Cubas na teoria
que inventou, o Humanitismo. Na verdade, a teoria do mendigo é
uma caricatura que Machado de Assis faz do positivismo e do
evolucionismo, teorias científicas e filosóficas em voga na época
que atribuem sentido de evolução mesmo às fatalidades da vida.
• A ironia é uma das marcas da obra de Machado de Assis. Nesta obra
isso fica claro quando o autor faz com que uma doutrina de
valorização da vida seja defendida justamente por um mendigo que
morre completamente louco.
• Morre nos braços de Brás

Humanitismo





- Não há morte. O encontro de duas expansões, ou a expansão de duas formas,
pode determinar a supressão de uma delas; mas, rigorosamente, não há morte, há
vida, porque a supressão de uma é princípio universal e comum. Daí o caráter
conservador e benéfico da guerra. Supõe tu um campo de batatas e duas tribos
famintas. As batatas apenas chegam para alimentar uma das tribos que assim
adquire forças para transpor a montanha e e ir à outra vertente, onde há batatas
em abundância; mas, se as duas tribos dividirem em paz as batatas do campo, não
chegam a nutrir-se suficientemente e morrem de inanição. A paz nesse caso, é a
destruição; a guerra é a conservação. Uma das tribos extermina a outra e recolhe
os despojos. Daí a alegria da vitória, os hinos, aclamações, recompensas públicas e
todos os demais feitos das ações bélicas. Se a guerra não fosse isso, tais
demonstrações não chegariam a dar-se, pelo motivo real de que o homem só
comemora e ama o que lhe é aprazível ou vantajoso, e pelo motivo racional de que
nenhuma pessoa canoniza uma ação que virtualmente a destrói. Ao vencido, ódio
ou compaixão; ao vencedor, as batatas.
- Mas a opinião do exterminado?
- Não há exterminado. Desaparece o fenômeno; a substância é a mesma. Nunca
viste ferver água? Hás de lembrar-te que as bolhas fazem-se e desfazem-se de
contínuo, e tudo fica na mesma água. Os indivíduos são essas bolhas transitórias.

Personagens
• Brás Cubas - narrador - morto aos 64 anos - “ainda próspero e
rijo”, fidalgo. Peralta quando criança, mimado pelo pai,
irresponsável quando adolescente, tornou-se um homem
egoísta a ponto de discutir com a irmã pela prataria que fiou
de herança do pai e tornar-se amante da mulher de seu
amigo, Lobo Neves, se bem que nesse romance não se pode
dizer propriamente que alguém é amigo de outro.



Brás Cubas nasceu em 20/10/1805, no Rio
de Janeiro, filho de Bento Cubas, da família
burguesa que enriqueceu com o comércio.
Tinha uma única irmã, Sabina, casada com
Cotrin, com quem teve uma filha, Venância.
Seus tios eram João, oficial da infantaria,
Ildefonso, padre , e Emerenciana, a maior
autoridade de sua infância. Ao falecer, tinha
64 anos (...expirou às duas da tarde de uma
Sexta-feira de agosto de 1869), era solteiro e
em seu enterro compareceram 11 pessoas.
Sua morte foi assistida por 3 mulheres: a
irmã Sabina, a sobrinha e Virgília.

Personagens
• Virgília - filha do comendador Dutra, segundo
o pai de Brás, Bento Cubas: A “Ursa Maior”
amante de Brás Cubas casa-se com Lobo
Neves por interesse. Mulher bonita,
ambiciosa, que parece gostar sinceramente de
Brás Cubas, mas jamais se revela disposta a
romper com sua posição social ou dispensar o
conforto e o reconhecimento da sociedade.

Personagens
• Damião Lobo Neves - casado com Virgília,
homem frio e calculista. Marido de Virgília,
homem sério, integrado ao sistema,
ambicioso, mas muito mais supersticioso, pois
recusou nomeação para presidente de uma
província só porque a referida nomeação
aconteceu num dia 13.

Personagens
• Quincas Borba - menino terrível que dava tombos no paciente
professor Barata, colega de escola de Brás que o encontrará
mais tarde mendigo que rouba-lhe um relógio mas retorna-o
ao colega após receber uma herança. amigo de infância do
protagonista. Desde criança era de um temperamento ativo,
exaltado, querendo ser sempre superior nas brincadeiras.
Cubas diz que ele é impressionante quando brinca de
imperador. Quando adulto, passa pelo estado de mendigo,
evoluindo depois para filósofo e desenvolve um sistema
filosófico, denominado Humanitismo, que pretende superar e
suprimir todos os demais sistemas até tornar-se uma religião.

Personagens
• Marcela - Segundo grande amor de Brás Cubas, uma
prostituta de elite, cujo amor por Brás duraria quinze meses e
onze contos de réis. Mulher sensual, mentirosa, amiga de
rapazes e de dinheiro. Ganha muitas joias do adolescente Brás
Cubas. Contrai varíola e fica feia, com a pela grassa como uma
lixa.
Sabina - irmã do narrador e que, como ele, valoriza mais o
interesse pessoal e a posição social do que amizade ou laços
de parentesco.
Cotrin - casado com Sabina, é interesseiro, traficante de
escravos e cruel com eles, mandando-os castigar até correr
sangue.

Personagens
• Eugênia - Filha de Eusébia e Vilaça, menina bela embora coxa. Era moça
séria, tranquila, dotada de olhos negros e olhar direito e franco.
Tinha “ideias claras, maneiras chãs, certa graça natural, um ar de senhora,
e não sei se alguma outra cousa; sim, a boca exatamente a boca da mãe".
Nhá Loló - moça simplória, tinha dotes de soprano - morre de febre
amarela.
Nhonhô - filho de Virgília.

D. Plácida empregada de Virgília confidente e protetora de sua relação
extra conjugal.


Slide 13

Memórias póstumas de Brás
Cubas
Machado de Assis

Ao verme que primeiro roeu as
frias carnes do meu cadáver
dedico com saudosa lembrança
estas memórias póstumas.

Movimento literário
• Realismo brasileiro
• Escrito a princípio como folhetim, de março a dezembro de 1880,
na Revista Brasileira, para, no ano seguinte, ser publicado
como livro, pela então Tipografia Nacional.
• Publicado em 1881 – marco inicial do Realismo no Brasil e obra
inicial da produção realista do autor
• Memórias Póstumas de Brás Cubas retrata a escravidão, as classes
sociais, o cientificismo e o positivismo da época, chegando a criar,
inclusive, uma nova filosofia, mais bem desenvolvida
posteriormente em Quincas Borba (1891) — o Humanitismo, sátira
à lei do mais forte. Críticos escrevem que, com esse romance,
Machado de Assis precedeu elementos do Modernismo e
do realismo mágico de escritores como Jorge Luis Borges e Julio
Cortázar,
• Primeiro romance psicológico brasileiro

Crítica da sociedade
• O livro é crítico porque analisa a vida, as relações humanas,
mostrando o quanto algumas são ( prazerosamente ) fingidas – as
que partem do desejo humano – ASCENSÃO, PODER E GOZO; e
outra (dolorosamente ) verídicas – as que são da natureza, infalíveis
– A DOENÇA, A MORTE, A VELHICE, O TEMPO, O AZAR...
• No livro, constata-se que as verídicas se impõem aos homens
independentemente se suas vontades tornando as fingidas falíveis.
• Não há crítica direta ou aberta aos personagens – ela é implícita –
o leitor é que tem que perceber as características dos mesmos.
• O autor, nesta obra, acabou com o sentimentalismo, o moralismo
superficial, a fictícia unidade da pessoa humana, as frases piegas, o
receio de chocar preconceitos, a concepção do domínio do amor
sobre todas as outras paixões.

Romance psicológico
• O seu enfoque central não é a vida social ou a
descrição das paisagens, mas a forma como
seus personagens veem e sentem as
circunstâncias em que vivem. Em vez de
enfatizar os espaços externos, investe na
caracterização interior dos personagens, com
suas contradições e problemáticas
existenciais.

Narrador






1ª pessoa - personagem “esférico”,
Personagem principal – sua visão do mundo
Defunto –autor X Autor-defunto- importância
"Falo sem temer mais nada”
Típico burguês da segunda metade do século XIX, encarna o homem que
passou a vida sem conquistar nenhuma realização efetiva. Se na infância o
personagem fora uma criança abastada e protegida, torna-se um jovem
adulto leviano, em busca da melhor maneira de tirar vantagem.
• Na maturidade, começa a buscar a compensação pela existência sem nada
de notável, sem filhos ou realizações: consegue um cargo público, busca
notoriedade e respeitabilidade ao querer tornar-se ministro. Pouco antes
de morrer, imagina ainda um último modo de se perpetuar: inventando
um emplasto, uma medicação sublime.
• o defunto-narrador-autor é representação metafórica de um Brasil
escravista, contaminado por contradições entre o arcaico e o moderno.

O foco narrativo em primeira pessoa dá ao personagem Brás Cubas o
monopólio do texto. Aparentemente, seu relato caracteriza-se por uma
postura de isenção, ou seja, prima pela imparcialidade, já que um morto
não teria qualquer necessidade de mentir, já que deixara o mundo dos
vivos e, assim, abandonara qualquer comprometimento, ilusão ou
envolvimento.

No entanto, se observarmos com cuidado, a obra só poderá ser
entendida se começarmos por analisar o que o personagem conta,
procurando perceber certos sinais, que indicam que ele mente, exagera
e chega, inclusive, a ser incongruente. Brás Cubas manipula a história,
mostra-se sempre superior, com mania de grandeza, desde o início de
seu relato. Chega a comparar seu relato ao Pentateuco, que é um livro
sagrado, histórico, fundador de uma tradição religiosa, atribuído a
Moisés, um profeta universalmente importante, insinuando que a
diferença radical entre este relato e o seu seria apenas o fato de Brás
narrar sua existência partindo da morte e Moisés, seguindo a cronologia
normal, tomando o nascimento como início. Logicamente, apenas um
grande presunçoso não perceberia a diferença entre as duas narrativas,
o grau de importância de cada uma, o que nos revela o grande
presunçoso que ainda vive no "defunto-autor" Brás Cubas.

Tempo
• Digressões , flashback e cronológico
• A sequência do livro não é determinada pela cronologia dos
fatos, mas pelo encadeamento das reflexões do
personagem. Uma lembrança puxa a outra e o narrador
Brás Cubas, que prometera contar uma determinada
história, comenta todos os outros fatos que a envolvem,
para retomar o tema anunciado muitos capítulos depois.
• Época do primeiro ao segundo império – escravidão. A
sustentação do país era agrária, a elite consumia
estrangeirismos
• No livro, o tempo que envelhece as pessoas e lhes destrói
as ilusões é uma das estruturas centrais

Técnicas machadianas






Ironia - Machado de Assis utiliza-se da ironia como um recurso para fazer o leitor
desconfiar das declarações, pensamentos e conclusões do narrador Brás
Cubas. “Bom e fiel amigo! Não, não me arrependo das vinte apólices que lhe
deixei".
Digressão - É o que acontece, por exemplo, na parte inicial do romance, quando
Brás Cubas deixa em suspenso por vários capítulos a explicação para sua morte,
que prometera desde o início, para passear descomprometidamente por assuntos
tão díspares quanto as pirâmides do Egito e a sua árvore genealógica. Quando
volta a falar da causa mortis, é para comentar, com ironia "...acabemos de uma
vez com o nosso emplasto”. Como se já tivesse explicado antes do que se tratava!

Conversa com o leitor - O leitor de Machado é constantemente solicitado a
interagir criticamente com a obra, distanciando-se ainda mais do modelo de
leitura proposto pelos romances românticos, que mobilizam a emoção e a
imaginação.
“Veja o leitor a comparação que melhor lhe quadrar, veja-a e não esteja daí a torcerme o nariz, só porque ainda não chegamos à parte narrativa destas memórias. Lá
iremos. Creio que prefere a anedota à reflexão, como os outros leitores, seus
confrades, e acho que faz muito bem”.

Técnicas machadianas
• Capítulos curtos- Organizados em blocos curtos, são 160 capítulos
• Metalinguagem e experimentação- Exemplo: para traduzir a
frustração de Brás Cubas quando não consegue se tornar ministro,
a solução do autor foi deixar o Capítulo 139 em branco. No capítulo
seguinte, explica:






“Há coisas que melhor se dizem calando; tal é a matéria do
capítulo anterior”.
Eufemismo
Metáforas
Vocabulário elegante
Crítica ao Romantismo- Marcela amou-me durante quinze meses e
onze contos de réis (...)”

As mulheres de Brás







Marcela
Eugênia
Virgília
Nhã Loló
Sabina
Dona Plácida

Pessimismo machadiano
• Na obra, há pessoas felizardas, mas não personagens
felizes. Ninguém é verdadeiro ou sincero.
• Sofremos porque somos egoístas, vaidosos, porque
sonhamos além da conta, porque a sociedade é mal
estruturada, porque os homens se exploram
mutuamente...
• Há uma insistência na dor, no fracasso, na implacável
passagem do tempo – isto tudo vale para o negro,
para o branco, para pobres e para ricos – Não é
Determinista.

Quincas Borba





Amigo de infância
Volta mendigo e enlouquecendo
Prega o Humanitismo
Quincas Borba é importante porque introduz Brás Cubas na teoria
que inventou, o Humanitismo. Na verdade, a teoria do mendigo é
uma caricatura que Machado de Assis faz do positivismo e do
evolucionismo, teorias científicas e filosóficas em voga na época
que atribuem sentido de evolução mesmo às fatalidades da vida.
• A ironia é uma das marcas da obra de Machado de Assis. Nesta obra
isso fica claro quando o autor faz com que uma doutrina de
valorização da vida seja defendida justamente por um mendigo que
morre completamente louco.
• Morre nos braços de Brás

Humanitismo





- Não há morte. O encontro de duas expansões, ou a expansão de duas formas,
pode determinar a supressão de uma delas; mas, rigorosamente, não há morte, há
vida, porque a supressão de uma é princípio universal e comum. Daí o caráter
conservador e benéfico da guerra. Supõe tu um campo de batatas e duas tribos
famintas. As batatas apenas chegam para alimentar uma das tribos que assim
adquire forças para transpor a montanha e e ir à outra vertente, onde há batatas
em abundância; mas, se as duas tribos dividirem em paz as batatas do campo, não
chegam a nutrir-se suficientemente e morrem de inanição. A paz nesse caso, é a
destruição; a guerra é a conservação. Uma das tribos extermina a outra e recolhe
os despojos. Daí a alegria da vitória, os hinos, aclamações, recompensas públicas e
todos os demais feitos das ações bélicas. Se a guerra não fosse isso, tais
demonstrações não chegariam a dar-se, pelo motivo real de que o homem só
comemora e ama o que lhe é aprazível ou vantajoso, e pelo motivo racional de que
nenhuma pessoa canoniza uma ação que virtualmente a destrói. Ao vencido, ódio
ou compaixão; ao vencedor, as batatas.
- Mas a opinião do exterminado?
- Não há exterminado. Desaparece o fenômeno; a substância é a mesma. Nunca
viste ferver água? Hás de lembrar-te que as bolhas fazem-se e desfazem-se de
contínuo, e tudo fica na mesma água. Os indivíduos são essas bolhas transitórias.

Personagens
• Brás Cubas - narrador - morto aos 64 anos - “ainda próspero e
rijo”, fidalgo. Peralta quando criança, mimado pelo pai,
irresponsável quando adolescente, tornou-se um homem
egoísta a ponto de discutir com a irmã pela prataria que fiou
de herança do pai e tornar-se amante da mulher de seu
amigo, Lobo Neves, se bem que nesse romance não se pode
dizer propriamente que alguém é amigo de outro.



