para a crítica da ed. construtivista.

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Transcript para a crítica da ed. construtivista.

Para a crítica da educação
construtivista
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Nas obras Psicologia e Pedagogia (1988b)
e Para onde vai a educação? (1988a),
Piaget faz sérias críticas à Escola
Tradicional, como aquela que leva o aluno à
memorização, à repetição, à submissão ao
saber do professor;
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Em uma visão construtivista a escola deve
proporcionar aos alunos momentos em que
ele possa realizar suas próprias experiências
e construir o seu conhecimento;
A aprendizagem do aluno se dá mediada por
sua própria ação;
A proposta é que a escola seja ativa,
levando-os a construir, individualmente, o
conhecimento.
A aprendizagem
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O
desenvolvimento
é
responsável
pela
aprendizagem, antecede a esta;
A aprendizagem [...] depende do desenvolvimento.
Exercícios,
discussões,
estabelecimento
de
conflitos, etc., contribuem para o desenvolvimento
de estruturas, mas não têm o poder de estabelecêlas sem levar em conta as possibilidades prévias da
criança. Ou seja, há um efeito desencadeador, que
otimiza o desenvolvimento, mas com a condição
deste ser valorizado o tempo todo” (MACEDO,
1994, p. 134).
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Em qualquer nível de escolaridade, a educação
deve levar os alunos a um maior grau de
desenvolvimento;
Para Coll (1987, p. 177) “[...] adotar este ponto de
vista equivale, de fato, a relativisar a importância
dos conteúdos escolares, que passam a ter
interesse em função da contribuição em favor do
desenvolvimento; a ênfase é colocada nas
competências intelectuais,
nos instrumentos
cognitivos, no amadurecimento da personalidade”.
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Piaget (1988a) afirma que a escola deve promover
a ação do aluno sobre o objeto de conhecimento,
baseando-se no interesse e na necessidade
pessoal;
“[...] o objetivo da educação intelectual não é saber
repetir ou conservar verdades acabadas, pois uma
verdade que é reproduzida não passa de uma
semiverdade: é aprender por si próprio a conquista
do verdadeiro, correndo o risco de despender
tempo nisso e de passar todos os rodeios que uma
atividade real pressupõe.” (PIAGET, 1988a, p. 61).
Premissas da escola piagetiana:
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Lima (1980) apresenta as premissas da
escola piagetiana:
“a) considerar a inteligência e a afetividade
presente em todo comportamento;
b) partir do entendimento de que uma escola
piagetiana é altamente dirigida, no sentido de
que dirigir significa propor situaçõesproblemas – o que não é dirigido é a maneira
como a criança, em grupo, tenta resolver o
problema proposto;
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c) conhecer a epistemologia genética;
d) compreender que a escola piagetiana não
“ensina”, pois onde houver um professor
ensinando não está havendo uma escola
piagetiana – “a função do professor é,
portanto, provocar desequilíbrios (o que em
termos corriqueiros significa ‘fazer desafios”
(p. 131);
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Cabe aos professores criar um ambiente de
aprendizagem onde os alunos reflitam sobre
suas dúvidas, participem das pesquisas
realizadas e sejam instigados a querer
aprender;
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O TRABALHO DO PROFESSOR
Em relação ao trabalho do professor, Parrat-Dayan
& Tryphon (1998), elaboram uma síntese da
cronologia das idéias desse de Piaget:
Em 1933, a função do professor era desenvolver no
espírito da criança, auxiliando-a a compreender o
mundo;
Nos fins dos anos 40, Piaget afirma que o professor
deve ter habilidade para levar a criança a
relacionar-se com os objetos, devendo solucionar
os problemas postos por ele mesmo.
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Em 1970, Piaget propõe que o professor seja
também um pesquisador, pois dessa forma poderá
construir dispositivos para formular problemas úteis
para a criança e exemplos que proporcionem a sua
reflexão.
No livro Psicologia e Pedagogia, Piaget (1988b, p.
136) comenta que:
“é na pesquisa e através dela que a profissão
professor deixa de ser uma simples profissão e
ultrapassa mesmo o nível de uma vocação efetiva
para adquirir a dignidade de toda profissão ligada
ao mesmo tempo à arte e à ciência, pois a ciência
da criança e a da sua formação constituem mais do
que nunca domínios inesgotáveis”.
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Hoje, na abordagem construtivista, podemos
dizer que, conforme afirma Lima (1997, p.
