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Paul Singer
Desenvolvimento Econômico e Evolução Urbana
Universidade de São Paulo
(Recife)
Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências
Humanas
A produção da metrópole no período atual: Estado, Corporações e Organizações de
Solidariedade
Prof. Ricardo Mendes Antas Jr.
Junho 2012
PERNAMBUCO: A MAIS RICA COLÔNIA
AÇUCAREIRA DE PORTUGAL
-Já na colonização, em Pernambuco houve desde o início um
promissor Setor de Mercado Externo, representado pelos
engenhos açucareiros.
-Primeiro grande surto de comercialização do açúcar no Brasil
foi no Nordeste.
- Número de engenhos crescia constantemente:
 Em 1550 - eram 5;
 Em 1570 - 30;
 Em 1584 - 66;
 Em 1631 – 144 (quando houve a conquista holandesa).
ENQUANTO ISSO, O DESENVOLVIMENTO
DA CIDADE ERA PEQUENO
- O desenvolvimento urbano, tanto em Olinda quanto
Recife, era modesto já que grande parte da população
vivia nos engenhos. Até a conquista holandesa, em Olinda
havia 2 mil habitantes e Recife possui 200 casas.
- Olinda era o centro e Recife era um povoado com
atividades portuárias.
TUDO COMEÇA A MUDAR COM A INVASÃO
HOLANDESA, EM 1631
-A Holanda desde o século XVI foi o grande centro de
distribuição do açúcar produzido no Brasil, mas perderam.
-As invasões foram tentativas de recuperá-lo.
-O objetivo dos holandeses não era intervir na cultura de
cana e nem na produção do açúcar. O interesse estava no
comércio, daí o caráter urbano da colonização holandesa.
CARÁTER URBANO DA COLONIZAÇÃO
HOLANDESA
-Holandeses incendiaram Olinda e Recife passa a ser o
centro do nordeste açucareiro.
- Com Nassau em 1637, se inicia a urbanização de Recife
que, de um povoado, transforma-se em cidade.
-Em meados do século XVII, Recife era a segunda cidade
brasileira e uma das mais modernas do continente, do
ponto de vista urbanístico. Recife então foi fundada e se
desenvolveu em função do açúcar.
EXPULSÃO DOS HOLANDESES: CRISE DO
AÇÚCAR
-A tecnologia da produção do açúcar é levada pelos
holandeses para as Antilhas que passa a ser concorrente
do Brasil.
-Outro fator que contribuiu com a decadência dos
engenhos foi a descoberta das minas de ouro.
-Com pagamento em outro das mercadorias, Recife como
centro de distribuição de artigos importados para além da
Zona da Mata.
COM EXPULSÃO DOS HOLANDESES, OLINDA
É RECONSTRUÍDA
- Com a expulsão dos holandeses, Olinda é reconstruída tornando o centro da
aristocracia rural e a capital da Capitania.
-Mas isso impacta na formação de Recife que, perdendo sua função política,
especializa-se cada vez mais na sua função comercial.
-Isso gera uma crise. A queda dos preços aumenta a dependência dos
senhores de engenho de Olinda em relação aos mascates de Recife. A
burguesia comercial de Recife, de origem portuguesa, enriquece à custa da
nobreza rural.
-A prosperidade do comércio de Recife, fase à crise da lavoura canavieira,
tornou possível a autonomia política e administrativa da cidade, até 1709
submetida à Câmara de Olinda, onde só fazendeiros tinha assento.
-Guerra dos Mascates. A elevação de Recife à vila, no mesmo ano,
desencadeou a revolta dos olindenses, que ficou chamada como a Guerra dos
Mascates.
RECUPERAÇÃO DA PRODUÇÃO DO AÇÚCAR
BRASILEIRO NO MERCADO INTERNACIONAL
-No final do século XVIII e início do XIX recuperação nítida da posição
brasileira no mercado internacional do açúcar.
-Alguns motivos: aumento consumo na Europa; crise na produção
antilhana (entre as causas levante negro no Haiti e a abolição do tráfico
de escravos nas Índias Ocidentais Britânicas, a partir de 1807). Não
houve elevação dos preços, mas retomada da produção.
