Redalyc.UM APROFUNDAMENTO PARA O CONCEITO DE ÉTICA

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Red de Revistas Científicas de América Latina, el Caribe, España y Portugal
Sistema de Información Científica
MAGGIOLINI, PIERCARLO
UM APROFUNDAMENTO PARA O CONCEITO DE ÉTICA DIGITAL
RAE - Revista de Administração de Empresas, vol. 54, núm. 5, septiembre-octubre, 2014, pp. 585-591
Fundação Getulio Vargas
São Paulo, Brasil
Disponível em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=155131802010
RAE - Revista de Administração de Empresas,
ISSN (Versão impressa): 0034-7590
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Projeto acadêmico não lucrativo, desenvolvido pela iniciativa Acesso Aberto
585
RAE-Revista de Administração de Empresas | FGV-EAESP
PENSATA
http://dx.doi.org/10.1590/S0034-759020140511
UM APROFUNDAMENTO PARA O
CONCEITO DE ÉTICA DIGITAL
Da governan­ça da internet ao teletrabalho, da exclusão digital à privacidade e aos crimes informáticos (Guar­do, Maggiolini, & Patrignani, 2010), há temas diversos que podem ser elencados
como parte do que seja e o que inclua Ética Digital, a “ética da era da informática”. Antes de examinar algumas desses temas de grande importância e atualidade, precisamos perguntar se há
um fator comum, um “princípio unificante”, para a Ética Digital.
Sobre a essência da ética
Quando pensamos em ética, em todos os seus sentidos, partimos da premissa de que estamos abordando a característica fundamental que distingue os seres humanos dos não humanos.
Creio ser plenamente admissível a ideia de muitos filósofos que tratam a liberdade com base na
sua intrínseca dimensão ética, e não na racionalidade. Essa liberdade sofre muitos tipos de restrições, mas existe sempre, portanto pode ser exercida. Sem liberdade não se pode falar de ética,
mas de determinismo – biológico ou histórico social – e ainda menos se poderia falar de responsabilidade e, consequentemente, de ética. Essa responsabilidade se manifesta, segundo Ricoeur (1955), em maneira direta, em relações interpessoais imediatas (curtas), ou em maneira indireta, em relações por intermédio de instituições ou do ambiente (longas).
PIERCARLO MAGGIOLINI
[email protected]
Professor da School of Management,
Politecnico di Milano – Milão, Itália
ISSN 0034-7590
Necessidade de uma nova ética
A segunda premissa parte da necessidade de propormos um fundamento para a pesquisa e a
adoção de uma Ética Digital. Poderíamos dizer, como Jonas (1979), que a “civilização tecnoló© RAE
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gica” em que vivemos – uma civilização re-
em condições de considerar os possíveis
difusão da informática, a analogia com a es-
almente “nova”, em que as tecnologias de
efeitos de suas ações sobre os outros,
crita é impressionante. Hoje, a informática
informação e comunicação (TIC) têm um pa-
a menos que tomem parte diretamente
é mais usada não para a gestão de biblio-
pel vital e crescente – apela a uma “nova
nessas ações.
tecas ou para a elaboração de dados cientí-
ética” focada no “princípio de responsabi-
Evidentemente, esta situação é insus-
ficos, mas no campo econômico-financeiro.
lidade”. Será que, no passado, as pessoas
tentável. Estamos na direção de uma socie-
Da mesma forma, a escrita não foi original-
eram menos responsáveis e que só agora,
dade de irresponsabilidade social generali-
mente criada para escrever a Ilíada, que se
por alguma razão, deveriam tornar-se mais
zada! Entretanto, não é admissível que se
prestava mais à tradição oral, mas para es-
responsáveis? Essa razão não seria pura-
possa causar danos imensos em momen-
crever... faturas!
mente teórica, dada a crescente complexi-
tos e lugares tão diversos – sem mesmo
Além de aumentar a memória humana,
dade dos fenômenos econômicos e sociais.
