dependencia quimica 04 de dez.
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Transcript dependencia quimica 04 de dez.
Uso, abuso e Dependência
de Drogas
Maria de Lourdes Batista
Unidade I
Conceitos básicos
Antes de entrar nos conceitos é importantes para o
estudo da dependência, conhecer a lei de
entorpecentes do Brasil.
A Lei Brasileira que institui o Sistema Nacional de
Políticas P. sobre Drogas – SISNAD.
Mais conhecida com Lei de Entorpecentes do Brasil.
A palavra droga,
sua origem e o significado que
adquiriu em nossa sociedade.
A palavra droga teve origem
na palavra “DROOG”
(Holandês Antigo) que significa folha seca.
Antigamente todos os medicamentos eram feitos à base
de vegetais, atualmente existem as chamadas drogas
sintéticas, criadas em laboratórios.
A humanidade sempre caminhou em busca da felicidade,
o nosso sistema nervoso central é uma máquina de fabricar
estímulos (dor ou prazer) e o uso de drogas afeta estes estímulos.
UNIAD (Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas da UNIFESP). (2009)
“Droga,
qualquer entidade química ou mistura de entidades
(mas outras que não aquelas necessárias para a
manutenção da saúde, como por exemplo água e
oxigênio), que alteram a função biológica e
possivelmente a sua estrutura".
Propagandas da campanha: Drogas nem morto.
Organização Mundial da Saúde - OMS, 1981)
A LINGUAGEM DO MUNDO DAS DROGAS
As palavras têm personalidade, cheiro, cor, sabor, afeto, e isso é
emprestado a quem as usa.
Assim, dentro da filosofia de atuação da Secretaria Anti-Drogas
do estado de Minas Gerais, nossa preocupação é o ser humano, e
não a droga.
Vamos tratar de problemas humanos, e não de problemas de
drogas. Drogas não têm problemas.
O ser humano é que, em função de seus conflitos, procura na
droga uma solução mágica para eles.
(ROSELLI-CRUZ, 2002).
“Combater a Violência”
“Violência gera violência”
A HISTÓRIA
DA DROGA E SEU ABUSO
Como os meios de comunicação muito falaram do
movimento hippie dos anos 1960 e do boom da cocaína
dos anos 1970, muitas pessoas acreditam que a questão
da droga é recente, contemporânea.
Na verdade, a droga é uma questão muito antiga, que se
confunde com a própria história do homem.
DROGA DE MAIOR CONSUMO
o noticiário se concentra nos casos de cocaína, por
vezes de maconha,raramente em outras drogas.
E parece que drogas de abuso são apenas essas.
No entanto, as pesquisas epidemiológicas mais sérias e
frequentes no Brasil, as do CEBRID apontam uma
infinidade de outras drogas de abuso, com destaque para
o abuso de medicamentos e de álcool, principalmente
em adolescentes.
Carline (1989 e 1991), Galduróz, Noto e Carline
(1997) e Roselli-Cruz (2000) concordam
que o consumo de medicamentos controlados entre
os estudantes é superior ao consumo de
maconha e cocaína.
Drogas Psicoativas
"são aquelas que alteram comportamento,
humor e cognição".
Isto significa, portanto, que essas drogas agem
preferencialmente nos neurônios, afetando o
Sistema Nervoso Central (SNC) - "mente".
(Organização Mundial da Saúde - OMS, 1981)
Droga, segundo a definição da Organização Mundial da Saúde
(OMS), é qualquer substância não produzida pelo organismo que
tem a propriedade de atuar sobre um ou mais de seus sistemas,
produzindo alterações em seu funcionamento.
Uma droga não é por si só boa ou má.
Existem substâncias que são usadas com a finalidade de produzir
efeitos benéficos, como o tratamento de doenças, e são consideradas
medicamentos.
Mas também existem substâncias que provocam malefícios à saúde,
os venenos ou tóxicos.
