A CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE NA ÁFRICA LUSÓFONA – LÍNGUA E LITERATURA Ana Cláudia Bertini Ciencia Breno Soler Longo.

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Transcript A CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE NA ÁFRICA LUSÓFONA – LÍNGUA E LITERATURA Ana Cláudia Bertini Ciencia Breno Soler Longo.

A CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE NA
ÁFRICA LUSÓFONA – LÍNGUA E
LITERATURA
Ana Cláudia Bertini Ciencia
Breno Soler Longo
Vestibular: conteúdo sobre africanos e indígenas na prova
Como as leis 10.639 E 11.645 afetam o conteúdo do vestibular?
Antônia Caló, diretora do Serviço de Seleção e Orientação da Ufba, considera que
“o vestibular é um sinalizador do que vem sendo feito nas escolas”. O programa da
prova da Federal foi elaborado em 2003, o mesmo ano da aprovação da lei 10.639.
Caló observa que “ainda que as leis não se refiram à inclusão dos temas na
avaliação, os programas de vestibular incluem claramente todos esses conteúdos
desde 2003”. Ela se refere às questões de ciências humanas que tratam da
integração de culturas, conflitos étnicos, culturais e religiosos do mundo
atual, minorias, preconceito e racismo. Pensando no modelo do novo vestibular,
que terá caráter interdisciplinar, Matheus Maciel, 16, do Colégio Cândido Portinari,
pondera: “Precisaremos da base de todos os conhecimentos, então saber da
cultura afro deve ajudar também”. Ingrid Moraes, 16, da mesma escola, acrescenta
que o tema “deveria ser cobrado em termos de atualidades, afinal há toda uma
discussão sobre diversidade”.
O professor de português e integrante do Movimento Negro Rogério
Borges lembra que, desde 2004, o conteúdo programático da UFBA vem
abordando a literatura africana e sua influência sobre a brasileira [A Gloriosa
Família, O Último Vôo do Flamingo].
Sobre a avaliação da Uneb, Romilda Almeida, presidente da Comissão
Permanente de Vestibular [COPEVE] diz que não há nada específico no
programa e justifica questionando o cumprimento das leis: “Quando as coisas
são novas às vezes demoram de serem incorporadas. Muitas escolas ainda não
aderiram”.
Se o que faltava para darem atenção ao tema era o trabalho nas
escolas, é hora de reavaliar.
Mesmo que não seja geral, instituições de ensino de Salvador vêm
trabalhando no sentido de atender às leis, com maior ou menor profundidade.
Ainda é preciso ultrapassar o didatismo. Projetos como feira das nações
africanas não são suficientes para uma reflexão consistente.
A COLONIZAÇÃO PORTUGUESA NA ÁFRICA
- A linguagem humana
- “Aqui se fala português” – uma língua, várias culturas
- A colonização portuguesa na África: Angola, Cabo Verde, Guiné Bissau,
Moçambique e São Tomé e Príncipe
A DESCOLONIZAÇÃO DA ÁFRICA
- movimento de independência
- a importância da Guerra Fria
* enfraquecimento da Europa
* a autodeterminação dos povos
* o ideal de liberdade
* a disputa por áreas de influência
- Independência = igualdade de direitos?
* um (mau)exemplo: a política do apartheid
- A independência das colônias portuguesas
* Moçambique: 25 de junho de 1975
* Cabo Verde: 05 de julho de 1975
* Angola: 11 de novembro de 1975
Na África, as colônias tiveram fronteiras arbitrariamente traçadas,
separando etnias, idiomas e tradições, que, mais tarde, sobreviveram ao processo
de descolonização, dando razão para conflitos que, muitas vezes, têm sua
verdadeira origem em disputas pela exploração de recursos naturais.
GUIMARÃES, S. P. Nação, nacionalismo, Estado. Estudos Avançados. São Paulo:
EdUSP, v. 22, n.º 62, jan.- abr. 2008
A identidade negra não surge da tomada de consciência de uma
diferença de pigmentação ou de uma diferença biológica entre populações negras
e brancas e(ou) negras e amarelas. Ela resulta de um longo processo histórico
que começa com o descobrimento, no século XV, do continente africano e de seus
habitantes pelos navegadores portugueses, descobrimento esse que abriu o
caminho às relações mercantilistas com a África, ao tráfico negreiro, à escravidão
e, enfim, à colonização do continente africano e de seus povos.
K. Munanga. Algumas considerações sobre a diversidade e a identidade
negra
no
Brasil.
In:
Diversidade
na
educação:
reflexões
e
experiências. Brasília: SEMTEC/MEC, 2003, p. 37).
Os países da África (con)vivem, hoje, com fronteiras delineadas, ou,
acertadas na Conferência de Berlim, um fato que não implica que as fronteiras
naturais estejam desaparecidas, antes pelo contrario, continuam lá e manifestam-se
sempre, agravando a situação da construção da Identidade Nacional ; os separados
pela fronteiras estão mais unidos pois partilham identidade étnica. Mas a gravidade
da situação encontra-se na forma de os governantes revelarem incapacidades de
esforços conjuntos e obtenção de atenções das etnias para a criação de uma
Identidade Nacional como consequência da resolução ou remédio das “Nações
legais” que o fim do colonialismo não ousou mudar. E se a isso acrescentamos a
questão das línguas do colonialismo, é compreensível a posição do escritor
Nigeriano Ngugi Wa Thiongo, no seu livro Decolonising the Mind, no qual consta
sugestão, talvez um tanto ou quanto radical mas legitima, de acabar com as línguas
coloniais em África. Aliás este escritor decidiu passar a escrever na sua língua
materna e não na europeia.
(Mamadú Baldé, Estudos Africanos pela Faculdade de Letras da Universidade de
Lisboa, 2009, cadeira de Civilizações e Culturas Africanas)
LITERATURA E IDENTIDADE
NAS (EX)COLÔNIAS PORTUGUESAS
-Três “literaturas” distintas
1. literatura tradicional
- nações ágrafas
- histórias da tradição oral
- divisão em 06 categorias
2. literatura colonial
- o surgimento da imprensa
- os romances românticos e de “aculturamento”
* Nga Muturi (Senhora Viúva), de Alfredo Troni
3. literatura NACIONAL
- movimentos da “negritude” e questões africanas
- o Pan-africanismo
- na Literatura: “African Personality” – busca da identidade africana
ATIVIDADE
O filósofo e psicólogo William James chamou a atenção para o grau em
que nossa identidade é formada por outras pessoas: são os outros que nos
permitem desenvolver um sentimento de identidade, e as pessoas com as quais nos
sentimos mais à vontade são aquelas que nos "devolvem" uma imagem adequada
de nós mesmos (...)
(Alain de Botton)
O texto acima foi retirado de uma prova da FUVEST. A partir dele, pense na
construção da identidade nos países africanos (especialmente nos lúsofonos).
Considerando essa leitura, suas reflexões e tudo que foi apresentado, elabore um
breve texto dissertativo sobre o tema:
Identidade cultural: minha língua é minha pátria (?)
- 1º ano: aproximadamente 10 linhas, em duplas
- 2º ano: aproximadamente 15 linhas, em duplas
- 3º ano: aproximadamente 15 linhas, individual