ter consciência disso – apenas porque es-
a difusão das TIC tem, portanto, duas ori-
Acontece, porém, exatamente o con-
tamos submersos numa interdependência
gens: o controle da crescente complexida-
trário. Antigamente era muito mais fácil
fora de nosso controle. O teórico da socie-
de, pois precisamos cada vez mais de infor-
ser responsável eticamente e socialmen-
dade de risco, Ulrich Beck (1992), diz que
mações e de tecnologia para gerenciá-la; e
te. Bauman (2002) afirma que os nossos
devemos nos conscientizar para o fato de
a falta de confiança gerada pelo oportunis-
antepassados eram testemunhas diretas
não existirem soluções individuais para
mo e a consequente necessidade de contro-
de quase todas as consequências de seus
contradições coletivas. A nova Ética Digital,
le das relações humanas, não apenas as co-
atos, porque os acontecimentos e suas con-
não pode ser uma ética unicamente indivi-
merciais. Nas sociedades mais simples, nas
sequências muito raramente saíam do cam-
dual, mas deve ser sobretudo uma ética co-
quais as pessoas se conhecem diretamen-
po visual ou do seu raio de ação direta. Se-
letiva, pública e profissional.
te, o controle social é mais fácil e, portanto,
gundo Bauman (2002), “Com o início da
requer menos informações (e TICs), porque
nova e crescente rede global de dependências e de uma tecnologia suficientemente
poderosa para produzir consequências de
nível global – essa situação moralmente satisfatória se extinguiu”.
existem outros meios para controlar o opor-
Por um princípio unificante
para a Ética Digital
tunismo. Nas sociedades mais complexas,
Uma visão da história da tecnologia da in-
le, e também menos TICs.
se existisse mais confiança entre as pessoas, seria possível exercer um menor contro-
As gerações que nos precederam – in-
formação pode ajudar muito a estabelecer
Assim, o “princípio unificante” que
tencionalmente ou não – eram conscien-
um princípio unificante da Ética Digital, tan-
descreve o uso e a difusão da tecnologia da
tes das consequências de suas ações por-
to em termos de sua criação quanto das ne-
informação e que permite de enquadrar a
que as vivenciavam no tempo e no espaço
cessidades às quais deveria responder. Os
chamada Ética Digital é baseado em dois fa-
de suas vidas. Consequentemente tinham
desafios éticos e sociais das novas TIC têm
tores relacionados à necessidade da infor-
também na consciência uma relação de
origem nas mesmas razões pelas quais tais
mação e das suas tecnologias: um que po-
causa-efeito entre ação e consequência e
tecnologias se difundiram, assim como é o
demos chamar de complexidade técnica e
eram obrigadas a considerá-la. Hoje a ques-
caso do automóvel, da energia nuclear etc.
outro de complexidade política. O primeiro
tão mudou muito: falta a plena consciência
O desafio é também criar um equilíbrio que
é diretamente proporcional ao nível de com-
do efeito das novas tecnologias. Isso ocor-
nos seja favorável nos inevitáveis dualis-
plexidade dos processos (e dos fenômenos)
re desde a manipulação genética, passan-
mos: claro – escuro; vantagem – desvanta-
que se quer conhecer e controlar, seja numa
do por todas as novas tecnologias que in-
gem; ou, ainda, custo – beneficio do desen-
organização, na economia ou na sociedade.
cluem as da informação. Poucas das nossas
volvimento tecnológico.
O segundo é inversamente proporcional ao
ações nesta sociedade tecnológica globa-
Como analogia, vejamos um exemplo
lizada são acompanhadas da consciên-
do passado: a invenção da escrita, a primei-
cia das consequências, e isso não permite
ra tecnologia da informação criada pela hu-
Os problemas ético-sociais relaciona-
uma reflexão ética. Nem mesmo os crimino-
manidade (Maggiolini, 2010a). Bem como
dos com as tecnologias da informação se
sos informáticos conhecem a suas vítimas
qualquer outra tecnologia da informação
entrelaçam fortemente e aumentam junto
(um exemplo é o phishing). Por essa razão,
posterior, a escrita permitiu o acesso, a di-
com a complexidade técnica e a complexi-
só uma parte relativamente pequena das
fusão e a memorização do conhecimento,
dade política. Em outras palavras, as TIC, ao
nossas ações ou omissões é guiada pelos
aumentando a capacidade da memória hu-
mesmo tempo que fornecem soluções cada
valores e sentimentos morais. Poucos estão
mana. Se pesquisarmos os usos iniciais e a
vez mais eficazes para dominar as comple-
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nível de confiança entre os agentes envolvidos nesses processos.