A mesma substância pode funcionar como medicamento em
algumas situações e como tóxico em outras e o seu uso contínuo
pode evoluir para a dependência.
O uso de drogas que alteram o estado mental, aqui
chamadas de substâncias psicoativas (SPA), acontece
há milhares de anos e muito provavelmente
vai acompanhar toda a história da humanidade.
Quer seja por razões culturais ou religiosas, por
recreação ou como forma de enfrentamento de
problemas, para transgredir ou transcender, como
meio de socialização ou para se isolar,
o homem sempre se relacionou com as drogas.
Padrões de consumo de drogas
a correlação entre uso, abuso e dependência de drogas.
Uso de drogas - É a auto-administração de qualquer quantidade
de substância psicoativa.
Abuso de drogas - Pode ser entendido como um padrão de uso
que aumenta o risco de consequências prejudiciais para o
usuário.
Segundo a Classificação Internacional de Doenças (CID), o
termo “uso nocivo” é aquele que resulta em dano físico ou
mental, enquanto no Manual Diagnóstico e Estatístico de
Transtornos Mentais (DSM), “abuso” engloba também
consequências sociais.
A lista de substâncias na Classificação Internacional de Doenças, * 10ª
Revisão (CID-10), em seu capítulo V (Transtornos Mentais e de
Comportamento),inclui:
• álcool;
• opióides (morfina, heroína, codeína, diversas substâncias
sintéticas);
• canabinóides (maconha);
• sedativos ou hipnóticos (barbitúricos, benzodiazepínicos);
• cocaína;
• outros estimulantes (como anfetaminas e substâncias
relacionadas à cafeína);
• alucinógenos;
• tabaco;
• solventes voláteis.
* Os dois critérios apresentados acima são utilizados por médicos e psiquiatras como
manuais para consultas de patologias, incluindo seus sintomas.
Entende-se por uso de uma substância, quando
existe a autoadministração em qualquer quantidade
da droga psicoativa;
Já o abuso de drogas é compreendido a partir do
estágio em que ocorre um risco de consequências
nocivas à saúde do usuário;
A dependência, de acordo com o DSM-IV, é um
padrão mal adaptativo de uso, que leva ao prejuízo
ou sofrimento clinicamente significativo.
Conforme Malbergier (2005), a dependência química é
uma síndrome caracterizada pela perda do controle do uso
de determinada substância psicoativa.
Os agentes psicoativos atuam sobre
o sistema nervoso central,
provocando sintomas psíquicos e estimulando o
consumo repetido dessa substância.
Considerada uma doença, a dependência química apresenta os
seguintes sintomas:
Tolerância: necessidade de aumento da dose para se obter o
mesmo efeito;
Crises de abstinência: ansiedade, irritabilidade, insônia ou tremor
quando a dosagem é reduzida ou o consumo é suspenso;
Ingestão em maiores quantidades ou por maior período do que o
desejado pelo indivíduo;
Desejo persistente ou tentativas fracassadas de diminuir ou
controlar o uso da substância;
Perda de boa parte do tempo com atividades para
obtenção e consumo da substância ou recuperação de
seus efeitos;
Negligência com relação a atividades sociais,
ocupacionais e recreativas em benefício da droga;
Persistência na utilização da substância apesar de
problemas físicos e/ou psíquicos decorrentes do uso.
Classificação das drogas
Há diversas formas de classificar as drogas.
Classificação das Drogas do Ponto de Vista Legal
Drogas Lícitas e Drogas Ilícitas
Existe uma classificação – de interesse didático – que
se baseia nas ações aparentes das drogas sobre o
Sistema Nervoso Central (SNC), conforme as
modificações observáveis na atividade mental ou no
comportamento da pessoa que utiliza a substância.
São elas:
1. Drogas DEPRESSORAS da atividade mental;
2. drogas ESTIMULANTES da atividade mental;
3. drogas PERTURBADORAS da atividade mental.
