FEB Celso Furtado Cap. VIII a XII

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FEB 2012-I Prof. Fernando Carlos G. de C. Lima

Resumo Celso Furtado FEB Cap. VIII a XII

Cap. VIII: Capitalização & nível de renda

O esforço do governo português se concentrava no desenvolvimento da indústria açucareira

 Incentivos fiscais, monopólios, garantias legais (contra a penhora das propriedades), honrarias...

Cap. VIII: Capitalização & nível de renda

Pr oblema maior: falta de MO

Escravização dos índios (na etapa inicial) Captura e comercialização de índios: primeira atividade econômica estável não diretamente ligada ao açúcar  Mas não tinha escala suficiente para atender às necessidades da atividade açucareira

Capitalização & nível de renda (II)

MO africana chegou para a expansão da empresa, que já estava instalada: “É quando a rentabilidade do negócio está assegurada que entram em cena, na escala necessária, os escravos africanos: base de um sistema de produção mais eficiente e mais densamente capitalizadoFinal do século XVI: produção de açúcar no NE do Brasil seria 20 vezes superior à quota estabelecida pela coroa, um século antes, para as ilhas atlânticas

Renda no final do século XVI (I)

Capital investido: 15 mil libras por engenho; 120 engenhos

total: 1.800 mil libras

• • • Escravos africanos: 20 mil, dos quais 15 mil nos engenhos; custo de aquisição do escravo = 25 libras

total 375 mil libras

 MO escrava africana = 20% do capital fixo

Renda no final do século XVI (II)

- Valor total das exportações de açúcar = 2,5 milhões de libras - Y líquida na produção de açúcar = 60% = 1,5 milhão - Se a Y do açúcar = 75% da “Y nacional” 

Y nacional = 2 milhões de libras

- Y per capita (dos 30 mil portugueses)  a maior da história do Brasil

Renda no final do século XVI (II)

• • •

Concentração de Y Custos em relação ao valor recebido pelo

açúcar: 5% para pagamentos de serviços externos ao engenho (transporte e armazenamento) 2% em salários 3% para compra de gado e lenha  

Total de gastos = 10% da Y líquida Lucro = 90%

Renda no final do século XVI (III)

Se as importações = 600 mil libras (50% da renda líquida) 

“a indústria açucareira podia autofinanciar a duplicação de sua capacidade produtiva a cada dois anos”

 Elevada rentabilidade, mas essa potencialidade financeira só foi utilizada excepcionalmente (o crescimento foi governado pela demanda)

Destino dos recursos financeiros excedentes

Mas, se a plena capacidade de autofinanciamento não era utilizada, que destino tomavam os recursos financeiros sobrantes? 1) Não eram utilizados dentro da colônia 2) Não eram aplicados em outras regiões do mundo)   logo, boa parte os capitais pertenciam aos

comerciantes

logo, havia íntima coordenação entre as etapas de produção e comercialização (não houve superprodução)

Cap. IX: Fluxo de renda e crescimento

“Que possibilidade efetiva de expansão e evolução estrutural apresentava esse sistema econômico?”

Formação de capital: exigência de operar em grande escala Etapa 1: “gastos monetários na importação de equipamentos, materiais de construção e MO

Formação de K:

inversão

[investimento]

Etapa 2: construção & instalação

  Não havia lugar para fluxos de renda monetária, ou seja, não havia pagamentos aos fatores de

produção Aumento da renda = lucro MO escrava : Aquisição = investimento em K fixo Manutenção = custo fixo (mesmo quando não produz açúcar) BCD: o SE recebia serviços prestados pelo escravo como contrapartida de sua aquisição

Fluxos de renda monetária

• • • Renda monetária = exportações Dispêndio monetário = importações + serviço financeiro para

não-residentes

O fluxo de renda monetária se dava apenas entre o engenho

e o exterior

• No interior da unidade produtiva, o fluxo de renda era apenas contábil NB: Era uma economia monetária (não era feudal)  Os gastos correntes com os escravos = custo de depreciação dos equipamentos

Expansão da produção

versus

evolução estrutural

• • • Desde que a demanda aumentasse, a produção poderia se expandir (havia terras e capacidade de importar MO) Houve tentativas de limitar a capacidade produtiva 1550-1650: forte crescimento da produção • Mas... a estrutura do sistema econômico não se modificou nem quando a economia crescia, nem quando se retraía: neste caso, os gastos de manutenção, assim como os níveis de consumo continuavam a ser satisfeitos com o

uso da MO

Expansão da produção

versus

evolução estrutural (II)

Crescimento = ocupação de novas terras e aumento das

importações

Decadência = redução das importações e da reposição da MO

(importada)

 redução progressiva do ativo da empresa, que assim minguava sem se transformar estruturalmente

Não havia articulação direta entre produção e consumo

 O crescimento demográfico não servia como elemento dinâmico do desenvolvimento econômico 

A economia escravista dependia da procura externa

Expansão da produção

versus

evolução estrutural (III)

As paralizações ... não tendiam a criar tensões capazes de modificar a estruturaCustos fixos: quando os preços caíam, interessava manter a

plena capacidade

• Apenas quando os preços caíam abaixo de certo nível o empresário reduzia a capacidade. Mas isto ocorria muito lentamente, sem necessidade de mudanças estruturais • A indústria açucareira resistiu durante mais de três séculos, recuperando-se sempre que as condições do mercado externo tornavam-se favoráveis