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AUTOR | Piercarlo Maggiolini
xidades técnica e política, geram novos de-
eletrônica) no seu papel de controle e parti-
Essas macrotendências indicam que
safios e questões ético-sociais mais graves
cipação democrática nos processos sempre
as atividades econômicas, científicas e mi-
e difíceis de resolver.
mais complexos de governo.
litares, para citar algumas, demonstram
Para esclarecimento, basta um exem-
Podemos incluir a proteção da pro-
uma crescente dependência das TIC, aná-
plo: a privacidade. O aumento da complexi-
priedade intelectual (Johns, 2009) ao prin-
loga à dependência da energia elétrica. Ao
dade econômica e social (complexidade téc-
cípio unificante da Ética Digital, na medida
aumentar assustadoramente a dependên-
nica) e do crescimento da falta de confiança
em que se apresente como uma questão de
cia dos sistemas informáticos e, portanto,
nas relações comerciais e públicas (comple-
(difícil) controle contra o oportunismo de se
a nossa vulnerabilidade, as questões vitais
xidade política) na sociedade pós-industrial
apoderar das ideias alheias para ganhar di-
revelam-se aquelas do backup, da seguran-
(Maggiolini, 2010b) poderia ser resolvido de
nheiro, seja com bens de natureza intelec-
ça dos sistemas e de como nos proteger do
duas maneiras distintas. A primeira requer
tual ou com privatização de bens intelec-
seu mau funcionamento.
que as responsabilidades sociais sejam as-
tuais comuns. Não é por acaso que foram
Não é por acaso que as leis de prote-
sumidas com maior consciência. A segunda
propostos os creative commons, que cor-
ção da privacidade foram criadas depois da
é aumentar o controle – direto e/ou indireto
respondiam, na Idade Média, à proprieda-
difusão das TIC, e não há milhares de anos.
– sobre as pessoas, o que a tecnologia certa-
de pública, ou de uma comunidade. Num
Embora a preocupação com a privacidade
mente poderia fornecer, mas à custa da vio-
mercado de ideias, a proteção da proprie-
seja precedente às TIC, foi a sua difusão
lação da privacidade.
dade intelectual é obviamente superada em
em larga escala que deu origem à questão
Assim, diante do possível beneficio
larga escala por bens intelectuais baseados
da proteção da privacidade. E as perspecti-
oferecido pelo maior controle, cria-se um
na reciprocidade, como nos casos do Sof-
vas nesse campo são cada vez mais críticas.
problema ético-social pela crescente viola-
tware Livre, da Wikipedia etc.
Por exemplo, com o cloud computing, não
ção da privacidade. Isso requer uma ade-
se sabe onde se guardam dados, confia-se
Implicações ético-sociais das
tendências das TIC
apenas nos provedores que gerenciam os
dos, porque os riscos técnicos de mau fun-
Podemos considerar três dimensões fun-
cil e barato do que nunca violar a proprie-
cionamento são muito elevados.
damentais das TIC: elaborar informações,
dade intelectual, seja copiando um filme,
quada ética relativa à TIC. Além disso, a
complexidade “técnica” exige uma ética
profissional adequada dos agentes envolvi-
servidores digitais.
Essa evolução também torna mais fá-
Podemos ligar o princípio unificante
memorizar informações e transmitir infor-
gravando música, obtendo livros inteiros.
da Ética Digital aos temas éticos da “socie-
mações. Baseados nessas dimensões, po-
Também nas universidades o plágio tornou-
dade da informação” (Guardo et al., 2010).
demos avaliar as principais tendências
-se um problema inacreditável, exatamente
Uma sociedade de crescente complexida-
das TIC, que já causam implicações éti-
porque nunca foi tão fácil copiar.
de, sobretudo no campo econômico (pela
co-sociais. Essas três dimensões em for-
As TIC estão revolucionando a localiza-
globalização, especialmente das finanças e
midável desenvolvimento, antes conside-
ção do trabalho. Essa deslocalização (com
da produção) gera e multiplica a necessida-
radas parcialmente distintas, há muito se
os consequentes problemas ocupacionais),
de de informação para o gestão e o controle
fundiram, criando novas questões proble-
que era restrita à produção manufatureira,
dessa mesma complexidade, em menor ou
máticas, porque da quantidade se desen-
tornou-se universal, inclusive nos serviços fi-
maior grau satisfeita pela TIC.
volve a qualidade.
nanceiros. Um caso típico é o dos call centers,
O mesmo princípio unificante tam-
Há décadas, a potência de cálculo dos
em que um serviço fornecido na Itália pode
bém se relaciona com o tema do e-Govern-
dispositivos relacionados às TIC continua a
ter origem na Hungria, Romênia ou Albânia,
ment (Fugini et al., 2005) e da e-Democracy
duplicar em muito pouco tempo, e chega-se
quando se pode, às vezes, reconhecer esse
(Cindio & Peraboni, 2010). O e-Government
a afirmar que essa duplicação ocorre a cada
processo pelo sotaque dos atendentes.
