Literatura 4ª Aula Barroco
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Transcript Literatura 4ª Aula Barroco
LITERATURA
4ª AULA
BARROCO
03 de maio de 2013
Proceu
Revisão
Qual o a última escola literária estudada?
Durante que período ela se desenvolveu em Portugal?
Características da obra literária no período.
Medida nova:
Decassílabos
Os versos decassílabos clássicos podem ser:
Heróico: com acento obrigatório (cesura) na 6ª e na 10ª
sílaba
Sáfico: Com cesuras na 4ª, 8ª e 10ª sílabas
Contexto Histórico Geral
Monarquias absolutistas – consagrar valores através da
arte.
Início da Reforma Protestante: Em 1517 na Alemanha
(Lutero,) seguida pela França em 1532 (Calvino).
Teoria da predestinação e Ética protestante (Calvino) que
coaduna com o Capitalismo incipiente sendo atrativa para a
burguesia.
Contra-Reforma – Concílio de Trento (1545-1563) – Index
Utilização da arte sacra pela Igreja Católica.
Lutero condenava as representações sagradas como
idolatria. O Calvinismo foi ainda mais rigoroso em sua
aversão à arte sacra, dando origem a episódios de
iconoclastia.
Contexto Histórico Geral
Demonstração de poder e grandeza.
Consolidação de novo mercado consumidor da arte –
burguesia emergente.
Expressão na pintura, escultura, arquitetura e
literatura.
Maneirismo: Movimento artístico de transição entre
Renascimento e Barroco
“Camões, na sua época, é já um poeta
amaneirado a fazer a transição da sobriedade
clássica para os exageros do Barroco...”
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
muda-se o ser, muda-se a confiança;
todo o Mundo é composto de mudança,
tomando sempre novas qualidades.
Continuamente vemos novidades,
diferentes em tudo da esperança;
do mal ficam as mágoas na lembrança,
e do bem (se algum houve), as saudades.
O tempo cobre o chão de verde manto,
que já coberto foi de neve fria,
e, enfim, converte em choro o doce canto.
E, afora este mudar-se cada dia,
outra mudança faz de mor espanto,
que não se muda já como soía
(Luís Vaz de Camões)
Características:
Pessimismo;
- Engenhosidade e teatralidade da linguagem - Linguagem rebuscada e
trabalhada ao extremo → Figuras de linguagem: conciliar contrários.
- Tendência à alusão (descrição indireta);
- Dualismo: Conflito existencial: → o homem dividido entre a herança religiosa e
mística medieval e o espírito humanista, racionalista do Renascimento / Fé x Razão;
Corpo x Alma; Deus x Diabo; Vida x Morte; Real x Ideal
-Fugacidade: Tudo é passageiro e instável, as pessoas, as coisas mudam, o mundo
muda. Consciência do caráter efêmero da existência.
-Feísmo: Atração por cenas trágicas, por aspectos cruéis, dolorosos e grotescos /
Imagens exuberantes e exageradas (deformadas pelos detalhes) / Ruptura com a
harmonia e equilíbrio clássico
Figuras de linguagem mais utilizadas
Metáfora: figura de linguagem em que se substitui o
significado da palavra por outra a partir de uma
semelhança;
Antítese: aproximação de dois pensamentos
contrários (palavras ou frases);
Paradoxo: afirmação contraditória: “é dor que
desatina sem doer” (Camões)
Hipérbole: Expressão deliberadamente
exagerada;
Hipérbato: Inversão Violenta dos termos da frase:
“a quem tirar não pode o mundo nada” (Francisco
Manuel de Melo)
Amor é fogo que arde sem se ver,
é ferida que dói, e não se sente;
é um contentamento descontente,
é dor que desatina sem doer.
É um não querer mais que bem querer;
é um andar solitário entre a gente;
é nunca contentar-se de contente;
é um cuidar que ganha em se perder.
É querer estar preso por vontade;
é servir a quem vence, o vencedor;
é ter com quem nos mata, lealdade.
Mas como causar pode seu favor
nos corações humanos amizade,
se tão contrário a si é o mesmo Amor?