Brás Cubas nasceu em 20/10/1805, no Rio
de Janeiro, filho de Bento Cubas, da família
burguesa que enriqueceu com o comércio.
Tinha uma única irmã, Sabina, casada com
Cotrin, com quem teve uma filha, Venância.
Seus tios eram João, oficial da infantaria,
Ildefonso, padre , e Emerenciana, a maior
autoridade de sua infância. Ao falecer, tinha
64 anos (...expirou às duas da tarde de uma
Sexta-feira de agosto de 1869), era solteiro e
em seu enterro compareceram 11 pessoas.
Sua morte foi assistida por 3 mulheres: a
irmã Sabina, a sobrinha e Virgília.

Personagens
• Virgília - filha do comendador Dutra, segundo
o pai de Brás, Bento Cubas: A “Ursa Maior”
amante de Brás Cubas casa-se com Lobo
Neves por interesse. Mulher bonita,
ambiciosa, que parece gostar sinceramente de
Brás Cubas, mas jamais se revela disposta a
romper com sua posição social ou dispensar o
conforto e o reconhecimento da sociedade.

Personagens
• Damião Lobo Neves - casado com Virgília,
homem frio e calculista. Marido de Virgília,
homem sério, integrado ao sistema,
ambicioso, mas muito mais supersticioso, pois
recusou nomeação para presidente de uma
província só porque a referida nomeação
aconteceu num dia 13.

Personagens
• Quincas Borba - menino terrível que dava tombos no paciente
professor Barata, colega de escola de Brás que o encontrará
mais tarde mendigo que rouba-lhe um relógio mas retorna-o
ao colega após receber uma herança. amigo de infância do
protagonista. Desde criança era de um temperamento ativo,
exaltado, querendo ser sempre superior nas brincadeiras.
Cubas diz que ele é impressionante quando brinca de
imperador. Quando adulto, passa pelo estado de mendigo,
evoluindo depois para filósofo e desenvolve um sistema
filosófico, denominado Humanitismo, que pretende superar e
suprimir todos os demais sistemas até tornar-se uma religião.

Personagens
• Marcela - Segundo grande amor de Brás Cubas, uma
prostituta de elite, cujo amor por Brás duraria quinze meses e
onze contos de réis. Mulher sensual, mentirosa, amiga de
rapazes e de dinheiro. Ganha muitas joias do adolescente Brás
Cubas. Contrai varíola e fica feia, com a pela grassa como uma
lixa.
Sabina - irmã do narrador e que, como ele, valoriza mais o
interesse pessoal e a posição social do que amizade ou laços
de parentesco.
Cotrin - casado com Sabina, é interesseiro, traficante de
escravos e cruel com eles, mandando-os castigar até correr
sangue.

Personagens
• Eugênia - Filha de Eusébia e Vilaça, menina bela embora coxa. Era moça
séria, tranquila, dotada de olhos negros e olhar direito e franco.
Tinha “ideias claras, maneiras chãs, certa graça natural, um ar de senhora,
e não sei se alguma outra cousa; sim, a boca exatamente a boca da mãe".
Nhá Loló - moça simplória, tinha dotes de soprano - morre de febre
amarela.
Nhonhô - filho de Virgília.

D. Plácida empregada de Virgília confidente e protetora de sua relação
extra conjugal.


Slide 14

Memórias póstumas de Brás
Cubas
Machado de Assis

Ao verme que primeiro roeu as
frias carnes do meu cadáver
dedico com saudosa lembrança
estas memórias póstumas.

Movimento literário
• Realismo brasileiro
• Escrito a princípio como folhetim, de março a dezembro de 1880,
na Revista Brasileira, para, no ano seguinte, ser publicado
como livro, pela então Tipografia Nacional.
• Publicado em 1881 – marco inicial do Realismo no Brasil e obra
inicial da produção realista do autor
• Memórias Póstumas de Brás Cubas retrata a escravidão, as classes
sociais, o cientificismo e o positivismo da época, chegando a criar,
inclusive, uma nova filosofia, mais bem desenvolvida
posteriormente em Quincas Borba (1891) — o Humanitismo, sátira
à lei do mais forte. Críticos escrevem que, com esse romance,
Machado de Assis precedeu elementos do Modernismo e
do realismo mágico de escritores como Jorge Luis Borges e Julio
Cortázar,
• Primeiro romance psicológico brasileiro

Crítica da sociedade
• O livro é crítico porque analisa a vida, as relações humanas,
mostrando o quanto algumas são ( prazerosamente ) fingidas – as
que partem do desejo humano – ASCENSÃO, PODER E GOZO; e
outra (dolorosamente ) verídicas – as que são da natureza, infalíveis
– A DOENÇA, A MORTE, A VELHICE, O TEMPO, O AZAR...
• No livro, constata-se que as verídicas se impõem aos homens
independentemente se suas vontades tornando as fingidas falíveis.
• Não há crítica direta ou aberta aos personagens – ela é implícita –
o leitor é que tem que perceber as características dos mesmos.
• O autor, nesta obra, acabou com o sentimentalismo, o moralismo
superficial, a fictícia unidade da pessoa humana, as frases piegas, o
receio de chocar preconceitos, a concepção do domínio do amor
sobre todas as outras paixões.

Romance psicológico
• O seu enfoque central não é a vida social ou a
descrição das paisagens, mas a forma como
seus personagens veem e sentem as
circunstâncias em que vivem. Em vez de
enfatizar os espaços externos, investe na
caracterização interior dos personagens, com
suas contradições e problemáticas
existenciais.

Narrador






1ª pessoa - personagem “esférico”,
Personagem principal – sua visão do mundo
Defunto –autor X Autor-defunto- importância
"Falo sem temer mais nada”
Típico burguês da segunda metade do século XIX, encarna o homem que
passou a vida sem conquistar nenhuma realização efetiva. Se na infância o
personagem fora uma criança abastada e protegida, torna-se um jovem
adulto leviano, em busca da melhor maneira de tirar vantagem.
• Na maturidade, começa a buscar a compensação pela existência sem nada
de notável, sem filhos ou realizações: consegue um cargo público, busca
notoriedade e respeitabilidade ao querer tornar-se ministro. Pouco antes
de morrer, imagina ainda um último modo de se perpetuar: inventando
um emplasto, uma medicação sublime.
• o defunto-narrador-autor é representação metafórica de um Brasil
escravista, contaminado por contradições entre o arcaico e o moderno.

O foco narrativo em primeira pessoa dá ao personagem Brás Cubas o
monopólio do texto. Aparentemente, seu relato caracteriza-se por uma
postura de isenção, ou seja, prima pela imparcialidade, já que um morto
não teria qualquer necessidade de mentir, já que deixara o mundo dos
vivos e, assim, abandonara qualquer comprometimento, ilusão ou
envolvimento.

No entanto, se observarmos com cuidado, a obra só poderá ser
entendida se começarmos por analisar o que o personagem conta,
procurando perceber certos sinais, que indicam que ele mente, exagera
e chega, inclusive, a ser incongruente. Brás Cubas manipula a história,
mostra-se sempre superior, com mania de grandeza, desde o início de
seu relato. Chega a comparar seu relato ao Pentateuco, que é um livro
sagrado, histórico, fundador de uma tradição religiosa, atribuído a
Moisés, um profeta universalmente importante, insinuando que a
diferença radical entre este relato e o seu seria apenas o fato de Brás
narrar sua existência partindo da morte e Moisés, seguindo a cronologia
normal, tomando o nascimento como início. Logicamente, apenas um
grande presunçoso não perceberia a diferença entre as duas narrativas,
o grau de importância de cada uma, o que nos revela o grande
presunçoso que ainda vive no "defunto-autor" Brás Cubas.

Tempo
• Digressões , flashback e cronológico
• A sequência do livro não é determinada pela cronologia dos
fatos, mas pelo encadeamento das reflexões do
personagem. Uma lembrança puxa a outra e o narrador
Brás Cubas, que prometera contar uma determinada
história, comenta todos os outros fatos que a envolvem,
para retomar o tema anunciado muitos capítulos depois.
• Época do primeiro ao segundo império – escravidão. A
sustentação do país era agrária, a elite consumia
estrangeirismos
• No livro, o tempo que envelhece as pessoas e lhes destrói
as ilusões é uma das estruturas centrais

Técnicas machadianas






Ironia - Machado de Assis utiliza-se da ironia como um recurso para fazer o leitor
desconfiar das declarações, pensamentos e conclusões do narrador Brás
Cubas. “Bom e fiel amigo! Não, não me arrependo das vinte apólices que lhe
deixei".
Digressão - É o que acontece, por exemplo, na parte inicial do romance, quando
Brás Cubas deixa em suspenso por vários capítulos a explicação para sua morte,
que prometera desde o início, para passear descomprometidamente por assuntos
tão díspares quanto as pirâmides do Egito e a sua árvore genealógica. Quando
volta a falar da causa mortis, é para comentar, com ironia "...acabemos de uma
vez com o nosso emplasto”. Como se já tivesse explicado antes do que se tratava!

Conversa com o leitor - O leitor de Machado é constantemente solicitado a
interagir criticamente com a obra, distanciando-se ainda mais do modelo de
leitura proposto pelos romances românticos, que mobilizam a emoção e a
imaginação.
“Veja o leitor a comparação que melhor lhe quadrar, veja-a e não esteja daí a torcerme o nariz, só porque ainda não chegamos à parte narrativa destas memórias. Lá
iremos. Creio que prefere a anedota à reflexão, como os outros leitores, seus
confrades, e acho que faz muito bem”.

Técnicas machadianas
• Capítulos curtos- Organizados em blocos curtos, são 160 capítulos
• Metalinguagem e experimentação- Exemplo: para traduzir a
frustração de Brás Cubas quando não consegue se tornar ministro,
a solução do autor foi deixar o Capítulo 139 em branco. No capítulo
seguinte, explica:






“Há coisas que melhor se dizem calando; tal é a matéria do
capítulo anterior”.
Eufemismo
Metáforas
Vocabulário elegante
Crítica ao Romantismo- Marcela amou-me durante quinze meses e
onze contos de réis (...)”

As mulheres de Brás







Marcela
Eugênia
Virgília
Nhã Loló
Sabina
Dona Plácida

Pessimismo machadiano
• Na obra, há pessoas felizardas, mas não personagens
felizes. Ninguém é verdadeiro ou sincero.
• Sofremos porque somos egoístas, vaidosos, porque
sonhamos além da conta, porque a sociedade é mal
estruturada, porque os homens se exploram
mutuamente...
• Há uma insistência na dor, no fracasso, na implacável
passagem do tempo – isto tudo vale para o negro,
para o branco, para pobres e para ricos – Não é
Determinista.

Quincas Borba





Amigo de infância
Volta mendigo e enlouquecendo
Prega o Humanitismo
Quincas Borba é importante porque introduz Brás Cubas na teoria
que inventou, o Humanitismo. Na verdade, a teoria do mendigo é
uma caricatura que Machado de Assis faz do positivismo e do
evolucionismo, teorias científicas e filosóficas em voga na época
que atribuem sentido de evolução mesmo às fatalidades da vida.
• A ironia é uma das marcas da obra de Machado de Assis. Nesta obra
isso fica claro quando o autor faz com que uma doutrina de
valorização da vida seja defendida justamente por um mendigo que
morre completamente louco.
• Morre nos braços de Brás

Humanitismo





- Não há morte. O encontro de duas expansões, ou a expansão de duas formas,
pode determinar a supressão de uma delas; mas, rigorosamente, não há morte, há
vida, porque a supressão de uma é princípio universal e comum. Daí o caráter
conservador e benéfico da guerra. Supõe tu um campo de batatas e duas tribos
famintas. As batatas apenas chegam para alimentar uma das tribos que assim
adquire forças para transpor a montanha e e ir à outra vertente, onde há batatas
em abundância; mas, se as duas tribos dividirem em paz as batatas do campo, não
chegam a nutrir-se suficientemente e morrem de inanição. A paz nesse caso, é a
destruição; a guerra é a conservação. Uma das tribos extermina a outra e recolhe
os despojos. Daí a alegria da vitória, os hinos, aclamações, recompensas públicas e
todos os demais feitos das ações bélicas. Se a guerra não fosse isso, tais
demonstrações não chegariam a dar-se, pelo motivo real de que o homem só
comemora e ama o que lhe é aprazível ou vantajoso, e pelo motivo racional de que
nenhuma pessoa canoniza uma ação que virtualmente a destrói. Ao vencido, ódio
ou compaixão; ao vencedor, as batatas.
- Mas a opinião do exterminado?
- Não há exterminado. Desaparece o fenômeno; a substância é a mesma. Nunca
viste ferver água? Hás de lembrar-te que as bolhas fazem-se e desfazem-se de
contínuo, e tudo fica na mesma água. Os indivíduos são essas bolhas transitórias.

Personagens
• Brás Cubas - narrador - morto aos 64 anos - “ainda próspero e
rijo”, fidalgo. Peralta quando criança, mimado pelo pai,
irresponsável quando adolescente, tornou-se um homem
egoísta a ponto de discutir com a irmã pela prataria que fiou
de herança do pai e tornar-se amante da mulher de seu
amigo, Lobo Neves, se bem que nesse romance não se pode
dizer propriamente que alguém é amigo de outro.



Brás Cubas nasceu em 20/10/1805, no Rio
de Janeiro, filho de Bento Cubas, da família
burguesa que enriqueceu com o comércio.
Tinha uma única irmã, Sabina, casada com
Cotrin, com quem teve uma filha, Venância.
Seus tios eram João, oficial da infantaria,
Ildefonso, padre , e Emerenciana, a maior
autoridade de sua infância. Ao falecer, tinha
64 anos (...expirou às duas da tarde de uma
Sexta-feira de agosto de 1869), era solteiro e
em seu enterro compareceram 11 pessoas.
Sua morte foi assistida por 3 mulheres: a
irmã Sabina, a sobrinha e Virgília.

Personagens
• Virgília - filha do comendador Dutra, segundo
o pai de Brás, Bento Cubas: A “Ursa Maior”
amante de Brás Cubas casa-se com Lobo
Neves por interesse. Mulher bonita,
ambiciosa, que parece gostar sinceramente de
Brás Cubas, mas jamais se revela disposta a
romper com sua posição social ou dispensar o
conforto e o reconhecimento da sociedade.

Personagens
• Damião Lobo Neves - casado com Virgília,
homem frio e calculista. Marido de Virgília,
homem sério, integrado ao sistema,
ambicioso, mas muito mais supersticioso, pois
recusou nomeação para presidente de uma
província só porque a referida nomeação
aconteceu num dia 13.

Personagens
• Quincas Borba - menino terrível que dava tombos no paciente
professor Barata, colega de escola de Brás que o encontrará
mais tarde mendigo que rouba-lhe um relógio mas retorna-o
ao colega após receber uma herança. amigo de infância do
protagonista. Desde criança era de um temperamento ativo,
exaltado, querendo ser sempre superior nas brincadeiras.
Cubas diz que ele é impressionante quando brinca de
imperador. Quando adulto, passa pelo estado de mendigo,
evoluindo depois para filósofo e desenvolve um sistema
filosófico, denominado Humanitismo, que pretende superar e
suprimir todos os demais sistemas até tornar-se uma religião.