(governo eletrônico) é uma tentativa de um
18 meses. Se as TIC melhoram nossa capa-
governo público da complexidade (uma pro-
cidade de memorização, a evolução cons-
messa, mais que uma ação efetiva). A com-
tante das técnicas de análise de dados im-
plexidade “criminal”, por razões de seguran-
plica diretamente a queda dos custos de
ça, seria também objeto de uma tentativa de
memorização. As conexões de rede e a ca-
Um mapa interessante dos principais temas
controle com base nas TIC, com todos os pro-
pacidade de transmissão de informação
de Ética Digital foi proposto por Patrignani
blemas que isso acarreta. A isso responde,
têm melhorado continuamente, particular-
(2009). Além dos já mencionados proble-
e corresponde, a e-Democracy (democracia
mente após o estabelecimento da internet.
mas relacionados à privacidade, à proprie-
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Problemas emergentes da
Ética Digital
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dade intelectual, à e-democracy e à deslo-
jornal em papel diminuíram muito (caindo
precedentes. Não sabemos como, mas o al-
calização, podemos destacar muitos outros
dos 73% em 1970 a 36% em 2006), substi-
goritmo de busca é sensível ao usuário, por-
temas críticos da Ética Digital, como go-
tuídos por outros canais de informação.
tanto, em vez de aumentar a gama das infor-
vernança da internet, guerra cibernética,
cyberterrorismo e crimes digitais.
Os jornais cotidianos e de assuntos ge-
mações fornecidas, concentra cada vez mais
rais são essencialmente um pacote único,
o espectro das informações buscadas. As-
Não é o caso de detalhar cada tema sin-
uma entidade com várias facetas que vão
sim, é verdade que temos uma grande quan-
gularmente. Gostaria de selecionar apenas
da política ao esporte, da crônica às finan-
tidade de informações disponíveis, mas, se
três dos mais importantes e ainda pouco
ças etc. É claro que nem todos leem tudo,
os filtros e mecanismos concentram as in-
considerados. O primeiro é a transmissão
mas os jornais são concebidos como uma
formações, teremos, na melhor das hipóte-
do conhecimento: a ética das ferramentas
entidade única. O objetivo do editor é ga-
ses, uma cultura vasta, mas de profundidade
de busca. O segundo tema é a gestão das
rantir que o pacote completo atraia um gru-
muito limitada, porque isso custa, e os tex-
transações financeiras de alta frequência.
po de leitores e investidores em publicida-
tos longos não são muito apreciados no jor-
O terceiro é o problema da e-reputation,
de o mais heterogêneo possível. O jornal,
nal on-line. Em última análise, teremos uma
ou seja, da reputação na rede, um proble-
como produto, vale mais do que a soma de
cultura concentrada.
ma muito delicado e importante o qual não
suas partes.
Nesse caso, colocamos em evidência
se discute o suficiente, especialmente pe-
Na rede, qual é a diferença? Em geral,
o problema da autoridade, ou da confiabili-
rante a rapidíssima difusão do uso das re-
a informação nos jornais on-line também é
dade das informações, ou do conhecimen-
des sociais.
financiada pela publicidade, cujo preço de-
to. Quem valida e seleciona as informações?
pende das visualizações e dos cliques. Al-
Na sociedade pré-internet, era claro:
Transmissão do conhecimento e
ética das ferramentas de busca
gumas publicações são pagas, sobretudo
eram os formadores de opinião (cuja re-
as revistas científicas (por enquanto...) e al-
putação, pelo menos, era conhecida), nos
guns dos jornais de prestígio. Só uma par-
quais se incluem as mídia tradicionais,
Uma novidade absoluta e crucial é a ética
te do jornal é acessível gratuitamente, mas
como jornais, rádio e TV, as revistas espe-
dos motores de busca (Hinman, 2005), que
a maioria dos leitores on-line lê só a parte
cializadas, mas sobretudo os respectivos
representam desafios para a difusão do co-
gratuita, que é financiada diretamente pela
editores e jornalistas. Existem as institui-
nhecimento. Os instrumentos principais de
publicidade.
