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HANSENÍASE
DIAGNÓSTICO
Programa de Educação Permanente para Médicos de Saúde da Família
• Doença infecciosa crônica granulomatosa,
causada pelo M. leprae
• Alta contagiosidade e baixa morbidade
• Brasil: Segundo lugar em número absoluto
de casos, único país que não atingiu a
meta de eliminação da doença como
problema de saúde pública
• Contato íntimo e prolongado de indivíduo
suscetível com paciente bacilífero.
• Principal via de eliminação e infecção do
indivíduo pelo bacilo, são as vias aéreas
superiores: mucosa nasal e orofaringe.
• Existe, também, a possibilidade de um
indivíduo doente e não tratado eliminar
bacilos por meio das lesões de pele,
podendo infectar indivíduos sadios que não
estejam com a pele íntegra.
• Indivíduos que apresentam melhor
resposta imunológica abrigam um
pequeno número de bacilos em seu
organismo (PB), insuficiente para
infectar outras pessoas.
• Quando o doente inicia o tratamento,
ele deixa de ser transmissor, pois os
bacilos são mortos nas primeiras
doses da medicação.
• Classificação Clínica
Madri
Grupos instáveis
- Indeterminado
- Dimorfo
Tipos estáveis
- Tuberculóide
- Virchowiano
Ridley & Jopling (Espectral)
Classificação operacional (OMS)
Polares
1982
- Tuberculóide - tuberculóide Paucibacilar (índice baciloscópico <2+)
-Virchowiana – virchowiana
Multibacilar (índice baciloscópico ≥2+)
Intermediárias
- Dimorfa - tuberculóide
1988
- Dimorfa - virchowiana
Paucibacilar :até cinco lesões cutâneas e/ou
- Dimorfa - dimorfa
um tronco nervoso acometido
Multibacilar: mais de cinco lesões cutâneas
e/ou mais de um tronco nervoso acometido
Onde o exame baciloscópico é disponível,
pacientes com resultado positivo são
considerados multibacilares,
independentemente do número de lesões.
• Dependentes da resposta do
hospedeiro
• Período de incubação longo 2 a 10 anos
• As principais manifestações clínicas da
doença são aquelas relacionadas ao
comprometimento neurológico
periférico (olhos, nas mãos, pés), que
resulta em um grande potencial para
provocar incapacidades físicas, que
podem, inclusive, evoluir para
deformidades.
INDETERMINADA
TUBERCULÓIDE
VIRCHOWIANA
Máculas
hipocrômicas
apresentando
ligeira diminuição
da sensibilidade,
sem espessamento
neural.
Lesões isoladas e
assimétricas
Placas eritêmatohipocrômicas ou
eritematosas, bem
delimitadas, frequentemente
com bordas externas
elevadas e centro normal,
apresentando alteração
importante da sensibilidade.
Podem apresentar alopecia e
anidrose, pelo
comprometimento dos
anexos cutâneos, e
espessamento de filete
nervoso próximo.
Alteração sensitiva, com ou
sem espessamento neural
evidente, é a única
manifestação na forma
neural pura.
Lesões múltiplas e simétricas
Máculas hipocrômicas, eritematosas
ou acastanhadas, com bordas mal
definidas, geralmente sem anestesia.
Não há espessamento neural, exceto
na evolução da forma dimorfa.
É comum edema dos membros
inferiores.
Com a progressão, formam-se nódulos
e a fácies leonina, com infiltração e
queda dos supercílios (madarose).
Pode ocorrer comprometimento das
mucosas, olhos, testículos e ossos,
além da perda dos dentes incisivos
centrais superiores, perfuração do
septo nasal e manifestações viscerais
MS, 2010
Hanseníase indeterminada: máculas hipocrômicas, mal delimitadas, no dorso.
LastóriaI, JC, Abreu, MAMM 2012
Hanseníase tuberculóide: lesão anular na perna.
LastóriaI, JC, Abreu, MAMM 2012
Hanseníase virchowiana: manchas eritêmato-acastanhadas, mal delimitadas, dorsais
LastóriaI, JC, Abreu, MAMM 2012
Hanseníase virchowiana: ressecamento da pele e hansenomas nas pernas.
LastóriaI, JC, Abreu, MAMM 2012
Hanseníase dimorfa: lesão com bordas externas esmaecentes e internas bem definidas no
dorso da mão.
