TROVADORISMO Literatura Prof.ª Francieine Lisowski SYMPHONIA DA CANTIGA 160, CANTIGAS DE SANTA MARIA DE AFONSO X, O SÁBIO - CÓDICE DO ESCORIAL. (1221-1284). TROVADORISMO Trovadorismo, também conhecido como.
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Transcript TROVADORISMO Literatura Prof.ª Francieine Lisowski SYMPHONIA DA CANTIGA 160, CANTIGAS DE SANTA MARIA DE AFONSO X, O SÁBIO - CÓDICE DO ESCORIAL. (1221-1284). TROVADORISMO Trovadorismo, também conhecido como.
TROVADORISMO
Literatura
Prof.ª Francieine Lisowski
SYMPHONIA DA CANTIGA 160, CANTIGAS DE SANTA
MARIA DE AFONSO X, O SÁBIO - CÓDICE DO ESCORIAL.
(1221-1284).
TROVADORISMO
Trovadorismo, também conhecido
como Primeira Época Medieval, é
o primeiro movimento literário
da língua portuguesa.
Seu surgimento ocorreu no
mesmo período em que Portugal
começou a despontar como nação
independente, no século XII;
OS TEXTOS DOS TROVADORES MEDIEVAIS FORAM
PRESERVADOS EM PERGAMINHOS, COMO POR
EXEMPLO O PERGAMINHO VINDEL.
1
TROVADORISMO
A mais antiga manifestação literária
galaico-portuguesa que se pode datar
é a cantiga "Ora faz host'o senhor de
Navarra", do trovador português João
Soares de Paiva ou João Soares de
Pávia, composta provavelmente por
volta do ano 1200.
TROVADORISMO
De 1200, a Lírica galegoportuguesa se estende até meados
do século XIV, sendo usual referir
como termo o ano de 1350, data
do testamento do Conde D. Pedro,
Conde de Barcelos.
TROVADORISMO
Trovadores eram aqueles
que compunham as poesias
e as melodias que as
acompanhavam, e cantigas
são as poesias cantadas.
TROVADORISMO
A designação "trovador"
aplicava-se aos autores de
origem nobre, sendo que os
autores de origem vilã
tinham o nome de jogral.
TROVADORISMO
A mentalidade da época
baseada no teocentrismo
serviu como base para a
estrutura da cantiga de amigo,
em que o amor espiritual e
inatingível é retratado.
TROVADORISMO
As cantigas, primeiramente
destinadas ao canto, foram depois
manuscritas em cadernos de
apontamentos, que mais tarde
foram postas em coletâneas de
canções chamadas Cancioneiros
(livros que reuniam grande número
de trovas).
TROVADORISMO
São conhecidos três Cancioneiros galegoportugueses:
o "Cancioneiro da Ajuda",
o "Cancioneiro da Biblioteca Nacional de
Lisboa" (Colocci-Brancutti) e o
"Cancioneiro da Vaticana".
Além disso, há um quarto livro de cantigas
dedicadas à Virgem Maria pelo rei Afonso
X de Leão e Castela, O Sábio.
TROVADORISMO
Surgiram também os textos em
prosa de cronistas como Rui de
Pina, Fernão Lopes e Gomes
Eanes de Zurara e as novelas
de cavalaria, como a demanda
do Santo Graal.(histórias do
rei Arthur)
TROVADORISMO
Classificação das cantigas
Com base na maioria das
cantigas reunidas nos
cancioneiros, podemos
classificá-las da seguinte forma:
TROVADORISMO
Cantigas Lírico-Amorosas
- Cantigas de Amor
- Cantigas de Amigo
Cantigas Satíricas
- Cantigas de Escárnio
- Cantigas de Maldizer
CANTIGAS DE AMOR
O cavalheiro se dirige à mulher amada
como uma figura idealizada, distante.
O poeta, na posição de fiel vassalo, se
põe a serviço de sua senhora, dama da
corte, tornando esse amor um objeto de
sonho, distante e impossível.
Mas nunca consegue conquistá-la,
porque tem medo e também porque ela
rejeita tua canção.
CANTIGAS DE AMOR
Neste tipo de cantiga, originária de
Provença, no sul de França, o eulírico é masculino e sofredor.
Sua amada é chamada de senhor.
Canta as qualidades de seu amor, a
"minha senhor", a quem ele trata
como superior revelando sua condição
hierárquica.
CANTIGAS DE AMOR
Ele canta a dor de amar e está
sempre acometido da "coita", palavra
frequente nas cantigas de amor que
significa "sofrimento por amor".
É à sua amada que se submete e
"presta serviço", por isso espera
benefício (referido como o bem nas
trovas).
CANTIGAS DE AMOR
Essa relação amorosa vertical é
chamada "vassalagem amorosa",
pois reproduz as relações dos
vassalos com os seus senhores
feudais.
Sua estrutura é mais sofisticada.
EXEMPLO DE LÍRICA GALEGO-PORTUGUESA (DE
BERNAL DE BONAVAL):
"A dona que eu am'e tenho por Senhor
amostrade-me-a Deus, se vos en prazer for,
se non dade-me-a morte.
A que tenh'eu por lume d'estes olhos meus
e porque choran sempr(e) amostrade-me-a Deus,
se non dade-me-a morte.
Essa que Vós fezestes melhor parecer
de quantas sei, a Deus, fazede-me-a veer,
se non dade-me-a morte.
A Deus, que me-a fizestes mais amar,
mostrade-me-a algo possa con ela falar,
se non dade-me-a morte."