ções culturais e os peritos, assim como as
acesso ao conhecimento, obviamente no
sobretudo
editoras, cuja seleção e controle das infor-
sentido de informações superficiais ou mui-
com as ferramentas de busca, o artigo que
Procura-se
diretamente,
mações são feitos seguindo uma linha edi-
to específicas, e não, com certeza, no sen-
interessa. Cada artigo transforma-se em
torial. Esses intermediários têm uma repu-
tido de aprofundamento, de sabedoria, são
um produto em si. O jornal on-line torna-
tação e devem prestar contas dela, porque
as ferramentas de busca.
-se uma soma de pedaços que devem, in-
é o capital em que baseia o seu trabalho.
A ética das ferramentas de pesquisa e
dividualmente, justificar-se no nível econô-
Com a internet, o que acontece? A se-
a transmissão do conhecimento represen-
mico, porque é isso que, em última análise,
leção das informações e do conhecimento
tam problemas de confiabilidade, compe-
serve para financiar o jornal. Nesse contex-
passa a ser, em grande parte, de respon-
tência na pesquisa, e até mesmo da capa-
to, torna-se evidente que as reportagens de
sabilidade do usuário. Existirão todas as
cidade cognitiva do usuário. A transmissão
qualidade são laboriosas, caras e economi-
informações, mas o resto do resultado da
do conhecimento que se faz usando as fer-
camente pouco rentáveis.
busca (90%?) são informações cuja proce-
ramentas de busca constitui, hoje em dia,
Teremos, então, o que Carr chama de “o
dência é desconhecida. Esse resultado da
um grande problema. Temos à disposição,
grande desempacotamento”. Em teoria, não
busca, mesmo que autêntico, e não um ab-
potencialmente, milhões de páginas sobre
seremos mais obrigados a pagar – nem mes-
surdo (como às vezes acontece, mesmo nos
um tema, apresentadas numa ordem que
mo indiretamente – por “detritos para pro-
jornais), pode ser completamente alheio à
não se conhece claramente de onde vem.
curar as coisas de valor”. Ou seja, a nós in-
busca original.
Citando Carr (2008), em 1964, nos Es-
teressa somente o que a ferramenta busca,
As ferramentas de busca, por causa
tados Unidos, 81% dos adultos liam diaria-
seleciona e apresenta, talvez selecionado
de mecanismos indesejados, causam con-
mente um jornal. No ano 2000, esse núme-
não somente por filtros com um algoritmo
fusão, ou até a alteração das informações,
ro diminuiu 50%, porque agora as pessoas
(desconhecido), mas também personaliza-
portanto é o consumidor da informação o
usam outros meios (digitais) para obter in-
do em função do perfil do usuário, progres-
encarregado de a selecionar e controlar.
formações. Entre os jovens, os leitores de
sivamente definido pelas suas pesquisas
Na formação das ideias, ou simplesmente
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AUTOR | Piercarlo Maggiolini
na formação, tout court, a situação é muito
volume de transações na bolsa é feito auto-
para jogar com o aumento a e diminuição fic-
diversa. Existe um contexto, ou um grupo,
maticamente com esses programas. Os HFT
tícia de seus valores.
uma escola, com a qual se deve confrontar,
fizeram explodir o volume de negócio sem
Com os HFT, é, enfim, possível mirar
entrar em conflito. Com isso, se verificam as
todas as bolsas do mundo (164% a mais só
um título promissor, comprá-lo, vendê-lo,
suas próprias ideias, se estão num contex-
em Wall Street, desde 2005). Só a Goldman
apoiá-lo, ou simplesmente atacá-lo, gol-
to totalmente oposto, ou se todos pensam
Sachs, por meio do HFT, mantém transações
peá-lo e finalmente afundá-lo. Tudo isso
do mesmo jeito, têm as mesmas tradições
diárias de centenas de milhões de dólares.