-Prosperidade - Enquanto isso Recife vive momento de prosperidade.
Isso se confirma pela sua elevação à capital da Província em 1827.
Recife em 1709 tinha 12 mil habitantes, em 1809, 25 mil.
-Prosperidade: No fim do século XVIII e começo do século XIX, a ordem
de importância das cidades portuárias brasileiras: Rio, Salvador, Recife e
São Luiz. Porém, Recife alcançou primeiro lugar em vários anos: 1805,
1815-18-19 graças à alta do preço do açúcar e à crescente exportação do
algodão.
ALGODÃO: FIM DA DEPENDÊNCIA A UM
ÚNICO PRODUTO, O AÇÚCAR
-Na mesma época da recuperação do açúcar, fim do século XVIII, há o
surto algodoeiro, que representa o término de uma situação que
perdura por mais de duzentos anos, que se caracteriza pela
dependência de toda vida comercial e econômica de recife em relação
a um único produto: o açúcar.
-A exportação de algodão já representava, em 1796, mais de 70% do
valor da exportação de açúcar.
-A cultura algodoeira trouxe mudanças na vida de Recife.
-Mas a prosperidade termina com o fim da Guerra de Independência
dos Estados Unidos. Mas a expansão da Revolução Industrial deixou
margem ainda para a produção brasileira, o que representa nas
primeiras décadas do século XIX um dos suportes básicos da
Economia de Mercado de Pernambuco.
NOVA ONDA DE EXPANSÃO DO AÇÚCAR –
PROVOCADA PELA REVOLUÇÃO INDUSRIAL
-Essa nova expansão, que acontece na primeira metade do século XIX, é
bem diferente das que ocorreram até então, pois é provocada pela
Revolução Industrial do açúcar.
-O mundo passa por transformações revolucionárias que afetam o Brasil,
repercutindo também Pernambuco e Recife: 1. A abertura dos portos
em 1808. 2. A Revolução Francesa. 3. Com a independência política dos
países da América Latina, nos primeiros decênios do século XIX, mudase também as características da inserção no mercado internacional
destes países.
-A competição era muito mais acirrada: investimentos de capitais dos
Estados Unidos na indústria açucareira de Cuba, Filipinas;
desenvolvimento do açúcar de beterraba na Europa.
NOVAS TÉCNICAS DE PRODUÇÃO
-Por isso, havia necessidade de criar condições para que os produtos se
inserissem de forma competitiva no mercado.
-Para competir com as novas condições foram desenvolvidas novas técnicas de
produção, desde a plantação da cana até a embalagem do açúcar. Os métodos
artesanais são substituídos pela tecnologia industrial tendo em vista a
produção em massa. Principal mudança: engenhos a vapor

Resultados da inovação:
- De forma geral, aconteceram melhoramentos urbanos: construção do Palácio
de Governo e do Teatro Santa Isabel; construção de diversas pontes,
construção de extensos cais e de estradas; estabelecimento do serviço de
água e esgoto; transferência da Faculdade de Direito de Olinda para Recife.
-A industrialização do açúcar (Revolução Industrial) direcionada para o Setor
de Mercado Externo contribuiu para o aparecimento de indústrias (Setor de
Mercado Interno) em Recife.
NOVOS MODELOS DE PRODUÇÃO

Implantação dos engenhos centrais: tentativa frustrada
de otimizar a indústria do açúcar

Outro modelo de produção de açúcar foi adotado: as
usinas (verdadeira revolução industrial do açúcar do
Nordeste)
ALGUMAS CARACTERÍSTICAS DA REVOLUÇÃO
INDUSTRIAL EM PERNAMBUCO
-Na Revolução industrial do açúcar as usinas tinham 'fome de terra'. Mudou as
relações de produção e o tipo de atividade econômica predominante, a de
subsistência. A penetração da usina em terras de antigos engenhos revolucionou as relações
de produção, já que antigos parceiros ou arrendatários eram expulsos ou reduzidos à condição
de assalariados, e mudou o tipo de atividade econômica predominante, antes de subsistência
-A expansão usineira significou transferência de numerosa mão de obra e de vastas
áreas de solo agrícola do Setor de Subsistência para o Setor de Mercado Externo,
inicialmente, e para o Setor de Mercado Interno depois (quando o açúcar, com dificuldade
de ser exportado, passa a ser vendido no mercado nacional).
