A construcao do brasil
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Transcript A construcao do brasil
Prof. Dr. Fábio Luiz da Silva
O descobrimento do litoral da América do Sul é
resultante da conjuntura ibérica do final do século XV
Havia grande rivalidade luso-castelhana pela primazia
da rota marítima para o Oriente
Em 1479, os reinos de Portugal e Castela-Aragão foi
firmado o Tratado de Alcáçovas
Esse tratado definia as áreas de influência dos dois
reinos no Atlântico
O limite entre essas áreas de influência era um
paralelo que passava aproximadamente pelo Cabo
Bojador (27° N)
Norte para Castela-Aragão e Sul para Portugal
O rei de Portugal, D. Afonso V solicitou ao Papa Sisto
IV que reconhecesse o tratado
A bula papal Aeterni regis de 1481, reafirmou a divisão
acordada entre os reinos ibéricos
Intensifica-se, então, a exploração da costa atlântica da
África pelos portugueses
Em 1488, Bartolomeu Dias descobre que é possível
contornar a África ao chegar ao Cabo das Tormentas
(depois chamado de Boa Esperança)
Isso torna definitiva a opção dos portugueses pela rota
atlântica em direção às Índias
Quando Bartolomeu Dias retornou com a notícia de
que tinha achado a passagem para o oriente, Cristóvão
Colombo estava em Lisboa
Essa notícia fez com que a proposta de Colombo fosse
rejeitada pelo rei D. João II
Depois do sucesso de Bartolomeu Dias, o rei de
Portugal começou ações diplomáticas para garantir o
monopólio lusitano do Atlântico
Em 1489, Portugal confirmou e renovou o tratado de
Windsor (de 1386), firmado com a Inglaterra (aliás,
ainda em vigor) que previa apoio mútuo
Mas, o mais importante era garantir a paz com Castela-
Aragão
Foi essa a razão do casamento entre o herdeiro do
trono português, D. Afonso, e D. Isabel, filha mais
velha de Isabel de Castela e Fernando de Aragão
Internamente, D. João II estimulou estudos para o
aperfeiçoamento do método de determinação das
latitudes
E mandou realizar explorações de para traçar uma rota
que evitasse as dificuldades encontradas por
Bartolomeu Dias que navegou pela costa africana
Em 1492, os reis de Castela e Aragão concluem a
reconquista da península Ibérica, tomando a cidade de
Granada
As relações com o reino da França estavam abrandadas
devido a negociações com Carlos VIII e o poder sobre o
reino de Navarra se consolidava
A partir disso, Isabel de Castela pode apoiar os planos
de Cristóvão Colombo de atingir o oriente viajando
pelo ocidente
Se a viajem de Colombo dessem o resultado esperado,
os benefícios seriam imensos para os reis católicos
(Isabel e Fernando)
Mas a movimentação de Castela e Aragão também
poderiam levar à guerra com Portugal
Poderia ser a oportunidade de chegar antes que
Portugal ao Oriente
Na primeira viagem de Colombo ele descobriu algumas
ilhas das Bahamas e das Antilhas
Colombo acreditava que havia chego a ilhas próximas
de Cipango (Japão)
A descoberta de Colombo desestabilizou as relações
entre Portugal e Castela-Aragão
Em 1493, D. João II informou a Colombo que as ilhas
que ele havia descoberto pertenciam ao reino de
Portugal, de acordo com as determinações do Tratado
de Alcáçovas
Os reis de Castela e Aragão apressaram-se em
conseguir a aprovação do Papa do domínio das novas
terras descobertas por Colombo
Através da Bula papal inter coetera I, de 1493, o Papa
Alexandre VI garantiu a posse das terras descobertas e
descobrir nas bandas ocidentais, desde que não
pertencessem a algum soberano cristão
Os reis católicos souberam que Portugal preparava
uma esquadra para tomar as ilhas do poente
(descobertas por Colombo)
Provavelmente a movimentação portuguesa era apenas
para forçar Isabel e Fernando a negociar
A manobra portuguesa funcionou pois enviaram em 22
de abril de 1493, um emissário Lopo de Herrera, para
solicitar a D. João II a suspensão daquela medida e
início de negociações territoriais
Portugal reafirmou que defendia as disposições do
Tratado de Alcáçovas, mas Castela e Aragão
discordavam, pois isso seria entregar ao monarca
lusitano as terras descobertas por Colombo
Os reis católicos agiram de duas direções: solicitando
ao Papa a confirmação da posse das terras descobertas
por Colombo, ao mesmo tempo organizam nova
expedição para garantir a posse dessas terras
O Almirante do mar Oceano (Colombo) aconselhou os
reis católicos a adotar um novo critério de divisão do
mundo.
Adotando um meridiano a 100 léguas a ocidente dos
arquipélagos atlânticos.