106-107), o problema do professor
é
estimular a criança para que ela exerça seu
poder de assimilação e acomodação;
O professor deve criar situações para que o
aluno
possa
realizar
experiências,
oferecendo oportunidades e incentivos para
que ele construa o conhecimento.
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Cabe ao professor favorecer a realização de
atividades desafiadoras, que levem os alunos a um
conflito cognitivo, ao desequilíbrio e reequilibrações
sucessivas, para que promovam a descoberta e a
construção do conhecimento;
O mais importante para o professor, em relação ao
seu trabalho “é sua capacidade de aceitar que não
é mais o centro do ensino e da aprendizagem”
(LEÃO, 1999, p. 201);
A centralidade do professor deve dar lugar à
competência para criar situações problematizadoras
que provoquem o desenvolvimento do raciocínio do
aluno.
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O professor não é o dono de verdades
estabelecidas, não tem a função de ensinar, e o
conhecimento dos conceitos não pode ser
transferido do professor para o aluno, pois “[...] a
aprendizagem é uma atividade construtiva que os
próprios alunos têm que levar a cabo”
(GLASERSFELD, 1998, p. 23).
Portanto, enquanto uma pessoa adulta, o professor
deve é criar situações para que os alunos
aprendam, é o próprio sujeito, em última instância,
que
é
responsável
pela
construção
do
conhecimento, partindo dos conhecimentos prévios
para qualquer nova aprendizagem.
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Leite (1994) ressalta que não devemos
esperar que a Psicologia Genética traga
respostas diretas sobre o que ensinar e
sobre como ensinar;
Ela traz uma contribuição no sentido de
responder como a criança estrutura seu
pensamento e como ela aprende.
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Para fazer um síntese do que se entende por professor
construtivista, utilizaremos os estudos realizados por Brooks &
Brooks (1997, p. 114-129):
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Professores construtivistas encorajam e aceitam a autonomia e
iniciativa do aluno [...]
Professores construtivistas encorajam os alunos a se engajar em
diálogo, com o professor e com os outros alunos. [...]
Professores construtivistas encorajam indagações de alunos,
perguntas com final aberto e encorajam os alunos a perguntar
um ao outro. [...]
Professores construtivistas engajam os alunos em experiências
que podem engendrar contradições às suas hipóteses iniciais e,
assim, encorajar a discussão. [...]
Professores construtivistas permitem um tempo de espera, após
colocarem as perguntas. [...]
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A única coisa que os professores não devem
fazer, podemos concluir, é transmitir os
conhecimentos;
Não cabe a ele ensinar, mas sim levar o
aluno a desenvolver o raciocínio;
A (DES)VALORIZAÇÃO DA ESCOLA E DO
PROFESSOR NO CONSTRUTIVISMO
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Sob o ponto de vista construtivista ao ato de ensinar não é
enfatizado;
A aprendizagem ocorre a partir da ação do indivíduo sobre o
meio, considerando-se a percepção que ele tem da realidade;
O aluno tem que construir o conhecimento, enquanto cabe ao
professor, apenas, como o próprio Piaget (1988) afirma, ser um
animador no processo pedagógico;
Não cabe ao professor transmitir os conceitos científicos, mas
sim facilitar ou mesmo somente colaborar com o processo de
aprendizagem dos alunos, apresentando situações problemas a
serem resolvidas.
Acredita-se que essa postura proporciona aos alunos autonomia
moral e intelectual.
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Hentz (2001) assevera que, para os
construtivistas, não é necessário ensinar,
uma vez que o aluno constrói o seu próprio
conhecimento.
Desta forma, há o perigo de interpretar a
inteligência
como
um
fenômeno
naturalmente produzido, sem considerar as
determinações sociais que entram em jogo
no desenvolvimento intelectual.
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Colocando o professor como facilitador e o
aluno como construtor do próprio
conhecimento, o construtivismo torna-se
contrário à transmissão de conhecimentos;
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Duarte (2000a, p. 34) enfatiza que, tanto no ideário no
construtivista, o lema “aprender a aprender” sempre carrega
alguns posicionamentos valorativos, identificados pelo autor nos
seguintes pontos:
1. “ [...] a aprendizagem que o indivíduo realiza por si mesmo,
nas quais está ausente a transmissão, por outros indivíduos, de
conhecimentos e experiências é tida como mais desejável” (p.