Personagens
• Marcela - Segundo grande amor de Brás Cubas, uma
prostituta de elite, cujo amor por Brás duraria quinze meses e
onze contos de réis. Mulher sensual, mentirosa, amiga de
rapazes e de dinheiro. Ganha muitas joias do adolescente Brás
Cubas. Contrai varíola e fica feia, com a pela grassa como uma
lixa.
Sabina - irmã do narrador e que, como ele, valoriza mais o
interesse pessoal e a posição social do que amizade ou laços
de parentesco.
Cotrin - casado com Sabina, é interesseiro, traficante de
escravos e cruel com eles, mandando-os castigar até correr
sangue.

Personagens
• Eugênia - Filha de Eusébia e Vilaça, menina bela embora coxa. Era moça
séria, tranquila, dotada de olhos negros e olhar direito e franco.
Tinha “ideias claras, maneiras chãs, certa graça natural, um ar de senhora,
e não sei se alguma outra cousa; sim, a boca exatamente a boca da mãe".
Nhá Loló - moça simplória, tinha dotes de soprano - morre de febre
amarela.
Nhonhô - filho de Virgília.

D. Plácida empregada de Virgília confidente e protetora de sua relação
extra conjugal.


Slide 15

Memórias póstumas de Brás
Cubas
Machado de Assis

Ao verme que primeiro roeu as
frias carnes do meu cadáver
dedico com saudosa lembrança
estas memórias póstumas.

Movimento literário
• Realismo brasileiro
• Escrito a princípio como folhetim, de março a dezembro de 1880,
na Revista Brasileira, para, no ano seguinte, ser publicado
como livro, pela então Tipografia Nacional.
• Publicado em 1881 – marco inicial do Realismo no Brasil e obra
inicial da produção realista do autor
• Memórias Póstumas de Brás Cubas retrata a escravidão, as classes
sociais, o cientificismo e o positivismo da época, chegando a criar,
inclusive, uma nova filosofia, mais bem desenvolvida
posteriormente em Quincas Borba (1891) — o Humanitismo, sátira
à lei do mais forte. Críticos escrevem que, com esse romance,
Machado de Assis precedeu elementos do Modernismo e
do realismo mágico de escritores como Jorge Luis Borges e Julio
Cortázar,
• Primeiro romance psicológico brasileiro

Crítica da sociedade
• O livro é crítico porque analisa a vida, as relações humanas,
mostrando o quanto algumas são ( prazerosamente ) fingidas – as
que partem do desejo humano – ASCENSÃO, PODER E GOZO; e
outra (dolorosamente ) verídicas – as que são da natureza, infalíveis
– A DOENÇA, A MORTE, A VELHICE, O TEMPO, O AZAR...
• No livro, constata-se que as verídicas se impõem aos homens
independentemente se suas vontades tornando as fingidas falíveis.
• Não há crítica direta ou aberta aos personagens – ela é implícita –
o leitor é que tem que perceber as características dos mesmos.
• O autor, nesta obra, acabou com o sentimentalismo, o moralismo
superficial, a fictícia unidade da pessoa humana, as frases piegas, o
receio de chocar preconceitos, a concepção do domínio do amor
sobre todas as outras paixões.

Romance psicológico
• O seu enfoque central não é a vida social ou a
descrição das paisagens, mas a forma como
seus personagens veem e sentem as
circunstâncias em que vivem. Em vez de
enfatizar os espaços externos, investe na
caracterização interior dos personagens, com
suas contradições e problemáticas
existenciais.

Narrador






1ª pessoa - personagem “esférico”,
Personagem principal – sua visão do mundo
Defunto –autor X Autor-defunto- importância
"Falo sem temer mais nada”
Típico burguês da segunda metade do século XIX, encarna o homem que
passou a vida sem conquistar nenhuma realização efetiva. Se na infância o
personagem fora uma criança abastada e protegida, torna-se um jovem
adulto leviano, em busca da melhor maneira de tirar vantagem.
• Na maturidade, começa a buscar a compensação pela existência sem nada
de notável, sem filhos ou realizações: consegue um cargo público, busca
notoriedade e respeitabilidade ao querer tornar-se ministro. Pouco antes
de morrer, imagina ainda um último modo de se perpetuar: inventando
um emplasto, uma medicação sublime.
• o defunto-narrador-autor é representação metafórica de um Brasil
escravista, contaminado por contradições entre o arcaico e o moderno.

O foco narrativo em primeira pessoa dá ao personagem Brás Cubas o
monopólio do texto. Aparentemente, seu relato caracteriza-se por uma
postura de isenção, ou seja, prima pela imparcialidade, já que um morto
não teria qualquer necessidade de mentir, já que deixara o mundo dos
vivos e, assim, abandonara qualquer comprometimento, ilusão ou
envolvimento.

No entanto, se observarmos com cuidado, a obra só poderá ser
entendida se começarmos por analisar o que o personagem conta,
procurando perceber certos sinais, que indicam que ele mente, exagera
e chega, inclusive, a ser incongruente. Brás Cubas manipula a história,
mostra-se sempre superior, com mania de grandeza, desde o início de
seu relato. Chega a comparar seu relato ao Pentateuco, que é um livro
sagrado, histórico, fundador de uma tradição religiosa, atribuído a
Moisés, um profeta universalmente importante, insinuando que a
diferença radical entre este relato e o seu seria apenas o fato de Brás
narrar sua existência partindo da morte e Moisés, seguindo a cronologia
normal, tomando o nascimento como início. Logicamente, apenas um
grande presunçoso não perceberia a diferença entre as duas narrativas,
o grau de importância de cada uma, o que nos revela o grande
presunçoso que ainda vive no "defunto-autor" Brás Cubas.

Tempo
• Digressões , flashback e cronológico
• A sequência do livro não é determinada pela cronologia dos
fatos, mas pelo encadeamento das reflexões do
personagem. Uma lembrança puxa a outra e o narrador
Brás Cubas, que prometera contar uma determinada
história, comenta todos os outros fatos que a envolvem,
para retomar o tema anunciado muitos capítulos depois.
• Época do primeiro ao segundo império – escravidão. A
sustentação do país era agrária, a elite consumia
estrangeirismos
• No livro, o tempo que envelhece as pessoas e lhes destrói
as ilusões é uma das estruturas centrais

Técnicas machadianas






Ironia - Machado de Assis utiliza-se da ironia como um recurso para fazer o leitor
desconfiar das declarações, pensamentos e conclusões do narrador Brás
Cubas. “Bom e fiel amigo! Não, não me arrependo das vinte apólices que lhe
deixei".
Digressão - É o que acontece, por exemplo, na parte inicial do romance, quando
Brás Cubas deixa em suspenso por vários capítulos a explicação para sua morte,
que prometera desde o início, para passear descomprometidamente por assuntos
tão díspares quanto as pirâmides do Egito e a sua árvore genealógica. Quando
volta a falar da causa mortis, é para comentar, com ironia "...acabemos de uma
vez com o nosso emplasto”. Como se já tivesse explicado antes do que se tratava!

Conversa com o leitor - O leitor de Machado é constantemente solicitado a
interagir criticamente com a obra, distanciando-se ainda mais do modelo de
leitura proposto pelos romances românticos, que mobilizam a emoção e a
imaginação.
“Veja o leitor a comparação que melhor lhe quadrar, veja-a e não esteja daí a torcerme o nariz, só porque ainda não chegamos à parte narrativa destas memórias. Lá
iremos. Creio que prefere a anedota à reflexão, como os outros leitores, seus
confrades, e acho que faz muito bem”.

Técnicas machadianas
• Capítulos curtos- Organizados em blocos curtos, são 160 capítulos
• Metalinguagem e experimentação- Exemplo: para traduzir a
frustração de Brás Cubas quando não consegue se tornar ministro,
a solução do autor foi deixar o Capítulo 139 em branco. No capítulo
seguinte, explica:






“Há coisas que melhor se dizem calando; tal é a matéria do
capítulo anterior”.
Eufemismo
Metáforas
Vocabulário elegante
Crítica ao Romantismo- Marcela amou-me durante quinze meses e
onze contos de réis (...)”

As mulheres de Brás







Marcela
Eugênia
Virgília
Nhã Loló
Sabina
Dona Plácida

Pessimismo machadiano
• Na obra, há pessoas felizardas, mas não personagens
felizes. Ninguém é verdadeiro ou sincero.
• Sofremos porque somos egoístas, vaidosos, porque
sonhamos além da conta, porque a sociedade é mal
estruturada, porque os homens se exploram
mutuamente...
• Há uma insistência na dor, no fracasso, na implacável
passagem do tempo – isto tudo vale para o negro,
para o branco, para pobres e para ricos – Não é
Determinista.

Quincas Borba





Amigo de infância
Volta mendigo e enlouquecendo
Prega o Humanitismo
Quincas Borba é importante porque introduz Brás Cubas na teoria
que inventou, o Humanitismo. Na verdade, a teoria do mendigo é
uma caricatura que Machado de Assis faz do positivismo e do
evolucionismo, teorias científicas e filosóficas em voga na época
que atribuem sentido de evolução mesmo às fatalidades da vida.
• A ironia é uma das marcas da obra de Machado de Assis. Nesta obra
isso fica claro quando o autor faz com que uma doutrina de
valorização da vida seja defendida justamente por um mendigo que
morre completamente louco.
• Morre nos braços de Brás

Humanitismo





- Não há morte. O encontro de duas expansões, ou a expansão de duas formas,
pode determinar a supressão de uma delas; mas, rigorosamente, não há morte, há
vida, porque a supressão de uma é princípio universal e comum. Daí o caráter
conservador e benéfico da guerra. Supõe tu um campo de batatas e duas tribos
famintas. As batatas apenas chegam para alimentar uma das tribos que assim
adquire forças para transpor a montanha e e ir à outra vertente, onde há batatas
em abundância; mas, se as duas tribos dividirem em paz as batatas do campo, não
chegam a nutrir-se suficientemente e morrem de inanição. A paz nesse caso, é a
destruição; a guerra é a conservação. Uma das tribos extermina a outra e recolhe
os despojos. Daí a alegria da vitória, os hinos, aclamações, recompensas públicas e
todos os demais feitos das ações bélicas. Se a guerra não fosse isso, tais
demonstrações não chegariam a dar-se, pelo motivo real de que o homem só
comemora e ama o que lhe é aprazível ou vantajoso, e pelo motivo racional de que
nenhuma pessoa canoniza uma ação que virtualmente a destrói. Ao vencido, ódio
ou compaixão; ao vencedor, as batatas.
- Mas a opinião do exterminado?
- Não há exterminado. Desaparece o fenômeno; a substância é a mesma. Nunca
viste ferver água? Hás de lembrar-te que as bolhas fazem-se e desfazem-se de
contínuo, e tudo fica na mesma água. Os indivíduos são essas bolhas transitórias.

Personagens
• Brás Cubas - narrador - morto aos 64 anos - “ainda próspero e
rijo”, fidalgo. Peralta quando criança, mimado pelo pai,
irresponsável quando adolescente, tornou-se um homem
egoísta a ponto de discutir com a irmã pela prataria que fiou
de herança do pai e tornar-se amante da mulher de seu
amigo, Lobo Neves, se bem que nesse romance não se pode
dizer propriamente que alguém é amigo de outro.



Brás Cubas nasceu em 20/10/1805, no Rio
de Janeiro, filho de Bento Cubas, da família
burguesa que enriqueceu com o comércio.
Tinha uma única irmã, Sabina, casada com
Cotrin, com quem teve uma filha, Venância.
Seus tios eram João, oficial da infantaria,
Ildefonso, padre , e Emerenciana, a maior
autoridade de sua infância. Ao falecer, tinha
64 anos (...expirou às duas da tarde de uma
Sexta-feira de agosto de 1869), era solteiro e
em seu enterro compareceram 11 pessoas.
Sua morte foi assistida por 3 mulheres: a
irmã Sabina, a sobrinha e Virgília.

Personagens
• Virgília - filha do comendador Dutra, segundo
o pai de Brás, Bento Cubas: A “Ursa Maior”
amante de Brás Cubas casa-se com Lobo
Neves por interesse. Mulher bonita,
ambiciosa, que parece gostar sinceramente de
Brás Cubas, mas jamais se revela disposta a
romper com sua posição social ou dispensar o
conforto e o reconhecimento da sociedade.

Personagens
• Damião Lobo Neves - casado com Virgília,
homem frio e calculista. Marido de Virgília,
homem sério, integrado ao sistema,
ambicioso, mas muito mais supersticioso, pois
recusou nomeação para presidente de uma
província só porque a referida nomeação
aconteceu num dia 13.

Personagens
• Quincas Borba - menino terrível que dava tombos no paciente
professor Barata, colega de escola de Brás que o encontrará
mais tarde mendigo que rouba-lhe um relógio mas retorna-o
ao colega após receber uma herança. amigo de infância do
protagonista. Desde criança era de um temperamento ativo,
exaltado, querendo ser sempre superior nas brincadeiras.
Cubas diz que ele é impressionante quando brinca de
imperador. Quando adulto, passa pelo estado de mendigo,
evoluindo depois para filósofo e desenvolve um sistema
filosófico, denominado Humanitismo, que pretende superar e
suprimir todos os demais sistemas até tornar-se uma religião.

Personagens
• Marcela - Segundo grande amor de Brás Cubas, uma
prostituta de elite, cujo amor por Brás duraria quinze meses e
onze contos de réis. Mulher sensual, mentirosa, amiga de
rapazes e de dinheiro. Ganha muitas joias do adolescente Brás
Cubas. Contrai varíola e fica feia, com a pela grassa como uma
lixa.
Sabina - irmã do narrador e que, como ele, valoriza mais o
interesse pessoal e a posição social do que amizade ou laços
de parentesco.
Cotrin - casado com Sabina, é interesseiro, traficante de
escravos e cruel com eles, mandando-os castigar até correr
sangue.

Personagens
• Eugênia - Filha de Eusébia e Vilaça, menina bela embora coxa. Era moça
séria, tranquila, dotada de olhos negros e olhar direito e franco.
Tinha “ideias claras, maneiras chãs, certa graça natural, um ar de senhora,
e não sei se alguma outra cousa; sim, a boca exatamente a boca da mãe".
Nhá Loló - moça simplória, tinha dotes de soprano - morre de febre
amarela.
Nhonhô - filho de Virgília.

D. Plácida empregada de Virgília confidente e protetora de sua relação
extra conjugal.


Slide 16

Memórias póstumas de Brás
Cubas
Machado de Assis

Ao verme que primeiro roeu as
frias carnes do meu cadáver
dedico com saudosa lembrança
estas memórias póstumas.

Movimento literário
• Realismo brasileiro
• Escrito a princípio como folhetim, de março a dezembro de 1880,
na Revista Brasileira, para, no ano seguinte, ser publicado
como livro, pela então Tipografia Nacional.
• Publicado em 1881 – marco inicial do Realismo no Brasil e obra
inicial da produção realista do autor
• Memórias Póstumas de Brás Cubas retrata a escravidão, as classes
sociais, o cientificismo e o positivismo da época, chegando a criar,
inclusive, uma nova filosofia, mais bem desenvolvida
posteriormente em Quincas Borba (1891) — o Humanitismo, sátira
à lei do mais forte. Críticos escrevem que, com esse romance,
Machado de Assis precedeu elementos do Modernismo e
do realismo mágico de escritores como Jorge Luis Borges e Julio
Cortázar,
• Primeiro romance psicológico brasileiro

Crítica da sociedade
• O livro é crítico porque analisa a vida, as relações humanas,
mostrando o quanto algumas são ( prazerosamente ) fingidas – as
que partem do desejo humano – ASCENSÃO, PODER E GOZO; e
outra (dolorosamente ) verídicas – as que são da natureza, infalíveis
– A DOENÇA, A MORTE, A VELHICE, O TEMPO, O AZAR...
• No livro, constata-se que as verídicas se impõem aos homens
independentemente se suas vontades tornando as fingidas falíveis.
• Não há crítica direta ou aberta aos personagens – ela é implícita –
o leitor é que tem que perceber as características dos mesmos.
• O autor, nesta obra, acabou com o sentimentalismo, o moralismo
superficial, a fictícia unidade da pessoa humana, as frases piegas, o
receio de chocar preconceitos, a concepção do domínio do amor
sobre todas as outras paixões.