Pela Bula Inter Coetera II de 1493, a coroa de Leão e
Castela ficava com todas as terras à oeste da linha de
100 léguas das ilhas de Açores e Cabo Verde.
O rei D. João II, no entanto, insistia numa divisão
horizontal, pois suspeitava da existência de terras ao
sul e que acreditavam pertencer à Ásia.
D. João mandou construir fortalezas na divisa com o
reino de Castela e Aragão.
D. João recebeu com grande pompa um importante
nobre francês, a quem concedeu o título de Conde de
Cazaza, além de uma renda anual.
Cazaza era uma região que os reis católicos
consideravam sua
Com essa manobra, o rei português garantiu um
importante aliado na corte francesa (França era
governada por Carlos VIII)
Um novo conflito com a França forçou os governantes
de Castela e Aragão a negociar com os portugueses
O rei de Nápoles, Ferrante I, era filho bastardo de rei
Afonso V de Aragão
Ferrante I morreu em 1494, Carlos VIII decidiu invadir
a Itália, alegando que tinha direito ao trono de Nápoles
Isso opunha-se aos interesses castelo-aragoneses na
região
Por sua vez, o rei português apoiou as pretensões de
Carlos VIII na Itália.
Percebendo que uma guerra com Portugal não era
interessante aos reis católicos, sugeriu-se um acordo
sem a interferência do papa.
Entre os negociadores portugueses estava Duarte
Pacheco Pereira
O principal interesse português era garantir a
exclusividade da rota atlântica para as Índias.
Em 1491, José de Lamego retornou do encontro secreto
com Pero de Covilhã, no Cairo (Egito)
Covilhã era um espião enviado pelo rei português ao
oriente para fazer reconhecimento geográfico,
econômico e político.
Covilhã recolheu informações que auxiliaram a Viagem
de Vasco da Gama
Em 1493, o rei de Portugal já preparava o envio de uma
armada para o índico.
Em Castela e Aragão, os reis católicos receberam o
relatório da segunda viagem de Colombo em abril de
1494
Colombo confirmava que as ilhas que encontrou eram
parte das Índias
Baseados nas informações de Colombo, os reis
acreditaram que não havia terras na região entre 100 e
370 léguas
Diante disso, os reis católicos reiniciaram conversações
com Portugal
Ficou acertado princípio da demarcação fixa, tendo
Portugal insistido pelo meridiano situado 370 léguas
do arquipélago de Cabo Verde.
A parte oriental ficou para Portugal e a parte ocidental
para Castela e Aragão
Castela e Aragão, aproveitaram o momento de
negociação para interferir na escolha do sucessor de D.
João II
D. João II estava sem herdeiro legítimo, pois seu filho
D. Afonso havia morrido em 1491, vítima de um
acidente de cavalo
O rei português queria que o seu sucessor fosse seu
filho bastardo D. Jorge
A rainha, porém, apoiava D. Manuel (Duque de Beja), seu
irmão
A nobreza também preferia D. Manuel
D. Manuel contava ainda com o apoio da rainha Isabel de
Castela, de quem era primo
Os reis católicos defendiam D. Manuel acreditando que,
por ser parente, favoreceria os interesses internacionais de
Castela e Aragão. Em especial que afastasse Portugal da
França
Inês
de
Castro
Constança
+ 1345
D. Pedro I
1357 - 1367
Teresa
Lourenço
D. João
Filipa de
Lencastre
(inglesa)
D. Fernando
Leonor Teles
D. João (Mestre
de Avis)
João I de Castela
Casou-se aos 32
anos
Beatriz
casou-se aos
11 anos
D. Afonso
+ 1382
D. Pedro
+ 1380
Filipa de
Lencastre
D. João I
D. João
D. João II
Rei de
Castela
Isabel de
Portugal
D. Duarte I
Beatriz de
Portugal
D.
Fernando
D. Manuel
Isabel de
Castela (a
católica)
Afonso
V
Leonor
de Viseu
Isabel de
Coimbra
D. João II
1481 - 95
Fernando
de
Aragão
Isabel
D. Jorge
(bastardo)
D. Afonso
+ 1491
As rotas de Vasco da Gama (1497) e Pedro Álvares Cabral
(1500) foram realizadas com grande precisão (em relação ao
regime dos ventos), o que demonstrava grande
conhecimento das condições do oceano Atlântico
Quase dez anos que separam a viagem de Bartolomeu Dias
(1488) e a viagem de Vasco da Gama (1497)
Durante esse período, é provável, que diversas expedições
ao Atlântico tenham sido feitas para descobrir como
superar as dificuldades encontradas por Bartolomeu Dias,
quando navegou pela costa africana
D. João II informa aos reis católicos que não pretendia
que seu filho bastardo (D. Jorge) subisse ao trono
Acertou-se o casamento de D. Manuel e D. Isabel (filha
mais velha dos reis de Castela e Aragão)
Somente então, foi assinado o Tratado de Tordesilhas