Drogas depressoras da atividade mental
Álcool
O álcool, considerado a droga mais antiga que se tem
conhecimento, também é classificado como uma droga *
psicotrópica, pois atua no SNC, mudando o comportamento de
quem o consome e podendo desenvolver dependência.
Complicações: Transtornos Gastroenterológicos, Complicações
Psiquiátricas, Complicações Sociais
A manifestação de cada efeito surge de acordo com os níveis de
álcool no sangue. Baixo, Médio e Alto.
Psico vem de psique = mente; Trópico vem de tropismo = ação de aproximar.
Isso já informa que a sua ação se dá no cérebro.
Barbitúricos
Pertencem ao grupo de substâncias sintetizadas artificialmente
desde o começo do século XX, que possuem diversas
propriedades em comum com o álcool e com outros
tranquilizantes (benzodiazepínicos).
Seu uso inicial foi dirigido ao tratamento da insônia, porém a dose
para causar os efeitos terapêuticos desejáveis não está muito
distante da dose tóxica ou letal.
O sono produzido por essas drogas, assim como aquele provocado
por todas as drogas indutoras de sono, é muito diferente do sono
“natural” (fisiológico).
Benzodiazepínicos
começou a ser usado na Medicina durante
os anos 60 e possui similaridades importantes com os
barbitúricos, em termos de ações farmacológicas, com
a vantagem de oferecer uma
maior margem de segurança, ou seja, a dose tóxica,
aquela que produz efeitos prejudiciais à saúde, é muitas
vezes maior que a dose terapêutica,
ou seja, a dose prescrita no tratamento médico.
Atuam potencializando as ações do GABA (ácido
gama-amino-butírico),o principal neurotransmissor
inibitório do SNC.
Como consequência dessa ação, os benzodiazepínicos
produzem
• diminuição da ansiedade;
• indução do sono;
• relaxamento muscular;
• redução do estado de alerta.
Exemplos de benzodiazepínicos: diazepam, lorazepam, bromazepam,
midazolam, flunitrazepam, clonazepam, lexotan.
Solventes ou inalantes
Esse grupo de substâncias, entre os depressores, não
possui nenhuma utilização clínica, com exceção do éter
etílico e do clorofórmio, que já foram largamente
empregados como anestésicos gerais.
Drogas estimulantes da atividade mental
São incluídas nesse grupo as drogas capazes de
aumentar a atividade de determinados sistemas
neuronais, o que traz como consequências um estado
de alerta exagerado, insônia e aceleração dos
processos psíquicos
Anfetaminas
São substâncias sintéticas, ou seja, produzidas em laboratório.
Existem várias substâncias sintéticas que pertencem ao grupo das
anfetaminas.
São exemplos de drogas “anfetamínicas”: o fenproporex, o
metilfenidato.
Seu mecanismo de ação é aumentar a liberação e prolongar o
tempo de atuação de neurotransmissores utilizados pelo cérebro, a
dopamina e a noradrenalina.
Os efeitos do uso de anfetaminas são: diminuição do sono e do
apetite; sensação de maior energia e menor fadiga, mesmo quando
realiza esforços excessivos, o que pode ser prejudicial e outros...
Cocaína
É uma substância extraída de uma planta originária da
América do Sul,popularmente conhecida como coca .
A cocaína pode ser consumida na forma de pó (cloridrato
de cocaína),aspirado ou dissolvido em água e injetado na
corrente sanguínea, ou sob a forma de uma pedra, que é
fumada, o crack.
Existe ainda a pasta de coca, um produto menos purificado, que
também pode ser fumado,
conhecido como merla.
Seu mecanismo de ação no SNC é muito semelhante ao
das anfetaminas,mas a cocaína atua, ainda, sobre um
terceiro neurotransmissor, a serotonina, além da
noradrenalina e da dopamina.
Efeitos do uso da cocaína:
• sensação intensa de euforia e poder;
• estado de excitação;
• hiperatividade;
• insônia;
• falta de apetite;
• perda da sensação de cansaço.