34);
2. “[...] é mais importante o aluno desenvolver um método de
aquisição,
elaboração,
descoberta,
construção
de
conhecimentos, do que aprender os conhecimentos que foram
elaborados por outras pessoas” (p. 35);
3. “a atividade do aluno, para ser verdadeiramente educativa,
deve ser impulsionada e dirigida pelos interesses e
necessidades da própria criança” (p. 40) e,
4. “[...] que a educação deve preparar os indivíduos para
acompanharem a sociedade em acelerado processo de
mudança [...]”.
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O Construtivismo apresenta um posicionamento
negativo (DUARTE, 1998) em relação ao ensino
como transmissão de conhecimento e estão muito
presentes nos meios educativos, interferindo
diretamente na atuação do professor;
Este vem perdendo sua característica enquanto um
profissional que está na escola para ensinar;
Duarte (1998, 2000) discute que o Construtivismo,
ao defender o lema “aprender a aprender”, leva à
conclusão de que o processo é mais importante que
o produto (a apropriação do conhecimento).
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Cunha (2001b), o Construtivismo desvaloriza a missão da escola
de instruir e educar as novas gerações.
Seria, para esse autor, como se a semente da antipedagogia
germinasse no seio da própria Pedagogia:
“uma pedagogia que nada ensina e deixa as crianças
descobrirem o mundo à sua maneira, que não estabelece limites
e deságua na indisciplina, que promove a banalização dos
conhecimentos historicamente acumulados pela humanidade,
colocando-os na mesma categoria dos saberes que o indivíduo
pode adquirir por conta própria (CUNHA, 2001b, p. 18).
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O Construtivismo não aceita que exista um
conhecimento objetivo, universal, mas uma
realidade construída em nível individual;
Arce (2000) questiona: Se o conhecimento
produzido pela humanidade não deve ser o
foco principal da escola, será que podemos
participar, realmente, do processo de
humanização?
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Nos perguntamos: como o aluno pode se apropriar
da produção humana?
Ele vai ter que “recriar” o mundo?
Duarte (1993) e Oliveira (1996) afirmam que o
processo de humanização se dá por meio da
apropriação das objetivações humanas, entretanto
como se apropriar dessas objetivações, se o que
interessa não é o conteúdo, mas sim a forma de
aprender, como propõe o Construtivismo?
Por outro lado, se não nos apropriarmos da
produção
histórica
da
humanidade,
como
poderemos provocar mudanças nessa situação de
opressão em que vivemos? Ou devemos, usando
uma terminologia da escola piagetiana, nos
“adaptarmos” à realidade?
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Segundo
Carvalho
(2001),
com
a
perspectiva psicologizante, o Construtivismo
acabou resultando em uma pedagogia
centrada
na
criança
e
em
seu
desenvolvimento,
esquecendo-se
do
professor, do aluno e da própria escola;
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A idéia de que nós não conhecemos, de fato,
a realidade, apenas construímos modelos
mentais que guiam nossas ações, está
presente nos discursos pós-modernos
elaborados por alguns autores;
O ideário neoliberal, passa a ilusão de que
tudo depende do indivíduo, havendo uma
naturalização das diferenças individuais.
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formação reflexiva dos professores onde o
que interessa é a reflexão sobre a prática a
partir dela mesma e não pela apropriação de
um conhecimento que possibilite maior
clareza sobre ela;
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No Construtivismo, o professor acabou
ocupando uma posição secundária no
processo de apropriação do conhecimento;
Conforme destaca Vale (1994, p. 232):
“Saviani chamou a atenção para os limites de
toda visão naturalista da inteligência que, ao
valorizar os componentes biológicos no
processo de desenvolvimento minimiza, na
verdade, o papel da escola e da
aprendizagem.”
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A principal crítica a ser feita à teoria de
Piaget é a ausência da historicidade no
entendimento do ser humano;
Numa perspectiva histórica, considera-se
que o ser humano é um ser de relações e
sua individualidade é fundamentalmente
social.
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Quando relegamos a segundo plano a apropriação do
conhecimento científico, quando a ciência, a filosofia, a arte,
entre outros conteúdos são abandonados, na prática
pedagógica, parece-nos que fica um “vazio” entre o significado
da prática docente – que deve ser ensinar, e a implementação
de um trabalho que realmente conduza ou permita que o aluno
faça parte do gênero humano.
Dessa forma, a escola, do nosso ponto de vista, perde sua
função enquanto uma instituição socialmente organizada que
tem como objetivo levar os alunos a se apropriarem do
conhecimento já acumulado pela humanidade.