Caso 04 - Unioeste
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Transcript Caso 04 - Unioeste
Acadêmicos: Camille Bresolin Pompeu
João Victor Campos de Oliveira
José Eduardo Mainart Panini
P.K., 48a, sexo masculino, casado, nascido e
residente em Cafelândia, pedreiro.
Paciente chegou ao hospital (HU) dia
08/05/2010, encaminhado de Cafelândia.
Na semana anterior, havia apresentado febre não
aferida, cefaléia e dor abdominal difusa. Desde
então, teve picos febris e persistiram cefaléia e
mialgia, principalmente em panturrilhas. Há 3
dias, refere diarréia líquida 4-5 vezes ao dia, e
vômitos de conteúdo alimentar há 5 dias.
A esposa relatou que, no dia em que chegou ao
hospital, teve episódios de “crise tipo
convulsiva”, apresentou oligúria e notou que
estava “amarelado”. Também disse que há 15
dias o paciente foi pescar em açude.Nega colúria
e acolia.
Nega internamentos prévios, nega cirurgias ou
uso de medicamentos.
CHV: tabagista 30 anos/maço, nega etilismo.
RS: SP
REG, Glasgow 15, Taquidispneico (FR:40 irpm e
FC:100 bpm), ictérico ++++/++++, extremidades
frias, PA: 120/80 mmHg.
AR: MV+ SRA; presença de tiragem costal
ACV: BRNF/SS
ABD: RHA+ normoativo, flácido, doloroso a
palpação em HCD (hepatomegalia com bordas
cortantes), superficial e profunda; espaço de
Träube vazio, fígado 3cm acima do RCD.
MMII: sem edema, panturrilhas livres.
Acidose metabólica grave: BIC= 100mEq em 1
hora.
Máscara de O2, monitorização, encaminhado a
emergência. Sem melhora do padrão respiratório
com O2, fez crise convulsiva. Foi entubado e
realizado acesso venoso central em subclávia D
sem intercorrências.
Hepatites;
Dengue;
Esquistossomose
Febre Amarela;
Leptospirose;
Fasciolose hepática;
Pancreatite;
Ascaridíase
Pneumonia bacteriana;
Malária;
Septicemia
Febre Tifóide
Hantavirose
Hemograma:
-Eritrograma:
Eritrócitos: 2,90 mi/mm3
ref: 4,3 a 6
Hemoglobina:9,2 g/dL
ref:13,5 a 17,8
Hematócrito: 26,9%
ref: 41 a 54%
-Leucograma:
Leucócitos: 17.500/mm3
Bastonetes: 10%
Segmentados: 84%
Linfócitos: 5%
Monócitos: 1%
Eosinófilos: 0%
ref:3.600 a 11.000
ref: 0 a 5%
ref: 40 a 78%
ref: 20 a 50%
ref: 2 a 10%
ref: 1 a 5%
-
Plaquetas: 70.200/mm3
140.000 a 400.000
-
*granulações toxicas neutrofílicas +
Ácido Láctico: 8mmol/L
Material: plasma fluoretado
ref:
ref: 0,4 a 2
Soro:
Na+ : normal
K+: 6,2 mEq/L
Uréia: 212 mg/dL
Creatinina: 8,50 mg/dL
Amilase: 364 U/L
Lipase: 1793 U/L
ref: 3,5 a 5,1
ref: 15 a 39
ref: 0,8 a 1,30
ref:25 a 115
ref: 114 a 286
Gasometria Venosa:
Material: sangue venoso
Parametros medidos:
pH: 6.96
pCO2: 69 mmHg
pO2: 41 mmHg
ref: 7,32 a 7,43
ref: 38 a 50
ref: 35 a 40
Parametros derivados:
HCO3: 15 mEq/L
TCO2: 17 mmol/L
BE: -16 mEq/L
SatO2: 43%
ref: 22 a 29
ref: 23 a 30
ref: +- 2
ref: 60 a 75
Bilirrubina total e frações:
Material: Soro
Total: 10,69 mg/dL
ref: até 1
Direta: 9,71 mg/dL
ref: até 0,3
Indireta: 0,98 mg/dL
ref: até 0,70
TAP:
Material: plasma citratado
Tempo e RNI normais
Atividade: 60%
ref: 70 a 100%
KPTT (Tempo de Tromboplastina Parcial Ativada)
Material: plasma citratado
Tempo: normal
Ratio: 1,59
ref: 0,80 a 1,25
D-dímero: 6.478 ng/mL
Material: soro
ref: < 500
Urina:
Proteinúria (+++/++++), Hemoglubinúria
(++/++++), presença de bilirrubina(++/++++) e
urobilinogênio (+/++++); leucocitose, hematúria
e presença de cilíndros proteicos.
Bacterioscoia: negativa
A prescrição incluía medidas como:
Dieta zero;
Dormonid®
Fentanil, heparina;
Plasil;
Penicilina G cristalina, 2miUI, 4/4h;
Bicarbonato;
Noradrenalina, Adrenalina, Furosemida e
Atropina;
Ás 11h: diálise peritonial
Ás 11:30h: Paciente apresentou parada
cardiorrespiratória; iniciou-se manobras de RCP
sem sucesso
Ás 12:00h : Paciente evolui para óbito.
Zoonose
Agente etiológico: Leptospira sp.