Romance psicológico
• O seu enfoque central não é a vida social ou a
descrição das paisagens, mas a forma como
seus personagens veem e sentem as
circunstâncias em que vivem. Em vez de
enfatizar os espaços externos, investe na
caracterização interior dos personagens, com
suas contradições e problemáticas
existenciais.

Narrador






1ª pessoa - personagem “esférico”,
Personagem principal – sua visão do mundo
Defunto –autor X Autor-defunto- importância
"Falo sem temer mais nada”
Típico burguês da segunda metade do século XIX, encarna o homem que
passou a vida sem conquistar nenhuma realização efetiva. Se na infância o
personagem fora uma criança abastada e protegida, torna-se um jovem
adulto leviano, em busca da melhor maneira de tirar vantagem.
• Na maturidade, começa a buscar a compensação pela existência sem nada
de notável, sem filhos ou realizações: consegue um cargo público, busca
notoriedade e respeitabilidade ao querer tornar-se ministro. Pouco antes
de morrer, imagina ainda um último modo de se perpetuar: inventando
um emplasto, uma medicação sublime.
• o defunto-narrador-autor é representação metafórica de um Brasil
escravista, contaminado por contradições entre o arcaico e o moderno.

O foco narrativo em primeira pessoa dá ao personagem Brás Cubas o
monopólio do texto. Aparentemente, seu relato caracteriza-se por uma
postura de isenção, ou seja, prima pela imparcialidade, já que um morto
não teria qualquer necessidade de mentir, já que deixara o mundo dos
vivos e, assim, abandonara qualquer comprometimento, ilusão ou
envolvimento.

No entanto, se observarmos com cuidado, a obra só poderá ser
entendida se começarmos por analisar o que o personagem conta,
procurando perceber certos sinais, que indicam que ele mente, exagera
e chega, inclusive, a ser incongruente. Brás Cubas manipula a história,
mostra-se sempre superior, com mania de grandeza, desde o início de
seu relato. Chega a comparar seu relato ao Pentateuco, que é um livro
sagrado, histórico, fundador de uma tradição religiosa, atribuído a
Moisés, um profeta universalmente importante, insinuando que a
diferença radical entre este relato e o seu seria apenas o fato de Brás
narrar sua existência partindo da morte e Moisés, seguindo a cronologia
normal, tomando o nascimento como início. Logicamente, apenas um
grande presunçoso não perceberia a diferença entre as duas narrativas,
o grau de importância de cada uma, o que nos revela o grande
presunçoso que ainda vive no "defunto-autor" Brás Cubas.

Tempo
• Digressões , flashback e cronológico
• A sequência do livro não é determinada pela cronologia dos
fatos, mas pelo encadeamento das reflexões do
personagem. Uma lembrança puxa a outra e o narrador
Brás Cubas, que prometera contar uma determinada
história, comenta todos os outros fatos que a envolvem,
para retomar o tema anunciado muitos capítulos depois.
• Época do primeiro ao segundo império – escravidão. A
sustentação do país era agrária, a elite consumia
estrangeirismos
• No livro, o tempo que envelhece as pessoas e lhes destrói
as ilusões é uma das estruturas centrais

Técnicas machadianas






Ironia - Machado de Assis utiliza-se da ironia como um recurso para fazer o leitor
desconfiar das declarações, pensamentos e conclusões do narrador Brás
Cubas. “Bom e fiel amigo! Não, não me arrependo das vinte apólices que lhe
deixei".
Digressão - É o que acontece, por exemplo, na parte inicial do romance, quando
Brás Cubas deixa em suspenso por vários capítulos a explicação para sua morte,
que prometera desde o início, para passear descomprometidamente por assuntos
tão díspares quanto as pirâmides do Egito e a sua árvore genealógica. Quando
volta a falar da causa mortis, é para comentar, com ironia "...acabemos de uma
vez com o nosso emplasto”. Como se já tivesse explicado antes do que se tratava!

Conversa com o leitor - O leitor de Machado é constantemente solicitado a
interagir criticamente com a obra, distanciando-se ainda mais do modelo de
leitura proposto pelos romances românticos, que mobilizam a emoção e a
imaginação.
“Veja o leitor a comparação que melhor lhe quadrar, veja-a e não esteja daí a torcerme o nariz, só porque ainda não chegamos à parte narrativa destas memórias. Lá
iremos. Creio que prefere a anedota à reflexão, como os outros leitores, seus
confrades, e acho que faz muito bem”.

Técnicas machadianas
• Capítulos curtos- Organizados em blocos curtos, são 160 capítulos
• Metalinguagem e experimentação- Exemplo: para traduzir a
frustração de Brás Cubas quando não consegue se tornar ministro,
a solução do autor foi deixar o Capítulo 139 em branco. No capítulo
seguinte, explica:






“Há coisas que melhor se dizem calando; tal é a matéria do
capítulo anterior”.
Eufemismo
Metáforas
Vocabulário elegante
Crítica ao Romantismo- Marcela amou-me durante quinze meses e
onze contos de réis (...)”

As mulheres de Brás







Marcela
Eugênia
Virgília
Nhã Loló
Sabina
Dona Plácida

Pessimismo machadiano
• Na obra, há pessoas felizardas, mas não personagens
felizes. Ninguém é verdadeiro ou sincero.
• Sofremos porque somos egoístas, vaidosos, porque
sonhamos além da conta, porque a sociedade é mal
estruturada, porque os homens se exploram
mutuamente...
• Há uma insistência na dor, no fracasso, na implacável
passagem do tempo – isto tudo vale para o negro,
para o branco, para pobres e para ricos – Não é
Determinista.

Quincas Borba





Amigo de infância
Volta mendigo e enlouquecendo
Prega o Humanitismo
Quincas Borba é importante porque introduz Brás Cubas na teoria
que inventou, o Humanitismo. Na verdade, a teoria do mendigo é
uma caricatura que Machado de Assis faz do positivismo e do
evolucionismo, teorias científicas e filosóficas em voga na época
que atribuem sentido de evolução mesmo às fatalidades da vida.
• A ironia é uma das marcas da obra de Machado de Assis. Nesta obra
isso fica claro quando o autor faz com que uma doutrina de
valorização da vida seja defendida justamente por um mendigo que
morre completamente louco.
• Morre nos braços de Brás

Humanitismo





- Não há morte. O encontro de duas expansões, ou a expansão de duas formas,
pode determinar a supressão de uma delas; mas, rigorosamente, não há morte, há
vida, porque a supressão de uma é princípio universal e comum. Daí o caráter
conservador e benéfico da guerra. Supõe tu um campo de batatas e duas tribos
famintas. As batatas apenas chegam para alimentar uma das tribos que assim
adquire forças para transpor a montanha e e ir à outra vertente, onde há batatas
em abundância; mas, se as duas tribos dividirem em paz as batatas do campo, não
chegam a nutrir-se suficientemente e morrem de inanição. A paz nesse caso, é a
destruição; a guerra é a conservação. Uma das tribos extermina a outra e recolhe
os despojos. Daí a alegria da vitória, os hinos, aclamações, recompensas públicas e
todos os demais feitos das ações bélicas. Se a guerra não fosse isso, tais
demonstrações não chegariam a dar-se, pelo motivo real de que o homem só
comemora e ama o que lhe é aprazível ou vantajoso, e pelo motivo racional de que
nenhuma pessoa canoniza uma ação que virtualmente a destrói. Ao vencido, ódio
ou compaixão; ao vencedor, as batatas.
- Mas a opinião do exterminado?
- Não há exterminado. Desaparece o fenômeno; a substância é a mesma. Nunca
viste ferver água? Hás de lembrar-te que as bolhas fazem-se e desfazem-se de
contínuo, e tudo fica na mesma água. Os indivíduos são essas bolhas transitórias.

Personagens
• Brás Cubas - narrador - morto aos 64 anos - “ainda próspero e
rijo”, fidalgo. Peralta quando criança, mimado pelo pai,
irresponsável quando adolescente, tornou-se um homem
egoísta a ponto de discutir com a irmã pela prataria que fiou
de herança do pai e tornar-se amante da mulher de seu
amigo, Lobo Neves, se bem que nesse romance não se pode
dizer propriamente que alguém é amigo de outro.



Brás Cubas nasceu em 20/10/1805, no Rio
de Janeiro, filho de Bento Cubas, da família
burguesa que enriqueceu com o comércio.
Tinha uma única irmã, Sabina, casada com
Cotrin, com quem teve uma filha, Venância.
Seus tios eram João, oficial da infantaria,
Ildefonso, padre , e Emerenciana, a maior
autoridade de sua infância. Ao falecer, tinha
64 anos (...expirou às duas da tarde de uma
Sexta-feira de agosto de 1869), era solteiro e
em seu enterro compareceram 11 pessoas.
Sua morte foi assistida por 3 mulheres: a
irmã Sabina, a sobrinha e Virgília.

Personagens
• Virgília - filha do comendador Dutra, segundo
o pai de Brás, Bento Cubas: A “Ursa Maior”
amante de Brás Cubas casa-se com Lobo
Neves por interesse. Mulher bonita,
ambiciosa, que parece gostar sinceramente de
Brás Cubas, mas jamais se revela disposta a
romper com sua posição social ou dispensar o
conforto e o reconhecimento da sociedade.

Personagens
• Damião Lobo Neves - casado com Virgília,
homem frio e calculista. Marido de Virgília,
homem sério, integrado ao sistema,
ambicioso, mas muito mais supersticioso, pois
recusou nomeação para presidente de uma
província só porque a referida nomeação
aconteceu num dia 13.

Personagens
• Quincas Borba - menino terrível que dava tombos no paciente
professor Barata, colega de escola de Brás que o encontrará
mais tarde mendigo que rouba-lhe um relógio mas retorna-o
ao colega após receber uma herança. amigo de infância do
protagonista. Desde criança era de um temperamento ativo,
exaltado, querendo ser sempre superior nas brincadeiras.
Cubas diz que ele é impressionante quando brinca de
imperador. Quando adulto, passa pelo estado de mendigo,
evoluindo depois para filósofo e desenvolve um sistema
filosófico, denominado Humanitismo, que pretende superar e
suprimir todos os demais sistemas até tornar-se uma religião.

Personagens
• Marcela - Segundo grande amor de Brás Cubas, uma
prostituta de elite, cujo amor por Brás duraria quinze meses e
onze contos de réis. Mulher sensual, mentirosa, amiga de
rapazes e de dinheiro. Ganha muitas joias do adolescente Brás
Cubas. Contrai varíola e fica feia, com a pela grassa como uma
lixa.
Sabina - irmã do narrador e que, como ele, valoriza mais o
interesse pessoal e a posição social do que amizade ou laços
de parentesco.
Cotrin - casado com Sabina, é interesseiro, traficante de
escravos e cruel com eles, mandando-os castigar até correr
sangue.

Personagens
• Eugênia - Filha de Eusébia e Vilaça, menina bela embora coxa. Era moça
séria, tranquila, dotada de olhos negros e olhar direito e franco.
Tinha “ideias claras, maneiras chãs, certa graça natural, um ar de senhora,
e não sei se alguma outra cousa; sim, a boca exatamente a boca da mãe".
Nhá Loló - moça simplória, tinha dotes de soprano - morre de febre
amarela.
Nhonhô - filho de Virgília.

D. Plácida empregada de Virgília confidente e protetora de sua relação
extra conjugal.


Slide 17

Memórias póstumas de Brás
Cubas
Machado de Assis

Ao verme que primeiro roeu as
frias carnes do meu cadáver
dedico com saudosa lembrança
estas memórias póstumas.

Movimento literário
• Realismo brasileiro
• Escrito a princípio como folhetim, de março a dezembro de 1880,
na Revista Brasileira, para, no ano seguinte, ser publicado
como livro, pela então Tipografia Nacional.
• Publicado em 1881 – marco inicial do Realismo no Brasil e obra
inicial da produção realista do autor
• Memórias Póstumas de Brás Cubas retrata a escravidão, as classes
sociais, o cientificismo e o positivismo da época, chegando a criar,
inclusive, uma nova filosofia, mais bem desenvolvida
posteriormente em Quincas Borba (1891) — o Humanitismo, sátira
à lei do mais forte. Críticos escrevem que, com esse romance,
Machado de Assis precedeu elementos do Modernismo e
do realismo mágico de escritores como Jorge Luis Borges e Julio
Cortázar,
• Primeiro romance psicológico brasileiro

Crítica da sociedade
• O livro é crítico porque analisa a vida, as relações humanas,
mostrando o quanto algumas são ( prazerosamente ) fingidas – as
que partem do desejo humano – ASCENSÃO, PODER E GOZO; e
outra (dolorosamente ) verídicas – as que são da natureza, infalíveis
– A DOENÇA, A MORTE, A VELHICE, O TEMPO, O AZAR...
• No livro, constata-se que as verídicas se impõem aos homens
independentemente se suas vontades tornando as fingidas falíveis.
• Não há crítica direta ou aberta aos personagens – ela é implícita –
o leitor é que tem que perceber as características dos mesmos.
• O autor, nesta obra, acabou com o sentimentalismo, o moralismo
superficial, a fictícia unidade da pessoa humana, as frases piegas, o
receio de chocar preconceitos, a concepção do domínio do amor
sobre todas as outras paixões.

Romance psicológico
• O seu enfoque central não é a vida social ou a
descrição das paisagens, mas a forma como
seus personagens veem e sentem as
circunstâncias em que vivem. Em vez de
enfatizar os espaços externos, investe na
caracterização interior dos personagens, com
suas contradições e problemáticas
existenciais.

Narrador






1ª pessoa - personagem “esférico”,
Personagem principal – sua visão do mundo
Defunto –autor X Autor-defunto- importância
"Falo sem temer mais nada”
Típico burguês da segunda metade do século XIX, encarna o homem que
passou a vida sem conquistar nenhuma realização efetiva. Se na infância o
personagem fora uma criança abastada e protegida, torna-se um jovem
adulto leviano, em busca da melhor maneira de tirar vantagem.
• Na maturidade, começa a buscar a compensação pela existência sem nada
de notável, sem filhos ou realizações: consegue um cargo público, busca
notoriedade e respeitabilidade ao querer tornar-se ministro. Pouco antes
de morrer, imagina ainda um último modo de se perpetuar: inventando
um emplasto, uma medicação sublime.
• o defunto-narrador-autor é representação metafórica de um Brasil
escravista, contaminado por contradições entre o arcaico e o moderno.

O foco narrativo em primeira pessoa dá ao personagem Brás Cubas o
monopólio do texto. Aparentemente, seu relato caracteriza-se por uma
postura de isenção, ou seja, prima pela imparcialidade, já que um morto
não teria qualquer necessidade de mentir, já que deixara o mundo dos
vivos e, assim, abandonara qualquer comprometimento, ilusão ou
envolvimento.