Cap. X: Pecuária

A produção de açúcar no NE criou um mercado capaz de justificar a existência de outras atividades econômicas A economia açucareira era altamente especializada: os

empresários não desviavam recursos para atividades

secundárias (p. ex., produção de alimentos) quando o

mercado de açúcar era favorável No Caribe, a elevada especialização criou um mercado atendido pelas colônias do norte

Mas... no Brasil, o mercado era atendido pelos comerciantes

portugueses & holandeses

 Além disso, a concorrência era proibida

Brasil X Caribe:

disponibilidade escassez de terras

versus

São Vicente & Nova Inglaterra (NI): economias de baixa produtividade

• • Mas, na NI os colonos desenvolveram outras atividades comerciais & construção naval Em São Vicente, a atividade comercial era a caça ao índio (sertanejos profissionais) Quando o Caribe se especializou em açúcar, os colonos da NI passaram a negociar com o Caribe, onde a terra era escassa (& por causa dos problemas internos na UK)

Pecuária no Nordeste (I)

No NE, a abundância de terras permitiu o surgimento de um “segundo sistema econômico, dependente da economia açucareira”: pecuária (carne, “animais de tiro” e couro) A produção de açúcar e a criação de gado foram atividades separadas geograficamente (litoral X interior) e distintas quanto às características da produção (alta X baixa produtividade)  A pecuária foi um fator fundamental para a ocupação do interior brasileiro (assim como a caça ao índio)

Pecuária no Nordeste (II)

A criação de gado era: - extensiva e itinerante (seguia geralmente as margens dos rios: São Francisco, Parnaíba...) - localizada no interior (sertão)  léguas da costa em 1701; proibida a menos de 10 - exigia pouco investimento; - podia se expandir enquanto houvesse terras por ocupar; - pouco intensiva em MO (índios, apesar de tudo) Os empresários não necessitavam de muitos recursos iniciais e alguns começaram trabalhando para um criador de gado até se tornarem independentes (recebiam 1/4 das crias após 5 anos)

Pecuária no Nordeste (III)

Limites de expansão: demanda - Séc. 17: açúcar (NE) - Séc. 18: ouro (Sul)

Expansão meramente extensiva: (i) Não havia preocupação com produtividade (ii) Quanto maior a distância dos centros consumidores, os custos aumentavam e a renda média diminuía

Pecuária no Nordeste (IV)

“A economia criatória – não obstante não predominasse a trabalho escravo – representava um mercado de ínfimas dimensões” “Sua principal atividade deveria ser aquela ligada à própria subsistência de sua população”  A própria criação de gado era uma atividade de subsistência “Essa importância relativa do setor de subsistência na pecuária será um fator fundamental de transformações estruturais por que passará a economia nordestina em sua longa etapa de decadência

Cap. XI: Formação do complexo econômico nordestino

“As formas que assumem os dois sistemas da economia nordestina – o açucareiro e o criatório – no lento processo de decadência que se inicia na segunda metade do século XVIII constituem elementos fundamentais na formação do que no século XX viria a ser a economia

brasileira

Complexo econômico nordestino

Os dois sistema preservavam suas formas originais: - Expansão: caráter extensivo, sem aumento da produtividade - Contração: mantinham a produção, já que os fatores de produção não tinham uso alternativo 

No curto prazo, a oferta era inelástica

Sistemas açucareiro e criatório: diferenças

No longo prazo, as diferenças entre os sistemas açucareiro e criatório eram substanciais

A pecuária não precisava fazer gastos monetários para investir; sua MO e o gado tinham crescimento vegetativo A produção de açúcar requeria gastos monetários para

reposição de MO e equipamentos através de importação

Açúcar & pecuária: impactos da decadência

     Pecuária: redução da demanda

aumento das atividades de subsistência redução da renda monetária redução da produtividade redução da especialização (passam a produzir os bens que antes compravam) importância do couro

Impactos da decadência (II)

Açúcar: estagnação da produção não criou necessidade de emigração do excedente de população, que foi para o sertão

redução da produtividade da pecuária & aumento das atividades de subsistência

NE: a população cresceu, mas a renda per capita diminuiu entre meados do séc. 17 e início do séc. 19

involução econômica

Cap. XII: Contração econômica e expansão territorial

NE, Maranhão e Sul (Piratininga): decadência dos setores exportadores (açúcar & fumo) 

aumento da economia de subsistência & redução da economia monetária

Colônia do Sacramento (1680): permitiu a Portugal reforçar enormemente sua posição nos negócios do couro, demais de constituir um entreposto para o contrabando com um dos principais portos de entrada da América espanhola

Decadência secular (I)

Aumento da economia de subsistência + redução (relativa) das exportações = redução do valor dos impostos arrecadados pela Metrópole

Devendo liquidar-se em moeda portuguesa tais impostos, sua transferência impunha uma crescente escassez de numerário na colônia, cujas dificuldades também por esse lado se viam agravadas”

Decadência secular (II)

Queda das exportações de açúcar

desvalorização da moeda

encarecimento das manufaturas importadas  acentuação da economia de subsistência