LastóriaI, JC, Abreu, MAMM 2012
• Alteração de sensibilidade - térmica,
dolorosa, tátil
• Prova de histamina - ausência de eritema
reflexo
• Prova da pilocarpina - não induz à sudorese
na lesão
• Pesquisar espessamento e aderência de
nervos - radial, ulnar, mediano, fibular
comum, tibial posterior, grande auricular,
facial e trigêmio.
• Alterações agudas no balanço
imunológico entre o hospedeiro e o M.
leprae. Afetam principalmente pele e
nervos, leva a morbidade e incapacidade.
– Tipo 1
– Tipo 2
• Ocorre em dimorfos
• Piora da resposta de imunorregulação
(reação de degradação) ou melhora da
resposta de imunorregulação (reação
reversa).
• As lesões se tornam hiperestésicas,
eritêmato-edematosas, descamam e
ulceram.
Reação tipo 1: placas eritêmato-edematosas e
descamativas no tronco.
LastóriaI, JC, Abreu, MAMM 2012
• Eritema nodoso hansênico
• Relaciona-se à imunidade humoral a
antígenos bacilares, com depósitos de
iminocomplexos nos tecidos.
• Aparece subitamente, durante o
tratamento, nos virchowianos e dimorfovirchowianos
Eritema nodoso hansênico: nódulos inflamatórios de distribuição simétrica
nos membros superiores.
LastóriaI, JC, Abreu, MAMM 2012
• US e ressonância - nas formas neural
pura e neurite
• Eletroneuromiografia - acompahamento
das reações
• Intradermorreação de Mitsuda,
baciloscopia e biópsia - diagnóstico e
classificação da forma clínica
• Sorologia, PCR, usados para pesquisas
• Injeção dérmica de lepramina
• Reação positiva: surgimento de pápula ≥ 5
mm após quatro semanas
• Auxilia a classificação da forma clínica
(resposta celular), mas não faz
disgnóstico
• Avalia os índices baciloscópico e
morfológico.
• Índice baciloscópico expressa o número de
bacilos numa escala logarítmica entre 0 e 6+,
sendo positiva nos multibacilares, auxiliando
no diagnóstico; nos paucibacilares é
frequentemente negativa.
• Índice morfológico (percentual de bacilos
íntegros em relação ao total dos bacilos
examinados) verifica viabilidade bacilar.
Deve ser solicitado pelo médico da unidade
básica, prioritariamente, nas seguintes situações:
a) Em caso de dúvida na classificação
operacional para instituição da
poliquimioterapia.
b) Diagnóstico diferencial com outras doenças
dermatoneurológicas.
c) Casos suspeitos de recidiva.
• Acolher, identificar e coletar as amostras
dos casos indicados, para detecção e
rastreamento de novos casos.
• Procedimento de fácil execução e de
baixo custo, porém não pode ser
considerada como critério de diagnóstico
da hanseníase.
Coleta de Material
• Necessidade da utilização de
Equipamentos de Proteção Individual
(EPI) como: luvas, máscaras e avental.
• Preenchimento correto da Guia de
Serviços Auxiliares de Diagnóstico e
Terapia (SADT)
a) Acomodar o paciente confortavelmente.
b) Explicar o procedimento que será realizado. No caso de criança
explicar também para a pessoa responsável.
c) Observar indicações dos sítios de coleta na solicitação médica.
d) Manusear a lâmina pelas bordas evitando colocar os dedos no local
onde a amostra será distribuída.
e) Identificar a lâmina com as iniciais do nome do paciente, o número
de registro da unidade e data da coleta.
f ) No momento de cada coleta fazer antissepsia com álcool a 70ºGL ou
70%, dos sítios indicados na solicitação médica.
g) Com o auxílio da pinça Kelly, fazer uma prega no sítio de coleta,
pressionando a pele o suficiente para obter a isquemia, evitando o
sangramento. Manter a pressãoaté o final da coleta tomando o
cuidado de não travar a pinça.
h) Fazer um corte na pele de aproximadamente 5mm de
extensão por 3mm de profundidade. Colocar o lado não
cortante da lâmina do bisturi em ângulo reto em relação ao
corte e realizar o raspado intradérmico das bordas e do
fundo da incisão, retirando quantidade suficiente e visível
do material. Se fluir sangue no momento do procedimento
(o que não deverá acontecer se a compressão da pele
estiver adequada) enxugar com algodão.
i) Desfazer a pressão e distribuir o material coletado na
lâmina, fazendo movimentos circulares do centro para a
borda numa área aproximadamente de 5 – 7mm de
diâmetro, mantendo uma camada fina e uniforme.