No entanto, se observarmos com cuidado, a obra só poderá ser
entendida se começarmos por analisar o que o personagem conta,
procurando perceber certos sinais, que indicam que ele mente, exagera
e chega, inclusive, a ser incongruente. Brás Cubas manipula a história,
mostra-se sempre superior, com mania de grandeza, desde o início de
seu relato. Chega a comparar seu relato ao Pentateuco, que é um livro
sagrado, histórico, fundador de uma tradição religiosa, atribuído a
Moisés, um profeta universalmente importante, insinuando que a
diferença radical entre este relato e o seu seria apenas o fato de Brás
narrar sua existência partindo da morte e Moisés, seguindo a cronologia
normal, tomando o nascimento como início. Logicamente, apenas um
grande presunçoso não perceberia a diferença entre as duas narrativas,
o grau de importância de cada uma, o que nos revela o grande
presunçoso que ainda vive no "defunto-autor" Brás Cubas.

Tempo
• Digressões , flashback e cronológico
• A sequência do livro não é determinada pela cronologia dos
fatos, mas pelo encadeamento das reflexões do
personagem. Uma lembrança puxa a outra e o narrador
Brás Cubas, que prometera contar uma determinada
história, comenta todos os outros fatos que a envolvem,
para retomar o tema anunciado muitos capítulos depois.
• Época do primeiro ao segundo império – escravidão. A
sustentação do país era agrária, a elite consumia
estrangeirismos
• No livro, o tempo que envelhece as pessoas e lhes destrói
as ilusões é uma das estruturas centrais

Técnicas machadianas






Ironia - Machado de Assis utiliza-se da ironia como um recurso para fazer o leitor
desconfiar das declarações, pensamentos e conclusões do narrador Brás
Cubas. “Bom e fiel amigo! Não, não me arrependo das vinte apólices que lhe
deixei".
Digressão - É o que acontece, por exemplo, na parte inicial do romance, quando
Brás Cubas deixa em suspenso por vários capítulos a explicação para sua morte,
que prometera desde o início, para passear descomprometidamente por assuntos
tão díspares quanto as pirâmides do Egito e a sua árvore genealógica. Quando
volta a falar da causa mortis, é para comentar, com ironia "...acabemos de uma
vez com o nosso emplasto”. Como se já tivesse explicado antes do que se tratava!

Conversa com o leitor - O leitor de Machado é constantemente solicitado a
interagir criticamente com a obra, distanciando-se ainda mais do modelo de
leitura proposto pelos romances românticos, que mobilizam a emoção e a
imaginação.
“Veja o leitor a comparação que melhor lhe quadrar, veja-a e não esteja daí a torcerme o nariz, só porque ainda não chegamos à parte narrativa destas memórias. Lá
iremos. Creio que prefere a anedota à reflexão, como os outros leitores, seus
confrades, e acho que faz muito bem”.

Técnicas machadianas
• Capítulos curtos- Organizados em blocos curtos, são 160 capítulos
• Metalinguagem e experimentação- Exemplo: para traduzir a
frustração de Brás Cubas quando não consegue se tornar ministro,
a solução do autor foi deixar o Capítulo 139 em branco. No capítulo
seguinte, explica:






“Há coisas que melhor se dizem calando; tal é a matéria do
capítulo anterior”.
Eufemismo
Metáforas
Vocabulário elegante
Crítica ao Romantismo- Marcela amou-me durante quinze meses e
onze contos de réis (...)”

As mulheres de Brás







Marcela
Eugênia
Virgília
Nhã Loló
Sabina
Dona Plácida

Pessimismo machadiano
• Na obra, há pessoas felizardas, mas não personagens
felizes. Ninguém é verdadeiro ou sincero.
• Sofremos porque somos egoístas, vaidosos, porque
sonhamos além da conta, porque a sociedade é mal
estruturada, porque os homens se exploram
mutuamente...
• Há uma insistência na dor, no fracasso, na implacável
passagem do tempo – isto tudo vale para o negro,
para o branco, para pobres e para ricos – Não é
Determinista.

Quincas Borba





Amigo de infância
Volta mendigo e enlouquecendo
Prega o Humanitismo
Quincas Borba é importante porque introduz Brás Cubas na teoria
que inventou, o Humanitismo. Na verdade, a teoria do mendigo é
uma caricatura que Machado de Assis faz do positivismo e do
evolucionismo, teorias científicas e filosóficas em voga na época
que atribuem sentido de evolução mesmo às fatalidades da vida.
• A ironia é uma das marcas da obra de Machado de Assis. Nesta obra
isso fica claro quando o autor faz com que uma doutrina de
valorização da vida seja defendida justamente por um mendigo que
morre completamente louco.
• Morre nos braços de Brás

Humanitismo





- Não há morte. O encontro de duas expansões, ou a expansão de duas formas,
pode determinar a supressão de uma delas; mas, rigorosamente, não há morte, há
vida, porque a supressão de uma é princípio universal e comum. Daí o caráter
conservador e benéfico da guerra. Supõe tu um campo de batatas e duas tribos
famintas. As batatas apenas chegam para alimentar uma das tribos que assim
adquire forças para transpor a montanha e e ir à outra vertente, onde há batatas
em abundância; mas, se as duas tribos dividirem em paz as batatas do campo, não
chegam a nutrir-se suficientemente e morrem de inanição. A paz nesse caso, é a
destruição; a guerra é a conservação. Uma das tribos extermina a outra e recolhe
os despojos. Daí a alegria da vitória, os hinos, aclamações, recompensas públicas e
todos os demais feitos das ações bélicas. Se a guerra não fosse isso, tais
demonstrações não chegariam a dar-se, pelo motivo real de que o homem só
comemora e ama o que lhe é aprazível ou vantajoso, e pelo motivo racional de que
nenhuma pessoa canoniza uma ação que virtualmente a destrói. Ao vencido, ódio
ou compaixão; ao vencedor, as batatas.
- Mas a opinião do exterminado?
- Não há exterminado. Desaparece o fenômeno; a substância é a mesma. Nunca
viste ferver água? Hás de lembrar-te que as bolhas fazem-se e desfazem-se de
contínuo, e tudo fica na mesma água. Os indivíduos são essas bolhas transitórias.

Personagens
• Brás Cubas - narrador - morto aos 64 anos - “ainda próspero e
rijo”, fidalgo. Peralta quando criança, mimado pelo pai,
irresponsável quando adolescente, tornou-se um homem
egoísta a ponto de discutir com a irmã pela prataria que fiou
de herança do pai e tornar-se amante da mulher de seu
amigo, Lobo Neves, se bem que nesse romance não se pode
dizer propriamente que alguém é amigo de outro.



Brás Cubas nasceu em 20/10/1805, no Rio
de Janeiro, filho de Bento Cubas, da família
burguesa que enriqueceu com o comércio.
Tinha uma única irmã, Sabina, casada com
Cotrin, com quem teve uma filha, Venância.
Seus tios eram João, oficial da infantaria,
Ildefonso, padre , e Emerenciana, a maior
autoridade de sua infância. Ao falecer, tinha
64 anos (...expirou às duas da tarde de uma
Sexta-feira de agosto de 1869), era solteiro e
em seu enterro compareceram 11 pessoas.
Sua morte foi assistida por 3 mulheres: a
irmã Sabina, a sobrinha e Virgília.

Personagens
• Virgília - filha do comendador Dutra, segundo
o pai de Brás, Bento Cubas: A “Ursa Maior”
amante de Brás Cubas casa-se com Lobo
Neves por interesse. Mulher bonita,
ambiciosa, que parece gostar sinceramente de
Brás Cubas, mas jamais se revela disposta a
romper com sua posição social ou dispensar o
conforto e o reconhecimento da sociedade.

Personagens
• Damião Lobo Neves - casado com Virgília,
homem frio e calculista. Marido de Virgília,
homem sério, integrado ao sistema,
ambicioso, mas muito mais supersticioso, pois
recusou nomeação para presidente de uma
província só porque a referida nomeação
aconteceu num dia 13.

Personagens
• Quincas Borba - menino terrível que dava tombos no paciente
professor Barata, colega de escola de Brás que o encontrará
mais tarde mendigo que rouba-lhe um relógio mas retorna-o
ao colega após receber uma herança. amigo de infância do
protagonista. Desde criança era de um temperamento ativo,
exaltado, querendo ser sempre superior nas brincadeiras.
Cubas diz que ele é impressionante quando brinca de
imperador. Quando adulto, passa pelo estado de mendigo,
evoluindo depois para filósofo e desenvolve um sistema
filosófico, denominado Humanitismo, que pretende superar e
suprimir todos os demais sistemas até tornar-se uma religião.

Personagens
• Marcela - Segundo grande amor de Brás Cubas, uma
prostituta de elite, cujo amor por Brás duraria quinze meses e
onze contos de réis. Mulher sensual, mentirosa, amiga de
rapazes e de dinheiro. Ganha muitas joias do adolescente Brás
Cubas. Contrai varíola e fica feia, com a pela grassa como uma
lixa.
Sabina - irmã do narrador e que, como ele, valoriza mais o
interesse pessoal e a posição social do que amizade ou laços
de parentesco.
Cotrin - casado com Sabina, é interesseiro, traficante de
escravos e cruel com eles, mandando-os castigar até correr
sangue.

Personagens
• Eugênia - Filha de Eusébia e Vilaça, menina bela embora coxa. Era moça
séria, tranquila, dotada de olhos negros e olhar direito e franco.
Tinha “ideias claras, maneiras chãs, certa graça natural, um ar de senhora,
e não sei se alguma outra cousa; sim, a boca exatamente a boca da mãe".
Nhá Loló - moça simplória, tinha dotes de soprano - morre de febre
amarela.
Nhonhô - filho de Virgília.

D. Plácida empregada de Virgília confidente e protetora de sua relação
extra conjugal.


Slide 18

Memórias póstumas de Brás
Cubas
Machado de Assis

Ao verme que primeiro roeu as
frias carnes do meu cadáver
dedico com saudosa lembrança
estas memórias póstumas.

Movimento literário
• Realismo brasileiro
• Escrito a princípio como folhetim, de março a dezembro de 1880,
na Revista Brasileira, para, no ano seguinte, ser publicado
como livro, pela então Tipografia Nacional.
• Publicado em 1881 – marco inicial do Realismo no Brasil e obra
inicial da produção realista do autor
• Memórias Póstumas de Brás Cubas retrata a escravidão, as classes
sociais, o cientificismo e o positivismo da época, chegando a criar,
inclusive, uma nova filosofia, mais bem desenvolvida
posteriormente em Quincas Borba (1891) — o Humanitismo, sátira
à lei do mais forte. Críticos escrevem que, com esse romance,
Machado de Assis precedeu elementos do Modernismo e
do realismo mágico de escritores como Jorge Luis Borges e Julio
Cortázar,
• Primeiro romance psicológico brasileiro

Crítica da sociedade
• O livro é crítico porque analisa a vida, as relações humanas,
mostrando o quanto algumas são ( prazerosamente ) fingidas – as
que partem do desejo humano – ASCENSÃO, PODER E GOZO; e
outra (dolorosamente ) verídicas – as que são da natureza, infalíveis
– A DOENÇA, A MORTE, A VELHICE, O TEMPO, O AZAR...
• No livro, constata-se que as verídicas se impõem aos homens
independentemente se suas vontades tornando as fingidas falíveis.
• Não há crítica direta ou aberta aos personagens – ela é implícita –
o leitor é que tem que perceber as características dos mesmos.
• O autor, nesta obra, acabou com o sentimentalismo, o moralismo
superficial, a fictícia unidade da pessoa humana, as frases piegas, o
receio de chocar preconceitos, a concepção do domínio do amor
sobre todas as outras paixões.

Romance psicológico
• O seu enfoque central não é a vida social ou a
descrição das paisagens, mas a forma como
seus personagens veem e sentem as
circunstâncias em que vivem. Em vez de
enfatizar os espaços externos, investe na
caracterização interior dos personagens, com
suas contradições e problemáticas
existenciais.

Narrador






1ª pessoa - personagem “esférico”,
Personagem principal – sua visão do mundo
Defunto –autor X Autor-defunto- importância
"Falo sem temer mais nada”
Típico burguês da segunda metade do século XIX, encarna o homem que
passou a vida sem conquistar nenhuma realização efetiva. Se na infância o
personagem fora uma criança abastada e protegida, torna-se um jovem
adulto leviano, em busca da melhor maneira de tirar vantagem.
• Na maturidade, começa a buscar a compensação pela existência sem nada
de notável, sem filhos ou realizações: consegue um cargo público, busca
notoriedade e respeitabilidade ao querer tornar-se ministro. Pouco antes
de morrer, imagina ainda um último modo de se perpetuar: inventando
um emplasto, uma medicação sublime.
• o defunto-narrador-autor é representação metafórica de um Brasil
escravista, contaminado por contradições entre o arcaico e o moderno.

O foco narrativo em primeira pessoa dá ao personagem Brás Cubas o
monopólio do texto. Aparentemente, seu relato caracteriza-se por uma
postura de isenção, ou seja, prima pela imparcialidade, já que um morto
não teria qualquer necessidade de mentir, já que deixara o mundo dos
vivos e, assim, abandonara qualquer comprometimento, ilusão ou
envolvimento.

No entanto, se observarmos com cuidado, a obra só poderá ser
entendida se começarmos por analisar o que o personagem conta,
procurando perceber certos sinais, que indicam que ele mente, exagera
e chega, inclusive, a ser incongruente. Brás Cubas manipula a história,
mostra-se sempre superior, com mania de grandeza, desde o início de
seu relato. Chega a comparar seu relato ao Pentateuco, que é um livro
sagrado, histórico, fundador de uma tradição religiosa, atribuído a
Moisés, um profeta universalmente importante, insinuando que a
diferença radical entre este relato e o seu seria apenas o fato de Brás
narrar sua existência partindo da morte e Moisés, seguindo a cronologia
normal, tomando o nascimento como início. Logicamente, apenas um
grande presunçoso não perceberia a diferença entre as duas narrativas,
o grau de importância de cada uma, o que nos revela o grande
presunçoso que ainda vive no "defunto-autor" Brás Cubas.

Tempo
• Digressões , flashback e cronológico
• A sequência do livro não é determinada pela cronologia dos
fatos, mas pelo encadeamento das reflexões do
personagem. Uma lembrança puxa a outra e o narrador
Brás Cubas, que prometera contar uma determinada
história, comenta todos os outros fatos que a envolvem,
para retomar o tema anunciado muitos capítulos depois.
• Época do primeiro ao segundo império – escravidão. A
sustentação do país era agrária, a elite consumia
estrangeirismos
• No livro, o tempo que envelhece as pessoas e lhes destrói
as ilusões é uma das estruturas centrais

Técnicas machadianas






Ironia - Machado de Assis utiliza-se da ironia como um recurso para fazer o leitor
desconfiar das declarações, pensamentos e conclusões do narrador Brás
Cubas. “Bom e fiel amigo! Não, não me arrependo das vinte apólices que lhe
deixei".
Digressão - É o que acontece, por exemplo, na parte inicial do romance, quando
Brás Cubas deixa em suspenso por vários capítulos a explicação para sua morte,
que prometera desde o início, para passear descomprometidamente por assuntos
tão díspares quanto as pirâmides do Egito e a sua árvore genealógica. Quando
volta a falar da causa mortis, é para comentar, com ironia "...acabemos de uma
vez com o nosso emplasto”. Como se já tivesse explicado antes do que se tratava!

Conversa com o leitor - O leitor de Machado é constantemente solicitado a
interagir criticamente com a obra, distanciando-se ainda mais do modelo de
leitura proposto pelos romances românticos, que mobilizam a emoção e a
imaginação.
“Veja o leitor a comparação que melhor lhe quadrar, veja-a e não esteja daí a torcerme o nariz, só porque ainda não chegamos à parte narrativa destas memórias. Lá
iremos. Creio que prefere a anedota à reflexão, como os outros leitores, seus
confrades, e acho que faz muito bem”.