-A produção brasileira estava condicionada aos altos e baixas das condições
internacionais. O Brasil só tinha condições de exportar quando se manifestava escassez no
mercado mundial. É o que se verificou a partir de 1914 quando a 1ª Guerra Mundial afetou
negativamente os grandes exportadores europeus de açúcar de beterraba.
-Com o algodão se deu situação análoga – a produção brasileira dependente das
condições externas. Sua produção que originalmente se destinava ao mercado estrangeiro
também perdeu sua posição e passou a se destinar ao mercado nacional. Foi expulso do
mercado mundial após a Guerra Civil Americana. Pode-se concluir que exerceu maior
influência sobre o cultivo do algodão a incapacidade de produzir em condições competitivas
para o mercado externo do que a expansão do mercado interno.
QUEBRA NO COMEÇO DO SÉCULO XX –
NOVA LONGA CRISE
-O mercado estava naquele panorama difícil traçado anteriormente,
com a indústria do açúcar da beterraba e o incentivo dos Estados à
produção de Cuba, Filipinas. Para piorar a economia europeia foi
abalado por uma crise em 1890 e portanto redução das produções
coloniais. Houve rápida recuperação para 1900 nova crise.
-Em 1901 vem o crack, os preços despencam acarretando crise geral
na indústria açucareira, especialmente dos estabelecimentos mais
modernos que haviam se endividado.
-Houve uma retomada mundial e se o Brasil não pode retornar ao
mercado mundial do açúcar quando nova fase de ascensão se inicia
em 1905 foi pela incapacidade do país e do Nordeste, em particular,
em acompanhar a revolução tecnológica que a indústria açucareira
estava sofrendo no mercado mundial.
-Assim a participação do Brasil como grande competidor se
interrompe para ressurgir meio século depois.
INFERIORIDADE DO NORDESTE FACE À
PRODUÇÃO DO CENTRO-SUL
-A indústria passa a ter foco no mercado interno, cai as importações, o que
provoca queda do movimento comercial da cidade, com consequências
negativas para o crescimento do Recife.
-No mercado interno ficou reservado ao Nordeste a mesma condição na
divisão internacional do trabalho: o de fornecedor de alimentos e matériasprimas. Esta mudança de situação pode ser entendida como uma ratificação
da inferioridade relativa do Nordeste face ao Centro-Sul.
-O excedente econômico produzido no Nordeste encontra melhores
condições de aplicação no Centro-Sul. Mão de obra qualificada e rede
bancária deslocando-se para lá. A descapitalização do Nordeste e a perda de
recursos humanos acentuaram ainda mais a inferioridade daquela região em
relação aquele que centralizava o desenvolvimento econômico do país.
-Assim a industrialização foi acompanhada por um processo de concentração.
SP e RJ foram os estados que mais se beneficiaram. Pernambuco é o sexto
estado em industrialização.
O QUE IMPEDIU A INDUSTRIALIZAÇÃO MANTIVESSE
SEU RITMO ENTRE 1900 E 1950?
-A substituição do mercado internacional pelo interno é uma parte da
resposta. A outra parte se encontra no exame do que aconteceu no
mercado regional da indústria recifense. Todas estas questões internas
levaram ao estreitamento do mercado próprio da indústria recifense
-Primeiro: falta de infraestrutura.
-Segundo: proporção da população que participa da economia de mercado
e o poder aquisitivo destas pessoas são precários.
-Terceiro: a quantidade de emprego oferecida pela indústria açucareira era
muito limitada, gerando o exército de reserva. A usina expulsou as
atividades de subsistência das áreas de que se apropriava, transferindo as
terras para a economia de mercado, mas isso não significava que a usina
absorvesse essa mão-de-obra, pelo contrário, criou uma massa de
desempregados crônicos ou temporários, o exército industrial de reserva.
Este fenômeno sempre acompanha a penetração do capitalismo no campo.