Apesar de não serem descritas tolerância nem síndrome de
abstinência inequívoca, observa-se, frequentemente, o aumento
progressivo das doses consumidas. Particularmente, no caso do
crack, os indivíduos desenvolvem dependência severa
rapidamente, muitas vezes, em poucos meses ou mesmo
algumas semanas de uso.
Drogas perturbadoras da atividade mental
Nesse grupo de drogas, classificam-se diversas substâncias cujo efeito
principal é provocar alterações no funcionamento cerebral, que resultam
em vários fenômenos psíquicos anormais, entre os quais destacamos os
delírios e as alucinações.
Essas
drogas receberam a denominação alucinógenos.
Em linhas gerais, podemos definir
alucinação como uma percepção sem objeto, ou seja,
a pessoa vê, ouve ou sente algo que realmente não
existe.
Delírio, por sua vez, pode ser definido como
um falso juízo da realidade, ou seja, o indivíduo
passa a atribuir significados anormais aos eventos
que ocorrem à sua volta.
Há uma realidade, um fator qualquer,
mas a pessoa delirante não é capaz de fazer avaliações
corretas a seu respeito.
Maconha
É o nome dado no Brasil à Cannabis sativa. Suas
folhas secas podem ser fumadas ou ingeridas.
Efeitos psíquicos agudos
em alguns casos, sensação de bem-estar,
acompanhada de calma e relaxamento,
menos fadiga e hilaridade, enquanto, em outros
casos, podem ser descritos como
angústia, atordoamento, ansiedade e medo de perder
o autocontrole, com tremores e sudorese.
Há uma perturbação na capacidade de calcular o
tempo e o espaço,além de um prejuízo da memória e
da atenção.
Com doses maiores ou conforme a sensibilidade individual,
podem ocorrer perturbações mais evidentes do psiquismo, com
predominância de delírios e alucinações.
Efeitos psíquicos crônicos
O uso continuado interfere na capacidade de aprendizado e
memorização. ... tudo parece ficar sem graça, perder a importância.
(motivação).
Efeitos físicos agudos - Hiperemia conjuntival (os olhos ficam
avermelhados); diminuição da produção da saliva (sensação de
secura na boca); taquicardia .
Efeitos físicos crônicos - Problemas respiratórios são
comuns... Ocorre, ainda, uma diminuição de 50% a 60% na
produção de testosterona dos homens, podendo haver infertilidade.
OUTRAS DROGAS
As drogas podem ter vários tipos de classificação.
Alguns exemplos de drogas cujos efeitos psicoativos
não possibilitam sua classificação numa única categoria
(depressoras, estimulantes ou perturbadoras da atividade mental).
Tabaco
Um dos maiores problemas de saúde pública em diversos países
do mundo, o cigarro é uma das mais importantes causas
potencialmente evitáveis de doenças e morte.
Efeitos
A nicotina é a substância presente no tabaco que provoca
a dependência.
As ações psíquicas da nicotina são complexas, com uma
mistura de efeitos estimulantes e depressores.
Mencionam-se o aumento da concentração
e da atenção e a redução do apetite e da ansiedade.
A nicotina induz tolerância e se associa a uma síndrome
de abstinência com alterações do sono, irritabilidade,
diminuição da concentração e ansiedade.
Fumantes passivos – existem evidências de que os
não-fumantes expostos à
fumaça de cigarro do ambiente (fumantes passivos)
têm um risco maior de desenvolver
as mesmas patologias que afetam os fumantes.
As drogas psicotrópicas provocam efeitos agudos
e crônicos,somáticos e psíquicos sobre o organismo.
Esses efeitos, frenquentemente,
não dependem só da substância consumida,
mas do contexto em que ela é usada e das
experiências do usuário;
Referencia
ROSSELY, Amadeu,Introdução ao Estudo da Dependência Química.
UFSJ. 2009.