j) O primeiro esfregaço deverá ser colocado na extremidade
mais próxima da identificação do paciente (parte fosca), e o
segundo próximo ao primeiro observando uma distância, de
pelo menos 0,5cm entre cada amostra e assim
sucessivamente. Os esfregaços devem estar no mesmo lado
da parte fosca da lâmina.
k) Entre um sítio e outro de coleta, limpar a lâmina do bisturi e a
pinça utilizada com algodão ou gaze embebido em álcool
70°GL ou 70%, para que não ocorra a contaminação entre
eles.
l) Fazer curativo compressivo e nunca liberar o paciente se
estiver sangrando.
m) As lâminas contendo os raspados intradérmicos devem
permanecer em superfície plana e à temperatura
ambiente, durante cinco a dez minutos até estarem
completamente secos. Após essa etapa os esfregaços
devem ser fixados passando-se as lâminas duas a três
vezes, rapidamente, na chama de uma lamparina ou
bico de Bunsen,
n) Após a fixação, acondicionar as lâminas em porta
lâminas de plástico rígido para evitar quebra, exposição
à poeira e insetos, a fim de serem transportadas às
unidades laboratoriais, no prazo máximo de vinte e
quatro horas junto com as guias de SADT devidamente
preenchidas.
Em pacientes com lesões cutâneas visíveis ou
áreas com alteração de sensibilidade, a coleta
deverá ser feita em lóbulo auricular direito
(LD), lóbulo auricular esquerdo (LE), cotovelo
direito (CD) e lesão (L), conforme figura 1. Em
pacientes que não apresentam lesões ativas
visíveis, colher material do lóbulo auricular
direito (LD), lóbulo auricular esquerdo (LE),
cotovelo direito (CD) e cotovelo esquerdo (CE),
conforme figura 2.
MS, 2010
• Colorações de HE e BAAR (Ziehl-Nielsen,
Faraco-Fite)
• Variações de apresentação dependendo da
apresentação da doença
• Polo Virchowiano - macrófagos espumosos
difusamente, contendo globias de bacilos
• Polo tuberculóide - granulomas completos,
neurite e bacilos escassos ou ausentes.
• Reação de omunohistoquímica - auxilia o
diagnóstico na fase inicial ou nas formas
paucibacilares.
• Pesquisa sorológica de anticorpos anti-Mycobacterium
leprae.
• Glicolipídeo fenólico-1 (específico do bacilo).
• Induz à produção de anticorpos IgM, medidos por ensaio
imunoenzimático.
• A presença desses anticorpos reflete a carga bacilar,
com títulos elevados nos multibacilares e baixos ou
ausentes nos paucibacilares.
• No monitoramento da terapêutica, diminuição dos
anticorpos acompanha o clearance do antígeno,
enquanto persistência pode representar resistência
terapêutica;
• Aumento em indivíduos tratados pode indicar recidiva;
• Além disso, altas concentrações no início do tratamento
indicam risco de desenvolver reação tipo 1;
• A sorologia pode identificar indivíduos com infecção
subclínica, demonstrando a soropositividade entre
contatos.
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O exame de contato poderá ser realizado pelo enfermeiro e pelo médico.
Anamnese dirigida a sinais e sintomas da Hanseníase.
Exame dermato-neurológico (exame da superfície corporal, palpação de
troncos nervosos).
Checar presença de cicatriz de BCG. Na ausência de cicatriz, fazem-se
duas doses com intervalo de 6 meses. Na presença de uma cicatriz, faz-se
a segunda dose, desde que o tempo decorrido em relação à 1ª dose seja
igual ou maior do que 6 meses.
Se o contato é indene (não apresenta sinais e sintomas de hanseníase),
orientar sobre hanseníase e encaminhar para aplicação de BCG, conforme
critério anterior.
Se o contato apresenta lesões suspeitas de hanseníase, encaminhar para
consulta médica.
SESMG, 2006
• Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de VigilâncIa em
Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica.
Guia de procedimentos técnicos: baciloscopia em
hanseníase / Ministério da Saúde, Secretaria de
Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância
Epidemiológica. – Brasília : Editora do Ministério da
Saúde, 2010.
• LastóriaI, JC, Abreu, MAMM. Hanseníase: diagnóstico e
tratamento. Diagn Tratamento. 2012;17(4):173-9.
• MINAS GERAIS. Secretaria de Estado de Saúde.
Atenção a saúde do adulto: hanseníase. Belo Horizonte:
SAS/MG, 2006. 62 p.