(Luís Vaz de Camões)
Tendências Literárias
Cultismo (ou Gongorismo): hipertrofia da dimensão
sensorial (sonoridade e imagem) da obra literária. Uso
excessivo das figuras de linguagem. Descritivismo
rebuscado, rico e tortuoso. Sinestesia: (mistura de
sentidos), ex:
“Esta chuvinha de água viva esperneando luz e ainda com gosto de
mato longe, meio baunilha, meio manacá, meio alfazema” (Mário
de Andrade)
Conceptismo: Uso da razão em detrimento da emoção,
raciocínio engenhoso, analítico, usa-se de paradoxos e
sutilezas lógicas.
Contexto do Barroco em Portugal
Final do Séculos XVI ao Séc. XVIII (1580-1756)
1580
Portugal é integrado à Espanha após as disputas pela
sucessão de D. Sebastião; Declínio comercial e naval;
1640
Restauração da Coroa – D. João IV - Dinastia de
Bragança
Segunda metade do séc. XVII
Descoberta do ouro em Minas Gerais – novo
enriquecimento de Portugal
Padre Antônio Vieira
Principal autor do Barroco
Português
Nasceu em Lisboa em (1608)
e morreu na Bahia(1697)
Missionário da Companhia de
Jesus;
Importante figura política na
colônia (defesa dos índios, de
judeus, de cristãos-novos, da
abolição da escravidão e
contra abusos da Inquisição)
Sermões
Sermão de Santo António aos Peixes: Caráter
alegórico
Sermão pelo Bom Sucesso das Armas de Portugal
Contra as de Holanda: Relaciona-se com a invasão
dos Holandeses no Nordeste Brasileiro.
Sermão do Bom Ladrão: Ataca e critica aqueles
que se utilizam do poder público para enriquecer
ilicitamente. Denuncia escândalos no governo,
gestões fraudulentas e falta das punições.
Estrutura dos sermões
1 – Exórdio ou introdução
a) Tema
b) Exposição
2 – Demonstração ou argumentação
3 – Peroração ou Conclusão
Questão: Pe. Antônio Vieira prioriza o cultismo ou
conceptismo?
Barroco Brasileiro
Cronologia
Início: 1601 – Prosopopeia (Bento Teixeira)
Término: 1768 – Início do neoclassicismo
Transplante cultural da Europa para a colônia
Portuguesa
A cultura brasileira do período se desenvolver quase
exclusivamente na capital, Salvador. Por esse motivo o
Barroco brasileiro também é chamado, por alguns
historiadores, de Escola Baiana.
Gregório de Matos – “Boca do Inferno”
(Salvador, 1633 – Recife, 1695)
Autor baiano de relevo no seiscentismo;
Também chamado de “Boca do
Inferno”, devido à sua linguagem
maliciosa e ferina, e à sátira com a
qual criticava pessoas e instituições da
época (não dispensando palavras de
baixo calão), além de usar o erótismo
em suas poesias.
Realizou os estudos em Portugal e manteve
íntima relação com a metrópole.
Influenciado pelo Cultismo do poeta espanhol
Gongora e pelo Conceptismo de Quevedo.
Foi deportado para a Angola em 1694.
Obras de Gregório de Matos
Poesia sacra (temática Religiosa)
Lírica amorosa
Poesia satírica
Poesia Burlesca
Refletindo o dualismo Barroco, demonstrava em
suas obras ora aversão pelo clero, ora profunda
devoção às coisas sagradas, além de expressar
teor sensual e pornográfico em alguns de seus
versos.
Aos Vícios (trechos)
Gregório de Matos
Eu sou aquele que os passados anos
Cantei na minha lira maldizente
Torpezas do Brasil, vícios e enganos.
(...)
De que pode servir calar quem cala?
Nunca se há de falar o que se sente
Sempre se há de sentir o que se fa1a.
Qual homem pode haver tão paciente,
Que, vendo o triste estado da Bahia
Não chore, não suspire e não lamente?
(...)
Quantos há que os telhados têm vidrosos,
E deixam de atirar sua pedrada,
De sua mesma telha receosos?
Uma só natureza nos foi dada
Não criou Deus os naturais diversos;
Um só Adão criou e esse de nada.
Todos somos ruins, todos perversos,
Só nos distingue o vício e a virtude,
De que uns são comensais, outros adversos
Quem maior a tiver do que eu ter pude,
Esse só me censure, esse me note,
Calem-se os mais chitom , e haja saúde.