em frações de segundo, intervalos infini-
etc. A importância da escola – em todos os
Na verdade, são muito poucos os
tesimais que podem decidir o destino de
níveis, incluindo a universidade – é clara e
operadores que conhecem a fundo o
uma empresa, garantindo aos especulado-
evidente para propiciar esse confronto.
procedimento em que se baseiam as
res ganhos estonteantes. Aos investidores,
Com certeza, há aspectos positivos,
operações de tais programas. Mesmo para
causa perdas graves. Aos especuladores, é
como uma pesquisa focada e a exclusão au-
os peritos, se é que existem peritos nesse
possível gerar ataques na bolsa, transfor-
tomática das informações não desejadas,
campo, cria-se uma dependência muito for-
mando um título simplesmente em um nú-
a possibilidade de tecer relações somente
te da máquina. Os HFT não estabilizam as
mero. Variáveis decisivas, como prospecti-
com quem compartilha os nossos interes-
variações dos valores financeiros, pelo con-
vas de crescimento industrial, a situação
ses e ideais. Mas os aspectos negativos de-
trário, as amplificam. Esses programas são
financeira ou as possibilidades de dividen-
vem ser tomados em consideração: os riscos
considerados um dos fatores que deram ori-
dos, tornam-se simplesmente irrelevantes.
de um empobrecimento cognitivo, a perda
gem à crise financeira recente, não só ace-
Esse fenômeno já é conhecido, e os gesto-
de uma experiência comum compartilhada,
lerando e amplificando o seu percurso, mas
res de bolsa estão tentando regulamentar
e sobretudo o que poderíamos chamar a po-
também por meio de autênticas manipula-
os HFT, porque é um grande risco para os
larização, ou, em inglês, mais corretamente,
ções especulativas dos mercados.
mercados financeiros.
homophily, com a qual se indicam as pesso-
Há efeitos positivos no uso dos HFT,
as que pensam no mesmo modo. Esse fenô-
como aumento da liquidez e da eficiên-
meno foi estudado no passado por um Prê-
cia dos mercados e redução dos custos de
mio Nobel da economia (Schelling, 1978),
transação. Entretanto, os efeitos negativos,
quando ainda não existia internet, mas que
como manipulação dos mercados, volati-
Com isso, chegamos ao terceiro tema, e-re-
as redes sociais estão aumentando sem ne-
lidade, assimetria nas informações, dano
putation (a reputação na rede), e ao corres-
nhum controle. Isso não é bom: conduz ao
aos pequenos investidores, efeito cascata
e
pondente direito ao esquecimento (Mayer-
extremismos e ao radicalismo.
pró-cíclicos, podem superar os benefícios.
-Schöneberger, 2009).
Um exemplo clássico é a manipulação
A reputação na rede, apesar de ser
High frequency trading, as
negociações de alta frequência
especulativa. Essencialmente se lançam
uma questão séria e delicada, é normal-
tantos pedidos de compras ao mesmo tem-
mente menosprezada. Pareceria um tema
po em relação a uma série de títulos, no va-
ligado à privacidade, mas só até um certo
O segundo tema será abordado como um
lor de milhões, o que aumenta a demanda
ponto, porque a privacidade envolve funda-
convite à reflexão. Quero focar o uso dos
desses títulos e o seu preço. Mas eles não
mentalmente o acesso a informações pes-
programas especiais no campo das finan-
são comprados, porque, imediatamente de-
soais que não se tornaram públicas. A re-
ças, o High Frequency Trading (HFT): siste-
pois do lançamento, os pedidos são cancela-
putação na rede é ligada às informações
mas para negociações de alta frequência.
dos, graças à velocidade impressionante das
públicas de uma pessoa qualquer, seja no
Esse tipo de negociação usa programas ba-
transações. E como as transações efetiva-
caso em que a informação tenha sido pos-
seados em algoritmos que dão automatica-
mente não ocorrem, isso permite não pagar
ta na rede pela própria pessoa ou por ter-
mente ordens de compra e venda num de-
pelo uso da plataforma. Os custos, por sinal
ceiros. Não importa se é uma foto ou uma
terminado mercado.
altos, do uso dessa plataforma de TIC reca-
opinião manipulada. E os efeitos da (má e
E-reputação e direito ao
esquecimento
Os HFT executam milhões de ordens em
em sobre os que fizeram efetivamente as
distorcida) reputação na rede podem ser
poucos segundos num contexto financeiro,
transações, e são estes a pagar pelo proces-
traumáticos, devastadores.