CARACTERÍSTICAS DAS CANTIGAS DE AMOR
Eu lírico masculino
Assunto Principal: o sofrimento amoroso do eulírico perante uma mulher idealizada e
distante.
Amor cortês; vassalagem amorosa.
Amor impossível.
Ambientação aristocrática das cortes.
Forte influência provençal.
Vassalagem amorosa "o eu lírico usa o pronome
de tratamento "senhora"".
CANTIGAS DE AMIGO
São cantigas de origem popular, com
marcas evidentes da literatura oral
(reiterações, paralelismo, refrão,
estribilho), recursos esses próprios dos
textos para serem cantados e que
propiciam facilidade na memorização.
Esses recursos são utilizados, ainda
hoje, nas canções populares.
CANTIGAS DE AMIGO
Este tipo de cantiga, que não
surgiu em Provença como as
outras, teve suas origens na
Península Ibérica.
CANTIGAS DE AMIGO
Nela, o eu-lírico é uma mulher
(mas o autor era masculino, devido à
sociedade feudal e o restrito acesso ao
conhecimento da época),
que canta seu amor pelo amigo (isto é,
namorado), muitas vezes em ambiente
natural, e muitas vezes também em
diálogo com sua mãe ou suas amigas.
CANTIGAS DE AMIGO
A figura feminina que as cantigas
de amigo desenham é, pois, a da
jovem que se inicia no universo do
amor, por vezes lamentando a
ausência do amado, por vezes
cantando a sua alegria pelo
próximo encontro.
CANTIGAS DE AMIGO
Outra diferença da cantiga de
amor, é que nela não há a relação
Suserano x Vassalo, ela é uma
mulher do povo.
Muitas vezes tal cantiga também
revelava a tristeza da mulher, pela
ida de seu amado à guerra.
CANTIGAS DE AMIGO - EXEMPLO (DE D. DINIS)
"Ai flores, ai flores do verde pino,
se sabedes novas do meu amigo!
ai Deus, e u é?
Ai flores, ai flores do verde ramo,
se sabedes novas do meu amado!
ai Deus, e u é?
Se sabedes novas do meu amigo,
aquel que mentiu do que pôs comigo!
ai Deus, e u é?
Se sabedes novas do meu amado,
aquel que mentiu do que mi há jurado!
ai Deus, e u é?“ (...)
CARACTERÍSTICAS CANTIGAS DE AMIGO
Eu lírico feminino.
Presença de paralelismos.
Predomínio da musicalidade.
Assunto Principal: o lamento da moça cujo namorado
partiu.
Amor natural e espontâneo.
Amor possível.
Ambientação popular rural ou urbana.
Influência da tradição oral ibérica.
Deus é o elemento mais importante do poema.
Pouca subjetividade.
CANTIGAS DE ESCÁRNIO
Em cantiga de escárnio, o eulírico faz uma sátira a alguma
pessoa.
Essa sátira era indireta, cheia
de duplos sentidos.
CANTIGAS DE ESCÁRNIO
As cantigas de escárnio são aquelas
feitas pelos trovadores para dizer
mal de alguém, por meio de
ambiguidades, trocadilhos e jogos
semânticos, em um processo que os
trovadores chamavam "equívoco".
CANTIGAS DE ESCÁRNIO
O cômico que caracteriza essas
cantigas é predominantemente
verbal, dependente, portanto,
do emprego de recursos
retóricos.
CANTIGAS DE ESCÁRNIO
A cantiga de escárnio exigindo
unicamente a alusão indireta e
velada, para que o destinatário
não seja reconhecido, estimula a
imaginação do poeta e sugere-lhe
uma expressão irônica, embora,
por vezes, bastante mordaz.
EXEMPLO DE CANTIGA DE ESCÁRNIO.
Ai, dona fea, foste-vos queixar
que vos nunca louv[o] em meu cantar;
mais ora quero fazer um cantar
em que vos loarei toda via;
e vedes como vos quero loar:
dona fea, velha e sandia! (...)
CARACTERÍSTICAS DAS CANTIGAS DE
ESCÁRNIO
Crítica indireta; normalmente a
pessoa satirizada não é
identificada.
Linguagem trabalhada, cheia de
sutilezas, trocadilho e
ambiguidades
Ironia
CANTIGAS DE MALDIZER
Ao contrário da cantiga de escárnio, a
cantiga de maldizer traz uma sátira direta
e sem duplos sentidos.
É comum a agressão verbal à pessoa
satirizada, e muitas vezes, são utilizados
até palavrões.
O nome da pessoa satirizada pode ou não
ser revelado.
EXEMPLO DE CANTIGA JOAN GARCIA DE
GUILHADE
"Ai dona fea! Foste-vos queixar
Que vos eu loe en esta razon,
Que vos nunca louv'en meu
trobar
Vos quero já loar toda via;
Mais ora quero fazer un cantar
Dona fea, velha e sandia!
En que vos loarei toda via;
Dona fea, nunca vos eu loei
E vedes como vos quero loar:
En meu trobar, pero muito trobei;
Dona fea, velha e sandia!
Mais ora já en bom cantar farei
Ai dona fea! Se Deus mi pardon!
En que vos loarei toda via;
E pois havedes tan gran coraçon
E direi-vos como vos loarei:
E vedes qual será a loaçon:
Dona fea, velha e sandia!"
CARACTERÍSTICAS DAS CANTIGAS DE
MALDIZER
Crítica direta; geralmente a pessoa
satirizada é identificada
Linguagem agressiva, direta, por
vezes obscena
Zombaria