Infecta diversos animais e humanos
Infecção através de contato direto ou agua ou
solo contaminado com urina
Doença febril aguda
Conseqüências graves podem ocorrer
1886: Doença de Weil
Descobrimento da Leptospira em 1914 por um
grupo japonês
Entre 1914 e 1940 foram descritas as diversas
apresentações clinicas relacionadas a Leptospira
Espiroqueta, gram-negativa
Motilidade
Aeróbia obrigatória
Parede bacteriana, coberta pelo
lipopolissacarideo (LPS)
Microscopia por técnica
de campo escuro
Leptospira
Flagelo interno
Flagelos internos
Borrelia
Spirillum
Corte transversal
Membrana
externa
Cilindro espiral
da espiroqueta
Classificação clássica: sorovariedade
L. interrogans: 23 sorogrupos, 218 serovars
L. biflexa: 28 sorogrupos, 60 serovars
Por exemplo:
L. interrogans, serovar icterohaemorrhagiae
Ocorrência
mundial
Preferência por clima temperado e tropical
Pico de ocorrência: apos época de chuvas
Afeta diversos animais selvagens e
domesticados
Excretada na urina
Sobrevive por semanas ou meses apos
excreção
Humanos: hospedeiros acidentais
Pessoas que trabalham com animais, produtos
animais ou solo ou água contaminados
Caçadores, amestradores, etc…
Trabalhadores de fazendas de leite e derivados
Criadores de animais de abate
Veterinários
Trabalhadores de fazendas de arroz
Militares
Bombeiros
Trabalhadores em esgotos
Porta de entrada
Conjuntivas
Aerossol
ou ingestão
Lesões em pele ou mucosas
Alteração
Alterações patológicas sugestivas
tóxica-inflamatória: toxinas
Vasculite generalizada
Muita inflamação e poucas bactérias visíveis
Deposição de antígenos em tecidos afetados
Mediadores inflamatórios
Citocinas: fator de necrose tumoral alfa (TNF-a)
Incubação: 5 a 14 dias (extremos de 2 a 30 dias)
Cerca de 90%: doença auto-limitada
Minoria: Manifestações graves, até doença de
Wiel (relação com a serovar?)
Primeira fase: leptospiremia
Segunda fase: resposta imunológica
Meningite
(primeira e segunda fases)
Febre
Porta de entrada
(início subito)
Hepatite
(principalmte canalicular)
Nefrite
Disseminação
(hipocalemia)
Exantema
(vasculite e ictericia)
Mialgias
(panturrilhas e lombar)
Excreção
Sinais e sintomas em 18
pacientes
n
%
Mialgia
17
94
Icterícia
15
83
Febre
14
78
Cefaléia
11
61
Dispnéia
10
56
Hepatomegalia
7
39
Alteração do volume urinário
3
17
Vômitos
3
17
Dor abdominal
2
11
Tosse
2
11
Diarréia
1
6
Tajiki M., Tese, 1996
Lomar, Veronesi, Brito, Diament, 1996
Doença de Wiel
Lomar, Veronesi, Brito, Diament, 1996
Lomar, Veronesi, Brito, Diament, 1996
Isolamento
e identificação
Sangue e líquor: 7 a 10 dias
Urina: 2 a 3 semanas
Meios de cultura especiais
Inoculação em animais (seguida de testes
sorológicos)
Métodos
de detecção indireta
Teste de aglutinação (permite chegar a serovar).
Painel com antigenos de 21 serovars. Aumento
em 4x o título ou título de pelo menos 1:800 na
presença de sintomas é indicativo de doença
Hemaglutinação indireta
ELISA (IgM)
Métodos
de detecção direta
Microscopia de campo escuro: depende de muita
experiencia
Imuno-histoquimica
PCR para detecção de DNA bacteriano
Suporte
e hidratação
Antimicrobianos: ate o quarto dia de doença
Penicilina G cristalina
Reação de Jarisch-Herxheimer pode acontecer
Amoxicilina, tetraciclina, doxiciclina
Profilaxia:
situações de risco
Indicação
Droga
Dose
Quimioprofilaxia
Doxiciclina
200 mg semanal
Tratamento de doença
leve
Doxiciclina
100 mg 2x ao dia
Ampicilina
500 a 750 mg 4x
ao dia
Amoxicilina
500 mg 4x ao dia
Penicilina
20 a 24 MUI ao
dia, 4 ou 6x ao dia
Ampicilina
0,5 a 1,0 g 4x ao
dia
Tratamento de doença
moderada ou grave
Disponível para animais (especialmente gado),
porém com imunogenicidade limitada a alguns
meses (necessita de duas doses por ano)
Imunidade serovar-específica dificulta o
desenvolvimento de vacinas para humanos
Menos
comum e mais severa
Pode progredir para IRA (oligúrica é pior),
falência hepática, pneumonite hemorrágica e
arritmias
Icterícia e hepatoesplenomegalia
Transaminases em geral menor que 200U/L
O mecanismo principal de IRA é a Necrose
Tubular Aguda
Na Leptospirose, pode ocorrer por nefrite
tubulointersticiail
Contudo, a função renal retorna ao normal em
cerca de 2 meses.
K+: cardiotóxico!
Veronesi, R.; Focaccia, R. - "Tratado de Infectologia" . Rio
de Janeiro: Atheneu, 1996.
Bennet, J.C; Plum, F. "CECIL: “Tratado de Medicina
Interna". Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1996.
[www.unifesp.br/dmed/dipa/imuno/downloads/Leptospiro
se]. Acesso em 27/06/2010, às 02:35.
Arquivo pessoal: informações obtidas na aula de "Doenças
Tranmissíveis", ministrada pela Dra. Carla Sakuma de
Oliveira Bredt, no 3° Ano de Medicina da Universidade
Estadual do Oeste do Paraná-UNIOESTE