Técnicas machadianas
• Capítulos curtos- Organizados em blocos curtos, são 160 capítulos
• Metalinguagem e experimentação- Exemplo: para traduzir a
frustração de Brás Cubas quando não consegue se tornar ministro,
a solução do autor foi deixar o Capítulo 139 em branco. No capítulo
seguinte, explica:






“Há coisas que melhor se dizem calando; tal é a matéria do
capítulo anterior”.
Eufemismo
Metáforas
Vocabulário elegante
Crítica ao Romantismo- Marcela amou-me durante quinze meses e
onze contos de réis (...)”

As mulheres de Brás







Marcela
Eugênia
Virgília
Nhã Loló
Sabina
Dona Plácida

Pessimismo machadiano
• Na obra, há pessoas felizardas, mas não personagens
felizes. Ninguém é verdadeiro ou sincero.
• Sofremos porque somos egoístas, vaidosos, porque
sonhamos além da conta, porque a sociedade é mal
estruturada, porque os homens se exploram
mutuamente...
• Há uma insistência na dor, no fracasso, na implacável
passagem do tempo – isto tudo vale para o negro,
para o branco, para pobres e para ricos – Não é
Determinista.

Quincas Borba





Amigo de infância
Volta mendigo e enlouquecendo
Prega o Humanitismo
Quincas Borba é importante porque introduz Brás Cubas na teoria
que inventou, o Humanitismo. Na verdade, a teoria do mendigo é
uma caricatura que Machado de Assis faz do positivismo e do
evolucionismo, teorias científicas e filosóficas em voga na época
que atribuem sentido de evolução mesmo às fatalidades da vida.
• A ironia é uma das marcas da obra de Machado de Assis. Nesta obra
isso fica claro quando o autor faz com que uma doutrina de
valorização da vida seja defendida justamente por um mendigo que
morre completamente louco.
• Morre nos braços de Brás

Humanitismo





- Não há morte. O encontro de duas expansões, ou a expansão de duas formas,
pode determinar a supressão de uma delas; mas, rigorosamente, não há morte, há
vida, porque a supressão de uma é princípio universal e comum. Daí o caráter
conservador e benéfico da guerra. Supõe tu um campo de batatas e duas tribos
famintas. As batatas apenas chegam para alimentar uma das tribos que assim
adquire forças para transpor a montanha e e ir à outra vertente, onde há batatas
em abundância; mas, se as duas tribos dividirem em paz as batatas do campo, não
chegam a nutrir-se suficientemente e morrem de inanição. A paz nesse caso, é a
destruição; a guerra é a conservação. Uma das tribos extermina a outra e recolhe
os despojos. Daí a alegria da vitória, os hinos, aclamações, recompensas públicas e
todos os demais feitos das ações bélicas. Se a guerra não fosse isso, tais
demonstrações não chegariam a dar-se, pelo motivo real de que o homem só
comemora e ama o que lhe é aprazível ou vantajoso, e pelo motivo racional de que
nenhuma pessoa canoniza uma ação que virtualmente a destrói. Ao vencido, ódio
ou compaixão; ao vencedor, as batatas.
- Mas a opinião do exterminado?
- Não há exterminado. Desaparece o fenômeno; a substância é a mesma. Nunca
viste ferver água? Hás de lembrar-te que as bolhas fazem-se e desfazem-se de
contínuo, e tudo fica na mesma água. Os indivíduos são essas bolhas transitórias.

Personagens
• Brás Cubas - narrador - morto aos 64 anos - “ainda próspero e
rijo”, fidalgo. Peralta quando criança, mimado pelo pai,
irresponsável quando adolescente, tornou-se um homem
egoísta a ponto de discutir com a irmã pela prataria que fiou
de herança do pai e tornar-se amante da mulher de seu
amigo, Lobo Neves, se bem que nesse romance não se pode
dizer propriamente que alguém é amigo de outro.



Brás Cubas nasceu em 20/10/1805, no Rio
de Janeiro, filho de Bento Cubas, da família
burguesa que enriqueceu com o comércio.
Tinha uma única irmã, Sabina, casada com
Cotrin, com quem teve uma filha, Venância.
Seus tios eram João, oficial da infantaria,
Ildefonso, padre , e Emerenciana, a maior
autoridade de sua infância. Ao falecer, tinha
64 anos (...expirou às duas da tarde de uma
Sexta-feira de agosto de 1869), era solteiro e
em seu enterro compareceram 11 pessoas.
Sua morte foi assistida por 3 mulheres: a
irmã Sabina, a sobrinha e Virgília.

Personagens
• Virgília - filha do comendador Dutra, segundo
o pai de Brás, Bento Cubas: A “Ursa Maior”
amante de Brás Cubas casa-se com Lobo
Neves por interesse. Mulher bonita,
ambiciosa, que parece gostar sinceramente de
Brás Cubas, mas jamais se revela disposta a
romper com sua posição social ou dispensar o
conforto e o reconhecimento da sociedade.

Personagens
• Damião Lobo Neves - casado com Virgília,
homem frio e calculista. Marido de Virgília,
homem sério, integrado ao sistema,
ambicioso, mas muito mais supersticioso, pois
recusou nomeação para presidente de uma
província só porque a referida nomeação
aconteceu num dia 13.

Personagens
• Quincas Borba - menino terrível que dava tombos no paciente
professor Barata, colega de escola de Brás que o encontrará
mais tarde mendigo que rouba-lhe um relógio mas retorna-o
ao colega após receber uma herança. amigo de infância do
protagonista. Desde criança era de um temperamento ativo,
exaltado, querendo ser sempre superior nas brincadeiras.
Cubas diz que ele é impressionante quando brinca de
imperador. Quando adulto, passa pelo estado de mendigo,
evoluindo depois para filósofo e desenvolve um sistema
filosófico, denominado Humanitismo, que pretende superar e
suprimir todos os demais sistemas até tornar-se uma religião.

Personagens
• Marcela - Segundo grande amor de Brás Cubas, uma
prostituta de elite, cujo amor por Brás duraria quinze meses e
onze contos de réis. Mulher sensual, mentirosa, amiga de
rapazes e de dinheiro. Ganha muitas joias do adolescente Brás
Cubas. Contrai varíola e fica feia, com a pela grassa como uma
lixa.
Sabina - irmã do narrador e que, como ele, valoriza mais o
interesse pessoal e a posição social do que amizade ou laços
de parentesco.
Cotrin - casado com Sabina, é interesseiro, traficante de
escravos e cruel com eles, mandando-os castigar até correr
sangue.

Personagens
• Eugênia - Filha de Eusébia e Vilaça, menina bela embora coxa. Era moça
séria, tranquila, dotada de olhos negros e olhar direito e franco.
Tinha “ideias claras, maneiras chãs, certa graça natural, um ar de senhora,
e não sei se alguma outra cousa; sim, a boca exatamente a boca da mãe".
Nhá Loló - moça simplória, tinha dotes de soprano - morre de febre
amarela.
Nhonhô - filho de Virgília.

D. Plácida empregada de Virgília confidente e protetora de sua relação
extra conjugal.


Slide 19

Memórias póstumas de Brás
Cubas
Machado de Assis

Ao verme que primeiro roeu as
frias carnes do meu cadáver
dedico com saudosa lembrança
estas memórias póstumas.

Movimento literário
• Realismo brasileiro
• Escrito a princípio como folhetim, de março a dezembro de 1880,
na Revista Brasileira, para, no ano seguinte, ser publicado
como livro, pela então Tipografia Nacional.
• Publicado em 1881 – marco inicial do Realismo no Brasil e obra
inicial da produção realista do autor
• Memórias Póstumas de Brás Cubas retrata a escravidão, as classes
sociais, o cientificismo e o positivismo da época, chegando a criar,
inclusive, uma nova filosofia, mais bem desenvolvida
posteriormente em Quincas Borba (1891) — o Humanitismo, sátira
à lei do mais forte. Críticos escrevem que, com esse romance,
Machado de Assis precedeu elementos do Modernismo e
do realismo mágico de escritores como Jorge Luis Borges e Julio
Cortázar,
• Primeiro romance psicológico brasileiro

Crítica da sociedade
• O livro é crítico porque analisa a vida, as relações humanas,
mostrando o quanto algumas são ( prazerosamente ) fingidas – as
que partem do desejo humano – ASCENSÃO, PODER E GOZO; e
outra (dolorosamente ) verídicas – as que são da natureza, infalíveis
– A DOENÇA, A MORTE, A VELHICE, O TEMPO, O AZAR...
• No livro, constata-se que as verídicas se impõem aos homens
independentemente se suas vontades tornando as fingidas falíveis.
• Não há crítica direta ou aberta aos personagens – ela é implícita –
o leitor é que tem que perceber as características dos mesmos.
• O autor, nesta obra, acabou com o sentimentalismo, o moralismo
superficial, a fictícia unidade da pessoa humana, as frases piegas, o
receio de chocar preconceitos, a concepção do domínio do amor
sobre todas as outras paixões.

Romance psicológico
• O seu enfoque central não é a vida social ou a
descrição das paisagens, mas a forma como
seus personagens veem e sentem as
circunstâncias em que vivem. Em vez de
enfatizar os espaços externos, investe na
caracterização interior dos personagens, com
suas contradições e problemáticas
existenciais.

Narrador






1ª pessoa - personagem “esférico”,
Personagem principal – sua visão do mundo
Defunto –autor X Autor-defunto- importância
"Falo sem temer mais nada”
Típico burguês da segunda metade do século XIX, encarna o homem que
passou a vida sem conquistar nenhuma realização efetiva. Se na infância o
personagem fora uma criança abastada e protegida, torna-se um jovem
adulto leviano, em busca da melhor maneira de tirar vantagem.
• Na maturidade, começa a buscar a compensação pela existência sem nada
de notável, sem filhos ou realizações: consegue um cargo público, busca
notoriedade e respeitabilidade ao querer tornar-se ministro. Pouco antes
de morrer, imagina ainda um último modo de se perpetuar: inventando
um emplasto, uma medicação sublime.
• o defunto-narrador-autor é representação metafórica de um Brasil
escravista, contaminado por contradições entre o arcaico e o moderno.

O foco narrativo em primeira pessoa dá ao personagem Brás Cubas o
monopólio do texto. Aparentemente, seu relato caracteriza-se por uma
postura de isenção, ou seja, prima pela imparcialidade, já que um morto
não teria qualquer necessidade de mentir, já que deixara o mundo dos
vivos e, assim, abandonara qualquer comprometimento, ilusão ou
envolvimento.

No entanto, se observarmos com cuidado, a obra só poderá ser
entendida se começarmos por analisar o que o personagem conta,
procurando perceber certos sinais, que indicam que ele mente, exagera
e chega, inclusive, a ser incongruente. Brás Cubas manipula a história,
mostra-se sempre superior, com mania de grandeza, desde o início de
seu relato. Chega a comparar seu relato ao Pentateuco, que é um livro
sagrado, histórico, fundador de uma tradição religiosa, atribuído a
Moisés, um profeta universalmente importante, insinuando que a
diferença radical entre este relato e o seu seria apenas o fato de Brás
narrar sua existência partindo da morte e Moisés, seguindo a cronologia
normal, tomando o nascimento como início. Logicamente, apenas um
grande presunçoso não perceberia a diferença entre as duas narrativas,
o grau de importância de cada uma, o que nos revela o grande
presunçoso que ainda vive no "defunto-autor" Brás Cubas.

Tempo
• Digressões , flashback e cronológico
• A sequência do livro não é determinada pela cronologia dos
fatos, mas pelo encadeamento das reflexões do
personagem. Uma lembrança puxa a outra e o narrador
Brás Cubas, que prometera contar uma determinada
história, comenta todos os outros fatos que a envolvem,
para retomar o tema anunciado muitos capítulos depois.
• Época do primeiro ao segundo império – escravidão. A
sustentação do país era agrária, a elite consumia
estrangeirismos
• No livro, o tempo que envelhece as pessoas e lhes destrói
as ilusões é uma das estruturas centrais

Técnicas machadianas






Ironia - Machado de Assis utiliza-se da ironia como um recurso para fazer o leitor
desconfiar das declarações, pensamentos e conclusões do narrador Brás
Cubas. “Bom e fiel amigo! Não, não me arrependo das vinte apólices que lhe
deixei".
Digressão - É o que acontece, por exemplo, na parte inicial do romance, quando
Brás Cubas deixa em suspenso por vários capítulos a explicação para sua morte,
que prometera desde o início, para passear descomprometidamente por assuntos
tão díspares quanto as pirâmides do Egito e a sua árvore genealógica. Quando
volta a falar da causa mortis, é para comentar, com ironia "...acabemos de uma
vez com o nosso emplasto”. Como se já tivesse explicado antes do que se tratava!

Conversa com o leitor - O leitor de Machado é constantemente solicitado a
interagir criticamente com a obra, distanciando-se ainda mais do modelo de
leitura proposto pelos romances românticos, que mobilizam a emoção e a
imaginação.
“Veja o leitor a comparação que melhor lhe quadrar, veja-a e não esteja daí a torcerme o nariz, só porque ainda não chegamos à parte narrativa destas memórias. Lá
iremos. Creio que prefere a anedota à reflexão, como os outros leitores, seus
confrades, e acho que faz muito bem”.

Técnicas machadianas
• Capítulos curtos- Organizados em blocos curtos, são 160 capítulos
• Metalinguagem e experimentação- Exemplo: para traduzir a
frustração de Brás Cubas quando não consegue se tornar ministro,
a solução do autor foi deixar o Capítulo 139 em branco. No capítulo
seguinte, explica:






“Há coisas que melhor se dizem calando; tal é a matéria do
capítulo anterior”.
Eufemismo
Metáforas
Vocabulário elegante
Crítica ao Romantismo- Marcela amou-me durante quinze meses e
onze contos de réis (...)”

As mulheres de Brás







Marcela
Eugênia
Virgília
Nhã Loló
Sabina
Dona Plácida

Pessimismo machadiano
• Na obra, há pessoas felizardas, mas não personagens
felizes. Ninguém é verdadeiro ou sincero.
• Sofremos porque somos egoístas, vaidosos, porque
sonhamos além da conta, porque a sociedade é mal
estruturada, porque os homens se exploram
mutuamente...
• Há uma insistência na dor, no fracasso, na implacável
passagem do tempo – isto tudo vale para o negro,
para o branco, para pobres e para ricos – Não é
Determinista.

Quincas Borba





Amigo de infância
Volta mendigo e enlouquecendo
Prega o Humanitismo
Quincas Borba é importante porque introduz Brás Cubas na teoria
que inventou, o Humanitismo. Na verdade, a teoria do mendigo é
uma caricatura que Machado de Assis faz do positivismo e do
evolucionismo, teorias científicas e filosóficas em voga na época
que atribuem sentido de evolução mesmo às fatalidades da vida.
• A ironia é uma das marcas da obra de Machado de Assis. Nesta obra
isso fica claro quando o autor faz com que uma doutrina de
valorização da vida seja defendida justamente por um mendigo que
morre completamente louco.
• Morre nos braços de Brás

Humanitismo





- Não há morte. O encontro de duas expansões, ou a expansão de duas formas,
pode determinar a supressão de uma delas; mas, rigorosamente, não há morte, há
vida, porque a supressão de uma é princípio universal e comum. Daí o caráter
conservador e benéfico da guerra. Supõe tu um campo de batatas e duas tribos
famintas. As batatas apenas chegam para alimentar uma das tribos que assim
adquire forças para transpor a montanha e e ir à outra vertente, onde há batatas
em abundância; mas, se as duas tribos dividirem em paz as batatas do campo, não
chegam a nutrir-se suficientemente e morrem de inanição. A paz nesse caso, é a
destruição; a guerra é a conservação. Uma das tribos extermina a outra e recolhe
os despojos. Daí a alegria da vitória, os hinos, aclamações, recompensas públicas e
todos os demais feitos das ações bélicas. Se a guerra não fosse isso, tais
demonstrações não chegariam a dar-se, pelo motivo real de que o homem só
comemora e ama o que lhe é aprazível ou vantajoso, e pelo motivo racional de que
nenhuma pessoa canoniza uma ação que virtualmente a destrói. Ao vencido, ódio
ou compaixão; ao vencedor, as batatas.
- Mas a opinião do exterminado?
- Não há exterminado. Desaparece o fenômeno; a substância é a mesma. Nunca
viste ferver água? Hás de lembrar-te que as bolhas fazem-se e desfazem-se de
contínuo, e tudo fica na mesma água. Os indivíduos são essas bolhas transitórias.