na bolsa de valores, na maioria dos casos,
so inteiro. Além disso, a operação de atrair
Um exemplo é o caso de Stacy Snyder
mas também fora dele. O tempo necessário
a demanda sobre alguns títulos, fazendo-
(Rosen, 2010), que estudava para se tor-
para uma aquisição on-line é de 0,03 milé-
-os aumentar de volume, causa a diminuição
nar professora primária, e publicou no MyS-
simos de segundo. Atualmente 48,6% do
para outros, dando margem à especulação
pace uma foto na qual aparece numa festa
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com um chapéu de pirata bebendo com um
Mas, a essa altura, a sua reputação na rede
mente fora do contexto original, e em ge-
copo de plástico. A sua universidade a acu-
já estava completamente comprometida!
ral sem a fonte original. Quando a lenda é
sou de promover o consumo de álcool entre
Concluo com o caso de um pároco de
mais interessante do que a realidade, todos
seus alunos menores e lhe negou a habilita-
Novara (e de Papai Noel!), porque é um caso
preferem a lenda! O papel dos comentários
ção ao ensino.
que conheço pessoalmente e é, na minha
às notácias nesse caso é fundamental: mui-
opinião, um caso realmente típico.
tas vezes são dezenas, mesmo no modes-
O aspecto delicado é que essa pesquisa sobre a reputação na rede é feita com
Esse pároco, já não tão jovem, na épo-
to caso citado. Também são importantes os
frequência pelos headhunters. Os depar-
ca antes do Natal de 2008, disse às crian-
blogs nessa multiplicação. Com certeza, os
tamentos de recursos humanos usam sis-
ças de uma escola primária católica, duran-
indícios na rede sobre essa pessoa perma-
tematicamente as informações obtidas na
te uma missa, que “não se deve deixar que
necerão por muito tempo e, fora do círculo
rede para avaliar candidatos a um emprego.
o Papai Noel roube o menino Jesus”, consi-
restrito de quem o conhece pessoalmente,
Isso causa um problema inevitável quando
derado uma personagem do mundo da fan-
ele será conhecido entre os que navegam
o que emerge da rede contradiz o que o can-
tasia, como Cinderela e Branca de Neve.
na rede como “o padre católico que matou
didato diz sobre si mesmo. Não é a reputa-
Uma mãe comentou negativamente
ção na rede que garante o emprego, mas
o ocorrido com um jornalista local, que,
Papai Noel” (com a respectiva consequên-
pode causar uma perda de oportunidade.
para chamar a atenção, publicou em um
Os problemas da reputação na inter-
Alguns departamentos de recursos huma-
jornal local despretensioso uma notícia
net e do direito a ser esquecido estão se
nos dizem que, na dúvida, se deixam levar
intitulada “Mataram Papai Noel”. A notí-
tornando cruciais para pessoas e organiza-
pela e-reputação do candidato.
cia de insultos, ameaças, sarcasmos...).
cia, considerada particularmente “curio-
ções, especialmente no contexto de traba-
O tema torna-se ainda mais importan-
sa”, foi depois repetida pela agência ita-
lho e penal. Sobre a e-reputação das organi-
te com a instituição de instrumentos (como
liana ANSA e, de acordo com essa última,
zações, o caso do Tripadvisor é exemplar. O
Knout) que serviriam para medir a e-repu-
pelo correspondente da BBC em Roma
portal mais conhecido de aconselhamento
tação, baseados num algoritmo que sinte-
(Willey, 2008a). A essa altura, a mãe no
aos viajantes já tem registrado inúmeros ca-
tiza, num único valor numérico, mais de 50
caso havia sido transformada em “deze-
sos de manipulação intencional dos comen-
indicadores de atividades nas mídias so-
nas de pais” que protestaram. Em alguns
tários (positivos e negativos) sobre hotéis,
ciais. Paralelamente têm início processos
dias, o número de páginas de internet ci-
restaurantes etc. (Hickman, 2010).
de manipulação com os quais os usuários
tando o padre de Novara (e o menciona-
“em observação” tomam providências es-
vam pelo nome: Dino Bottino!) passou
pecíficas para aumentar o valor da sua pró-
de menos de 100 para mais de 10 mil, em
pria reputação.