NÃO FOSSE A INTERVENÇÃO DO GOVERNO
FEDERAL, A AGROINDÚSTRIA NORDESTINA DO
AÇÚCAR ENTRARIA EM TOTAL RUINA
-Um dos decretos, de dezembro de 1931, criou a Comissão de Defesa
da Produção Açucareira, que instalada começou a adquirir excedentes
da produção, parte dos quais era exportado e o restante estocado.
-Além disso, Pernambuco foi reconhecido como o maior produtor,
sendo-lhe concedido quase 40% do total da produção permitida. Essa
metida permitiu resguardar a indústria açucareira do estado.
COM A CRISE, RECIFE CRESCE SEM
DESENVOLVIMENTO
-Recife não deixou de crescer. Passou de 348 mil habitantes, em 1940, para 520 mil, em
1950.
-O crescimento de Recife não se explica pelo desenvolvimento econômico da cidade,
mas pela falta de desenvolvimento em toda área socioeconômica. A falta de
desenvolvimento ocasiona um êxodo rural que acarreta em Recife um processo de
crescimento desequilibrado que Gilberto Freire chamou de ‘inchação’.
-De acordo com Censo dos Mocambos de Recife, de 1939, em Recife havia um total de
164.837 pessoas vivendo neste tipo de habitação, o que significava 50% da população. E
o total de desempregados pode ser estimado em um terço da população dos mocambos
de Recife, ou pelo menos um sexto da população total da cidade.
-Desde 1939 não se realizou mais nenhum censo dos mocambos, porém tudo leva a crer
que o seu número só aumentou. Antonio Carolino Gonçalves estima em 160 mil o
número de domicílios de Recife em 1960, dos quais 90 mil seriam mocambos.
‘INCHAÇÃO’ DO RECIFE E A DECOMPOSIÇÃO DO
COMPLEXO RURAL
- O crescimento de Recife resulta principalmente pelo êxodo rural. E esta fuga
provém da decomposição do complexo rural açucareiro, provocado pela
monopólio da usina no campo.
-O que é o complexo rural: conjunto de atividades de mercado e de
subsistência que caracteriza a agricultura. Entre as duas partes que coexistem
no complexo rural – mercado e de subsistência – se estabelece um equilíbrio
dinâmico. Mas o complexo rural existe nas relações de produção précapitalista, do tipo escravagista ou servil. (pág 332)
-Como isso funcionava com a mão de obra escrava.
-Com a abolição da escravatura, a exploração do trabalho adquiriu
características servis. Os engenhos na verdade não se tratavam ainda de
empresas capitalistas pois a terra era integralmente utilizada para produzir
renda. Não se haviam constituído na economia açucareira nem mercado de
terra nem mercado de força de trabalho. A empresa açucareira era mercantil,
porém não capitalista. A terra não era encarada como um investimento
rentável e os trabalhadores não eram livres no sentido de poder oferecer sua
força de trabalho onde que que conseguisse melhor preço.
‘INCHAÇÃO’ DO RECIFE E A DECOMPOSIÇÃO
DO COMPLEXO RURAL
-Com as usinas a situação muda: a empresa açucareira adquire cada vez
mais caráter capitalista e encara seu investimento em terra como
aplicação de capital que deve proporcionar uma taxa de lucro e, para
tanto, seu aproveitamento total para o plantio de cana se impõe. Mostrase muito mais racional assalariar os trabalhadores e utilizar as áreas,
antes ocupadas com culturas de subsistência, para plantar cana. Deste
modo, substituíram-se as relações de produção pré-capitalistas, sobre as
quais se acentuava o complexo rural, por relações de produção capitalista.
-Assim, a penetração de formas de produção capitalista na agricultura
teve como consequência inevitável o exército industrial de reserva.
-Conclusão: Na medida em que o Nordeste se via marginalizado no
processo da formação do mercado nacional, o crescimento de sua
economia urbana também perdia vigor, acentuando-se o descompasso
entre o ritmo de dissolução do complexo rural, que atirava levas
crescentes de deslocados para as cidades, e o crescimento da demanda da
mão de obra, limitado por aquela marginalização. (pág. 337)