Personagens
• Brás Cubas - narrador - morto aos 64 anos - “ainda próspero e
rijo”, fidalgo. Peralta quando criança, mimado pelo pai,
irresponsável quando adolescente, tornou-se um homem
egoísta a ponto de discutir com a irmã pela prataria que fiou
de herança do pai e tornar-se amante da mulher de seu
amigo, Lobo Neves, se bem que nesse romance não se pode
dizer propriamente que alguém é amigo de outro.



Brás Cubas nasceu em 20/10/1805, no Rio
de Janeiro, filho de Bento Cubas, da família
burguesa que enriqueceu com o comércio.
Tinha uma única irmã, Sabina, casada com
Cotrin, com quem teve uma filha, Venância.
Seus tios eram João, oficial da infantaria,
Ildefonso, padre , e Emerenciana, a maior
autoridade de sua infância. Ao falecer, tinha
64 anos (...expirou às duas da tarde de uma
Sexta-feira de agosto de 1869), era solteiro e
em seu enterro compareceram 11 pessoas.
Sua morte foi assistida por 3 mulheres: a
irmã Sabina, a sobrinha e Virgília.

Personagens
• Virgília - filha do comendador Dutra, segundo
o pai de Brás, Bento Cubas: A “Ursa Maior”
amante de Brás Cubas casa-se com Lobo
Neves por interesse. Mulher bonita,
ambiciosa, que parece gostar sinceramente de
Brás Cubas, mas jamais se revela disposta a
romper com sua posição social ou dispensar o
conforto e o reconhecimento da sociedade.

Personagens
• Damião Lobo Neves - casado com Virgília,
homem frio e calculista. Marido de Virgília,
homem sério, integrado ao sistema,
ambicioso, mas muito mais supersticioso, pois
recusou nomeação para presidente de uma
província só porque a referida nomeação
aconteceu num dia 13.

Personagens
• Quincas Borba - menino terrível que dava tombos no paciente
professor Barata, colega de escola de Brás que o encontrará
mais tarde mendigo que rouba-lhe um relógio mas retorna-o
ao colega após receber uma herança. amigo de infância do
protagonista. Desde criança era de um temperamento ativo,
exaltado, querendo ser sempre superior nas brincadeiras.
Cubas diz que ele é impressionante quando brinca de
imperador. Quando adulto, passa pelo estado de mendigo,
evoluindo depois para filósofo e desenvolve um sistema
filosófico, denominado Humanitismo, que pretende superar e
suprimir todos os demais sistemas até tornar-se uma religião.

Personagens
• Marcela - Segundo grande amor de Brás Cubas, uma
prostituta de elite, cujo amor por Brás duraria quinze meses e
onze contos de réis. Mulher sensual, mentirosa, amiga de
rapazes e de dinheiro. Ganha muitas joias do adolescente Brás
Cubas. Contrai varíola e fica feia, com a pela grassa como uma
lixa.
Sabina - irmã do narrador e que, como ele, valoriza mais o
interesse pessoal e a posição social do que amizade ou laços
de parentesco.
Cotrin - casado com Sabina, é interesseiro, traficante de
escravos e cruel com eles, mandando-os castigar até correr
sangue.

Personagens
• Eugênia - Filha de Eusébia e Vilaça, menina bela embora coxa. Era moça
séria, tranquila, dotada de olhos negros e olhar direito e franco.
Tinha “ideias claras, maneiras chãs, certa graça natural, um ar de senhora,
e não sei se alguma outra cousa; sim, a boca exatamente a boca da mãe".
Nhá Loló - moça simplória, tinha dotes de soprano - morre de febre
amarela.
Nhonhô - filho de Virgília.

D. Plácida empregada de Virgília confidente e protetora de sua relação
extra conjugal.


Slide 20

Memórias póstumas de Brás
Cubas
Machado de Assis

Ao verme que primeiro roeu as
frias carnes do meu cadáver
dedico com saudosa lembrança
estas memórias póstumas.

Movimento literário
• Realismo brasileiro
• Escrito a princípio como folhetim, de março a dezembro de 1880,
na Revista Brasileira, para, no ano seguinte, ser publicado
como livro, pela então Tipografia Nacional.
• Publicado em 1881 – marco inicial do Realismo no Brasil e obra
inicial da produção realista do autor
• Memórias Póstumas de Brás Cubas retrata a escravidão, as classes
sociais, o cientificismo e o positivismo da época, chegando a criar,
inclusive, uma nova filosofia, mais bem desenvolvida
posteriormente em Quincas Borba (1891) — o Humanitismo, sátira
à lei do mais forte. Críticos escrevem que, com esse romance,
Machado de Assis precedeu elementos do Modernismo e
do realismo mágico de escritores como Jorge Luis Borges e Julio
Cortázar,
• Primeiro romance psicológico brasileiro

Crítica da sociedade
• O livro é crítico porque analisa a vida, as relações humanas,
mostrando o quanto algumas são ( prazerosamente ) fingidas – as
que partem do desejo humano – ASCENSÃO, PODER E GOZO; e
outra (dolorosamente ) verídicas – as que são da natureza, infalíveis
– A DOENÇA, A MORTE, A VELHICE, O TEMPO, O AZAR...
• No livro, constata-se que as verídicas se impõem aos homens
independentemente se suas vontades tornando as fingidas falíveis.
• Não há crítica direta ou aberta aos personagens – ela é implícita –
o leitor é que tem que perceber as características dos mesmos.
• O autor, nesta obra, acabou com o sentimentalismo, o moralismo
superficial, a fictícia unidade da pessoa humana, as frases piegas, o
receio de chocar preconceitos, a concepção do domínio do amor
sobre todas as outras paixões.

Romance psicológico
• O seu enfoque central não é a vida social ou a
descrição das paisagens, mas a forma como
seus personagens veem e sentem as
circunstâncias em que vivem. Em vez de
enfatizar os espaços externos, investe na
caracterização interior dos personagens, com
suas contradições e problemáticas
existenciais.

Narrador






1ª pessoa - personagem “esférico”,
Personagem principal – sua visão do mundo
Defunto –autor X Autor-defunto- importância
"Falo sem temer mais nada”
Típico burguês da segunda metade do século XIX, encarna o homem que
passou a vida sem conquistar nenhuma realização efetiva. Se na infância o
personagem fora uma criança abastada e protegida, torna-se um jovem
adulto leviano, em busca da melhor maneira de tirar vantagem.
• Na maturidade, começa a buscar a compensação pela existência sem nada
de notável, sem filhos ou realizações: consegue um cargo público, busca
notoriedade e respeitabilidade ao querer tornar-se ministro. Pouco antes
de morrer, imagina ainda um último modo de se perpetuar: inventando
um emplasto, uma medicação sublime.
• o defunto-narrador-autor é representação metafórica de um Brasil
escravista, contaminado por contradições entre o arcaico e o moderno.

O foco narrativo em primeira pessoa dá ao personagem Brás Cubas o
monopólio do texto. Aparentemente, seu relato caracteriza-se por uma
postura de isenção, ou seja, prima pela imparcialidade, já que um morto
não teria qualquer necessidade de mentir, já que deixara o mundo dos
vivos e, assim, abandonara qualquer comprometimento, ilusão ou
envolvimento.

No entanto, se observarmos com cuidado, a obra só poderá ser
entendida se começarmos por analisar o que o personagem conta,
procurando perceber certos sinais, que indicam que ele mente, exagera
e chega, inclusive, a ser incongruente. Brás Cubas manipula a história,
mostra-se sempre superior, com mania de grandeza, desde o início de
seu relato. Chega a comparar seu relato ao Pentateuco, que é um livro
sagrado, histórico, fundador de uma tradição religiosa, atribuído a
Moisés, um profeta universalmente importante, insinuando que a
diferença radical entre este relato e o seu seria apenas o fato de Brás
narrar sua existência partindo da morte e Moisés, seguindo a cronologia
normal, tomando o nascimento como início. Logicamente, apenas um
grande presunçoso não perceberia a diferença entre as duas narrativas,
o grau de importância de cada uma, o que nos revela o grande
presunçoso que ainda vive no "defunto-autor" Brás Cubas.

Tempo
• Digressões , flashback e cronológico
• A sequência do livro não é determinada pela cronologia dos
fatos, mas pelo encadeamento das reflexões do
personagem. Uma lembrança puxa a outra e o narrador
Brás Cubas, que prometera contar uma determinada
história, comenta todos os outros fatos que a envolvem,
para retomar o tema anunciado muitos capítulos depois.
• Época do primeiro ao segundo império – escravidão. A
sustentação do país era agrária, a elite consumia
estrangeirismos
• No livro, o tempo que envelhece as pessoas e lhes destrói
as ilusões é uma das estruturas centrais

Técnicas machadianas






Ironia - Machado de Assis utiliza-se da ironia como um recurso para fazer o leitor
desconfiar das declarações, pensamentos e conclusões do narrador Brás
Cubas. “Bom e fiel amigo! Não, não me arrependo das vinte apólices que lhe
deixei".
Digressão - É o que acontece, por exemplo, na parte inicial do romance, quando
Brás Cubas deixa em suspenso por vários capítulos a explicação para sua morte,
que prometera desde o início, para passear descomprometidamente por assuntos
tão díspares quanto as pirâmides do Egito e a sua árvore genealógica. Quando
volta a falar da causa mortis, é para comentar, com ironia "...acabemos de uma
vez com o nosso emplasto”. Como se já tivesse explicado antes do que se tratava!

Conversa com o leitor - O leitor de Machado é constantemente solicitado a
interagir criticamente com a obra, distanciando-se ainda mais do modelo de
leitura proposto pelos romances românticos, que mobilizam a emoção e a
imaginação.
“Veja o leitor a comparação que melhor lhe quadrar, veja-a e não esteja daí a torcerme o nariz, só porque ainda não chegamos à parte narrativa destas memórias. Lá
iremos. Creio que prefere a anedota à reflexão, como os outros leitores, seus
confrades, e acho que faz muito bem”.

Técnicas machadianas
• Capítulos curtos- Organizados em blocos curtos, são 160 capítulos
• Metalinguagem e experimentação- Exemplo: para traduzir a
frustração de Brás Cubas quando não consegue se tornar ministro,
a solução do autor foi deixar o Capítulo 139 em branco. No capítulo
seguinte, explica:






“Há coisas que melhor se dizem calando; tal é a matéria do
capítulo anterior”.
Eufemismo
Metáforas
Vocabulário elegante
Crítica ao Romantismo- Marcela amou-me durante quinze meses e
onze contos de réis (...)”

As mulheres de Brás







Marcela
Eugênia
Virgília
Nhã Loló
Sabina
Dona Plácida

Pessimismo machadiano
• Na obra, há pessoas felizardas, mas não personagens
felizes. Ninguém é verdadeiro ou sincero.
• Sofremos porque somos egoístas, vaidosos, porque
sonhamos além da conta, porque a sociedade é mal
estruturada, porque os homens se exploram
mutuamente...
• Há uma insistência na dor, no fracasso, na implacável
passagem do tempo – isto tudo vale para o negro,
para o branco, para pobres e para ricos – Não é
Determinista.

Quincas Borba





Amigo de infância
Volta mendigo e enlouquecendo
Prega o Humanitismo
Quincas Borba é importante porque introduz Brás Cubas na teoria
que inventou, o Humanitismo. Na verdade, a teoria do mendigo é
uma caricatura que Machado de Assis faz do positivismo e do
evolucionismo, teorias científicas e filosóficas em voga na época
que atribuem sentido de evolução mesmo às fatalidades da vida.
• A ironia é uma das marcas da obra de Machado de Assis. Nesta obra
isso fica claro quando o autor faz com que uma doutrina de
valorização da vida seja defendida justamente por um mendigo que
morre completamente louco.
• Morre nos braços de Brás

Humanitismo





- Não há morte. O encontro de duas expansões, ou a expansão de duas formas,
pode determinar a supressão de uma delas; mas, rigorosamente, não há morte, há
vida, porque a supressão de uma é princípio universal e comum. Daí o caráter
conservador e benéfico da guerra. Supõe tu um campo de batatas e duas tribos
famintas. As batatas apenas chegam para alimentar uma das tribos que assim
adquire forças para transpor a montanha e e ir à outra vertente, onde há batatas
em abundância; mas, se as duas tribos dividirem em paz as batatas do campo, não
chegam a nutrir-se suficientemente e morrem de inanição. A paz nesse caso, é a
destruição; a guerra é a conservação. Uma das tribos extermina a outra e recolhe
os despojos. Daí a alegria da vitória, os hinos, aclamações, recompensas públicas e
todos os demais feitos das ações bélicas. Se a guerra não fosse isso, tais
demonstrações não chegariam a dar-se, pelo motivo real de que o homem só
comemora e ama o que lhe é aprazível ou vantajoso, e pelo motivo racional de que
nenhuma pessoa canoniza uma ação que virtualmente a destrói. Ao vencido, ódio
ou compaixão; ao vencedor, as batatas.
- Mas a opinião do exterminado?
- Não há exterminado. Desaparece o fenômeno; a substância é a mesma. Nunca
viste ferver água? Hás de lembrar-te que as bolhas fazem-se e desfazem-se de
contínuo, e tudo fica na mesma água. Os indivíduos são essas bolhas transitórias.

Personagens
• Brás Cubas - narrador - morto aos 64 anos - “ainda próspero e
rijo”, fidalgo. Peralta quando criança, mimado pelo pai,
irresponsável quando adolescente, tornou-se um homem
egoísta a ponto de discutir com a irmã pela prataria que fiou
de herança do pai e tornar-se amante da mulher de seu
amigo, Lobo Neves, se bem que nesse romance não se pode
dizer propriamente que alguém é amigo de outro.



Brás Cubas nasceu em 20/10/1805, no Rio
de Janeiro, filho de Bento Cubas, da família
burguesa que enriqueceu com o comércio.
Tinha uma única irmã, Sabina, casada com
Cotrin, com quem teve uma filha, Venância.
Seus tios eram João, oficial da infantaria,
Ildefonso, padre , e Emerenciana, a maior
autoridade de sua infância. Ao falecer, tinha
64 anos (...expirou às duas da tarde de uma
Sexta-feira de agosto de 1869), era solteiro e
em seu enterro compareceram 11 pessoas.
Sua morte foi assistida por 3 mulheres: a
irmã Sabina, a sobrinha e Virgília.