CONCLUSÕES
mais de 20 línguas, incluindo islandês,
Em síntese, qual é o papel da “ética da tec-
Seguem reflexões sobre dois casos
estoniano, lituano, húngaro, albanês,
nologia da informação” (que inclui a Ética
particularmente interessantes. O primei-
chinês, vietnamita, indonésio, norueguês,
Digital, mas a transcende)? Da obra de Pla-
ro concerne a um tal Marc L. Uma revista
sueco, polonês, russo, romeno, eslovaco
tão – Fedro – poderíamos assumir o que diz
francesa (Le Tigre), muito engajada, que-
etc, em sites no mundo inteiro, em mais de
o rei do Egito a Theuth, o deus que inventou
ria mostrar como seria fácil, com as devidas
40 países, desde as Ilhas Fiji, Nova Zelân-
a primeira tecnologia da informação da hu-
pesquisas, achar muitíssimas indicações
dia, Austrália, Timor Leste, Indonésia, Viet-
manidade, a escrita:
sobre uma pessoa, por exemplo, fotos, in-
nã, China, até no Azerbaijão e Cazaquis-
Quando, porém, chegou a ocasião da
formações sobre a vida profissional e priva-
tão, passando pela África do Sul, Angola,
escrita, Theuth comentou: “Este é um ramo
da, todas públicas, com as quais criaria um
até chegar ao Brasil (Willey, 2008b), Es-
do conhecimento, rei, que tornará os Egíp-
perfil biográfico muito preciso e acurado.
tados Unidos, Canadá e em uma boa par-
cios mais sábios e com melhor memória. Na
Em 2008, a revista publicou o perfil de Marc
te da Europa. Tinha de tudo: desde cató-
verdade, foi descoberto o remédio da me-
L. (Meltz 2008, Meltz, 2009). O fato teve
licos que acusavam o padre de Novara de
mória e da sabedoria”. Ao que o rei respon-
imensa repercussão na imprensa france-
ser o pior dos pedófilos até o outro extre-
de: “Ó engenhosíssimo Theuth, um homem
sa. A pessoa em questão apresentou quei-
mo dos neopagãos – os Raelianos – que o
é capaz de criar os fundamentos de uma
xa (e citou o problema do direito ao esque-
defendiam!
arte, mas um outro deve julgar que parte
cimento) e obteve algumas modificações no
São importantes as lições desse caso.
de dano e de utilidade possui para quantos
perfil publicado, cancelando tudo o que ti-
Na internet, as notícias saltam de um site
dela vão fazer uso. Ora tu, neste momen-
nha sido publicado na rede por ela mesma.
ao outro sem nenhum controle, completa-
to, como pai da escrita que és, apontas-lhe,
© RAE
| São Paulo | V. 54 | n. 5 | set-out 2014 | 585-591
ISSN 0034-7590
AUTOR | Piercarlo Maggiolini
por lhe quereres bem, os efeitos contrários
àqueles de que ela é capaz.”
Cada nova tecnologia da informação, com certeza, dá um passo adiante na
história da civilização humana. E os seus
“inventores” (e em geral quem tem interesse, especialmente econômico, na sua
adoção e difusão) as elogiam, enfatizando seus benefícios, suas vantagens para a
economia, para a sociedade, enfim, para a
humanidade inteira. Mas alguém, um “rei
do Egito”, o que encarna a consciência critica, a ética da humanidade, antes que os
danos em potencial se manifestem de maneira irreversível, ou caros demais para
consertar, poderia – deveria! – poder “julgar qual parte de dano e da utilidade possui para quantos dela vão fazer uso” e divulgar essa consciência.
A evolução e difusão das tecnologias
são realmente velozes, como vimos, portanto a consciência critica deve ficar alerta e
tornar-se igualmente rápida. Tem se expandido a ideia (ou “mito”) de que, graças às
TIC e às redes, se poderia “restaurar” (?) a
democracia direta. Para quem pensa assim,
vai aqui o conselho da leitura do profético
livro de Morozov (2011), The net delusion.
Não devemos acalentar ilusões: além da
potencialidade indiscutível a serviço da política (ou seja, da vida da polis) de Internet
& Co., devemos desmascarar a “ingenuidade” de muitas expectativas, para evitar que
a Net Delusion afogue todas as esperanças
e a fé nos milagres das Tecnologias da Informação e Comunicação.
ISSN 0034-7590
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