Personagens
• Virgília - filha do comendador Dutra, segundo
o pai de Brás, Bento Cubas: A “Ursa Maior”
amante de Brás Cubas casa-se com Lobo
Neves por interesse. Mulher bonita,
ambiciosa, que parece gostar sinceramente de
Brás Cubas, mas jamais se revela disposta a
romper com sua posição social ou dispensar o
conforto e o reconhecimento da sociedade.

Personagens
• Damião Lobo Neves - casado com Virgília,
homem frio e calculista. Marido de Virgília,
homem sério, integrado ao sistema,
ambicioso, mas muito mais supersticioso, pois
recusou nomeação para presidente de uma
província só porque a referida nomeação
aconteceu num dia 13.

Personagens
• Quincas Borba - menino terrível que dava tombos no paciente
professor Barata, colega de escola de Brás que o encontrará
mais tarde mendigo que rouba-lhe um relógio mas retorna-o
ao colega após receber uma herança. amigo de infância do
protagonista. Desde criança era de um temperamento ativo,
exaltado, querendo ser sempre superior nas brincadeiras.
Cubas diz que ele é impressionante quando brinca de
imperador. Quando adulto, passa pelo estado de mendigo,
evoluindo depois para filósofo e desenvolve um sistema
filosófico, denominado Humanitismo, que pretende superar e
suprimir todos os demais sistemas até tornar-se uma religião.

Personagens
• Marcela - Segundo grande amor de Brás Cubas, uma
prostituta de elite, cujo amor por Brás duraria quinze meses e
onze contos de réis. Mulher sensual, mentirosa, amiga de
rapazes e de dinheiro. Ganha muitas joias do adolescente Brás
Cubas. Contrai varíola e fica feia, com a pela grassa como uma
lixa.
Sabina - irmã do narrador e que, como ele, valoriza mais o
interesse pessoal e a posição social do que amizade ou laços
de parentesco.
Cotrin - casado com Sabina, é interesseiro, traficante de
escravos e cruel com eles, mandando-os castigar até correr
sangue.

Personagens
• Eugênia - Filha de Eusébia e Vilaça, menina bela embora coxa. Era moça
séria, tranquila, dotada de olhos negros e olhar direito e franco.
Tinha “ideias claras, maneiras chãs, certa graça natural, um ar de senhora,
e não sei se alguma outra cousa; sim, a boca exatamente a boca da mãe".
Nhá Loló - moça simplória, tinha dotes de soprano - morre de febre
amarela.
Nhonhô - filho de Virgília.

D. Plácida empregada de Virgília confidente e protetora de sua relação
extra conjugal.


Slide 21

Memórias póstumas de Brás
Cubas
Machado de Assis

Ao verme que primeiro roeu as
frias carnes do meu cadáver
dedico com saudosa lembrança
estas memórias póstumas.

Movimento literário
• Realismo brasileiro
• Escrito a princípio como folhetim, de março a dezembro de 1880,
na Revista Brasileira, para, no ano seguinte, ser publicado
como livro, pela então Tipografia Nacional.
• Publicado em 1881 – marco inicial do Realismo no Brasil e obra
inicial da produção realista do autor
• Memórias Póstumas de Brás Cubas retrata a escravidão, as classes
sociais, o cientificismo e o positivismo da época, chegando a criar,
inclusive, uma nova filosofia, mais bem desenvolvida
posteriormente em Quincas Borba (1891) — o Humanitismo, sátira
à lei do mais forte. Críticos escrevem que, com esse romance,
Machado de Assis precedeu elementos do Modernismo e
do realismo mágico de escritores como Jorge Luis Borges e Julio
Cortázar,
• Primeiro romance psicológico brasileiro

Crítica da sociedade
• O livro é crítico porque analisa a vida, as relações humanas,
mostrando o quanto algumas são ( prazerosamente ) fingidas – as
que partem do desejo humano – ASCENSÃO, PODER E GOZO; e
outra (dolorosamente ) verídicas – as que são da natureza, infalíveis
– A DOENÇA, A MORTE, A VELHICE, O TEMPO, O AZAR...
• No livro, constata-se que as verídicas se impõem aos homens
independentemente se suas vontades tornando as fingidas falíveis.
• Não há crítica direta ou aberta aos personagens – ela é implícita –
o leitor é que tem que perceber as características dos mesmos.
• O autor, nesta obra, acabou com o sentimentalismo, o moralismo
superficial, a fictícia unidade da pessoa humana, as frases piegas, o
receio de chocar preconceitos, a concepção do domínio do amor
sobre todas as outras paixões.

Romance psicológico
• O seu enfoque central não é a vida social ou a
descrição das paisagens, mas a forma como
seus personagens veem e sentem as
circunstâncias em que vivem. Em vez de
enfatizar os espaços externos, investe na
caracterização interior dos personagens, com
suas contradições e problemáticas
existenciais.

Narrador






1ª pessoa - personagem “esférico”,
Personagem principal – sua visão do mundo
Defunto –autor X Autor-defunto- importância
"Falo sem temer mais nada”
Típico burguês da segunda metade do século XIX, encarna o homem que
passou a vida sem conquistar nenhuma realização efetiva. Se na infância o
personagem fora uma criança abastada e protegida, torna-se um jovem
adulto leviano, em busca da melhor maneira de tirar vantagem.
• Na maturidade, começa a buscar a compensação pela existência sem nada
de notável, sem filhos ou realizações: consegue um cargo público, busca
notoriedade e respeitabilidade ao querer tornar-se ministro. Pouco antes
de morrer, imagina ainda um último modo de se perpetuar: inventando
um emplasto, uma medicação sublime.
• o defunto-narrador-autor é representação metafórica de um Brasil
escravista, contaminado por contradições entre o arcaico e o moderno.

O foco narrativo em primeira pessoa dá ao personagem Brás Cubas o
monopólio do texto. Aparentemente, seu relato caracteriza-se por uma
postura de isenção, ou seja, prima pela imparcialidade, já que um morto
não teria qualquer necessidade de mentir, já que deixara o mundo dos
vivos e, assim, abandonara qualquer comprometimento, ilusão ou
envolvimento.

No entanto, se observarmos com cuidado, a obra só poderá ser
entendida se começarmos por analisar o que o personagem conta,
procurando perceber certos sinais, que indicam que ele mente, exagera
e chega, inclusive, a ser incongruente. Brás Cubas manipula a história,
mostra-se sempre superior, com mania de grandeza, desde o início de
seu relato. Chega a comparar seu relato ao Pentateuco, que é um livro
sagrado, histórico, fundador de uma tradição religiosa, atribuído a
Moisés, um profeta universalmente importante, insinuando que a
diferença radical entre este relato e o seu seria apenas o fato de Brás
narrar sua existência partindo da morte e Moisés, seguindo a cronologia
normal, tomando o nascimento como início. Logicamente, apenas um
grande presunçoso não perceberia a diferença entre as duas narrativas,
o grau de importância de cada uma, o que nos revela o grande
presunçoso que ainda vive no "defunto-autor" Brás Cubas.

Tempo
• Digressões , flashback e cronológico
• A sequência do livro não é determinada pela cronologia dos
fatos, mas pelo encadeamento das reflexões do
personagem. Uma lembrança puxa a outra e o narrador
Brás Cubas, que prometera contar uma determinada
história, comenta todos os outros fatos que a envolvem,
para retomar o tema anunciado muitos capítulos depois.
• Época do primeiro ao segundo império – escravidão. A
sustentação do país era agrária, a elite consumia
estrangeirismos
• No livro, o tempo que envelhece as pessoas e lhes destrói
as ilusões é uma das estruturas centrais

Técnicas machadianas






Ironia - Machado de Assis utiliza-se da ironia como um recurso para fazer o leitor
desconfiar das declarações, pensamentos e conclusões do narrador Brás
Cubas. “Bom e fiel amigo! Não, não me arrependo das vinte apólices que lhe
deixei".
Digressão - É o que acontece, por exemplo, na parte inicial do romance, quando
Brás Cubas deixa em suspenso por vários capítulos a explicação para sua morte,
que prometera desde o início, para passear descomprometidamente por assuntos
tão díspares quanto as pirâmides do Egito e a sua árvore genealógica. Quando
volta a falar da causa mortis, é para comentar, com ironia "...acabemos de uma
vez com o nosso emplasto”. Como se já tivesse explicado antes do que se tratava!

Conversa com o leitor - O leitor de Machado é constantemente solicitado a
interagir criticamente com a obra, distanciando-se ainda mais do modelo de
leitura proposto pelos romances românticos, que mobilizam a emoção e a
imaginação.
“Veja o leitor a comparação que melhor lhe quadrar, veja-a e não esteja daí a torcerme o nariz, só porque ainda não chegamos à parte narrativa destas memórias. Lá
iremos. Creio que prefere a anedota à reflexão, como os outros leitores, seus
confrades, e acho que faz muito bem”.

Técnicas machadianas
• Capítulos curtos- Organizados em blocos curtos, são 160 capítulos
• Metalinguagem e experimentação- Exemplo: para traduzir a
frustração de Brás Cubas quando não consegue se tornar ministro,
a solução do autor foi deixar o Capítulo 139 em branco. No capítulo
seguinte, explica:






“Há coisas que melhor se dizem calando; tal é a matéria do
capítulo anterior”.
Eufemismo
Metáforas
Vocabulário elegante
Crítica ao Romantismo- Marcela amou-me durante quinze meses e
onze contos de réis (...)”

As mulheres de Brás







Marcela
Eugênia
Virgília
Nhã Loló
Sabina
Dona Plácida

Pessimismo machadiano
• Na obra, há pessoas felizardas, mas não personagens
felizes. Ninguém é verdadeiro ou sincero.
• Sofremos porque somos egoístas, vaidosos, porque
sonhamos além da conta, porque a sociedade é mal
estruturada, porque os homens se exploram
mutuamente...
• Há uma insistência na dor, no fracasso, na implacável
passagem do tempo – isto tudo vale para o negro,
para o branco, para pobres e para ricos – Não é
Determinista.

Quincas Borba





Amigo de infância
Volta mendigo e enlouquecendo
Prega o Humanitismo
Quincas Borba é importante porque introduz Brás Cubas na teoria
que inventou, o Humanitismo. Na verdade, a teoria do mendigo é
uma caricatura que Machado de Assis faz do positivismo e do
evolucionismo, teorias científicas e filosóficas em voga na época
que atribuem sentido de evolução mesmo às fatalidades da vida.
• A ironia é uma das marcas da obra de Machado de Assis. Nesta obra
isso fica claro quando o autor faz com que uma doutrina de
valorização da vida seja defendida justamente por um mendigo que
morre completamente louco.
• Morre nos braços de Brás

Humanitismo





- Não há morte. O encontro de duas expansões, ou a expansão de duas formas,
pode determinar a supressão de uma delas; mas, rigorosamente, não há morte, há
vida, porque a supressão de uma é princípio universal e comum. Daí o caráter
conservador e benéfico da guerra. Supõe tu um campo de batatas e duas tribos
famintas. As batatas apenas chegam para alimentar uma das tribos que assim
adquire forças para transpor a montanha e e ir à outra vertente, onde há batatas
em abundância; mas, se as duas tribos dividirem em paz as batatas do campo, não
chegam a nutrir-se suficientemente e morrem de inanição. A paz nesse caso, é a
destruição; a guerra é a conservação. Uma das tribos extermina a outra e recolhe
os despojos. Daí a alegria da vitória, os hinos, aclamações, recompensas públicas e
todos os demais feitos das ações bélicas. Se a guerra não fosse isso, tais
demonstrações não chegariam a dar-se, pelo motivo real de que o homem só
comemora e ama o que lhe é aprazível ou vantajoso, e pelo motivo racional de que
nenhuma pessoa canoniza uma ação que virtualmente a destrói. Ao vencido, ódio
ou compaixão; ao vencedor, as batatas.
- Mas a opinião do exterminado?
- Não há exterminado. Desaparece o fenômeno; a substância é a mesma. Nunca
viste ferver água? Hás de lembrar-te que as bolhas fazem-se e desfazem-se de
contínuo, e tudo fica na mesma água. Os indivíduos são essas bolhas transitórias.

Personagens
• Brás Cubas - narrador - morto aos 64 anos - “ainda próspero e
rijo”, fidalgo. Peralta quando criança, mimado pelo pai,
irresponsável quando adolescente, tornou-se um homem
egoísta a ponto de discutir com a irmã pela prataria que fiou
de herança do pai e tornar-se amante da mulher de seu
amigo, Lobo Neves, se bem que nesse romance não se pode
dizer propriamente que alguém é amigo de outro.



Brás Cubas nasceu em 20/10/1805, no Rio
de Janeiro, filho de Bento Cubas, da família
burguesa que enriqueceu com o comércio.
Tinha uma única irmã, Sabina, casada com
Cotrin, com quem teve uma filha, Venância.
Seus tios eram João, oficial da infantaria,
Ildefonso, padre , e Emerenciana, a maior
autoridade de sua infância. Ao falecer, tinha
64 anos (...expirou às duas da tarde de uma
Sexta-feira de agosto de 1869), era solteiro e
em seu enterro compareceram 11 pessoas.
Sua morte foi assistida por 3 mulheres: a
irmã Sabina, a sobrinha e Virgília.

Personagens
• Virgília - filha do comendador Dutra, segundo
o pai de Brás, Bento Cubas: A “Ursa Maior”
amante de Brás Cubas casa-se com Lobo
Neves por interesse. Mulher bonita,
ambiciosa, que parece gostar sinceramente de
Brás Cubas, mas jamais se revela disposta a
romper com sua posição social ou dispensar o
conforto e o reconhecimento da sociedade.

Personagens
• Damião Lobo Neves - casado com Virgília,
homem frio e calculista. Marido de Virgília,
homem sério, integrado ao sistema,
ambicioso, mas muito mais supersticioso, pois
recusou nomeação para presidente de uma
província só porque a referida nomeação
aconteceu num dia 13.

Personagens
• Quincas Borba - menino terrível que dava tombos no paciente
professor Barata, colega de escola de Brás que o encontrará
mais tarde mendigo que rouba-lhe um relógio mas retorna-o
ao colega após receber uma herança. amigo de infância do
protagonista. Desde criança era de um temperamento ativo,
exaltado, querendo ser sempre superior nas brincadeiras.
Cubas diz que ele é impressionante quando brinca de
imperador. Quando adulto, passa pelo estado de mendigo,
evoluindo depois para filósofo e desenvolve um sistema
filosófico, denominado Humanitismo, que pretende superar e
suprimir todos os demais sistemas até tornar-se uma religião.

Personagens
• Marcela - Segundo grande amor de Brás Cubas, uma
prostituta de elite, cujo amor por Brás duraria quinze meses e
onze contos de réis. Mulher sensual, mentirosa, amiga de
rapazes e de dinheiro. Ganha muitas joias do adolescente Brás
Cubas. Contrai varíola e fica feia, com a pela grassa como uma
lixa.
Sabina - irmã do narrador e que, como ele, valoriza mais o
interesse pessoal e a posição social do que amizade ou laços
de parentesco.
Cotrin - casado com Sabina, é interesseiro, traficante de
escravos e cruel com eles, mandando-os castigar até correr
sangue.

Personagens
• Eugênia - Filha de Eusébia e Vilaça, menina bela embora coxa. Era moça
séria, tranquila, dotada de olhos negros e olhar direito e franco.
Tinha “ideias claras, maneiras chãs, certa graça natural, um ar de senhora,
e não sei se alguma outra cousa; sim, a boca exatamente a boca da mãe".
Nhá Loló - moça simplória, tinha dotes de soprano - morre de febre
amarela.
Nhonhô - filho de Virgília.

D. Plácida empregada de Virgília confidente e protetora de sua relação
extra conjugal.